segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ANTIGAS CRATERAS FORAM APAGADAS DA SUPERFÍCIE DO ASTEROIDE VESTA

antigas crateras de Vesta desapareceram O que teria causado o desaparecimento de tantas evidências de impactos em um corpo que sequer tem atmosfera?
A um pouco menos de 4 bilhões de anos atrás, como diz a teoria, o Sistema Solar interior foi bombardeado por rochas espaciais. Esse evento, chamado de Grande Bombardeio Tardio (o reajuste das órbitas dos planetas exteriores, como Júpiter e Saturno) causou crateras na Lua, e deixou marcas na crosta do nosso próprio planeta, que se apagaram ao longo do tempo devido à erosão.
Vesta, por sua vez, é um grande asteroide sem atmosfera, que orbita cinturão entre Marte e Júpiter, mas por algum motivo, não possui evidências do Grande Bombardeio tardio, como mostram as imagens da sonda Dawn durante seu grande encontro, entre 2011 e 2012. E aí surge a grande pergunta: por que?
A nova simulação sugere que, apesar de sua superfície seca e sem atmosfera, o grande asteroide Vesta deve ter sido alvo de diversas rochas espaciais nos últimos quatro bilhões de anos, o que foi suficiente para apagar a maioria das provas, ou melhor, das crateras anteriores.
"Calculamos um aumento no número de impactos durante o Grande Bombardeio Tardio que leva a uma erosão da crosta de Vesta, que tem cerca de 20 a 30 km de profundidade, e isso é compatível com a sobrevivência da crosta", escreveu a pesquisadora Simona Pirani, estudante em Ph.D. do Observatório Lund, na Suécia.
"Nós também procuramos por vestígios de crateras na superfície de Vesta, que teriam sido formadas durante o Grande Bombardeio Tardio, e descobrimos que as crateras produzidas após esse grande evento foram apagadas de forma eficiente, não restando qualquer vestígio do evento ocorrido há 4 bilhões de anos."
crateras em Vesta
Algumas crateras relativamente novas em Vesta. As cores diferentes
são o resultado de observações em diferentes níveis de onda do espectro.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / UCLA / DLR
Isso nos ajuda a entender quais foram os efeitos do Grande Bombardeio Tardio no Sistema Solar. Nossos melhores estudos tinham pesquisas referentes a nossa Lua, mas o Grande Bombardeio Tardio pode ter agido de forma diferente dentro do Cinturão de Asteroides, onde encontra-se o asteroide Vesta.
Vesta é apenas um dentre diversos outros objetos do Sistema Solar que deveriam ser estudados de perto. Ceres, que também foi visitado pela sonda Dawn, é um planeta anão com uma superfície completamente diferente. O gelo que os cientistas suspeitam estar lá, por exemplo, provavelmente foi responsável por apagar as crateras muito rapidamente, segundo Simona. Com relação a Vesta, existem alguns palpites sobre quais foram os mecanismos responsáveis pelo desaparecimento das antigas crateras.
"Um possível processo de renovação de superfície que poderia ter contribuído para apagar as crateras do Grande Bombardeio Tardio, seria a ampla disseminação de material ejetado, por exemplo. Quanto maior o alvo de uma colisão, maior é a quantidade de material ejetado, que se espalha na superfície, apagando crateras anteriores", disse Simona.
"Outro processo que deve ser levado em conta são os abalos sísmicos na sequência de um impacto. Vesta possui duas bacias de grande impacto no pólo sul, ou seja, esses impactos podem ter criado abalos sísmicos que permitiram uma remodelação de grande parte da superfície."

A diferença de tonalidade na superfície de Vesta é o que chama a atenção na imagem.
Acredita-se que as partes mais claras seja composta pelo material original de Vesta,
enquanto o solo mais escuro deva ser material rico em carbono, originário de colisões.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / UCLA / DLR
Vesta é um asteroide único no Cinturão Principal, isso por existem meteoritos na Terra que podem ser amostras desse belo asteroide. Os meteoritos chamados HEDs (howarditos, eucritos e diogenitos) mostram aos pesquisadores como era o passado de Vesta.
Simulações de formação do Sistema Solar indicam que poderia haver uma falta de massa no Sistema Solar interior, particularmente visto no caso de Marte (um pequeno planeta). Segundo Simona, o próximo passo será analisar como essa massa desapareceu, e o que poderia ter acontecido quando os protoplanetas interagiam.
Fonte: Icarus / DNews
Imagens: (capa:NASA/JPL) / NASA / JPL-Caltech / UCLA / DLR

domingo, 28 de fevereiro de 2016

HUBBLE USA MEDIDAS DIRETAS PARA MEDIR A ROTAÇÃO DE PLANETA EXTRASOLAR

Artist's View of a Super-Jupiter around a Brown Dwarf (2M1207) Apesar de quase 2.000 planetas serem descobertos em torno de outras estrelas, apenas a luz de um punhado deles já foram coletados por telescópios mais poderosos do mundo. Ironicamente, muitos deles são detectados pelas sombras que eles expressam, à medida que passam na frente de suas estrelas-mãe.
Observações de acompanhamento era usado para medir o mais fraco, mas um puxão revelador, gravitacional do planeta sobre sua estrela-mãe. Agora, os astrônomos do Telescópio Espacial Hubble têm sido capazes de pegar o brilho infravermelho fraco de um planeta gigante localizada a 170 anos-luz de distância da Terra. Não só é brilhante, mas também ritmicamente piscando enquanto o planeta gira sobre seu eixo como um pião. A interpretação é que as mudanças sutis de brilho do planeta são devido a uma cobertura de nuvens variada de manchas relativamente claras e escuras indo e vindo. Estas medidas levaram a uma estimativa de quão rápido o planeta está girando através da observação direta - uma primeira vez para os astrônomos observar planetas exoplanetas. O mundo gasoso completa uma rotação de aproximadamente a cada 10 horas, o que, coincidentemente, é a mesma taxa de rotação de Júpiter.
O planeta é apelidado de "super-Júpiter", porque é quatro vezes a massa de Júpiter, o maior planeta conhecido no nosso sistema solar. Porque o planeta é um recém-nascido em comparativa, ainda é quente como se contrai por gravidade. Estas características permitem observações em infravermelho. O planeta orbita uma anã marrom fraca, designado de 2M1207. A anã é muito pequena para brilhar como estrelas que fazem através da fusão nuclear.  A estrela é tão fraca e longe do planeta que os astrônomos foram capazes de isolar brilho do planeta.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

TERMINADO RASTREIO ATLASGAL DA VIALÁCTEA


Uma nova imagem espetacular da Via Láctea foi divulgada para marcar o término do rastreio ATLASGAL — APEX Telescope Large Area Survey of the Galaxy. O telescópio APEX, instalado no Chile, mapeou pela primeira vez no submilímetro — a região do espectro eletromagnético entre a radiação infravermelha e as ondas de rádio — a área total do plano galático visível a partir do hemisfério sul, com mais detalhes do que obtido em rastreios recentes feitos a partir do espaço. O telescópio pioneiro APEX de 12 metros permite aos astrônomos estudar o Universo frio: gás e poeira com temperaturas de apenas algumas dezenas de graus acima do zero absoluto.
O APEX, o telescópio Atacama Pathfinder EXperiment, situa-se a 5100 metros de altitude no planalto do Chajnantor, na região chilena do Atacama. O rastreio ATLASGAL tirou partido das características únicas neste telescópio para fornecer imagens detalhadas da distribuição de gás denso e frio situado no plano da Via Láctea. As novas imagens incluem a maior parte das regiões de formação estelar existentes na Via Láctea austral.
Os novos mapas ATLASGAL cobrem uma área do céu de 140 graus de comprimentos por 3 de largura, quatro vezes maior que os primeiros mapas divulgados deste rastreio. Os novos mapas têm também uma qualidade superior, já que algumas áreas foram novamente observadas para se obter uma qualidade de dados mais uniforme em toda a área mapeada.
Comparação da região central da Via Láctea em diferentes comprimentos de onda
O rastreio ATLASGAL é o projeto do APEX com maior sucesso, com cerca de 70 artigos científicos associados já publicados. O seu legado irá expandir-se ainda mais agora que todos os dados foram reduzidos e colocados à disposição de toda a comunidade astronômica.
No coração do APEX encontram-se os seus instrumentos muito sensíveis. Um deles, a câmera LABOCA (LArge BOlometer Camera), foi usado no rastreio ATLASGAL. A LABOCA mede a radiação capturada registrando os minúsculos aumentos de temperatura que esta causa nos seus detectores, podendo assim detectar emissão das faixas escuras de poeira fria que obscurecem a radiação estelar.
Esta nova divulgação dos dados ATLASGAL vem complementar observações obtidas com o satélite Planck da ESA. A combinação dos dados Planck e APEX permitiu aos astrônomos detectar radiação emitida ao longo de uma maior área do céu e estimar assim a fração de gás denso existente na Galáxia interna. Os dados ATLASGAL foram também utilizados para criar um censo completo de nuvens frias de grande massa, onde novas gerações de estrelas estão se formando.
“O ATLASGAL dá importantes pistas sobre onde a próxima geração de estrelas de grande massa e aglomerados se formam. Ao combinar estas observações com os dados Planck, podemos agora obter uma conexão com as estruturas de larga escala de nuvens moleculares gigantes,” diz Timea Csengeri do Instituto Max Planck de Rádio Astronomia (MPIfR), Bonn, Alemanha, que liderou o trabalho de combinação dos dados APEX e Planck.
O telescópio APEX celebrou recentemente dez anos de pesquisas bem sucedidas do Universo frio. Este telescópio desempenha um papel importante não só como desbravador de terreno mas também como infraestrutura complementar do ALMA, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, que também se encontra situado no planalto do Chajnantor. O APEX baseia-se numa antena protótipo construída para o projeto ALMA e tem encontrado muitos objetos que o ALMA pode depois estudar com mais detalhe.
Leonardo Testi do ESO, membro da equipe ATLASGAL e Cientista de Projeto europeu do ALMA, conclui: “O ATLASGAL permitiu-nos obter um novo olhar sobre o meio interestelar denso da nossa própria galáxia, a Via Láctea. A divulgação do rastreio completo abre a possibilidade de trabalhar sobre esta incrível base de dados, esperando-se novas descobertas. Muitas equipes de cientistas já estão utilizando os dados ATLASGAL para planejar novas observações com o ALMA.”

