domingo, 30 de abril de 2017

OBSERVATÓRIO APEX DIVULGA IMAGEM DA NEBULOSA CARINA

As nuvens frias de Carina
As nuvens frias de Carina . Observações obtidas com o telescópio APEX em ondas submilímetricas revelaram as nuvens frias de poeira onde se formam estrelas na Nebulosa Carina.
 Este local de intensa formação estelar, que abriga algumas das estrelas de maior massa da nossa galáxia, é o local ideal para se estudar a interação entre as estrelas jovens e as suas nuvens progenitoras.
Utilizando a câmera LABOCA montada no telescópio APEX (sigla do inglês Atacama Pathfinder Experiment) instalado no planalto do Chajnantor nos Andes chilenos, uma equipe de astrônomos liderada por Thomas Preibisch (Universitäts–Sternwarte München, Ludwig-Maximilians-Universität, Alemanha), em estreita colaboração com Karl Menten e Frederic Schuller (Max-Planck-Institut für Radioastronomie, Bonn, Alemanha), obteve imagens na região espectral do submilímetro. Nestes comprimentos de onda a maior parte da radiação observada corresponde ao brilho tênue do calor irradiado pelos grãos de poeira cósmica. A imagem revela-nos assim as nuvens de poeira e gás molecular - essencialmente hidrogênio - a partir das quais se formam as estrelas. A -250º C os grãos de poeira estão muito frios e o tênue brilho que deles emana apenas pode ser visto nos comprimentos de onda submilimétricos, que são muito maiores que os da radiação visível. A radiação submilimétrica é por isso a chave para estudarmos como é que as estrelas se formam e como é que interagem com as nuvens que lhes dão origem.
As observações APEX LABOCA são visíveis a tons de laranja, combinadas com a imagem no visível do telescópio Curtis Schmidt, instalado no Observatório Interamericano de Cerro Tololo. O resultado é esta espetacular imagem de grande campo, que nos mostra as zonas de formação estelar em Carina. A nebulosa contém estrelas com uma massa total equivalente a mais de 25 000 sóis, enquanto a massa do gás e das nuvens de poeira corresponde a cerca de 140 000 sóis.
No entanto, apenas uma pequena fração do gás da Nebulosa Carina está em nuvens suficientemente densas para que se dê o seu colapso e consequentemente se formem novas estrelas num futuro imediato (em termos astronômicos isto corresponde ao próximo milhão de anos). A longo prazo, os efeitos dramáticos das estrelas de grande massa que já se encontram na região rodeadas pelas suas nuvens, podem fazer acelerar a taxa de formação estelar.
As estrelas de grande massa vivem no máximo apenas alguns milhões de anos (um tempo muito curto quando comparado com os dez bilhões de anos de vida do Sol), mas ao longo das suas vidas influenciam fortemente o meio onde estão inseridas. Quando jovens, estas estrelas emitem ventos estelares fortes e radiação que dão forma às nuvens que as rodeiam, e provavelmente comprimem-nas o suficiente para que se formem novas estrelas. No final das suas vidas, tornam-se muito instáveis, estando sujeitas a perdas consideráveis de material estelar, até às suas mortes que se dão sob a forma de violentas explosões de supernova.
Um bom exemplo deste tipo de estrelas violentas é a Eta Carinae, uma estrela brilhante amarelada situada no centro da imagem um pouco para cima e à esquerda. Esta estrela possui cerca de 100 vezes mais massa que o nosso Sol e encontra-se entre as estrelas mais brilhantes conhecidas. No próximo milhão de anos, mais ou menos, a Eta Carinae explodirá como supernova, seguida de mais supernovas com origem noutras estrelas de grande massa que se encontram na região.
Estas explosões violentas “rasgam” as nuvens de gás molecular que estão nas suas vizinhanças, mas assim que a onda de choque percorra mais de cerca de dez anos-luz, tornam-se mais fracas e podem, em vez de destruir, comprimir as nuvens que se encontram um pouco mais afastadas, dando origem à formação de uma nova geração de estrelas. As supernovas podem ainda produzir átomos radioativos de curta duração, que são incorporados nas nuvens que estão a colapsar. Existem evidências fortes de que semelhantes átomos radioativos foram incorporados na nuvem que colapsou para formar o nosso Sol e os planetas. Assim, a Nebulosa Carina pode ajudar-nos a melhor compreender a formação do nosso próprio Sistema Solar.
A Nebulosa Carina encontra-se a cerca de 7500 anos-luz de distância na constelação do mesmo nome (Carina ou Quilha). É uma das nebulosas mais brilhantes do céu devido à sua grande população de estrelas de grande massa. Com uma dimensão de aproximadamente 150 anos-luz, é cerca de várias vezes maior que a bem conhecida Nebulosa de Orion. Embora se encontre várias vezes mais afastada de nós que a Nebulosa de Orion, o seu tamanho aparente no céu é aproximadamente o mesmo, fazendo com que seja uma das maiores nebulosas no céu.
O telescópio APEX de 12 metros de diâmetro é o percursor do ALMA, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, um novo telescópio revolucionário que o ESO está a construir e a operar no planalto do Chajnantor, em colaboração com os seus parceiros internacionais. O APEX baseia-se numa única antena protótipo construída para o projeto ALMA, enquanto o ALMA será constituído por uma rede de 54 antenas de 12 metros de diâmetro e 12 antenas de 7 metros de diâmetro. Embora o ALMA vá ter uma resolução angular muito melhor que o APEX, o seu campo de visão é muito menor. Os dois telescópios são por isso complementares: por exemplo, o APEX descobrirá muitos objetos interessantes em vastas áreas do céu, enquanto que o ALMA poderá posteriormente estudá-los com todo o pormenor.
O APEX é um projeto de colaboração entre o Instituto Max-Planck para a Radioastronomia (MPIfR), o Observatório Espacial de Onsala (OSO) e o ESO. O telescópio é operado pelo ESO.
O projeto ALMA, uma infraestrutura astronômica internacional, é uma parceria entre a Europa, o Japão e a América do Norte, em cooperação com a República do Chile.  A construção e operação do ALMA é coordenada pelo ESO, em prol da Europa, pelo Observatório Nacional de Radioastronomia (NRAO), em prol da América do Norte e pelo Observatório Astronômico Nacional do Japão (NAOJ), em prol do Leste Asiático. O Joint ALMA Observatory (JAO) fornece uma liderança e direção unificadas na construção e operação do ALMA.

sábado, 29 de abril de 2017

ESO OBSERVA UMA SUPER BOLHA CÓSMICA

 Superbubble LHA 120-N 44 in the Large Magellanic Cloud
O Very Large Telescope do ESO capturou esta imagem extraordinária da nebulosa que envolve o aglomerado estelar NGC 1929 situado na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da nossa própria Via Láctea. 
Esta maternidade estelar é dominada por o que os astrônomos chamam uma superbolha. Este objeto está sendo esculpido tanto pelos ventos ejetados pelas estrelas brilhantes jovens como pelas ondas de choque originárias das explosões de supernovas.
A Grande Nuvem de Magalhães é uma pequena galáxia vizinha da Via Láctea. Possui muitas regiões onde nuvens de gás e poeira estão formando novas estrelas. Esta nova imagem do Very Large Telescope do ESO mostra em grande plano uma dessas regiões, situada em torno do aglomerado estelar NGC 1929. Esta nebulosa é oficialmente conhecida por LHA 120-N 44, ou apenas pelo diminutivo N 44.
As estrelas jovens quentes do NGC 1929 estão emitindo radiação ultravioleta extremamente intensa, o que faz com que o gás em sua volta brilhe. Este efeito põe em evidência a superbolha, uma vasta concha de matéria com um tamanho de cerca de 325 por 250 anos-luz. Em termos de comparação importa dizer que a estrela mais próxima do Sol se encontra a uma distância de pouco mais de quatro anos-luz.
A superbolha N 44 formou-se devido à combinação de dois processos. Primeiro, ventos estelares - correntes de partículas carregadas emitidas por estrelas muito quentes de grande massa situadas no centro do aglomerado - limparam a região central. Seguidamente, estrelas de grande massa do aglomerado explodiram como supernovas criando ondas de choque e empurrando o gás para fora formando-se assim uma bolha brilhante.
Embora a superbolha seja formada por forças destrutivas, estrelas novas estão se formando em torno dos limites onde o gás está sendo comprimido. Tal como reciclagem em escala cósmica, esta próxima geração de estrelas trará vida nova ao NGC 1929.
A imagem foi criada pelo ESO a partir de dados observacionais identificados por Manu Meijas, da Argentina, que participou no concurso de astrofotografia Tesouros Escondidos do ESO 2010. A competição foi organizada pelo ESO em Outubro e Novembro de 2010, e foi dirigida a qualquer pessoa com gosto em produzir imagens bonitas do céu ncturno utilizando dados astronômicos obtidos com telescópios profissionais.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

