domingo, 16 de outubro de 2016
ASTRÔNOMOS DETECTAM GALÁXIA LIBERANDO GASES A UMA VELOCIDADE DE 33.000 KM POR SEGUNDO
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Astrônomos descobriram que fortes ventos estão sendo produzidos por gases explodindo no centro de uma galáxia espiral brilhante – semelhante à nossa – e eles podem estar diminuindo sua capacidade de criação de estrelas. Inclusive, não é incomum encontrar ventos quentes no material ao redor de buracos negros no centro de galáxias ativas.
Quando são poderosos e intensos, estes ventos podem influenciar seu ambiente de várias maneiras, principalmente “varrendo” os reservatórios de gás que poderiam formar estrelas. Ao mesmo tempo, eles também podem desencadear o colapso de algumas nuvens, formando corpos estelares como consequência.
Tais processos podem ter desempenhado um papel fundamental nas galáxias e buracos negros durante os 13,8 bilhões de anos do Universo. Mas acredita-se que eles possam afetar apenas os maiores objetos, como enormes galáxias elípticas. Colisões violentas ou a fusão de galáxias às vezes provocam ventos poderosos o suficiente para influenciar a formação de estrelas.
Pela primeira vez, tais ventos foram vistos em um tipo mais comum de galáxia ativa, conhecido como um “Seyfert”, que não parece ter sofrido qualquer tipo fusão. Quando observadas na luz visível, quase todas as galáxias Seyfert têm uma forma espiral similar à nossa Via Láctea. No entanto, ao contrário da Via Láctea, Seyferts têm núcleos brilhantes por todo o espectro eletromagnético. Significa de que os buracos negros em seus centros não estão ociosos, e sim ativos, devorando seus arredores.
O buraco negro supermassivo no centro desta Seyfert, em particular, conhecido como IRAS17020 + 4544, localizado a 800 milhões de anos-luz da Terra, tem uma massa de cerca de seis milhões de sóis, e o gás nos arredores faz com que ele brilhe moderadamente. A sonda de Raio-X XMM-Newton descobriu que os ventos ao redor do buraco negro estão se movendo entre 23.000 e 33.000 Km/s, cerca de 10% da velocidade da luz. Isso significa que o vento do centro possui energia suficiente para aquecer o gás da galáxia e suprimir a formação de estrelas. Esta é a primeira vez que algo do tipo foi visto em uma galáxia espiral relativamente normal.
“Este é o primeiro caso sólido de uma saída de raios X ultrarrápida observada em uma galáxia Seyfert normal”, disse Anna Lia Longinotti, do Instituto Nacional de Astrofísica, Ótica e Eletrônica de Puebla, no México. Ela é a principal autora do artigo que descreve esses achados, publicado na revista Astrophysical Journal Letters.
A galáxia tem uma outra surpresa: a emissão de raios X – proveniente da alta velocidade dos ventos se seus núcleos – costuma ser dominada por átomos de ferro com muitos de seus elétrons sendo expulsos. Mas os ventos desta galáxia são muito incomuns, exibindo elementos mais leves, como oxigênio. Não houve detecção de ferro: “Eu fiquei realmente muito surpresa ao descobrir que este vento é feito, principalmente, de oxigênio, pois ninguém nunca avistou uma galáxia como esta, antes”, concluiu Anna Lia.
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