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A CAÇADA DE AGLOMERADOS DE GALÁXIAS

Imagem de raios X do campo sul do XXL
Observações obtidas com os telescópios do ESO fornecem terceira dimensão crucial para sondar o lado escuro do Universo. Espaço comparado em tamanho com a lua cheia.
Os telescópios do ESO forneceram a uma equipe internacional de astrônomos a terceira dimensão na maior caçada até hoje das maiores estruturas gravitacionalmente ligadas do Universo — os aglomerados de galáxias. Observações obtidas pelo VLT e pelo NTT complementam as capturadas por outros observatórios em todo o mundo e no espaço, no âmbito do rastreio XXL — uma das maiores buscas destes aglomerados.
Os aglomerados de galáxias são conjuntos massivos de galáxias que abrigam enormes reservatórios de gás quente — as temperaturas são tão elevadas que se produzem raios X. Estas estruturas são úteis para os astrônomos porque se pensa que a sua construção é influenciada pelas componentes mais estranhas do Universo — a matéria escura e a energia escura. Por isso, ao estudar as suas propriedades em diferentes fases da história do Universo, os aglomerados de galáxias podem ajudar-nos a compreender melhor o lado escuro do Universo.
A equipe, composta por mais de 100 astrônomos de todo o mundo, começou uma busca destes monstros cósmicos em 2011. Apesar da radiação de raios X de alta energia que revela a sua localização ser absorvida pela atmosfera terrestre, podemos detectá-la com a ajuda de observatórios de raios X colocados no espaço. Assim, combinou-se um rastreio realizado pelo XMM-Newton da ESA — executado com a  maior quantidade de tempo de observação já concedido neste telescópio — com observações do ESO e doutros observatórios. O resultado é uma enorme e crescente coleção de dados que cobre todo o espectro eletromagnético , coletivamente chamada rastreio XXL.
Imagem no visível de um aglomerado de galáxias distante descoberto pelo rastreio XXL“O objetivo principal do rastreio XXL é fornecer uma amostra bem definida de cerca de 500 aglomerados de galáxias até uma distância correspondente a uma idade do Universo de cerca de metade da sua idade atual,” explica a pesquisadora principal do XXL, Marguerite Pierre do CEA, Saclay, França.
O telescópio XMM-Newton fez imagens de duas regiões do céu — cada uma com cem vezes a área da Lua Cheia — numa tentativa de descobrir um grande número de aglomerados de galáxias previamente desconhecidos. A equipe do rastreio XXL divulgou agora os seus resultados numa série de artigos científicos sobre os 100 aglomerados mais brilhantes descobertos.
Observações obtidas com o instrumento EFOSC2 instalado no New Technology Telescope (NTT), juntamente com observações do instrumento FORS montado no Very Large Telescope do ESO (VLT), foram também utilizadas para analisar de modo cuidado a radiação emitida pelas galáxias destes aglomerados.  Estas observações permitiram aos astrônomos medir as distâncias precisas aos aglomerados de galáxias, dando-nos assim uma vista tridimensional do cosmos, absolutamente necessária para fazer medições da matéria escura e da energia escura.
Espera-se que o rastreio XXL produza muitos resultados excitantes e inesperados, mas apenas com um quinto dos dados que se esperam obter no final, obtiveram-se já alguns resultados importantes e surpreendentes.
Um dos artigos científicos relata a descoberta de cinco novos superaglomerados — aglomerados de aglomerados de galáxias — que se juntam àqueles já conhecidos, tais como o nosso próprio superaglomerado, o Superaglomerado Laniakea. 
Outro artigo trata de observações de seguimento obtidas para um aglomerado de galáxias em particular (conhecido pelo nome informal de XLSSC-116), situado a cerca de seis bilhões de anos-luz de distância. Com o instrumento MUSE do VLT observou-se neste aglomerado uma fonte de luz difusa estranhamente brilhante.
“Esta é a primeira vez que conseguimos estudar com detalhe a radiação difusa de um aglomerado de galáxias distante, pondo assim em evidência o poder do MUSE neste tipo de estudos,” explicou o co-autor Christoph Adami do Laboratoire d´Astrophysique, Marseille, França. 
A equipe utilizou também os dados para confirmar a ideia de que no passado os aglomerados de galáxias são muito menores que os que observamos atualmente — uma descoberta importante para a compreensão teórica da evolução dos aglomerados ao longo da vida do Universo.
O simples ato de contar os aglomerados de galáxias nos dados XXL confirmou também um resultado anterior algo estranho — existem menos aglomerados distantes do que o esperado com base nas predições dos parâmetros cosmológicos medidos pelo telescópio Planck da ESA. A razão desta discrepância não é conhecida, no entanto a equipe espera resolver esta curiosidade cosmológica quando tiver acesso à amostra total de aglomerados em 2017.
Estes quatro resultados importantes são apenas o preâmbulo do que ainda está para vir deste enorme rastreio de alguns dos mais massivos objetos do Universo.
Notas
 O rastreio XXL combinou dados de arquivo com novas observações de aglomerados de galáxias, cobrindo assim um domínio de comprimentos de onda que vai de 1x10-4 μm (raios X, observados com o XMM) a mais de 1 metro (ondas de rádio, observadas com o Giant Metrewave Radio Telescope [GMRT]).
 Os aglomerados de galáxias de que tratam os 13 artigos científicos encontram-se a desvios para o vermelho entre z = 0,05 e z = 1,05, o que corresponde a uma idade do Universo entre 13 e 5,7 bilhões de anos, respectivamente.
 Para estudar os aglomerados de galáxias é necessário conhecer a sua distância precisa. Embora distâncias aproximadas — desvios para o vermelho fotométricos — possam ser medidas por análise das suas cores a diferentes comprimentos de onda, são necessários desvios para o vermelho espectroscópicos mais precisos. Estes desvios para o vermelho foram também obtidos nos dados de arquivo, como parte do rastreio VIPERS (VIMOS Public Extragalactic Redshift Survey), do rastreio VVDS (VIMOS-VLT Deep Survey) e do rastreio GAMA.
Este aglomerado de galáxias foi encontrado a um desvio para o vermelho z = 0,543.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

ALMA DESCOBRE GRÃOS DE POEIRA INESPERADAMENTE CONGELADOS EM DISCO DE FORMAÇÃO PLANETÁRIO

O disco protoplanetário Disco Voador em torno da 2MASS J16281370-2431391
Astrônomos usaram o ALMA e os telescópios do IRAM para fazer a primeira medida direta da temperatura dos grãos de poeira grandes situados nas regiões periféricas de um disco de formação planetária que se encontra em torno de uma estrela jovem. Ao observar de forma inovadora um objeto cujo nome informal é Disco Voador, os astrônomos descobriram que os grãos de poeira são muito mais frios do que o esperado: -266º Celsius. Este resultado surpreendente sugere que os modelos teóricos destes discos precisam de ser revisados.
Uma equipe internacional liderada por Stephane Guilloteau do Laboratoire d´Astrophysique de Bordeaux, França, mediu a temperatura de enormes grãos de poeira que se encontram em torno da jovem estrela 2MASS J16281370-2431391 na região de formação estelar Rho Ophiuchi, a cerca de 400 anos-luz de distância da Terra.
Esta estrela encontra-se rodeada por um disco de gás e poeira — chamado disco protoplanetário, uma vez que se encontra na fase inicial da formação de um sistema planetário. Este disco é visto de perfil quando observado a partir da Terra e a sua aparência em imagens no visível levou a que se lhe desse o nome informal de Disco Voador.
Os astrônomos utilizaram o ALMA para observar o brilho emitido pelas moléculas de monóxido de carbono no disco da 2MASS J16281370-2431391. As imagens revelaram-se extremamente nítidas e descobriu-se algo estranho — em alguns casos o sinal recebido era negativo. Normalmente um sinal negativo é fisicamente impossível, mas neste caso existe uma explicação, que leva a uma conclusão surpreendente.
O autor principal Stephane Guilloteau explica: “Este disco não se observa sobre um céu noturno escuro e vazio mas sim em silhueta, frente ao brilho da Nebulosa Rho Ophiuchi. O brilho difuso é demasiado extenso para ser detectado pelo ALMA, no entanto é absorvido pelo disco. O sinal negativo resultante significa que partes do disco estão mais frias do que o fundo. Na realidade, a Terra encontra-se na sombra do Disco Voador!”
A equipe combinou medições do disco obtidas pelo ALMA com observações do brilho de fundo obtidas pelo telescópio IRAM de 30 metros, situado em Espanha. Derivou-se uma temperatura para os grãos de poeira do disco de apenas -266º Celsius (ou seja, apenas 7º acima do zero absoluto, ou seja 7 Kelvin) à distância de cerca de 15 bilhões de km da estrela central. Esta é a primeira medição direta da temperatura de grãos de poeira grandes (com tamanhos de cerca de 1 milímetro) em tais objetos.
A temperatura medida é muito mais baixa dos que os -258 a -253º Celsius (15 a 20 Kelvin) que a maioria dos modelos teóricos prevê.  Para explicar esta discrepância, os grãos de poeira grandes devem ter propriedades diferentes das que se assumem atualmente, de modo a permitirem o seu resfriamento até temperaturas tão baixas.
“Para compreendermos qual o impacto desta descoberta na estrutura do disco, temos que descobrir que propriedades da poeira, que sejam plausíveis, podem resultar de tão baixas temperaturas. Temos algumas ideias — por exemplo, a temperatura pode depender do tamanho dos grãos, com os maiores a apresentarem temperaturas mais baixas do que os mais pequenos. No entanto, ainda é muito cedo para termos certezas,” acrescenta o co-autor do trabalho Emmanuel di Folco (Laboratoire d´Astrophysique de Bordeaux).
Se estas temperaturas baixas da poeira forem encontradas como sendo uma característica normal dos discos protoplanetários, este fato pode ter muitas consequências na compreensão de como é que estes objetos se formam e evoluem.
Por exemplo, propriedades diferentes da poeira afetarão o que se passa quando as partículas colidem e portanto afetarão também o seu papel na criação das sementes da formação de planetas. Ainda não sabemos se esta alteração das propriedades da poeira é ou não significativa relativamente a este exemplo.
Temperaturas baixas da poeira podem também ter um grande impacto nos discos de poeira menores que se sabe existirem. Se estes discos forem majoritariamente compostos por grãos maiores e mais frios do que o que se supõe atualmente, isto pode significar que estes discos compactos são arbitrariamente massivos e por isso podem ainda formar planetas gigantes relativamente próximos da estrela central.
São claramente necessárias mais observações, no entanto parece que a poeira mais fria descoberta pelo ALMA poderá ter consequências significativas na compreensão dos discos protoplanetários.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