PLANETA ANÃO DISTANTE ERIS É GÊMEO DE PLUTÃO

Calculando com precisão o tamanho do planeta anão no momento em que ocultou uma estrela de fraca luminosidade
Astrônomos mediram pela primeira vez de modo preciso o diâmetro de Éris, o longínquo planeta anão, no momento em que este passou em frente de uma estrela de luminosidade baixa. Este fenômeno foi observado no final de 2010 por telescópios no Chile, incluindo o telescópio belga TRAPPIST que se encontra instalado no Observatório de La Silla do ESO.
As observações mostram que Éris é um gêmeo quase perfeito de Plutão em termos de tamanho. Éris parece ter uma superfície muito refletora, sugerindo que se encontra uniformemente coberto por uma fina camada de gelo, provavelmente uma atmosfera gelada. Os resultados foram publicados  na revista Nature.
Em Novembro de 2010 o distante planeta anão Éris passou em frente de uma estrela de fundo de luminosidade baixa, num acontecimento a que chamamos ocultação. Estes eventos são muito raros e difíceis de observar, uma vez que o planeta anão se encontra muito longe e é muito pequeno. O próximo acontecimento do gênero envolvendo Éris terá lugar apenas em 2013. As ocultações oferecem-nos a maneira mais precisa, e muitas vezes a única maneira, de medir o tamanho e estimar a forma de corpos muito distantes do Sistema Solar. 
A estrela candidata a ocultação foi identificada ao serem estudadas imagens obtidas com o telescópio MPG/ESO de 2.2 metros instalado no Observatório de La Silla do ESO. As observações foram planejadas cuidadosamente e levadas a cabo por uma equipe internacional de astrônomos de várias universidades (principalmente de França, Bélgica, Espanha e Brasil), que utilizaram, entre outros, o telescópio TRAPPIST  (sigla do inglês TRAnsiting Planets and PlanetesImals Small Telescope, eso1023), também instalado em La Silla.
“Observar ocultações de pequenos corpos do Sistema Solar situados para além de Netuno requer grande precisão e planejamento. Esta é a melhor maneira de medir o tamanho de Éris, além de ir até lá, é claro!” explica Bruno Sicardy, o autor principal do trabalho.
As observações da ocultação foram feitas em 26 locais diferentes espalhados por toda a Terra e que se encontravam na trajetória prevista da sombra do planeta anão - incluindo alguns telescópios de observatórios amadores. No entanto, só foi possível observar o evento diretamente em dois lugares apenas, ambos situados no Chile: um no Observatório de La Silla do ESO com o telescópio TRAPPIST e o outro em São Pedro de Atacama, onde se utilizaram dois telescópios. Os três telescópios registaram uma diminuição do brilho da estrela distante correspondente à altura em que Éris bloqueou a sua radiação.
As observações combinadas dos dois locais chilenos indicam que Éris tem uma forma praticamente esférica. Estas medições são bastante precisas no que dizem respeito à forma e ao tamanho do objeto, mas apenas se não tiverem sido distorcidas pela presença de montanhas altas, o que dificilmente existirá num corpo gelado tão grande.
Éris foi identificado como sendo um objeto grande situado no Sistema Solar exterior em 2005. A sua descoberta foi um dos motivos que levou à criação de uma nova classe de objetos chamados planetas anões e à reclassificação de Plutão de planeta para planeta anão em 2006. Éris encontra-se atualmente três vezes mais longe do Sol do que Plutão.
Embora observações anteriores utilizando métodos diferentes sugerissem que Éris era provavelmente 25% maior do que Plutão, com uma estimativa para o diâmetro de 3000 quilômetros, este novo estudo prova que os dois objetos têm essencialmente o mesmo tamanho. O novo diâmetro calculado para Éris é de 2326 quilômetros com uma precisão de 12 quilômetros, o que torna o seu tamanho melhor conhecido que o de Plutão, que tem um diâmetro estimado entre 2300 e 2400 quilômetros. O diâmetro de Plutão é mais difícil de medir devido à presença de uma atmosfera que torna impossível detectar diretamente a sua borda utilizando ocultações. O movimento do satélite de Éris, Disnomia, foi utilizado para estimar a massa de Éris. Descobriu-se que Éris é 27% mais pesado do que Plutão. Combinando este resultado com o diâmetro estimou-se que a densidade de Éris é de 2,52 gramas por cm3.
“Esta densidade significa que Éris é provavelmente um grande corpo rochoso coberto por um manto relativamente fino de gelo,” comenta Emmanuel Jehin, que participou neste trabalho.
Descobriu-se que a superfície de Éris é muito refletora, refletindo 96% da luz que lhe chega (albedo visível de 0,96 . Esta valor corresponde a uma superfície ainda mais brilhante do que neve fresca na Terra, o que torna Éris dum dos objetos do Sistema Solar mais refletores, em simultâneo com a lua gelada de Saturno, Enceladus. A superfície brilhante de Éris é muito provavelmente composta por uma mistura de gelo rico em nitrogênio e metano gelado - como nos indica o espectro do planeta - que cobre todo o planeta com uma camada de gelo fina muito refletora com menos de um milímetro de espessura.
“Esta camada de gelo pode ter resultado da condensação em gelo da atmosfera de nitrogênio ou metano do planeta anão, que atinge a superfície à medida que o planeta se afasta do Sol ao longo da sua órbita alongada e entra cada vez mais num ambiente frio,” acrescenta Jehin. O gelo pode posteriormente voltar a transformar-se em gás à medida que Éris se aproxima do ponto mais próximo do Sol, a uma distância de cerca de 5,7 bilhões de quilômetros.
Com os novos resultados a equipe pôde também estimar a temperatura à superfície do planeta anão, obtendo um resultado de no máximo -238º Celsius para a superfície iluminada pelo Sol e menos ainda para o lado noturno de Éris.
“É extraordinário o quanto podemos aprender sobre um objeto distante pequeno como Éris quando o observamos a passar em frente de uma estrela tênue, utilizando telescópios relativamente pequenos. Cinco anos depois da criação da nova classe dos planetas anões estamos finalmente a conhecer bem um dos seus membros fundadores,” conclui Bruno Sicardy.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

TELESCÓPIO SPITZER OBSERVA COLISÃO DE ASTEROIDES

Ilustração de artista que mostra o rescaldo imediato de um grande impacto de asteróide em torno de NGC 2547-ID8, uma estrela parecida com o Sol e com apenas 35 milhões de anos. O Spitzer testemunhou um grande surto de poeira em redor da estrela, provavelmente o resultado da colisão entre dois asteróides.
NASA / JPL-Caltech Ilustração de artista que mostra o rescaldo imediato de um grande impacto de asteróide em torno de NGC 2547-ID8, uma estrela parecida com o Sol e com apenas 35 milhões de anos. O Spitzer testemunhou um grande surto de poeira em redor da estrela, provavelmente o resultado da colisão entre dois asteróides.
O Telescópio Espacial Spitzer da NASA avistou uma erupção de poeira em redor de uma estrela jovem, possivelmente o resultado de uma colisão entre dois asteróides grandes. Este tipo de colisão pode eventualmente conduzir à formação de planetas.
Os cientistas rastreavam regularmente a estrela, com o nome NGC 2547-ID8, quando entre Agosto de 2012 e Janeiro de 2013 surgiu uma enorme quantidade de poeira fresca.
“Achamos que dois grandes asteroides colidiram um com o outro, criando uma enorme nuvem de partículas do tamanho de grãos de areia muito fina, que agora estão quebrando-se em pedaços e lentamente afastando-se da estrela,” afirma Huan Meng, astrônomo da Universidade do Arizona em Tucson, EUA, autor principal do estudo publicado na Science que relata a descoberta.
O Spitzer já observou vários episódios empoeirados de colisões suspeitas entre asteroides, mas esta é a primeira vez que os cientistas recolheram dados do “antes e depois” de uma colisão deste género noutro sistema planetário.
A observação fornece um vislumbre do violento processo de formação de planetas rochosos como o nosso.
Os planetas rochosos começam a sua vida como material poeirento em redor de estrelas jovens. O material agrupa-se para formar asteroides que chocam uns com os outros.
Muitas vezes os asteroides são destruídos, mas alguns crescem ao longo do tempo e transformam-se em protoplanetas. Depois de aproximadamente 100 milhões de anos, os objectos tornam-se planetas terrestres plenamente desenvolvidos.
Pensa-se que a nossa Lua tenha sido formada a partir de um impacto gigante entre a proto-Terra e um objecto do tamanho de Marte.
Observações anteriores da estrela NGC 2547-ID8 já tinham registado variações na quantidade de poeira em seu redor, sugerindo umaa possível existência de colisões entre asteróides.
Na esperança de testemunhar um impacto ainda maior, um passo fundamental no nascimento de um planeta terrestre, os astrónomos observaram regularmente a estrela com o Spitzer.
A mudança dramática na estrela surgiu quando o Spitzer teve de apontar para longe de NGC 2547-ID8, porque o Sol estava no caminho.
A equipa científica ficou em estado de choque quando retomou as observações da estrela, cinco meses depois, e recebeu os novos dados.
Os astrónomos ficaram surpreendidos ao ver estes dados do Telescópio Espacial Spitzer em Janeiro de 2013, que mostravam uma grande erupção de poeira em redor de uma estrela chamada NGC 2547-ID8. Neste gráfico, o brilho infravermelho é representado no eixo vertical, o tempo no horizontal.
NASA / JPL-Caltech / Universidade do Arizona
Os astrônomos ficaram surpreendidos ao ver estes dados do Telescópio Espacial Spitzer em Janeiro de 2013, que mostravam uma grande erupção de poeira em redor de uma estrela chamada NGC 2547-ID8. Neste gráfico, o brilho infravermelho é representado no eixo vertical, o tempo no horizontal.
Os astrônomos ficaram surpreendidos ao ver estes dados do Telescópio Espacial Spitzer em Janeiro de 2013, que mostravam uma grande erupção de poeira em redor de uma estrela chamada NGC 2547-ID8. Neste gráfico, o brilho infravermelho é representado no eixo vertical, o tempo no horizontal.
“Não só testemunhamos o que parecem ser os restos de uma enorme colisão, mas fomos capazes de seguir as mudanças – o sinal está a desaparecer à medida que a nuvem se autodestrói, moendo os grãos para que possam escapar da estrela,” afirma Kate Su, da Universidade do Arizona, co-autora do estudo.
“O Spitzer é o melhor telescópio para monitorizar estrelas regularmente e com precisão, em busca de pequenas mudanças na radiação infravermelha, durante meses e até mesmo anos.”
Uma nuvem muito espessa de detritos de poeira orbita agora a estrela na zona onde os planetas rochosos se formam.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