EXPLOSÕES GIGANTESCAS ENTERRADAS NA POEIRA

Explosão de raios gama enterrada em poeira (impressão artística)
O ALMA investiga ambiente em torno de explosões de raios gama escuras
Observações obtidas com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) permitiram aos astrónomos mapear diretamente, e pela primeira vez, o gás molecular e poeira nas galáxias onde ocorrem explosões de raios gama - as maiores explosões no Universo. Surpreendentemente, observou-se menos gás e muito mais poeira do que o esperado, fazendo com que estas explosões pareçam “explosões escuras”. Este trabalho será publicado na revista Nature a 12 de junho de 2014. Trata-se do primeiro resultado científico do ALMA relativo a explosões de raios gama, evidenciando assim o potencial do telescópio no estudo deste fenómeno.
As explosões de raios gama são enormes explosões de energia extremamente elevada observadas em galáxias distantes - são os mais brilhantes fenómenos explosivos no Universo. As explosões que duram mais do que alguns segundos são as chamadas explosões de raios gama de longa duração e estão associadas a explosões de supernovas - fortes detonações no final da vida de estrelas de elevada massa.
Em apenas alguns segundos, uma explosão típica liberta tanta energia como o Sol ao longo de toda a sua vida de 10 mil milhões de anos. A explosão propriamente dita é normalmente seguida por uma emissão que se vai desvanescendo, conhecida por brilho remanescente, e que se pensa ser causada por colisões entre o material ejetado e o gás circundante.
No entanto, algumas explosões de raios gama parecem não ter este brilho remanescente - são as chamadas explosões escuras. Uma explicação possível prende-se com a existência de nuvens de poeira que absorverão esta radiação remanescente.
Nos últimos anos, os cientistas têm estudado galáxias onde ocorrem as explosões de raios gama, no intuito de tentar perceber como é que estes fenómenos se formam. Esperava-se que as estrelas massivas progenitoras das explosões de raios gama se encontrassem em regiões de formação estelar ativa, as quais estariam envoltas por enormes quantidades de gás molecular - o combustível da formação estelar. No entanto, até agora nenhum resultado observacional corroborou esta teoria, mantendo-se assim um mistério de longa data.
Agora, e pela primeira vez, uma equipa japonesa de astrónomos utilizou o ALMA para detectar a emissão rádio do gás molecular em duas galáxias onde ocorrem estas explosões escuras de raios gama de longa duração - GRB 020819B e GRB 051022 - a cerca de 4,3 e 6,9 mil milhões de anos-luz de distância, respetivamente. Embora tal emissão rádio nunca tenha sido detectada nestas galáxias, o ALMA possibilitou esta detecção, graças à sua sensibilidade elevada sem precedentes.
Kotaro Kohno, professor da Universidade de Tóquio e membro da equipa de investigação que efetuou este trabalho, disse:” Há mais de dez anos que procuramos este gás molecular nestas galáxias, utilizando vários telescópios em todo o mundo. Conseguimos finalmente atingir o nosso objetivo, utilizando o poder do ALMA. Estamos muito entusiasmados com os resultados obtidos.”
Outro resultado digno de nota, e igualmente possível graças à resolução elevada do ALMA, foi a descoberta da distribuição do gás molecular e da poeira em galáxias hospedeiras das explosões de raios gama. Observações da GRB 020819B revelaram um ambiente notavelmente rico em poeira, ao mesmo tempo que foi encontrado gás molecular em torno do centro da galáxia. Esta é a primeira vez que é descoberta uma tal distribuição de material nas galáxias onde ocorrem explosões de raios gama.
“Não esperávamos que as explosões de raios gama ocorressem em meios tão poeirentos, com uma baixa razão de gás molecular relativamente à poeira. Este facto indica-nos que as explosões têm lugar num ambiente completamente diferente da típica região de formação estelar,” diz Hatsukade. Este resultado sugere que as estrelas massivas que morrem com explosões de raios gama mudam o ambiente na sua região de formação estelar antes de explodirem.
A equipa de investigação acredita que uma explicação possível para a alta proporção de poeira comparada ao gás molecular no local da explosão de raios gama possa vir da diferença nas reações relativas à radiação ultravioleta. Uma vez que as ligações entre os átomos que formam as moléculas são facilmente quebradas pela radiação ultravioleta, o gás molecular não consegue sobreviver num ambiente exposto à forte radiação ultravioleta emitida pelas estrelas quentes massivas na região de formação estelar, incluindo a própria estrela que eventualmente explodirá com emissão de raios gama observada. Embora uma distribuição semelhante seja também observada na GRB 051022, este resultado tem ainda que ser confirmado devido à falta de resolução (uma vez que a galáxia hospedeira da GRB 051022 está mais afastada do que a da GRB 020819B). De qualquer modo, estas observações do ALMA apoiam a hipótese de que é a poeira que absorve a radiação remanescente, dando origem às explosões de raios gama escuras.
“Os resultados obtidos foram muito para além das nossas expectativas. Precisamos agora de fazer mais observações de outras galáxias onde ocorrem explosões de raios gama para ver se estas podem ser efetivamente condições ambientais gerais de um local de explosões de raios gama. Aguardamos com muito interesse o seguimento deste trabalho, que será executado fazendo já uso das capacidades melhoradas do ALMA,” diz Hatsukade.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

ALMA EXAMINA UMA RODA DENTRO DE OUTRA RODA DE POEIRA EGÁS

Descoberta uma “corda salva vidas” para a formação de planetas num sistema binário de estrelas
Com o auxílio do ALMA astrônomos detectaram, pela primeira vez, uma corrente de gás que flui desde um disco externo massivo até ao interior de um sistema binário de estrelas. Esta configuração, nunca observada até agora, pode ser responsável por manter um segundo disco de formação planetária, menor, que, de outro modo, teria desaparecido completamente há muito tempo. Metade das estrelas do tipo solar nascem em sistemas binários e, por isso, esta descoberta tem consequências importantes na procura de exoplanetas. Estes resultados serão publicados na revista Nature em 30 de outubro de 2014.
Um grupo de pesquisa liderado por Anne Dutrey do Laboratório de Astrofísica de Bordeaux, em França, e CNRS, utilizaram o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) para observar a distribuição de gás e poeira num sistema estelar múltiplo chamado GG Tau-A . Este objeto tem apenas alguns milhões de anos de idade e situa-se a cerca de 450 anos-luz de distância da Terra na constelação do Touro.
Tal como um roda dentro de outra roda, GG Tau-A contém um disco exterior maior, que circunda todo o sistema, e um disco interior menor que se situa em torno da estrela central. Este segundo disco tem uma massa equivalente à de Júpiter e a sua presença tem constituído um mistério para os astrônomos, uma vez que este objeto se encontra perdendo matéria para a estrela central a uma taxa tal que deveria já ter-se esgotado completamente há muito tempo atrás.
Ao observar estas estruturas com o auxílio do ALMA, a equipe descobriu acúmulos de gás na região que se situa entre os dois discos. As novas observações sugerem que existe material que está a ser transferido do disco exterior para o disco interior, criando um tipo de corda de salvamento entre os dois.
“Embora em simulações de computador já se tivesse previsto matéria fluindo na região entre os dois discos, é a primeira vez que tal fenômeno é efetivamente observado. O fato de termos detectado estas acumulações de matéria, indica-nos que o material se desloca entre os dois discos, permitindo que um se alimente do outro”, explica Dutrey. “Estas observações demonstram que o material do disco exterior consegue sustentar o disco interior durante muito tempo, fato este que tem consequências importantes na potencial formação planetária do sistema”.
Os planetas nascem da matéria que sobra da formação da estrela. Trata-se de um processo lento, o que significa que a presença de um disco que se mantenha durante muito tempo é um pré-requisito para a formação de planetas. Se o processo de “alimentação” do disco interior agora observado pelo ALMA ocorrer em outros sistemas estelares múltiplos, esta descoberta aponta-nos para um vasto número de novas localizações potenciais para encontrar planetas no futuro.
A primeira fase da procura de exoplanetas foi dirigida a estrelas individuais, como o Sol. Mais recentemente mostrou-se que uma grande fração de planetas gigantes orbitam sistemas binários de estrelas. Agora, os pesquisadores começaram a investigar a possibilidade de planetas orbitarem estrelas individuais inseridas em sistemas estelares múltiplos. Esta nova descoberta apoia a possível existência de tais planetas, fornecendo aos “caçadores” de exoplanetas novos campos por explorar.
Emmanuel Di Folco, co-autor do artigo científico que descreve estes resultados, conclui: “Quase metade das estrelas do tipo solar nasceram em sistemas binários, o que significa que acabamos de descobrir um mecanismo para sustentar a formação planetária que pode ser aplicado a um número significativo de estrelas da Via Láctea. As nossas observações são um enorme passo em frente na verdadeira compreensão da formação planetária”.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

ESO OBSERVA O MOMENTO DO BRILHO DE UMA ESTRELA

O céu em torno da nebulosa de reflexão IC 2631Uma estrela recém formada ilumina as nuvens cósmicas à sua volta nesta nova imagem obtida no Observatório de La Silla do ESO, no Chile. 
As partículas de poeira nas enormes nuvens que rodeiam a estrela HD 97300 difundem a sua luz, tal como acontece com os faróis de um carro num nevoeiro, criando assim a nebulosa de reflexão IC 2631. Embora a estrela HD 97300 se encontre nas luzes da ribalta por agora, a própria poeira que a torna tão proeminente anuncia o nascimento de futuras estrelas, que potencialmente lhe roubarão o protagonismo.
A região resplandescente que se observa nesta nova imagem obtida com o telescópio MPG/ESO de 2,2 metros é uma nebulosa de reflexão chamada IC 2631. Estes objetos são nuvens de poeira cósmica que refletem a radiação de uma estrela próxima, criando um magnífico espetáculo de luz como o que aqui se mostra. IC 2631 é a nebulosa mais brilhante situada no Complexo do Camaleão, uma enorme região de nuvens de gás e poeira que abrigam várias estrelas recém nascidas e estrelas ainda em formação. O complexo situa-se a cerca de 500 anos-luz de distância na constelação austral do Camaleão.
undefinedIC 2631 está iluminada pela estrela HD 97300, uma das estrelas mais jovens — e também a mais massiva e mais brilhante — da vizinhança. 
Esta região encontra-se repleta de material adequado à formação de estrelas, como é evidente pela presença das nebulosas escuras que se vêem na imagem por cima e por baixo de IC 2631. As nebulosas escuras são tão densas em gás e poeira que bloqueiam a radiação emitida pelas estrelas de fundo.
Apesar da sua presença dominante, a importância de HD 97300 deve ser colocada em perspectiva, já que se trata de uma estrela T Tauri, a primeira fase visível para estrelas relativamente pequenas. À medida que estas estrelas vão evoluindo e atingem a fase adulta, perdem massa e diminuem. No entanto, durante a fase de T Tauri as estrelas ainda não se contraíram até ao tamanho moderado que apresentarão durante bilhões de anos como estrelas de sequência principal.
Estas estrelas têm já uma temperatura à superfície semelhante à que terão na fase de sequência principal e, uma vez que os objetos T Tauri são essencialmente versões grandes da sua fase posterior, parecem mais brilhantes na sua juventude fora de proporções do que na sua maturidade. Estes objetos ainda não começaram a queimar hidrogênio em hélio nos seus núcleos, como as estrelas normais de sequência principal, mas começam já a “movimentar os seus músculos térmicos”, gerando calor a partir da contração.
As nebulosas de reflexão, como a que foi criada por HD 97300, apenas dispersam a radiação estelar de volta para o espaço. A radiação estelar mais energética, tal como a radiação ultravioleta emitida por estrelas jovens muito quentes, pode ionizar o gás circundante, fazendo com que este emita radiação e dando assim origem a nebulosas de emissão. Estas nebulosas de emissão indicam sempre a presença de estrelas mais quentes e mais poderosas que, durante a sua vida adulta, podem ser observadas a milhares de anos-luz de distância. HD 97300 não é tão poderosa e o seu momento de protagonismo não está destinado a durar.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

B3 0727 + 409: FULGOR DO BIG BANG PERMITE A OBSERVAÇÃO DE BURACO NEGRO DISTANTE


Um jato de um buraco negro muito distante, chamado B3 0727 + 409, foi encontrado usando o Observatório de Raios-X Chandra.
A luz deste jato foi emitida apenas 2,7 bilhões de anos luz após o Big Bang, quando o Universo tinha apenas um quinto de sua idade atual.
Jatos no início do Universo como este dão astrônomos uma maneira de sondar o crescimento de buracos negros em uma época muito precoce.
Normalmente, esses jatos distantes são descobertos em ondas de rádio em primeiro lugar, mas não B3 0727 + 409 que foi encontrado pela primeira vez pelo Chandra.
Um jato de um buraco negro muito distante de ser iluminada pelo brilho remanescente do Big Bang, conhecido como radiação cósmica de fundo (CMB), foi encontrado como descrito em nosso mais recente comunicado de imprensa. Astrônomos usando Chandra X-ray Observatory da NASA descobriu este jet distante por acaso quando se olha para uma outra fonte no campo de visão do Chandra.
Jets no início do Universo como este, conhecida como B3 0727 + 409, dá astrônomos uma maneira de sondar o crescimento de buracos negros em uma época muito precoce no cosmos. A luz do B3 0727 + 409 foi emitida cerca de 2,7 bilhões de anos após o Big Bang, quando o Universo tinha apenas cerca de um quinto de sua idade atual.
Este gráfico painel principal mostra os dados de raios-X do Chandra que foram combinadas com uma imagem óptica do Digitized Sky Survey. (Note-se que as duas fontes próximas ao centro da imagem não representam uma fonte de casal, mas sim um alinhamento coincidente da jet distante e uma galáxia em primeiro plano.)
A inserção mostra mais detalhes da emissão de raios X a partir do jacto detectado por Chandra. O comprimento do jacto em 0727 + 409 é, pelo menos, 300.000 anos luz. Muitos jatos longos emitidos por buracos negros supermassivos foram detectados no universo próximo, mas exatamente como esses jatos emitem raios-X manteve-se uma questão de debate. Em 0727 B3 + 409, parece que a CMB está a ser impulsionado para comprimentos de onda de raios-X.
Os cientistas pensam que, como os electrões do jacto voar a partir do buraco negro no perto da velocidade da luz, eles se movem através do mar da radiação CMB e colidem com fótons de microondas. Isto aumenta a energia dos fotões acima para a banda de raios-X para ser detectado por Chandra. Se este for o caso, isso implica que os elétrons na B3 0727 + 409 jet deve manter em movimento a velocidades próximas à da luz para centenas de milhares de anos-luz.
A importância desta descoberta é agravada porque os astrônomos essencialmente metida este jet enquanto observa um aglomerado de galáxias no campo. Historicamente, tais jatos distantes foram descobertos em ondas de rádio em primeiro lugar, e depois seguiu com observações de raios-X para olhar para as emissões de alta energia. Se brilhantes jatos de raios-X pode existir com os seus homólogos de rádio muito fracos ou não detectados, isso significa que pode haver muitos mais deles lá fora, porque os astrônomos não têm sido sistematicamente procurando por eles.
Um artigo descrevendo estes resultados foi publicado em 2016 01 de janeiro questão do The Astrophysical Journal Letters e está disponível online. Os autores são Aurora Simionescu (Instituto de Espaço e Ciência Astronáutica, Kanagawa, Japão), Lukasz Stawarz (Universidade Jagiellonian, Cracóvia, Polónia), Yuto Ichinohe (Instituto de Espaço e Ciência Astronáutica, Kanagawa, Japão), Teddy Cheung (Naval Research Laboratory , Washington, DC), Marek Jamrozy (Universidade Jagiellonian, Cracóvia, Polónia), Aneta Siemiginowska (Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, em Cambridge, MA), Kouichi Hagino (Instituto de espaço e Ciência Astronáutica, Kanagawa, Japão), Poshak Gandhi ( Universidade de Southampton, Southampton, Reino Unido) e Norbert Werner (Stanford University, Stanford, CA).
da NASA Marshall Space Flight Center, em Huntsville, Alabama, gerencia o programa Chandra para a Diretoria de Missões Científicas da NASA em Washington. O Observatório Astrofísico Smithsonian, em Cambridge, Massachusetts, controla as operações científicas e de voo de Chandra.
Fatos para B3 0727 + 409:
Crédito de raios-X:
NASA / CXC / ISAS / A.Simionescu et al, Optical: DSS
Data de Lançamento
16 de fevereiro de 2016
Escala
A imagem principal é de 10 minutos de arco do outro lado (16 milhões de anos-luz); imagem ampliada é de 46 segundos de arco em toda (1,23 milhões de anos-luz)
Categoria
quasares e galáxias ativas
Coordenadas (J2000)
48.00s 30m RA 07h | Dez + 40 ° 51 '10.00 "
constelação de Lynx
Data de Observação de 15 de dezembro de 2015
Observação Tempo 5 horas 33 min.
Obs. 17167 ID
instrumento ACIS
Referências Simionescu,
 A. et al, 2015, APJ, 816, 15; arXiv: 1.509,04822
raios-X Código de cor (azul), Optical (Vermelho, Verde, Azul)
OpticalX-ray
Distância estimada de cerca de 11,075 bilhões de anos luz (z = 2.5)


sábado, 20 de fevereiro de 2016

CIENTISTAS ENCONTRAM O PRIMEIRO PLANETA EXTRAGALÁTICO EM ANDRÔMEDA

Andrômeda (M31)
Um planeta extrasolar pode ter sido detectado na galáxia vizinha Andrômeda (Imagem: Bill Schoening, Vanessa Harvey/REU program/NOAO/AURA/NSF)
Utilizando uma técnica chamada Pixel-lensing, um grupo de astrônomos italianos pode ter detectado mais um planeta em órbita de outra estrela. Mas o que esse planeta difere dos demais 300 exoplanetas já descobertos? Sua estrela mãe é de outra galáxia, isto é, trata-se do primeiro planeta extra-galáctico já descoberto, pois ele pertence a galáxia de Andrômeda!
Tecnicamente, verificou-se que uma estrela em M31 tem um companheiro com cerca de 6 vezes a massa de Júpiter, e que este companheiro poderia ser uma anã marrom ou um exoplaneta. Seja qual for a situação, isso é uma façanha notável, encontrar um objeto deste tamanho em outra galáxia, distante 2,5 milhões de anos-luz.
A técnica de ‘pixel-lensing’ ou microlente gravitacional, foi uma técnica desenvolvida para pesquisar MACHOs (MAssive Compact Halo Objects) no halo galáctico da Via Láctea. Devido ao fato que os raios luminosos se curvam quando passam perto de um objeto massivo, a gravidade de uma estrela próxima intensifica a luz para a Terra de uma estrela distante. Esta técnica é sensível para encontrar planetas em nossa própria galáxia, com tamanhos variando de planetas de gigantes como Júpiter a super-terras. Recentemente, também, os astrônomos utilizaram a microlente gravitacional para serem capazes de ver cerca de uma dúzia de estrelas em M31, o que representa uma conquista notável por si só.
O gráfico acima mostra a simulação da curva da luz no evento possivelmente causado pelo planeta em M31. Crédito: Gabriele Ingrosso.
O gráfico acima mostra a simulação da curva da luz no evento possivelmente causado pelo planeta em M31. Crédito: Gabriele Ingrosso.
Os gráficos acima mostram a simulação da curva da luz no evento possivelmente causado pelo planeta em Andrômeda. Crédito: Gabriele Ingrosso
A vantagem da microlente é que ela funciona melhor com objetos distantes, por isso, em teoria, seria ideal para procurar planetas em outras galáxias. Assim, diversos pesquisadores da Itália, Suíça, Espanha e Rússia liderados por Gabriele Ingrosso (Università del Salento e INFN Sezione di Lecce, em Lecce, Itália), decidiram verificar se este método funciona para detectar planetas orbitando as estrelas observadas em Andrômeda. Usando o método de Monte Carlo, de onde selecionaram os parâmetros físicos do sistema de lentes binárias – uma estrela alojando um planeta – eles calcularam a curva de luz de ‘pixel-lensing’, tendo em conta os efeitos de uma fonte finita. A equipe pensou ser capaz de detectar um planeta com aproximadamente 2 vezes a massa de Júpiter.
A luz de uma das estrelas estudadas mostrou uma variabilidade distinta, causada provavelmente por um companheiro, que poderia ser um planeta com base na massa do objeto.
Uma desvantagem da microlente é que as exposições estão disponíveis durante uns poucos dias no máximo, por isso a equipe está esperando outra oportunidade de continuar e confirmar sua descoberta.
A equipe afirma, em seu artigo, que talvez um planeta extra-solar em M31 poderia ter sido detectado anteriormente, uma vez que foi relatada uma anomalia em uma curva de luz de ‘pixel-lensing’ por outra equipe de investigação em 2004, que afirmou que um possível sistema binário em M31 foi responsável pela anomalia observada à curva de luz.
Fontes
Universe Today:  First Extra-Galactic Planet May Have Been Detected por Nancy Atkinson