UMA ESTRELA QUE NÃO DEVERIA EXISTIR

A star that should not exist
Uma equipe de astrônomos europeus utilizou o Very Large Telescope do ESO (VLT) para descobrir uma estrela na Via Láctea que muitos pensavam não poder existir. 
Os astrônomos descobriram que esta estrela é composta quase inteiramente por hidrogênio e hélio, com quantidades minúsculas de outros elementos químicos. Esta intrigante composição química coloca a estrela na chamada “zona proibida” dentro da teoria de formação estelar mais aceita, o que significa que esta estrela nunca deveria ter se formado. Os resultados foram publicados na revista Nature .
Uma estrela de baixa luminosidade situada na constelação do Leão, chamada SDSS J102915+172927 mostrou possuir a menor quantidade de elementos mais pesados que o hélio (a que os astrônomos chamam de “metais”) do que todas as estrelas estudadas até hoje. Este objeto possui uma massa menor que a do Sol e tem provavelmente mais de 13 bilhões de anos de idade.
“Uma teoria muito aceita prediz que estrelas como esta, com pequena massa e quantidades de metais extremamente baixas, não deveriam existir porque as nuvens de material a partir das quais tais objetos se formariam nunca se poderiam ter condensado,” disse Elisabetta Caffau (Zentrum für Astronomie der Universität Heidelberg, Alemanha e Observatoire de Paris, França), autora principal do artigo científico que descreve estes resultados. “É surpreendente encontrar pela primeira vez uma estrela na “zona proibida”. Isto significa que iremos provavelmente ter que verificar alguns dos modelos de formação estelar.”
A equipe analisou as propriedades da estrela com o auxílio dos instrumentos X-shooter e UVES, montados no VLT . Os astrônomos mediram a abundância dos vários elementos químicos presentes na estrela e descobriram que a proporção de metais na SDSS J102915+172927 é mais de 20 mil vezes menor que a proporção de metais no Sol .
“A estrela é tênua e tão pobre em metais que apenas conseguimos detectar a assinatura de um único elemento mais pesado que o hélio - o cálcio -  nas primeiras observações que fizemos,” disse Piercarlo Bonifacio (Observatoire de Paris, França), que supervisionou o projeto. “Tivemos que pedir tempo de telescópio adicional ao Diretor Geral do ESO para estudar a radiação da estrela com mais detalhe, com longos tempos de exposição, de modo a tentar encontrar mais metais.”
Os cosmólogos acreditam que os elementos químicos mais leves - hidrogênio e hélio - foram criados pouco depois do Big Bang, juntamente com um pouco de lítio  enquanto que a maioria dos outros elementos foram posteriormente formados nas estrelas. As explosões de supernovas espalharam o material estelar para o meio interestelar, tornando-o rico em metais. As novas estrelas que se formam a partir deste meio enriquecido possuem por isso maiores quantidades de metais na sua composição do que as estrelas mais velhas. Por conseguinte, a proporção de metais numa estrela nos dá informação sobre a sua idade.
“A estrela que estudamos é extremamente pobre em metais, o que significa que é muito primitiva. Pode ser uma das estrela mais velhas jamais encontrada,” acrescenta Lorenzo Monaco (ESO, Chile), que também participou neste estudo.
É igualmente surpreendente a falta de lítio na SDSS J102915+172927. Uma estrela tão velha deveria ter uma composição semelhante àquela do Universo pouco depois do Big Bang, com apenas um pouco mais de metais. No entanto, a equipe descobriu que a proporção de lítio na estrela é pelo menos cinquenta vezes menor que a esperada devido à matéria produzida pelo Big Bang.
“É um mistério como é que o lítio produzido logo após o início do Universo foi destruído nesta estrela”, acrescenta Bonifacio.
Os investigadores também apontam para o fato desta estrela incomum não ser provavelmente única. “Identificamos vários outras estrelas candidatas que podem ter níveis de metais semelhantes, ou até inferiores, aos da SDSS J102915+172927. Planeamos agora observar estes candidatos com o VLT para verificarmos se é realmente este o caso,” conclui Caffau.

terça-feira, 25 de abril de 2017

EXOPLANETA RECENTEMENTE DESCOBERTO PODE SER O MELHOR CANDIDATO POR SINAIS DE VIDA

Concepção artística do exoplaneta do tipo super-Terra LHS 1140bUm exoplaneta em órbita de uma estrela anã vermelha, situada a 40 anos-luz de distância da Terra, pode ser o novo detentor do título “melhor local para procurar sinais de vida para além do Sistema Solar".
Com o auxílio do instrumento HARPS montado em La Silla, e outros telescópios em todo o mundo, uma equipe internacional de astrônomos descobriu uma “super-Terra” em órbita na zona de habitabilidade da fraca estrela LHS 1140. Este mundo é um pouco maior do que a Terra, mas possui mais massa e muito provavelmente ainda mantém sua atmosfera. Este aspecto, juntamente com o fato de passar em frente da sua estrela hospedeira ao longo da sua órbita, torna-o num dos mais interessantes alvos futuros para estudos atmosféricos. Os resultados deste trabalho serão publicados em 20 de abril de 2017 na revista Nature.
A recentemente descoberta super-Terra LHS 1140b orbita na zona de habitabilidade de uma fraca estrela anã vermelha, chamada LHS 1140, situada na constelação da Baleia [1]. As anãs vermelhas são menores e mais frias que o Sol e, embora LHS 1140b esteja dez vezes mais próximo da sua estrela do que a Terra está do Sol, recebe apenas cerca de metade da luz de sua estrela, quando comparado com a Terra, situando-se no meio da zona de habitabilidade. A partir da Terra vemos a sua órbita quase de perfil e quando o exoplaneta passa em frente da estrela bloqueia um pouco da luz estelar emitida, algo que acontece uma vez por órbita, a cada 25 dias.
“Trata-se do exoplaneta mais interessante que descobrimos na última década,” explica o autor principal deste estudo Jason Dittmann, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (Cambridge, EUA). “Não podíamos desejar um melhor alvo para realizar uma das maiores buscas da ciência — a procura de vida fora da Terra.”
“As atuais condições da anã vermelha são particularmente favoráveis — LHS 1140 gira mais lentamente e emite menos radiação de alta energia que outras estrelas de baixa massa semelhantes,” explica o membro da equipe Nicola Astudillo-Defru do Observatório de Genebra, na Suíça [2].
Para que a vida tal como a conhecemos possa existir, um planeta tem que ter água em sua superfície e possuir atmosfera. Sabe-se que quando as anãs vermelhas são jovens emitem radiação que pode ser prejudicial às atmosferas dos planetas que as orbitam. Neste caso, o grande tamanho do planeta aponta para que um oceano de magma possa ter existido na sua superfície durante milhões de anos. Este oceano de lava fervente pode ter alimentado a atmosfera com vapor, muito depois da estrela ter atingido o seu atual estado calmo e de brilho constante, tendo assim fornecido água ao planeta.
A descoberta foi inicialmente feita pela infraestrutura MEarth, que detectou os primeiros apagões característicos na luz estelar quando o planeta passa em frente à estrela. O instrumento HARPS do ESO (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher) fez em seguida as cruciais observações de acompanhamento que confirmaram a presença de um exoplaneta do tipo super-Terra. O HARPS também ajudou a determinar o período orbital e permitiu que tanto a massa do exoplaneta como a sua densidade fossem deduzidas.
Os astrônomos estimaram que a idade do planeta é pelo menos de 5 bilhões de anos e deduziram também que tem um diâmetro 1,4 vezes maior do que o da Terra — quase 18000 km. A massa é cerca de 7 vezes maior que a da Terra e por isso a sua densidade é muito mais elevada, o que aponta para que o exoplaneta seja muito provavelmente constituído por rochas com um núcleo denso de ferro.
Esta super-Terra pode ser a melhor candidata descoberta até agora para futuras observações para estudar e caracterizar a sua atmosfera, se esta existir. Dois dos membros europeus da equipe, Xavier Delfosse e Xavier Bonfils, ambos no CNRS e no IPAG em Grenoble, França, concluem: ”O sistema LHS 1140 pode vir a ser um alvo ainda mais importante para a futura caracterização de planetas na zona de habitabilidade do que o Proxima b ou o TRAPPIST-1. Este tem sido um ano extraordinário no que concerne descobertas de exoplanetas!”
Em particular, observações a serem realizadas em breve com o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA mostrarão exatamente quanta radiação de alta energia está sendo enviada para LHS 1140b, por isso a sua capacidade de poder suportar vida poderá ser melhor limitada.
Num futuro não muito distante  quando novos telescópios como o Extremely Large Telescope do ESO estiverem operacionais — é muito provável que possamos fazer observações detalhadas das atmosferas de exoplanetas e o LHS 1140b é um candidato excepcional para tais estudos.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

MANCHA SOLAR PRODUZ UMA IMENSA EJEÇÃO DE MASSA CORONAL

Mancha solar produz ejeção de massa coronal super brilhante
A antiga mancha solar AR 2644 retornou, e está ainda mais ativa! No dia 18 de abril, aproximadamente ás 20:00 UTC, a mancha solar explodiu após ficar instável, lançando uma enorme Ejeção de Massa Coronal para o espaço. O Observatório Solar e Heliosférico da ESA / NASA capturou a nuvem de plasma enquanto ela se afastava do Sol:
A imagem acima é uma composição de dois registros, um feito pela sonda SOHO (instrumento Lasco C2, que registra ejeções de massa coronal) e outro pela sonda SDO (magnetograma, que mostra o Sol em preto e branco no centro).
A mancha solar, denominada AR 2644 desapareceu há alguns dias por conta do movimento de rotação do Sol, e ao reaparecer, por tradição, recebeu uma nova designação: AR 2651.
A Ejeção de Massa Coronal (EMC) produzida por essa mancha solar provavelmente não irá atingir a Terra. O epicentro da explosão estava muito distante da linha que liga o Sol com o nosso planeta. Pesquisadores da NOAA ainda estão avaliando a possibilidade de um golpe de raspão, portanto, fiquem atentos ao monitoramento da atividade solar em tempo real.
Mais EMCs podem estar a caminho
No início de abril, essa mesma mancha solar produziu uma série de explosões e apagões de rádio de ondas curtas aqui na Terra. Os efeitos intensos gerados aqui na Terra só cessaram quando a mancha solar ficou escondida no lado oculto do Sol. Mas após algumas semanas, ela está de volta, com força total...
A qualquer momento, a mancha solar agora denominada AR 2651 pode nos pegar de surpresa com novas Ejeções de Massa Coronal. E vale lembrar que dentro de alguns dias, ela estará quase de frente com a Terra, mais uma vez. Se o seu aparelho de GPS falhar nos próximos dias, provavelmente você já saberá o motivo...
Imagens: (capa-SOHO/Lasco C2) / SOHO / SDO / NASA / ESA / HelioViewer / divulgação

sexta-feira, 21 de abril de 2017

A VIA LÁCTEA NOSSA GALÁXIA

Nossa galáxia com fontes e braços marcados
Hoje sabemos que a Via Láctea é a nossa galáxia doméstica - uma vasta espiral rotativa de gás, poeira e centenas de bilhões de estrelas. 
A Via Láctea, também conhecida como Via Látea, é uma galáxia espiral da qual o Sistema Solar faz parte. Vista da Terra, aparece como uma faixa brilhante e difusa que circunda toda a esfera celeste, recortada por nuvens moleculares que lhe conferem um intrincado aspecto irregular e recortado. Sua visibilidade é severamente comprometida pela poluição luminosa. Com poucas exceções, todos os objetos visíveis a olho nu pertencem a essa galáxia.
Sua idade estimada é de mais de treze bilhões de anos, período no qual passou por várias fases evolutivas até atingir sua forma atual. Formada por centenas de bilhões de estrelas, a galáxia possui estruturas diferenciadas entre si. No bojo central, que possui forma alongada, há uma grande concentração de estrelas, sendo que o exato centro da galáxia abriga um buraco negro supermassivo. Ao seu redor estende-se o disco galáctico, formado por estrelas dos mais diversos tipos, nebulosas e poeira interestelar, dentre outros. É nesta proeminente parte da Via Láctea que se manifestam os braços espirais. Ao seu redor encontram-se centenas de aglomerados globulares. Entretanto, a dinâmica de rotação da galáxia revela que sua massa é muito maior do que a de toda a matéria observável, sendo este componente adicional denominado matéria escura, cuja natureza se desconhece.
Há tempos a humanidade buscou descrever a natureza da galáxia, sendo esta referida em inúmeras lendas e mitos entre vários povos. Embora tenha sido proposto anteriormente, constatou-se que a faixa brilhante de aspecto leitoso (a partir do qual seu nome derivou-se) se tratava na verdade de um grande conjunto de estrelas a partir das observações de Galileu Galilei utilizando um telescópio. Entretanto, nos últimos dois séculos, a concepção científica da Via Láctea passou de uma simples nuvem de estrelas na qual o Sol situava-se próximo ao centro para uma grande galáxia espiral complexa e dinâmica, da qual nossa estrela é somente uma das bilhões existentes, o que aconteceu graças aos avanços tecnológicos de observação, que permitiram sondar estruturas além das nuvens moleculares.
O Sol e seu sistema planetário se formaram nos confins da Via Láctea cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.
No centro da galáxia está a protuberância galáctica em forma de barra que abriga um buraco negro supermassivo com uma massa igual à de cerca de 3 milhões de sóis. Em torno da protuberância central é um disco relativamente fino de estrelas cerca de dois mil anos-luz de espessura e cerca de 100.000 anos-luz de diâmetro. Quase todas as estrelas vistas pelo olho humano estão no disco fino, que responde por cerca de 90% da luz visível na Via Láctea.
Nossa galáxia com fontes e braços marcados
Nossa galáxia com fontes e braços marcados
Enfrente a ilustração da galáxia da Via Láctea , mostrando os braços espirais proeminentes, a protuberância galáctica central e a localização do Sol. Rollover imagem para ver objetos discutidos em mais detalhes. (Ilustração: CXC / M.Weiss)

quinta-feira, 20 de abril de 2017

NASA DIVULGA INCRÍVEIS IMAGENS DETALHADAS DOS ANÉIS DE SATURNO


De acordo com o pessoal da NASA, as imagens foram capturadas pela Cassini durante uma série de “mergulhos” que a sonda está fazendo enquanto orbita pelo principal sistema de anéis de Saturno. 
Essa etapa da missão teve início em novembro do ano passado, e o equipamento já concluiu cerca da metade das últimas 20 órbitas que ele deve realizar antes de finalmente se lançar em direção à atmosfera saturniana — e morrer.
Voltando às imagens, apesar de algumas das características mostradas já serem conhecidas pelos astrônomos, as imagens apresentam uma riqueza de detalhes e foram capturadas com uma resolução sem precedentes. Segundo a agência espacial, as imagens mostram objetos com apenas 550 metros de comprimento — ou o equivalente ao tamanho de alguns edifícios aqui na Terra —, o que, em escalas astronômicas, é extremamente pequeno.
Ondinhas

A figura que você pode ver acima, por exemplo, mostra detalhes do anel A, o mais externo do sistema de anéis e que se encontra a cerca de 134,5 mil quilômetros de Saturno. Reparou que ele parece cheio de ondinhas? Essas formações são conhecidas como “ondas de densidade”, que são criadas pela ação da gravidade das luas Janus e Epimetheus e consistem em partículas de gelo que se agregam formando esses padrões.
Detalhes de uma região do anel B

Já a figura que você acabou de conferir mostra uma região do anel B, também um dos mais externos de Saturno, e o nível de detalhe da imagem é duas vezes superior ao de qualquer imagem anterior registrada dessa mesma área. A imagem abaixo mostra outra região do anel A — também com o dobro de detalhes —, e as “pintinhas” mais claras que dá para ver consistem em raios cósmicos e partículas radioativas que foram capturadas pela Cassini.
Partículas energéticas e raios cósmicos

Na realidade, a Cassini já chegou mais pertinho dos anéis de Saturno do que agora, isso quando a sonda chegou ao planeta em 2004. No entanto, como a nave estava viajando rápido demais e o sistema de anéis se encontrava a “contraluz” com relação ao Sol, a qualidade das imagens capturadas na época não era lá aquelas coisas.
Parte do anel B

Desta vez, o equipamento registrou as imagens dos anéis iluminados diretamente e a contraluz com exposições mais longas, e o resultado é esse que você viu nas imagens. Então, no dia 26 de abril, a Cassini vai iniciar sua aproximação a Saturno com uma série de 22 órbitas — até ela mergulhar na atmosfera do planeta no dia 15 de setembro e ser destruída como se um meteoro.
Curiosidade rápida
Você sabe o motivo de a sonda ser destruída, em vez de ser deixada lá vagando pelos anéis ou ser enviada para dar uma bisbilhotada em alguma das luas de Saturno? De acordo com Peter Dockrill, do portal Science Alert, os cientistas acreditam que uma dupla de satélites naturais do gigante gasoso — Titan e Enceladus — oferecem ambientes que poderiam, potencialmente, abrigar formas de vida.
Portanto, os astrônomos não querem correr o risco de interferir com o ambiente das luas ou “contaminar” os possíveis organismos alienígenas que poderiam existir por lá com micróbios que eventualmente tenham pegado uma caroninha com a Cassini aqui da Terra — apesar de todos os cuidados tomados antes do lançamento da sonda, e por mais impossível que pareça que essas criaturas tenham sobrevivido à viagem a Saturno.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

ESA DIVULGA IMAGENS COM VESTÍGIOS DE INUNDAÇÃO NO PLANETA MARTE


A Agência Espacial Europeia (ESA) ofereceu nesta quinta-feira fotografias em detalhe feitas pela sonda Mars Express dos efeitos de uma grande inundação em Marte, em que é possível ver vários impactos de meteoritos.
"A cena conserva um registro da atividade geológica durante bilhões de anos no planeta vermelho", afirmou a ESA em comunicado.
A agência explicou que é possível observar nas fotografias a erosão produzida por uma enorme inundação, ocorrida há cerca de 3,5 bilhões de anos, em uma cratera de 25 quilômetros de diâmetro.
Na mesma imagem aparecem os escombros intactos produzidos pelo impacto de outros meteoritos, o que sugere que aconteceram depois da inundação.
A ESA indicou que a aparência destes sinais geológicos mostram que o terreno era "rico em água ou gelo".
As imagens foram tomadas em 25 de maio de 2016 pela sonda Mars Express, a primeira missão europeia em Marte, lançada em 2003 com o objetivo de estudar a atmosfera marciana, sua geologia e para buscar vestígios de água.

terça-feira, 18 de abril de 2017

HUBBLE IDENTIFICA SINAIS DE ARROTO DA ULTIMA REFEIÇÃO DO BURACO NEGRO DA VIA LÁCTEA

 As bolhas de Fermi (no centro da imagem) se formaram a partir do gás emanado do buraco negro e têm uma massa equivalente a dois milhões de sóis
As bolhas de Fermi (no centro da imagem) se formaram a partir do gás emanado do buraco negro e têm uma massa equivalente a dois milhões de sóis
Dados do telescópio espacial mostram que 'refeição' ocorreu há pelo menos 6 milhões de anos; desde então, o buraco negro só faz pequenos 'lanches'.
O vasto buraco negro no centro da Via Láctea fez sua "última ceia" há cerca de 6 milhões de anos, quando ingeriu uma enorme massa de gás, absorvida por sua implacável força gravitacional.
O banquete deve ter causado uma forte indigestão, uma vez que o buraco estufado logo "arrotou" uma bolha de gás gigante, que pesa o equivalente a milhões de sóis e vaga agora acima e abaixo do centro da nossa galáxia.
As estruturas gigantescas, conhecidas como bolhas de Fermi, foram descobertas em 2010 pelo telescópio espacial de raios gama Fermi, da Nasa. Mas pouco se sabia, até agora, sobre sua origem e idade.
Com o auxílio do telescópio espacial Hubble, também da Nasa, os astrônomos conseguiram calcular com mais precisão em que época as bolhas se formaram.
"Pela primeira vez rastreamos o movimento do gás frio por meio de uma das bolhas, o que nos permitiu registrar a velocidade do gás e calcular quando as bolhas se formaram", explicou Rongmon Bordoloi, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, e diretor do estudo.
"Descobrimos que este evento impressionante ocorreu entre 6 milhões e 9 milhões de anos atrás. Pode ter sido uma nuvem de gás fluindo para o buraco negro, que disparou jatos de matéria, formando os lóbulos duplos de gás quente que vemos hoje em observações de raios-X e raios gama", acrescentou Bordoloi.
Segundo ele, desde então, o buraco negro só faz pequenos "lanches".
O buraco negro é uma região densa e compacta do espaço com uma força gravitacional tão forte que nenhuma matéria, nem mesmo a luz, consegue escapar.
O buraco negro no centro da Via Láctea comprime uma massa equivalente a 4,5 milhões de estrelas do tamanho do Sol em uma pequena área do espaço.
Uma matéria que se aproxima demais do buraco negro é atraída por sua poderosa gravidade, girando em torno dele até, finalmente, ser absorvida para seu interior.
No entanto, parte desta matéria fica tão quente que consegue escapar por meio do eixo de rotação do buraco negro, criando uma formação que se estende acima e abaixo do plano da galáxia. No caso da nossa galáxia, tratam-se das bolhas de Fermi.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