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

QUE MISTERIO ENVOLVE A ESTRELA ÉPSILON AURIGAE



É tradicionalmente conhecida como Almaaz, Haldus, ou Al Anz. Epsilon Aurigae é composto por uma supergigante e uma companheira invisível, que possui aproximadamente a mesma massa. A cada 27 anos o brilho do sistema cai de uma magnitude aparente de +2,92 para +3,83. A diminuição do brilho dura entre 640-730 dias terrestres. Além do eclipse, o sistema também possui uma pulsação de baixa amplitude com um período de 66 dias. O sistema está localizado a cerca de 2 mil anos-luz da Terra.
Desde o século 19, um misterioso fenômeno acontece na constelação de Auriga, sem que os cientistas saibam exatamente por que. Ali, a cada 27 anos, a gigantesca estrela Épsilon perde metade de seu brilho e permanece assim por dois anos, até que lentamente se fortalece novamente. Afinal, o que acontece em Épsilon de Aurigae?
Situada a cerca de 2 mil anos-luz da Terra e medindo quase 6 bilhões de quilômetros de raio, Épsilon de Aurigae é a mais forte candidata ao posto de maior estrela conhecida. É tão grande que se fosse colocada no centro do Sistema Solar chegaria até a órbita de Urano, o penúltimo planeta a partir do Sol. O último "apagão" de Épsilon de Aurigae começou em agosto de 2009 e em dezembro do mesmo ano atingiu seu ponto de menor brilho, provavelmente eclipsada por um escuro objeto. A natureza desse objeto - provavelmente uma estrela - ainda é motivo de acalorados debates por parte dos pesquisadores, uma vez que suas características ainda não foram observadas diretamente. Em 2011 a estrela voltou a brilhar até retornar ao seu brilho máximo, condição que se mantêm até agora. Um modelo apresentado em 2008 e que ganhou bastante popularidade mostra que esse objeto companheiro seria um sistema estelar binário, rodeado por um disco de poeira maciço e opaco de poeira, mas recentes observações feitas pelo telescópio espacial Spitzer mostram que Épsilon de

Mistério descoberto de Epsilon Aurigae, a poeira e o objeto que a acompanha
Auriga é eclipsada por uma única estrela envolta em um disco de poeira de 600 milhões de quilômetros de raio e 75 milhões de quilômetros de espessura. As teorias que afirmavam que o objeto seria uma estrela grande e semitransparente ou até mesmo um buraco negro já foram descartadas.
Enigma que durante muito tempo por desaparecer a cada 27 anos, ficou constatado pela visão infravermelha do Spitzer que existe um grande disco de poeira que a encobre parcialmente durante 2 anos. Esta poeira esta associada a um objeto que acompanha a estrela

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

CENTENAS DE GALÁXIAS FORAM DETECTADAS ATRÁS DA VIA LÁCTEA


galáxias escondidas atrás da Via Láctea
Um local que era completamente inexplorado foi visto pela primeira vez em detalhes!
A nossa Galáxia faz o céu ficar muito mais bonito,  mas também pode atrapalhar um pouco a nossa visão do cosmos.
Os astrônomos conseguiram dar uma espiada por trás da confusão de estrelas e poeira da Via Láctea, e encontraram um jardim repleto de flores, ou melhor, uma região cheia de galáxias; um local que anteriormente era completamente inexplorado.
Mas nós não estamos falando de apenas uma ou duas galáxias. Pesquisadores aplicaram uma nova técnica de pesquisa usando o radiotelescópio Parkes com sede na Austrália, para encontrar centenas de galáxias desconhecidas.
galáxias escondidas atrás da Via Láctea

Ilustração artística das galáxias escondidas atrás do bojo central da Via Láctea. Créditos: ICRAR
"A Via Láctea é muito bonita, claro, e é muito interessante estudar a nossa própria Galáxia, mas sabemos que ela bloqueia completamente a visão das galáxias mais distantes por trás dela", disse Lister Staveley-Smith, da Universidade da Austrália Ocidental e do Centro de Pesquisas Radio Astronômicas (ICRAR).
Um total de 883 galáxias foram identificadas dentro de 250 milhões de anos-luz da Terra, um terço das quais nunca foram vistas antes. Elas estão todos localizados na "Zona de Evasão", uma região do espaço normalmente inacessíveis aos telescópios, atrás do bojo central da Via Láctea.
A equipe de Staveley-Smith está investigando a misteriosa "Grande Atração", uma região do espaço que parece estar puxando galáxias locais (incluindo a Via Láctea), com uma força gravitacional imensa, equivalente a um milhão de bilhões de sóis. Há poucas explicações satisfatórias para o fenômeno, mas observar "a parte de trás da Via Láctea" poderia adicionar uma peça fundamental nesse quebra-cabeças cósmico.
"Nós realmente não entendemos o que está causando essa aceleração gravitacional sobre a Via Láctea, ou de onde ela está vindo", disse Staveley-Smith em um comunicado de imprensa. "Sabemos que nesta região existem algumas grandes coleções de galáxias que chamamos de aglomerados ou superaglomerados, e a Via Láctea está se movendo em direção aos aglomerados a uma velocidade de mais de dois milhões de quilômetros por hora."
Sua equipe mapeou três grupos densos de galáxias (nomeados NW1, NW2 e NW3) e dois novos aglomerados de galáxias (CW1 e CW2), que podem estar contribuindo para o fluxo em grande escala das galáxias nessa direção.
Nós usamos uma variedade de técnicas, mas apenas observações de rádio conseguiram nos permitir ver através da camada mais grossa de poeira e de estrelas", disse o colaborador Renée Kraan-Korteweg da Universidade de Cape Town. "Uma galáxia média contém 100 bilhões de estrelas, portanto, encontrar centenas de novas galáxias escondidas atrás da Via Láctea é descobrir uma grande quantidade de massa que não conhecíamos até agora."Fonte: ICRAR / DSpace
Imagens: (capa-ICRAR/ilustração) / ICRAR / divulgação