ATIVIDADE HIDROTERMAL DETECTADA EM ENCELADO LUA DE SATURNO


A gelada lua de Saturno, Encélado, está cada vez mais ganhando a forma de um mundo habitável...Durante uma entrevista (anunciada previamente pela NASA), dois veteranos da agência espacial norte-americana revelaram ao mundo detalhes incríveis sobre a gelada lua de Saturno, Encélado: seu oceano abaixo da crosta de gelo produz uma fonte de energia para o metabolismo de possíveis bactérias.
Apesar de ainda não haver confirmação da existência de vida nos oceanos escondidos de Encélado, os cientistas da missão Cassini confirmam que, a mesma reação química que acontece nas profundezas dos oceanos da Terra também acontecem em Encélado - as famosas atividades hidrotermais.
Gráfico mostra atividade hidrotermal em Encélado, lua de Saturno.
Gráfico - atividade hidrotermal em Encélado, lua de Saturno
Créditos: NASA / JPL-Caltech         /         Tradução: Galeria do Meteorito
"Isso é o mais próximo que já chegamos até agora de identificar um lugar com os ingredientes necessários para um ambiente habitável", disse Thomas Zurbuchen, administrador associado a Diretoria de Missões Científicas da NASA.
O estudo, feito por cientistas da missão Cassini, e publicado na revista Science, indica que gás de hidrogênio, que poderia fornecer a energia química necessária para a vida, está sendo ejetado no oceano subterrâneo de Encélado, a partir de atividade hidrotermal no leito do oceano.
A presença de hidrogênio no oceano da gelada lua de Saturno significa que micróbios (caso eles existam) poderiam facilmente ter uma fonte de alimento para produzir energia ao combinar o hidrogênio com o dióxido de carbono dissolvido na água. Essa reação química, conhecida como "metano gênese" produz metano como um bio produto, o que foi responsável pelo início da vida na Terra.
Existe vida em Encélado?
A vida como a conhecemos, exige três ingredientes primários para existir: água líquida; uma fonte de energia para o metabolismo; e ingredientes químicos corretos, como carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. Como esses novos resultados, a missão Cassini nos mostra que Encélado (uma pequena lua gelada bem afastada do Sol) tem praticamente todos esses ingredientes necessários para a habitabilidade. Cassini ainda não detectou a presença de fósforo e o enxofre em seus oceanos, mas os cientistas suspeitam que esses dois elementos estejam lá, pois o núcleo rochoso de Encélado parece ser quimicamente similar aos meteoritos que possuem tais elementos.
Ilustração da sonda Cassini realizando um sobrevoo rasante em Encélado, lua de Saturno
Ilustração da sonda Cassini realizando um sobrevoo rasante em Encélado,
lua de Saturno (evento ocorrido em 2015). Créditos: NASA / JPL-Caltech
"A confirmação da química necessária para a vida existir em um oceano de uma pequena lua de Saturno é um grande passo na busca por mundos habitáveis", disse Linda Spilker, cientista de projetos da missão Cassini, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
A detecção do hidrogênio foi feita ao observar as plumas de gás e outros materiais gelados que são ejetados na atmosfera de Encélado. A sonda Cassini colheu amostras dessas plumas durante voos rasantes, especialmente em outubro de 2015, quando ela chegou muito próximo de sua atmosfera. Foi determinado que cerca de 98% dos gases ejetados é água, e 1% hidrogênio, sendo que o restante é uma mistura de outras moléculas, incluindo dióxido de carbono, metano e amônia.
Na Terra, fontes hidrotermais são responsáveis por manter uma grande diversidade de vida. Apesar de ejetarem dióxido de carbono líquido que chega a temperatura de cerca de 100°C, diversas formas de vida como vermes de tubo, mariscos, mexilhões e camarões vivem ali, por conta da existência de bactéria e micróbios nesses locais, que formam o início de uma cadeia alimentar.
A sonda Cassini infelizmente não foi projetada para detectar sinais de vida nas plumas de Encélado. Na verdade, os cientistas nem sabiam da existência dessas plumas até a sonda chegar lá... "Apesar de não conseguirmos detectar vida, descobrimos que existe uma fonte de alimentação para ela. É como uma loja de doces para micróbios", disse Hunter Waite, principal autor do estudo.
Os novos resultados são evidências independentes de atividade hidrotermal em Encélado. Em 2015, um outro estudo já mostrava que ocorriam interações da água quente com as rochas do leito oceânico. Por conta disso, podemos afirmar que de fato, o leito rochoso está interagindo quimicamente para produzir hidrogênio, e com isso, possibilitando o metabolismo de formas simples de vida, casos elas existam...
Um estudo publicado recentemente na revista The Astrophysical Journal Letters, mostra observações da lua de Júpiter, Europa, feitas em 2016 pelo Telescópio Espacial Hubble. Nele, são mostradas evidências de plumas sendo ejetadas a partir da lua gelada de Júpiter. Em 2014, outras observações também identificaram evidências de plumas nas mesmas regiões avistadas agora. Essas imagens reforçam a ideia de que os mesmos fenômenos que ocorrem em encélado também estão ocorrendo em Europa.

À esquerda, a linha verde oval mostra a região onde o Hubble observou possíveis plumas em Europa, lua de Júpiter. A área corresponde a regiões quentes da superfície da lua, mapeada anteriormente pela sonda Galileo. Créditos: NASA / ESA / STScI / USGS
Ao que parece, as plumas de Europa se estendem a uma alttitude de aproximadamente 100 quilômetros acima da superfície da lua de Júpiter. Ambas observações mostram as possíveis plumas em um local não muito gelado, em regiões com rachaduras, o que segundo especialistas, seriam evidências claras de jatos de água do oceano escondido de Europa que estão sendo ejetados para o espaço, assim como acontece em Encélado.
"As plumas de Encélado estão associadas a regiões mais quentes. Quando o Hubble observou essas novas características de pluma na lua Europa, examinamos essa localização no mapa térmico e descobrimos que assim como ocorre em Encélado, as possíveis plumas de Europa também estão localizadas em anomalias térmicas", disse William Sparks, responsável pelos estudos feitos em 2014 e 2016, do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial Hubble.
Se as plumas de Europa realmente existem, a sonda Europa Clipper, programada para ser lançada em meados de 2020, deverá identificá-las com clareza, afinal, ela terá o mesmo poder observacional do Hubble (em ultravioleta), mas estará milhares de vezes mais próxima de seu alvo.
Imagens: (capa-ilustração/NASA/divulgação) / NASA / JPL-Caltech / Galeria do Meteorito / NOAA / Wikimedia Commons / NASA / ESA / STScI / USGS

sexta-feira, 14 de abril de 2017

COMO SÃO CLASSIFICADAS O TAMANHO DAS ESTRELAS


Graças à lei de Stefan-Boltzmann, que os astrônomos hoje podem facilmente calcular o raio da estrela. Em 1879, o físico austríaco Josef Stefan, que está interessado na radiação de corpos quentes, descobriu que a energia total emitida por um objeto é proporcional à quarta potência da sua temperatura absoluta. As descobertas proporcionaram as medidas de massas feitas hoje em estrelas que são a maior estrela kilowatts Sagitarii, V354 Cephei e KY Cygni, são cerca de 1500 vezes maior que nosso Sol.
O nosso Sol tem um diâmetro de 1,392 milhões km. Super gigante vermelha Antares mais próximos de nós tem um diâmetro de aproximadamente 700 vezes a do Sol, ou aproximadamente 1 bilhão de quilômetros.
Betelgeuse é uma supergigante vermelha, uma das maiores estrelas conhecidas.
Se Betelgeuse estiveram no centro do nosso sistema solar, seu raio, ≈ 550 vezes a do Sol, que se estendem entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Aldebaran é uma gigante vermelha de magnitude 0,86 e tipo espectral K5 III, o que significa que é laranja, alto e ela deixou a seqüência principal depois de usar todo seu hidrogênio. Queimou principalmente hélio e atingiu um diâmetro de ≈ 45 vezes a do Sol.
Rigel é uma supergigante azul, 55.000 vezes mais brilhante que o Sol. Com um diâmetro de cerca de 116 milhões de km, aproximadamente 35 vezes a do Sol, Rigel estender à órbita de Vênus em nosso sistema solar.
Arcturus é 20 vezes maior do que o Sol, sua magnitude é de -0,04 ea sua distância do Sol é de aproximadamente 37 anos luz.
Pollux é de aproximadamente 8 vezes maior do que o Sol, sua magnitude é de 1,09 ea sua distância do Sol é de aproximadamente 33,7 anos luz.

Imagem: Tamanhos comparativo de algumas estrelas como super gigante Antares, Betelgeuse, Rigel, Aldebaran e algumas anãs brancas como Arcturus, Pollux, Sirius e do dom. .
© astronoo.com
nota: Graças a lei de Stefan-Boltzmann, os astrônomos podem calcular os raios das estrelas. O brilho de uma estrela está escrito: L = 4πσR2T4
L é a luminosidade, σ é a constante de Stefan-Boltzmann, R é o raio da estrela e T sua temperatura

quinta-feira, 13 de abril de 2017

NOVAS AURORAS POLARES SÃO REGISTRADAS NO PLANETA URANO

auroras polares registradas em Urano
Magníficas auroras polares são registradas em Urano Quem disse que Urano é apenas um gigante de gás azulado "sem graça"?...
Auroras brilhantes iluminam a atmosfera de Urano, e duas fotos recém-divulgadas, feitas através de observações do Telescópio Espacial Hubble e da sonda Voyager 2 (que passou por Urano em 1986) mostram o quão belas e brilhantes as auroras desses gigantes podem ser...
Assim como ocorre aqui na Terra, as auroras em Urano ocorrem pelos mesmos processos básicos: partículas carregadas, como eletrons, provenientes do vento solar que por ventura acabam interagindo com a atmosfera do planeta. As partículas carregadas são capturadas pelo campo magnético, e lançadas para a atmosfera superior, e logo interagem com os gases atmosféricos (oxigênio, nitrogênio ou hidrogênio, por exemplo), criando os belíssimos espetáculos de luzes. Em Júpiter, as erupções vulcânicas de seu satélite natural, Io, também lançam partículas carregadas, ou seja, também produzem auroras, assim como o vento solar.
auroras polares em Urano - 2017
As auroras de Urano são claramente visíveis nessa imagem acima. Outra imagem foi empilhada para mostrar seus anéis.
Créditos: Hubble / Voyager 2 / NASA / ESA
Esta não é a primeira observação de auroras em Urano. O telescópio Hubble registrou as primeiras imagens de suas magnífica auroras em novembro de 2011. Em 2012 e 2014, uma equipe do Observatório de Paris observou novas auroras através da luz ultravioleta usando um equipamento instalado no Hubble.
auroras polares em Urano - 2011
Imagens feitas pelo Hubble em 2011 mostram as brilhantes auroras de Urano.
À esquerda, é possível ver como elas saltam acima da densa atmosfera do planeta.
Créditos: NASA / ESA / L. Lamy / Observatório de paris / CNRS / CNES
Em ambas as fotos, as auroras parecem estar acontecendo em pontos aleatórios, mas na verdade elas estão sempre localizadas ao redor dos polos. Em 2011 as auroras ocorreram próximo ao polo magnético norte do planeta, e em 2012 e 2014, próximas ao polo magnético sul, assim como as auroras na Terra.
As fotos recém-divulgadas também mostram o sistema de anéis de Urano, que parece circundar os pólos do planeta, mas que na verdade estão ao redor do equador do planeta. Urano orbita o Sol "de lado", com o eixo de rotação apontado diretamente para a nossa estrela. Os astrônomos acreditam que essa posição foi causada há muito tempo por conta de uma colisão com um planeta do tamanho da Terra, ou talvez, após um a série de impactos com objetos menores.
Comparação das auroras da Terra, de Júpiter e de Saturno

Da esquerda para a direita, vemos as auroras polares da Terra, de Júpiter e de Saturno. Em todos os casos, as auroras se estendem bem próximo dos polos magnéticos dos planetas, que por sua vez, estão próximos dos polos geográficos - diferente do caso de Urano.
Créditos: NASA
Urano é o terceiro maior planeta do Sistema Solar, com um diâmetro aproximadamente quatro vezes maior do que o da Terra, e está 19 vezes mais distante do Sol do que o nosso planeta. Por conta dessa distância gigantesca, ele leva 84 anos para completar uma órbita.
As grandiosas auroras polares do penúltimo planeta do Sistema Solar são eventos raros de serem captados, pois apesar delas durarem horas aqui na Terra, elas duram apenas alguns minutos em Urano... Se não estivermos o-observando no momento exato, as luzes intensas não serão avistadas...
O Telescópio Espacial Hubble foi lançado em 24 de abril de 1990, a bordo do ônibus espacial Discovery. Um dia depois de seu lançamento, ela já estava em funcionamento ao redor da Terra. Já a sonda Voyager 2, lançada em 1977, está bem distante, a mais de 20 bilhões de quilômetros da Terra, e em breve, deve adentrar o espaço interestelar. Sua irmã, a Voyager 1 já está no espaço interestelar desde agosto de 2012, e ambas ainda estão em perfeito estado, enviando dados para os centros de controle aqui na Terra.
Imagens: (capa-NASA/ESA) / Hubble / Voyager / NASA / ESA / L. Lamy / Observatório de paris / CNRS / CNES

segunda-feira, 10 de abril de 2017

ALMA OBSERVA FOGOS DE ARTIFÍCIOS ESTELAR

O ALMA observa uma explosão estelar em Orion
As explosões estelares são normalmente associadas a supernovas, as espetaculares mortes das estrelas. No entanto, novas observações do ALMA forneceram informações sobre explosões na outra ponta do ciclo de vida estelar, o nascimento das estrelas. 
Astrônomos capturaram estas imagens quando exploravam os restos, parecidos com fogos de artifício, do nascimento de um grupo de estrelas massivas, demonstrando assim que a formação estelar pode ser também um processo violento e explosivo.
A 1350 anos-luz de distância na constelação de Orion, situa-se uma fábrica de estrelas densa e ativa chamada Nuvem Molecular de Orion 1 (OMC-1, sigla do inglês), que faz parte do mesmo complexo que a famosa Nebulosa de Orion. As estrelas nascem quando nuvens de gás, com centenas de vezes a massa do Sol, colapsam sob a sua própria gravidade. Nas regiões mais densas, as protoestrelas acendem-se e começam a vaguear sem rumo. Ao longo do tempo, algumas estrelas “caem” em direção a um centro de gravidade comum, geralmente dominado por uma protoestrela particularmente grande e se as estrelas sofrem encontros próximos antes de escapar da sua maternidade estelar, podem então ocorrer interações violentas.
Há cerca de 100 000 anos, várias protoestrelas começaram a se formar no interior da OMC-1. A gravidade fez com que elas se aproximassem umas das outras com velocidades cada vez maiores até que, há cerca de 500 anos, duas delas se chocaram. Os astrônomos não sabem se estas estrelas apenas se tocaram ou colidiram completamente, mas em qualquer dos casos o fenômeno deu origem a uma poderosa erupção que lançou para o espaço interestelar várias protoestrelas próximas e centenas de correntes colossais de gás e poeira, deslocando-se a velocidades de mais de 150 quilômetros por segundo. A interação cataclísmica liberou tanta energia como a que o nosso Sol emite durante 10 milhões de anos.
Agora, uma equipe de astrônomos liderada por John Bally (Universidade do Colorado, EUA) utilizou o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) para observar o coração desta nuvem. A equipe descobriu um resto do nascimento explosivo deste grupo de estrelas massivas que parece uma versão cósmica de fogos de artifício, com enormes correntes de matéria se deslocando em todas as direções.
Acredita-se que tais explosões são relativamente curtas, e que os restos observados pelo ALMA não duram mais que alguns séculos. No entanto, embora breves, tais explosões de protoestrelas podem ser relativamente comuns. Ao destruírem a sua nuvem progenitora, estes eventos poderão ajudar a regular a taxa de formação estelar nestas nuvens moleculares gigantes.
Indícios da natureza explosiva dos restos da OMC-1 foram inicialmente observados em 2009 pelo Submillimeter Array no Hawai. Bally e a sua equipe também observaram este objeto no infravermelho próximo com o telescópio Gemini South no Chile, revelando uma estrutura notável de correntes de matéria, com dimensões de quase um ano-luz de ponta a ponta.
As novas imagens do ALMA mostram a natureza explosiva em alta resolução, revelando detalhes importantes sobre a distribuição e os movimentos de alta velocidade do gás de monóxido de carbono (CO) situado no interior das correntes de material. Isso ajudará os astrônomos a compreender melhor a força por detrás da explosão e o impacto que tais eventos podem ter na formação estelar na Galáxia.

domingo, 9 de abril de 2017

A ATIVIDADE VULCÂNICA MUDOU O EIXO DA LUA HÁ 3 BILHOES DE ANOS

 Os cientistas calcularam a distância entre os pontos e os polos norte e sul atuais e descobriram que as distâncias entre eles são as mesmas, só que em sentidos opostos
Segundo estudo publicado na Nature, o eixo do astro mudou em 6 graus, modificando a localização dos polos norte e sul
Os cientistas calcularam a distância entre os pontos e os polos norte e sul atuais e descobriram que as distâncias entre eles são as mesmas, só que em sentidos opostos (NPG/Reprodução)
O eixo da Lua pode ter sido modificado em 6 graus após grande atividade vulcânica há 3 bilhões de anos. De acordo com um estudo, publicado na última quarta-feira na revista Nature, os vulcões esquentaram apenas um dos lados do astro, alterando massa e estrutura internas. Isso fez com que a Lua “tombasse” e passasse a girar em um eixo diferente.
A equipe de pesquisadores, liderada por Matthew Siegler, do Instituto de Ciências Planetárias no Arizona, analisou imagens da Lua e, com medições de hidrogênio, identificou a existência de gelo em crateras lunares vizinhas aos polos (locais em constante sombra).
Lua em alta definição: fotos chinesas revelam detalhes inéditos do astro
Novo eixo 
Com esses dados em mãos, os especialistas identificaram que esses pontos de gelo se encontram em posições opostas no astro ou seja, é possível traçar uma linha reta entre um ponto gelado e outro, cruzando o centro da Lua. Para confirmar as expectativas dos cientistas, eles calcularam a distância entre os pontos e os polos norte e sul atuais e descobriram que as distâncias entre eles são as mesmas, só que em sentidos opostos. “Seria como se o eixo da Terra passasse da Antártida para a Austrália”, explicou Siegler.
A causa do movimento observado pelos pesquisadores foi uma intensa atividade vulcânica em um dos lados da Lua (de face para a Terra). Os vulcões em atividade teriam modificado o equilíbrio que forma o eixo planetário ao esquentar o manto da Lua, causando um distúrbio no giro da Lua.
O estudo do gelo ancestral na Lua pode abrir portas para compreender o mistério da existência de água no astro e na própria Terra, que Siegler acredita ter vindo de um sistema fora da Via Láctea, dada a proximidade do planeta com o Sol. “O gelo da Lua pode ser uma cápsula do tempo da mesma fonte que originalmente forneceu água para a Terra. Esse é um registo que não temos aqui graças às diversas modificações da Terra. Esse gelo tão antigo pode nos dar pistas e resposta a esse grande mistério”, disse especialista.