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

ONDAS GRAVITACIONAIS FORAM DETECTADAS PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA


A colisão de dois buracos negros distorceu o espaço-tempo, e foi detectada aqui na Terra
As ondas gravitacionais, as ondulações cósmicas que distorcem o espaço-tempo, foram diretamente detectadas pela primeira vez na história!
Em um anúncio feito no dia 11 de fevereiro de 2016, os pesquisadores do Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory (LIGO) relataram a detecção de ondas gravitacionais. O sinal captado pelo LIGO veio da colisão de dois buracos negros, e foi detectado no dia 14 de setembro de 2015 por detectores gêmeos na Louisiana e em Washington, nos EUA.
ondas gravitacionais detectadas pela primeira vez
Esta colisão cósmica enviou ondas gravitacionais que fluíram na velocidade da luz, causando ondulações no tecido do espaço-tempo, semelhante à forma como uma pedra perturba a água de uma lagoa quando é arremessada em seu centro.
Os pesquisadores disseram que a colisão ocorreu a 1,3 bilhões de anos atrás, entre buracos negros com 29 e 36 vezes mais massa do que o Sol, respectivamente. Durante o ocorrido, cerca de três vezes a massa do Sol foi convertida em ondas gravitacionais em menos de um segundo, gerando uma potência de pico de aproximadamente 50 vezes a de todo o Universo visível, segundo os cientistas.
"Nossa observação de ondas gravitacionais cumpre uma meta ambiciosa de cinco décadas, que era a de detectar esse fenômeno diretamente, e assim, compreender melhor o Universo, e claro, o legado de Einstein no 100º aniversário de sua teoria da relatividade geral", disse o diretor executivo de laboratório do LIGO, David Reitze, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos EUA.
A detecção das ondas gravitacionais é um marco na astronomia e astrofísica. Ao contrário de ondas de luz, as ondas gravitacionais não ficam distorcidas ou alteradas por interações com a matéria, enquanto se propagam pelo espaço. Ela carregam a informação "pura" sobre os objetos e eventos que os criaram, de acordo com pesquisadores do LIGO.
localização dos buracos negros que colidiram
Provável localização dos buracos negros que se colidiram. Créditos: National Science Foundation
"Com esta forma completamente nova de examinar objetos e fenômenos astrofísicos, as ondas gravitacionais irão nos ajudar a abrir uma nova janela sobre o Universo, fornecendo aos astrônomos os seus primeiros vislumbres de maravilhas inéditas e invisíveis, aumentando grandiosamente a nossa compreensão da natureza do espaço e do tempo em si ", escreveram os membros da equipe LIGO em uma descrição on-line do projeto.
As ondas gravitacionais foram inicialmente previstas por Albert Einstein em sua famosa teoria da relatividade geral de 1916. Um dos pontos-chave da relatividade geral diz que o espaço e o tempo não são duas coisas separadas, mas sim estão ligados entre si em um único tecido: o espaço-tempo. Objetos maciços, como estrelas, esticam e curvam este tecido, assim como uma bola de boliche distorce uma lona. Isso faz com que objetos (como planetas) e até mesmo a luz, tomem percorram caminhos curvos em torno desses corpos mais massivos.
As ondas gravitacionais afetam este tecido, causando distorções no espaço-tempo. Estudos anteriores confirmaram a existência de ondas gravitacionais, que são geradas pela aceleração (ou desaceleração) de objetos maciços, mas através de métodos indiretos. A descoberta do LIGO é a primeira detecção direta desse fenômeno enigmático.
A detecção das ondas gravitacionais
O observatório LIGO pode detectar ondas gravitacionais relativamente fortes, que são criadas por acontecimentos dramáticos, como dois buracos negros que se encontram numa colisão, ou fusões de estrelas de nêutrons. O detector também pode encontrar ondas gravitacionais geradas por uma explosão de estrela, conhecida como supernova, segundo os pesquisadores.
Distinguir essas ondulações no espaço-tempo é um grande desafio. Como uma onda gravitacional passa através da Terra, e espreme o espaço em uma direção e estende-o em outra, o LIGO observa essa curvatura do espaço-tempo usando dois detectores em forma de L, sendo um localizado na Louisiana, e o outro em Washington.
Cada braço de cada detector tem 4 km de comprimento. Perto do ponto em que os dois braços se encontram, um impulso de luz de laser é lançado para baixo de cada braço simultaneamente. Os pulsos viajam por essas extremidades e saltam para fora, num espelho na extremidade, e depois voltam perto do ponto de partida.
Se uma onda gravitacional passa, ela vai comprimir um braço do detector e esticar o outro. Como resultado, o feixe de luz que viaja para baixo do braço esticado vai demorar um pouco mais para voltar ao ponto de partida do que o feixe de luz que viaja no braço que foi comprimido. Se o mesmo sinal é visto por ambos os detectores, os pesquisadores podem ter certeza de que o sinal é real, e não o resultado de condições ambientais em um dos locais. Gravar o sinal em dois locais diferentes também permite aos cientistas encontrar a fonte da onda gravitacional no céu por triangulação.
Apesar disso,a mudança no comprimento de cada braço é muito menor do que a largura de um núcleo atômico. Se o detector LIGO se estendesse desde o Sol até a estrela mais próxima, a Proxima Centauri, localizada a 40,14 trilhões de km de distância, uma onda gravitacional iria encolher o detector na largura de apenas um fio de cabelo humano, disse um dos cientistas responsáveis pela descoberta.
detecção das ondas gravitacionais - dados
Gráfico nos mostra a detecção das ondas gravitacionais feita pelos dois observatórios LIGO.
Créditos: National Space Foundation
Esta não é a primeira vez que as ondas gravitacionais ganham as manchetes do mundo. Em 2014, pesquisadores usaram o telescópio BICEP2 na Antártida, e anunciaram a detecção de assinaturas de ondas gravitacionais à luz microondas que sobrou do Big Bang (conhecida como radiação cósmica de fundo). Mas esse resultado se desfez quando as observações do observatório espacial Planck da Europa mostrou que as alegadas assinaturas foram, provavelmente, apenas poeira espacial.
A alegação da equipe LIGO de detecção direta de ondas gravitacionais, muito provavelmente será submetida a uma intensa pesquisa antes de ser aceita por toda a comunidade científica. Não existem outros experimentos que medem o mesmo tipo de ondas gravitacionais com a sensibilidade do LIGO, portanto, atualmente não há outra maneira de comparar os resultados em outro experimento.
O LIGO é operado por cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia e do MIT, e é financiado pelo Fundação Nacional de Ciência dos EUA, com 83 instituições em 15 países.
Fonte: Space / Physical Review Letters
Imagens: (capa-ilustração/divulgação) / Karl Tate / National Science Foundation / LIGO / National Space Foundation

sábado, 13 de fevereiro de 2016

MONTANHAS FLUTUANTES SÃO OBSERVADAS EM PLUTÃO

Sputnik Planum - icebergs em Plutão
Icebergs em Plutão: Plutão está ficando cada vez mais interessante
A NASA publicou novas imagens, de regiões que a própria Agência Espacial descreveu como "Montanhas Flutuantes", ou icebergs maciços que estão basicamente à deriva em um mar de nitrogênio congelado.
Essas montanhas flutuantes em Plutão podem ter muitos quilômetros de diâmetro, e estão localizadas na região chamada Sputnik Planum, que são as planícies geladas localizadas dentro da famosa região em forma de coração:
icebergs em Plutão
Sputnik Planum - icebergs em PlutãoRegião de Sputnik Planum, onde as montanhas de gelo estão localizadas.Créditos: NASA / SWRI
Este local é o lar de geleiras e de diversas colinas congeladas, que segundo a NASA, poderiam ser fragmentos de gelo de água das terras altas mais próximas.
"Como o gelo de água é menos denso do que o gelo de nitrogênio, os cientistas acreditam que estes montes de gelo de água estão flutuando em um mar de nitrogênio congelado, movendo-se ao longo do tempo, assim como fazem os icebergs nos pólos da Terra", disse a NASA em um comunicado.
"Quando esses icebergs entram no terreno central de Sputnik Planum, eles ficam sujeitos aos movimentos de convecção do gelo de nitrogênio, e são empurrados para as margens, onde os grupos de icebergs se concentram, atingindo até 20 quilômetros de espessura", disse a NASA.
grupos de icebergs encalhados em Plutão
Grupos de icebergs encalhados em Plutão. Alguns agrupamentos de icebergs em Sputnik Planum.
Créditos: NASA / SWRI
Um grande aglomerado em especial, que cobre uma distância de cerca de 60 km por 35 km, parece ser formado por colinas congeladas que ficaram encalhadas em uma área rasa do rio de nitrogênio. A área foi apelidada de Challenger Colles, em honra ao ônibus espacial Challenger, que explodiu logo após a decolagem em 28 de janeiro de 1986.
Challenger Colles - icebergs encalhados em Plutão
Challenger Colles - icebergs encalhados em Plutão
Área nomeada Challenger Colles, onde ficam os icebergs encalhados.
Créditos: NASA / SWRI
Segundo a agência espacial, as fotos dessa região de Plutão foram tiradas pela Câmera de Imageamento Multi-espectral e Visível, a bordo da sonda New Horizons, a uma distância de 16.000 km, no dia 14 de julho de 2015, pouco antes da maior aproximação entre a sonda e o planeta anão.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

ALGO ESTRANHO ESTÁ ACONTECENDO NO LOCAL DE POUSO DA SONDA CURIOSITY EM MARTE

local de pouso sonda Curiosity em MarteLocal de pouso sonda Curiosity em Marte;Tais reações nunca foram observadas antes em outros locais de pouso
A sonda Curiosity da NASA pousou em Marte em agosto de 2012, e essa aterrissagem dramática aconteceu na Cratera Gale. Nos estágios finais de sua descida ousada, a plataforma de foguetes de pouso, conhecida como "sky crane" criou uma explosão na superfície do Planeta Vermelho, a fim de concretizar um pouso controlado. Isso fez com que manchas escuras fossem esculpidas na superfície empoeirada do local de pouso, o que é o esperado.
Ao longo dos meses e anos após o "desembarque", câmeras do HiRISE (High Resolution Imaging Science Experiment) a bordo do orbitador Mars Reconnaissance estão acompanhando o local de pouso da sonda, para manter o controle sobre mudanças em torno da área de pouso da Curiosity, que ganhou o nome de "Bradbury Landing", o primeiro local de Marte que foi tocado pela sonda e seu pára-quedas.
Depois de deixar uma cicatriz escura no regolito marciano, é comum que ao longo do tempo, a área escurecida pelos foguetes, lentamente volte ao seu estado natural. Porém, imagens recentes mostram que essas cicatrizes de pouso estão se comportando de forma diferente, até então desconhecida da superfície dinâmica de Marte. Como pode ser visto na animação, a mancha escura do local de pouso começou a ficar mais clara, mas depois de algum tempo, está escurecendo novamente.
superfície de Marte em estranha reação

A sequência de imagens mostra a região de pouso escurecida pelos foguetes, em agosto de 2012, e como foram suas mudanças nos 30 meses subsequentes. Créditos: NASA / JPL-Caltech / Univ. do Arizona / HiRISE
"Naves espaciais como a Curiosity criam esses padrões, fazendo com que a superfície empoeirada fique escura por conta dos foguetes de pouso", disse Ingrid Daubar, cientista da equipe HiRISE no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. "Nós esperávamos que o vento e a poeira fossem fazer essa mancha de pouso desaparecer após alguns meses, mas ficamos muito surpresos ao ver que essa mudança não ocorreu de forma consistente".
Estas observações são úteis para as próximas missões à Marte, como a InSight, que será lançada em 2016, e que terá como um de seus objetivos principais, a detecção do calor que viaja na superfície do Planeta Vermelho.
Esse estranho escurecimento na superfície de Marte deve ser estudado com cautela pelos cientistas planetários. Se a superfície tem uma certa facilidade de escurecimento, ela vai absorver mais luz solar, e com isso, sua temperatura aumenta, e vice-versa. As observações da InSight, assim como de outras sondas, devem levar essa fato em consideração, e com isso, permitir uma compreensão melhor de nosso intrigante vizinho espacial.
Fonte: NASA / JPL / HiRISE
Imagens: HiRISE / JPL-Caltech / NASA / Univ. do Arizona

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

CIENTISTA REVELA EVIDÊNCIAS DE VIDA EM MARTE; MAS CAUSA POLÊMICA DENTRO DA NASA


Existem ou não evidências biológicas no Planeta Vermelho?
Os cientistas da equipe Curiosity colocaram em pauta um relatório recente sobre potenciais icnofósseis vistos em imagens feitas pela sonda Curiosity da NASA, nas rochas Gillespie, em Marte. A publicação desse assunto gerou muita controvérsia, e por isso, a revista Astrobiology estendeu a mão para a equipe e para o autor do estudo, pedindo que eles comentassem sobre o assunto, e quem sabe, trouxessem informações adicionais.
Em um artigo publicado no mês passado na revista Astrobiology, a geobióloga Nora Noffke chamou a atenção para os indícios que podem ser observados em rochas marcianas, que sugerem uma impressionante semelhança com traços de fósseis de tapetes microbianos da Terra.
Mas nem todos concordaram com a sua interpretação, como por exemplo o cientista projetistas da sonda Curiosity, Ashwin Vasavada. Ele explicou a outros meios de comunicação que a equipe avaliou as características e, segundo eles, seriam traços não-biológicos, que foram provavelmente moldados pela erosão ou pela passagem de areia e água. Ashwin também indagou a decisão de se levantar um relatório sobre tal questão.
A revista Astrobiology pediu ajuda para outros integrantes da missão Curiosity, e para alguns profissionais da área, permitindo que todos dessem suas opiniões a cerca desse assunto tão polêmico.
Região de Yellowknife Bay, em Marte
Região de Yellowknife Bay, em Marte
Mosaico de imagens feitas pela sonda Curiosity mostra a região de Yellowknife Bay, incluindo o Lago Gillespie. Créditos: NASA / JPL-Caltech / MSSS
"Estou intrigado com o tema, porém cético quanto a interpretação", disse Jack Farmer, um geobiólogo da Universidade do Arizona e membro da equipe Curiosity. "Queremos que a ciência seja orientada por hipóteses, mas devemos sempre nos esforçar para refutar nossas próprias hipóteses", acrescentou. "Precisamos de muitas evidências para dizer que os recursos tenham origem biológica"
 Linda Kah, uma geobióloga da Universidade do Tennessee e co-investigadora da equipa Curiosity, disse que a equipe investiga cuidadosamente todos os detalhes, e que as rochas de Gillespie não têm nada que não possa ser explicado através de processos não biológicos.
No entanto, Nora Noffke argumenta que seu relatório mostra as explicações não-biológicas para essas estruturas, mas também explica por que as evidências apontam para uma possível origem biológica.
Ela também observa que os padrões de distribuição de estruturas microbianas na Terra variam dependendo de onde eles são encontrados, e também mudam ao longo do tempo. Ela argumentou que os padrões de distribuição das estruturas marcianas são consistentes com os padrões de estruturas microbianas na Terra.
"Mais uma vez, eu não tenho a pretensão de ter encontrado vida fóssil em Marte", disse ela. "Meu papel é enquadrar e estudar essa hipótese, e só ir tão longe quanto os dados me permitem".
rochas Gillespie em Marte
rochas Gillespie em Marte
Rochas do Lago Gillespie, na formação de Yellowknife Bay, em Marte.
Créditos: NASA
A decisão de publicar o artigo e de mencionar "hipótese de vida microbiana em Marte" causou um certo desconforto entre os integrantes da equipe da missão Curiosity. "Ficamos surpresos que uma publicação tão ousada foi parar na literatura científica", disse Ashwin. "Ela é interessante, mas não a ponto de ser descrita num documento que tem tanto alcance".
Afinal, a publicação tem ou não evidências concretas? Qual a conclusão final?
A revista Astrobiology pediu ajuda do Journal Astrobiology (que não tem ligação com ela), para que eles fornecessem uma visão mais profunda sobre o assunto.
Sua editora editora-chefe, Sherry Cady, é uma biogeoquímica e especialista em interação de micróbios em sedimentos. Ela também serve como cientista-chefe do Laboratório National Pacific Northwest e de um centro de pesquisas em Richland, em Washington.
selfie da sonda Curiosity em Marte
selfie da sonda Curiosity em Marte
Auto-retrato da sonda robótica Curiosity inclui uma vista panorâmica de
Yellowknife Bay, na região do Planeta Vermelho conhecida Cratera Gale.
Créditos: NASA / Curiosity 
Ela comentou: "O processo de revisão dessa polêmica publicação foi profundo, com os mais altos padrões de qualidade e veracidade. O manuscrito original foi enviado para cinco juízes experientes e especialistas na área. O papel passou por quatro revisões finais, até que tudo fosse verificado. O documento foi então editado e revisado novamente por mim e pelo editor sênior, Norm Sleep".
"O trabalho de Nora Noffke propõe uma hipótese testável, com base em três linhas de evidência, com imagens que mostram suas particularidades", acrescentou Sherry. "Especialistas na área que desejam esclarecer questões do conteúdo científico de trabalhos publicados na Astrobiology, estão livres para apresentarem suas observações para publicação na revista".
"Desta forma, os cientistas da missão, assim como peritos de todo mundo, podem juntar esforços para contribuir com a ciência de maneira significativa", completou Sherry.
Ao que parece, esse assunto não terá uma conclusão aceita por todos, pelo menos não tão logo.Mas tudo bem, afinal, é assim que a ciência é feita.
Fonte: Space / Astrobiology Magazine / Journal of Astrobiology
Imagens: NASA / JPL-Caltech / MSSS / Curiosity

domingo, 7 de fevereiro de 2016

GRANDE NUVEM DE MAGALHÃES: 3 OBJETOS EXTERNOS FORAM DETECTADOS PELA PRIMEIRA VEZ


A Grande Nuvem de Magalhães é uma verdadeira caixinha de surpresas
Uma equipe de astrônomos que trabalha nos Telescópios High Energy Stereoscopic Systems (HESS) fez uma descoberta empolgante, e inédita! Eles encontraram 3 fontes de raios-gama extremamente luminosas na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã satélite da Via Láctea. A grande descoberta nos revela 3 diferentes objetos: o mais poderoso pulsar; o maior remanescente de supernova de vento de pulsar e uma bolha de 270 anos-luz de diâmetro repleta de estrelas e supernovas, chamada de Super-bolha.
Segundo o professor Sergio Colafrancesco, da escola de Física de Wits, essa descoberta representa um avanço muito importante para a ciência, e abre caminho para o estudo de galáxias externas através de telescópios, como o Cherenkov Telescope Array (CTA), no deserto da Namíbia, que permitirá o estudo da evolução das galáxias, suas estruturas e seus ciclos de vida.
Raios gama de alta energia são os melhores indícios de aceleradores cósmicos, como remanescentes de supernovas e de nebulosas de ventos de pulsares, que são produtos finais de estrelas de grande massa, onde as partículas carregadas são aceleradas a velocidades extremas. Quando estas partículas encontram luz ou gás em torno dos aceleradores cósmicos, elas emitem raios gama.
A Grande Nuvem de Magalhães é uma galáxia anã satélite da Via Láctea, localizada a cerca de 170.000 anos-luz de distância, facilmente observável no céu noturno. Ela é uma galáxia com uma taxa elevada de formação de estrelas massivas, e abriga inúmeros aglomerados estelares maciços. A taxa de supernovas na Grande Nuvem de Magalhães chega a ser 5 vezes maior do que a da Via Láctea, por isso os cientistas priorizam essa galáxia vizinha na busca por raios gama de alta energia.

descoberta na Grande Nuvem de Magalhães Créditos: HESS         
Num total de 210 horas, o HESS observou a maior região de formação de estrelas dentro da Grande Nuvem de Magalhães, que é conhecida como Nebulosa da Tarântula. Pela primeira vez foram observadas fontes individuais de raios gama de alta energia em outra galáxia, e com isso, três objetos extremamente energéticos de diferentes tipos foram detectados.
A chamada Superbolha 30 Dor C é a maior concha de emissão de raios já conhecida, feita por várias supernovas, estrelas e fortes ventos estelares. Acredita-se inclusive, que as superbolhas sejam responsáveis pela criação de raios cósmicos galáticos. O HESS demonstrou que essas bolhas são grandes fontes de partículas altamente energéticas.
Pulsares são estrelas de nêutrons altamente magnetizadas em alta rotação, que emitem um vento de partículas ultra-relativistas. O mais famoso pulsar localiza-se na Nebulosa do Caranguejo, uma das fontes mais brilhantes de raios gama de alta energia que podemos encontrar no céu.
O pulsar PSR J0537?6910 responsável pela nebulosa de vento de pulsar N 157B, descoberta na Grande Nuvem de Magalhães com os Telescópios HESS, é em muitos aspectos, um irmão gêmeo da Nebulosa de Caranguejo em nossa pró´ria galáxia. No entanto, a nebulosa de vento de pulsar N 157B ofusca a Nebulosa do Caranguejo por uma ordem de magnitude, principalmente com seus raios gama de alta energia.
O remanescente de supernova N 132d, conhecido como um objeto brilhante quando observado em ondas de rádio e infravermelho, parece ser um dos mais antigos remanescentes de supernova de seu tipo. Ele existe há cerca de 2.500 ou 6.000 anos, e supera os fortes remanescentes de supernovas em nossa galáxia. As observações confirmam as suspeitas de que os restos de supernovas podem ser muito mais brilhantes do que se pensava.
Em um futuro não tão distante, o grande Telescópio Cherenkov Array (CTA) irá fornecer imagens ainda mais precisas e de maior resolução, mostrando as fontes de raios gama da Grande Nuvem de Magalhães, a nossa vizinha que nos intriga a cada observação.
Fonte: DailyGalaxy / University of Witwatersrand
Imagens: (capa-HESS) / HESS / University of Witwatersrand

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

NASA DIVULGA VÍDEO DO PLANETA ANÃO CERES OBTIDA DE IMAGENS DA SONDA DAWN

vídeo espetacular de sobrevoo em Ceres
 A equipe de câmera do Centro Espacial Alemão, DLR, utilizou imagens obtidas pela sonda Dawn, que foram aprimoradas para revelar detalhes fantásticos de Ceres! O vídeo é uma animação, mas foi montado a partir de imagens reais, feitas na órbita de mapeamento da sonda, a uma altitude de 1.450 quilômetros acima da superfície do planeta anão. Prepare-se para ver um mundo incrível, e repleto de detalhes fantásticos!
Um sobrevoo rasante com alguns km de altura mostram crateras e a superfície irregular do planeta anão Ceres.
"O espectador pode observar as paredes escarpadas da cratera Occator, e também Dantu e Yalode, onde as crateras são mais rasas", disse Ralf Jaumann, cientista da missão Dawn.
Após o grande encontro da sonda Dawn, tivemos grandes vídeos de sobrevoos em Ceres, mas nenhum deles conseguiu alcançar esse nível tão cinematográfico. E o melhor: as imagens são todas reais! Podemos ver claramente os famosos pontos brilhantes em sua superfície. Além disso, a música foi perfeitamente escolhida, criando uma interação de imagem e som fantástica. Uma verdadeira obra de arte!
A cor foi melhorada, a fim de destacar as diferenças sutis na aparência e nos materiais de superfície. No novo vídeo, as áreas com tons marrons na superfície de Ceres indicam a presença de filossilicatos (tipicamente encontrados na argila), enquanto tons azuis destacam regiões mais jovens, onde a superfície pode ter mudado recentemente devido a fluxos de gelo ou outros materiais, bem como fossas e fissuras, segundo a Nasa.
Ceres possui 974 quilômetros de diâmetro, sendo o maior objeto localizado no Cinturão de Asteroides, entre Marte e Júpiter. Muitas vezes ele é referido como asteroide, mas o termo correto é planeta anão. Como resultado, a sonda Dawn ganhou o título de ser a primeira espaçonave a visitar um planeta anão.Fonte: NASA
Imagens: (capa-divulgação/NASA/JPL) / DLR / NASA / JPL-Caltech / UCLA