sábado, 8 de abril de 2017

MISTERIOSO PLANETA NOVE PODE ESTAR CAUSANDO INCLINAÇÃO DO SISTEMA SOLAR

Astrônomos trazem novas evidências para a existência de um novo e gigantesco integrante no sistema solar
Concepção artística divulgada pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) mostra o provável novo planeta do sistema solar
A Concepção artística divulgada pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) mostra o provável novo planeta do sistema solar O "Planeta Nove", Ele teria a massa de cerca de dez vezes a da Terra e estaria entre 32 bilhões e 160 bilhões de distância da Terra. (R.Hurt/Caltech/IPAC/Reuters)
O “Planeta Nove” pode ser a razão por trás da misteriosa inclinação de seis graus do sistema solar, de acordo com astrônomos. Nesta semana, durante o encontro anual de cientistas planetários da American Astronomical Society (AAS, na sigla em inglês), pesquisadores americanos revelaram novas evidências para a existência de um nono planeta, que estaria orbitando o Sol além de Netuno.
A presença de um corpo celeste com massa de cerca de dez vezes a da Terra, vinte vezes mais longe do Sol que Netuno, foi proposta em janeiro pelos astrônomos Konstantin Batygin e Mike Brown (conhecido como o cientista que “matou” Plutão), do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, na sigla em inglês), nos Estados Unidos. De acordo com os pesquisadores, o movimento de alguns corpos celestes do Cinturão de Kuiper, uma região nos confins do sistema solar, só poderia ser explicado pela presença de um grande e longínquo astro. Ele só não teria sido encontrado, de acordo com os cientistas, por estar localizado entre 32 bilhões e 160 bilhões de quilômetros de distância da Terra.
No novo estudo, publicado no periódico científico Astrophysical Journal, Brown apresentou uma análise em que o “Planeta Nove” seria a explicação para a inclinação de seis graus do sistema solar – que, até o momento, é considerada misteriosa para os cientistas. Em linhas gerais, os oito planetas orbitam o Sol como se estivessem em um mesmo plano. Esse plano, contudo, é inclinado em relação ao Sol. Se pudéssemos ver de fora, a impressão seria de que o Sol (e não o plano) estivesse inclinado.
“Esse é um mistério tão antigo e tão difícil de explicar que simplesmente não falamos sobre ele”, explicou Brown, em comunicado da Caltech.
Ao colocar o hipotético novo planeta como razão desse fenômeno, o astrônomo e sua equipe descobriram que, se ele for gigante como dizem as estimativas e tiver uma órbita inclinada cerca de trinta graus em relação ao plano do sistema solar, ele pode ser a explicação que faltava para a inclinação.
“Como o ‘Planeta Nove’ é tão massivo e tem uma órbita inclinada em comparação aos outros planetas, o sistema solar não tem outra opção a não ser ‘torcer’, lentamente, seu alinhamento”, afirmou Elizabeth Bailey, uma das autoras da pesquisa, publicada no periódico científico Astrophysical Journal.
Novas pistas
Outro time de cientistas, liderado pelo astrônomo Renu Malhotra, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, também sugeriu que o “Planeta Nove” pode ser o motivo para órbitas estranhas de quatro corpos celestes do Cinturão de Kuiper. Segundo eles, esses objetos não seriam afetados por nenhum dos planetas do sistema solar (como acontece com a órbita de Plutão, um planeta anão que recebe a influência de Netuno, o mais próximo a ele), mas de um “nunca visto” corpo celeste massivo – um nono planeta, portanto. As estimativas de Malhorta sobre a massa e a localização desse corpo celeste batem com os cálculos prévios de Brown e Batygin.
“Nosso estudo traz estimativas mais precisas para a massa e órbita que esse planeta teria e, mais importante, restringe sua posição em sua órbita”, explicou o Malhorta, em comunicado.
Segundo os cientistas, o “Planeta Nove”, apesar de ainda não comprovado, seria a explicação mais plausível dada pela ciência para alguns comportamentos aparentemente inexplicáveis do sistema solar.
“Ele continua a nos impressionar. Cada vez que olhamos com cuidado percebemos que o ‘Planeta Nove’ revela algo sobre o sistema solar que, por muito tempo, nos pareceu misterioso”, afirmou Konstantin Batygin, do Caltech.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

MISTERIOSA EXPLOSÃO CÓSMICA INTRIGA ASTRÔNOMOS


Uma misteriosa fonte de raios-X se tornou 1.000 vezes mais brilhante ao longo de algumas horas antes de desaparecer dramaticamente em cerca de um dia.
Esta fonte foi descoberta em Chandra Deep Field-South dados, dando a mais profunda imagem de raios-X já feita.
Os dados de Hubble e Spitzer indicam que essa fonte provavelmente está localizada em uma pequena galáxia a cerca de 10,7 bilhões de anos-luz da Terra.
As evidências apontam para que este seja algum tipo de evento destrutivo, mas talvez diferente de qualquer outro visto antes.
Os cientistas descobriram um flash misterioso de raios-X usando o Observatório Chandra de raios-X da NASA , na imagem mais profunda de raios X já obtida, conforme relatado em nosso último comunicado de imprensa . A fonte de raios X está localizada em uma região do céu conhecida como Chandra Deep Field-South (CDF-S), que é mostrada no painel principal deste gráfico. Durante os 17 anos que Chandra vem operando, o telescópio observou este campo muitas vezes, resultando em um tempo de exposição total de 7 milhões de segundos, igual a dois meses e meio. Nesta imagem CDF-S, as cores representam diferentes bandas de energia de raios-X , onde vermelho, verde e azul mostram os raios-X de baixa, média e alta energia que Chandra pode detectar.
A misteriosa fonte que os cientistas descobriram, mostrada na caixa de inserção, tem propriedades notáveis. Antes de outubro de 2014, essa fonte não foi detectada em raios-X, mas então ele entrou em erupção e tornou-se pelo menos um fator de 1.000 mais brilhante em poucas horas. Após cerca de um dia, a fonte tinha desbotado completamente abaixo da sensibilidade de Chandra.
Milhares de horas de dados legados dos Telescópios Espaciais Hubble e Spitzer ajudaram a determinar que o evento veio de uma pequena galáxia distante a cerca de 10,7 bilhões de anos-luz da Terra. Por alguns minutos, a fonte de raios X produziu mil vezes mais energia do que todas as estrelas nesta galáxia.
Enquanto os cientistas pensam que esta fonte provavelmente vem de algum tipo de evento destrutivo, suas propriedades não correspondem a nenhum fenômeno conhecido. Isso significa que esta fonte pode ser de uma variedade que os cientistas nunca viram antes.
Os pesquisadores, no entanto, têm algumas idéias sobre o que esta fonte poderia ser. Duas das três principais possibilidades de explicar a fonte de raios X invocam eventos de explosão de raios gama (GRB) , que são explosões de jato desencadeadas pelo colapso de uma estrela maciça ou pela fusão de uma estrela de nêutrons com outra estrela de nêutrons ou um buraco negro . Se o jato está apontando para a Terra, uma explosão de raios gama é detectada. À medida que o jato se expande, perde energia e produz radiação mais fraca e isotrópica em raios X e outros comprimentos de onda.
As explicações possíveis para a fonte de raios-X CDF-S, de acordo com os pesquisadores, são um GRB que não é apontado para Terra, ou um GRB que se encontra além da galáxia pequena. Uma terceira possibilidade é que um buraco negro de tamanho médio rasgou uma estrela anã branca .
Milhares de horas de dados legados dos Telescópios Espaciais Hubble e Spitzer ajudaram a determinar que o evento veio de uma pequena galáxia distante a cerca de 10,7 bilhões de anos-luz da Terra. Por alguns minutos, a fonte de raios X produziu mil vezes mais energia do que todas as estrelas nesta galáxia.
A misteriosa fonte de raios-X não foi vista em nenhum outro momento durante os dois meses e meio de tempo de exposição Chandra observou a região CDF-S. Além disso, não foram encontrados eventos semelhantes em observações de Chandra de outras partes do céu.
Esta fonte de raios-X no CDF-S tem propriedades diferentes das fontes de raios-X ainda inexplicáveis ​​descobertas nas galáxias elípticas NGC 5128 e NGC 4636 por Jimmy Irwin e colaboradores. Em particular, a fonte CDF-S provavelmente está associada com a destruição completa de uma estrela de nêutrons ou anã branca e é aproximadamente 100.000 vezes mais luminosa em raios-X. Ele também está localizado em uma galáxia host muito menor e mais jovem, e só é detectado durante uma única explosão de várias horas.
Pesquisas adicionais altamente direcionadas através do arquivo Chandra e as do satélite XMM-Newton da ESA e da Swift da NASA podem revelar mais exemplos desse tipo de objeto variável que até agora passaram despercebidos. Futuras observações de raios X por Chandra e outros telescópios de raios-X também podem revelar o mesmo fenômeno de outros objetos.
Um artigo que descreve esse resultado aparece na edição de junho de 2017 dos Avisos Mensais da Royal Astronomical Society e está disponível on-line . O Centro de Vôo Espacial Marshall da NASA em Huntsville, Alabama, gerencia o programa de Chandra para a Direcção da Missão de Ciência da NASA em Washington. O Smithsonian Astrophysical Observatory em Cambridge, Massachusetts, controla a ciência de Chandra e operações de vôo.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

VLT DO ESO OBSERVA UM NOVO TIPO DE FORMAÇÃO ESTELAR

Concepção artística de estrelas nascidas em ventos de buracos negros supermassivos
Com o auxílio do Very Large Telescope do ESO foram descobertas estrelas formando-se nos poderosos fluxos de matéria lançados por buracos negros supermassivos, situados nos núcleos de galáxias. Tratam-se das primeiras observações confirmadas de estrelas em formação neste tipo de ambiente extremo. A descoberta tem muitas consequências para a compreensão da evolução e propriedades das galáxias. Estes resultados foram publicados na revista Nature.
Um grupo de astrônomos europeus liderado pelo Reino Unido utilizou os instrumentos MUSE e X-shooter montados no Very Large Telescope (VLT), no Observatório do Paranal do ESO no Chile, para estudar uma colisão entre duas galáxias, chamadas coletivamente IRAS F23128-5919, situadas a cerca de 600 milhões de anos-luz de distância da Terra. A equipe observou os ventos colossais de matéria ou fluxos  que têm origem perto do buraco negro supermassivo situado no coração da galáxia do par mais ao sul, e descobriu evidências claras de formação de estrelas ocorrendo nestes fluxos.
Este tipo de fluxos galácticos tem origem na enorme liberação de energia por parte dos centros ativos e turbulentos das galáxias. Os buracos negros supermassivos “escondem-se” no coração da maioria das galáxias e ao “engolirem” matéria aquecem o gás ao seu redor, lançando-o para fora da galáxia hospedeira sob a forma de ventos densos e poderosos.
“Os astrônomos já suspeitavam há algum tempo que as condições no interior desse fluxos fossem adequadas para a ocorrência de formação estelar, no entanto ninguém tinha observado ainda o fenômeno acontecendo, já que se trata de uma observação muito difícil,” disse o líder da equipe Roberto Maiolino da Universidade de Cambridge. “Os nossos resultados são excitantes porque mostram sem ambiguidade que estrelas estão se formando no interior destes fluxos.”
A equipe resolveu estudar as estrelas que se encontram diretamente nos fluxos, assim como o gás ao redor. Os instrumentos espectroscópicos MUSE e X-shooter, ambos líderes mundiais, permitiram à equipe realizar um estudo muito detalhado das propriedades da radiação emitida, de modo a identificar a sua fonte.
Sabe-se que a radiação emitida por estrelas jovens faz as nuvens de gás próximas brilharem de um modo particular. A extrema sensibilidade do X-shooter permitiu à equipe descartar outras causas possíveis para este brilho, incluindo choques no gás ou núcleos ativos na galáxia.
A equipe detectou também, sem sombra de dúvidas e de forma direta, uma população estelar muito jovem nos fluxos. Acredita-se que estas estrelas tenham uma idade inferior a algumas dezenas de milhões de anos, e análises preliminares sugerem que estes objetos são mais quentes e brilhantes do que estrelas que se formam em meios menos extremos tais como os discos galácticos.
Como evidências adicionais, os astrônomos determinaram também o movimento e a velocidade destas estrelas. A radiação emitida pela maioria das estrelas na região indica que estas se deslocam a altas velocidades afastando-se do centro da galáxia — o que faz sentido para objetos "apanhados" numa corrente de material que se desloca a alta velocidade.
A co-autora Helen Russell (Institute of Astronomy, Cambridge, RU), explica: “As estrelas que se formam no vento próximo do centro galáctico podem ser freadas ou até começar a voltar, mas as estrelas que se formam mais longe apresentam menor desaceleração, podendo até deslocar-se para fora da galáxia.”
Esta descoberta nos dá novas informações que ajudarão a compreender vários fenômenos astrofísicos, por exemplo: como que certas galáxias obtêm as suas formas; como que o meio intergaláctico se enriquece de elementos pesados, e qual a origem da inexplicável radiação cósmica de fundo infravermelha.
Maiolino está entusiasmado com o futuro: “Se tivermos de fato formação estelar ocorrendo na maioria dos fluxos galácticos, como algumas teorias prevêem, então poderemos ter um cenário completamente diferente de evolução das galáxias.”

quarta-feira, 5 de abril de 2017

OBSERVAÇÃO DO HUBBLE MOSTRA TRIO DE GALÁXIAS EM INTERAÇÃO GRAVITACIONAL

Imagem do Hubble: as 3 galáxias - NGC 7173 (no meio, à esquerda), NGC 7174 (no meio, à direita), e NGC 7176 (abaixo, à direita) - brigam entre si, arrastando um número de estrelas para fora de suas galáxias originais. Crédito: NASA, ESA and R. Sharples (University of Durham, U.K.)
Imagem do Hubble: as 3 galáxias - NGC 7173 (no meio, à esquerda), NGC 7174 (no meio, à direita), e NGC 7176 (abaixo, à direita) - brigam entre si, arrastando um número de estrelas para fora de suas galáxias originais. Crédito: NASA, ESA and R. Sharples (University of Durham, U.K.)
Na Imagem do Hubble: as 3 galáxias – NGC 7173 (no meio, à esquerda), NGC 7174 (no meio, à direita), e NGC 7176 (abaixo, à direita) – brigam entre si, arrastando um número de estrelas para fora de suas galáxias originais. Crédito: NASA, ESA and R. Sharples (University of Durham, U.K.)
Três galáxias estão jogando um jogo de “cabo de guerra” gravitacional que poderá resultar na eventual destruição de uma delas. Uma nova imagem do Hubble mostra esse jogo de puxar e empurrar em ação.
Localizadas cerca de 100 milhões de anos de distância na constelação de Peixes (Piscis Austrinus), a interação galáctica poderá resultar na reformatação das 3 galáxias em duas grandes cidades de estrelas.
As três galáxias  — NGC 7173 (no meio, à esquerda), NGC 7174 (no meio, à direita), e NGC 7176 (abaixo, à direita) — são componentes do grupo compacto Hickson 90, cujo nome é homenagem ao astrônomo Paul Hickson, o qual catalogou esses pequenos grupos de galáxias nos anos 80. NGC 7173 e NGC 7176 são duas galáxias suaves elípticas com pouco gás e poeira.
Contrastando com as outras duas, a NGC 7174 é uma galáxia espiral deformada pelas vizinhas próximas. As galáxias experimentam uma violenta interação gravitacional e o resultado é a extirpação das estrelas das galáxias. Essas estrelas estão espalhadas formando um novo componente fracamente iluminado no grupo galáctico.
Imagem composta do trio de galáxias que fazem parte do Hickson Compact Group HCG 90. As galáxias na imagem são NGC 7173 (topo), NGC 7174 (embaixo, à esquerda) e NGC 7176 (embaixo, à direita), o tamanho da imagem é de cerca de 5,3 minutos de arco. Crédito: ESO European Organisation for Astronomical Research in the Southern Hemisphere
Imagem composta do trio de galáxias que fazem parte do Hickson Compact Group HCG 90. As galáxias na imagem são NGC 7173 (topo), NGC 7174 (embaixo, à esquerda) e NGC 7176 (embaixo, à direita), o tamanho da imagem é de cerca de 5,3 minutos de arco. Crédito: ESO European

terça-feira, 4 de abril de 2017

LINDA IMAGEM OBSERVADA DA MAJESTOSA GALÁXIA M100

http://apod.nasa.gov/apod/image/1502/m100_hubble_4060.jpg
Majestoso em uma verdadeira escala cósmica, esse “Universo-Ilha” é apropriadamente classificado como uma galáxia espiral do tipo grande.
Trata-se de uma portentosa galáxia com mais de 100 bilhões de estrelas com braços espirais bem definidos, em estruturas similares as da nossa galáxia Via Láctea, as da galáxia do Cata-Vento (M101) e as encontradas na galáxia do Rodamoinho (M51).
M100 (NGC 4321) é um dos membros mais luminosos do aglomerado de galáxias de Virgem (Virgo), residente a cerca de 56 milhões de anos luz na direção da constelação de Coma Berenices.
A imagem em destaque do Hubble Space Telescope da M100 foi capturada em 2009 e revela azuis aglomerados estelares brilhantes e intricadas faixas de poeira enroscadas que são os grandes marcos dessa classe de galáxias.
Estudos das estrelas variáveis na M100 têm fornecido importantes contribuições na determinação do tamanho e idade do Universo.
Se você souber exatamente onde olhar, conseguirá encontrar um pequeno ponto que consiste em um eco de luz remanescente de uma ofuscante supernova que foi registrada antes na foto abaixo obtida em 23 de fevereiro de 2006 pelo instrumento FORS do VLT no ESO:
Nota
 Uma galáxia espiral “grand design spiral galaxy” é uma categoria de galáxia espiral com proeminentes e bem definidos braços espirais, em contraste com as galáxias com múltiplos espirais em flocos, com sub estruturas espirais repletas de sub-ramos característicos. Os braços espirais de uma galáxia “grand design” se estendem claramente em volta da galáxia por vários radianos e podem ser observados claramente em uma grande fração do diâmetro da galáxia. Segundo os dados de 2002, as galáxias “grande design” constituem cerca de 10% das galáxias espirais conhecidas. Esse seleto grupo inclui a M81, M51, M74, M100 e a M101.
Fontes Geckzila.com – a arte de Judy Schmidt: M100 (2014)

segunda-feira, 3 de abril de 2017

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A GALÁXIA ESPIRAL NGC 5033

https://apod.nasa.gov/apod/image/1701/NGC5033_HubbleSchmidt_1280.jpg
A região central da galáxia NGC 5033 capturada pelo Hubble e processada por Judy Schmidt
Muitos fenômenos estão em ação por lá, alguns cíclicos, outros energéticos e uns ainda não totalmente compreendidos.
NGC 5033 é classificada como uma galáxia Seyfert por causa da sua grande atividade que tem sido medida no seu núcleo.
Estrelas brilhantes, poeira escura e gás interestelar giram rapidamente em volta do centro galáctico que parece ligeiramente deslocado do seu supermassivo buraco negro central.
Os astrônomos julgam que essa defasagem entre o buraco negro supermassivo e o centro da galáxia seja o resultado da NGC 5033 ter se fundido com outra galáxia em algum momento dentro do último bilhão de anos.
A imagem em destaque foi capturada pelo Telescópio Espacial Hubble em 2005 e Judy Schmidt se encarregou de reprocessá-la.
NGC 5033 tem um diâmetro de cerca de 100.000 anos luz e está tão distante de nós que a luz emitida por ela partiu de lá há cerca de 40 milhões de anos.
Fonte
APOD: In the Center of Spiral Galaxy NGC 5033 – Créditos: NASA, ESA, Hubble, MAST – Processamento por: Judy Schmidt