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

PICTOR A: OBSERVAÇÃO DE EXPLOSÃO DE BURACO NEGRO EM UMA GALÁXIA DISTANTE

A franquia Star Wars tem caracterizado o fictício "Estrela da Morte", que pode disparar raios poderosos de radiação no espaço. O Universo, no entanto, produz fenômenos que muitas vezes ultrapassam o que a ficção científica pode conjurar.
Um jato gigante que mede continuamente por mais de 300.000 anos-luz é vista explodir para fora da galáxia Pictor A.
Uma nova imagem composta mostra este jato de raios-X (azul) e ondas de rádio (vermelho).
Além do jacto principal, existe evidência para um jacto move-se na direção oposta.
Observações do Chandra em vários momentos ao longo de um período de 15 anos fornecer novos detalhes deste sistema impressionante.
O Pictor Uma galáxia é um tal objeto impressionante. Esta galáxia, localizado cerca de 500 milhões de anos-luz da Terra, contém um buraco negro supermassivo em seu centro. Uma enorme quantidade de energia gravitacional é liberado como material de redemoinhos em direção ao horizonte de eventos, a ponto de não haver retorno para o material . Esta energia produz um enorme feixe, ou jato, de partículas viajando quase à velocidade da luz no espaço intergaláctico.
Para obter imagens desta jato, os cientistas usaram da NASA Observatório de raios-X Chandra em vários momentos ao longo de 15 anos. Dados de raios-X de Chandra (azul) foram combinadas com rádio de dados a partir da matriz Austrália Telescope Compact (vermelho) nesta imagem composta nova.
Ao estudar os detalhes da estrutura visto em ambos os raios-X e ondas de rádio, os cientistas procuram ganhar uma compreensão mais profunda dessas enormes explosões colimados.
O jato [à direita] no Pictor Uma é a que está mais próxima de nós. Ele exibe contínua emissão de raios-X a uma distância de 300.000 anos-luz. Em comparação, toda a Via Láctea é cerca de 100.000 anos-luz de diâmetro. Por causa de sua relativa proximidade e capacidade de Chandra para fazer imagens detalhadas de raios-X, os cientistas podem olhar para características detalhadas do jato e testar idéias de como a emissão de raios-X é produzido.
Além do jacto proeminente visto que aponta para a direita na imagem, os investigadores relatam evidência para um outro jacto apontando na direcção oposta, conhecido como um "counterjet". Embora a prova experimental para este counterjet havia sido relatado, estes novos dados do Chandra confirmar a sua existência. A fraqueza relativa do counterjet em comparação com o jacto é provavelmente devido ao movimento do counterjet distância a partir da linha de visão para a terra.
Pictora
A imagem rotulada mostra a localização do buraco negro supermassivo, o jato eo counterjet. Também rotulado é um "lobo rádio" onde o jato está empurrando em torno de gás e um "hotspot" causado pelas ondas de choque - semelhante ao estrondos sônicos de um avião supersônico - perto da ponta do jato.
As propriedades detalhadas do jato e counterjet observado com Chandra mostram que a sua emissão de raios-X provavelmente vem dos elétrons em espiral em torno linhas do campo magnético, um processo chamado emissão de sincrotrão. Neste caso, os electrões devem ser continuamente re-acelerado à medida que avançam ao longo do jacto. Como isto ocorre não é bem compreendida
Os pesquisadores descartou um mecanismo diferente para a produção de emissão de raios X do jato. Nesse cenário, os elétrons voando para longe do buraco negro no jet perto da velocidade da luz movimento através do mar da radiação cósmica de fundo (CMB) que sobraram da primeira fase quente do Universo depois do Big Bang. Quando um elétron em movimento rápido colide com um destes CMB fótons, pode-se aumentar a energia do fóton para a banda de raios-X.
O brilho de raios-X do jacto depende da potência no feixe de electrões e a intensidade da radiação de fundo. A luminosidade relativa dos raios-X vindos do jato e counterjet em Pictor A,  não coincidir com o que está previsto para este processo que envolve a CMB, e efetivamente eliminá-lo como fonte de produção de raios-X no jato.
Um papel que descreve estes resultados serão publicados no Monthly Notices da Royal Astronomical Society e está disponível on-line. Os autores são Martin Hardcastle, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, Emil Lenc da Universidade de Sydney, na Austrália, Mark Birkinshaw, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, Judith Croston da Universidade de Southampton, no Reino Unido, Joanna Goodger do Universidade de Hertfordshire, Herman Marshall, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts em Cambridge, MA, Eric Perlman, do Instituto de Flórida de Tecnologia, Aneta Siemiginowska a partir do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, em Cambridge, MA, Lukasz Stawarz da Universidade Jagiellonian na Polónia e Diana Worrall, da Universidade de Bristol.
Marshall Space Flight Center da NASA, em Huntsville, Alabama, gerencia o programa Chandra para a Ciência Missão Direcção da NASA em Washington. O Observatório Astrofísico Smithsonian em Cambridge, Massachusetts, controla as operações científicas e de voo de Chandra.
Fatos para Pictor A:
Crédito Raio-X: NASA / CXC / Univ of Hertfordshire / M.Hardcastle et al, Radio:. CSIRO / ATNF / ATCA
Data de lançamento 2 de fevereiro de 2016
Escala A imagem é 10 arcmin todo (cerca de 1,4 milhões de anos luz)
Categoria Quasares e galáxias ativas
Coordenadas (J2000) RA 49.70s 05h 19m | Dezembro -45 ° 46 '45 "
Constelação Pictor
Data de Observação 14 pointings entre janeiro 2000 e janeiro 2015
Observação Tempo 128 horas 53 min (5 dias 8 horas 53 min)
Obs. Identidade 346, 3090, 4369, 12039, 12040, 11586, 14357, 14221, 15580, 15593, 14222, 14223, 16478, 17574
Instrumento ACIS
Referências . Hardcastle, M. et al, 2016, MNRAS, 455, 3526; arXiv: 1.510,08392
Código de cores Raios-X (azul), Rádio (vermelho)
Rádio e raio X
Distância Estimada  Cerca de 480 milhões de anos luz (z = 0,035)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

CIENTISTAS AFIRMAM TER ENCONTRADO O MAIOR SISTEMA SOLAR DO UNIVERSO

Concepção artística do planeta 2MASS J2126-8140 que orbita ao redor da TYC 9486-927-1
Um grupo de cientistas descobriu o maior sistema solar do universo já conhecido, formado por um planeta e uma estrela -- separados por bilhões de quilômetros de distância. As informações são de fontes acadêmicas da Universidade Nacional Australiana.
Os dois corpos estão separados por uma distância equivalente a 6,9 mil unidades astronômicas --uma unidade astronômica equivale à distância entre a Terra e o Sol. Ou seja, um trilhão de quilômetros, segundo um comunicado da universidade.
Esta distância é "aproximadamente três vezes superior" à do que era considerado, até agora, o maior sistema solar existente
O planeta, conhecido como 2MASS J2126-8140, leva cerca de um milhão de anos terrestres para completar uma volta em torno da estrela anã chamada TYC 9486-927-1.
O planeta formado por gás tem massa 12 a 15 vezes superior à de Júpiter.
"Surpreendeu-nos muito encontrar um objeto de massa baixa [o planeta] tão longe da sua estrela mãe", comentou Simon Murphy, da Faculdade de Astronomia e Astrofísica da universidade australiana.
O astrônomo Murphy e seus colegas notaram a relação entre o planeta e a estrela após perceberem que os dois astros se localizavam a 100 anos-luz da Terra. Análises seguintes mostraram que eles se moviam juntos.
Cientistas não sabem ao certo como o sistema solar pode ter se formado. "Não é provável que ele tenha se formado como o nosso sistema solar, de um grande disco de poeira e gás", disse Murphy.
A equipe de cientistas acredita que o sistema solar seja relativamente jovem e tenha surgido entre 10 a 45 milhões de anos atrás, em comparação com o nosso sistema solar, que tem cerca de 4,5 bilhões de anos. (Com as agências internacionais)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

UMA MISTERIOSA ESTRUTURA ESPACIAL INVISÍVEL QUE INTRIGA ASTRÔNOMOS

Ilustração mostra como seria a matéria transparente encontrada por cientistas
Ilustração mostra como seria a matéria transparente encontrada por cientistas
Com ajuda do telescópio gigante CSIRO, o astrônomo australiano Keith Bannister passou a vasculhar o céu todas as noites em busca de uma fonte eletromagnética na constelação de Sagitário.
Ele procurava por algo na Via Láctea o que fosse como uma lente transparente que distorcesse o que estava atrás dela.
E, assim, acabou encontrando uma gigantesca estrutura invisível, cuja existência só havia sido insinuada em algumas poucas ocasiões e por acidente.
Uma entidade transparente que flutua em nossa galáxia e que poderia ser a chave para resolver um dos grandes mistérios do universo.
"Para começar, não tínhamos ideia de como encontrar essa coisa. Só sabíamos que era um velho problema e que ninguém havia conseguido resolver de fato", conta Bannister.
Trata-se de uma massa do tamanho da órbita da Terra ao redor do Sol e que pode estar a cerca de 3 mil anos-luz de distância.
Segundo Bannister, esses "vultos" estão no fino gás que está entre as estrelas de nossa galáxia.
"São como uma taça de vidro. Se olhar através deles, o que está atrás fica distorcido", acrescenta.
A descoberta
A primeira vez que se tomou conhecimento destas estruturas foi nos anos 1980. Astrônomos observavam diariamente uma galáxia distante e viram como ela se comportava de uma forma estranha.
"Ela ficava mais e menos brilhante", conta Bannister. "No fim, não era a galáxia que se comportava assim, mas algo que estava em nossa galáxia e que funcionava como uma lente."
Alex Cherney/BBC
Estrutura misteriosa foi detectada pela primeira vez há 30 anos
O tempo passou, a tecnologia avançou, e esta equipe de cientistas australianos - que não trabalhou com os pesquisadores de 30 anos atrás - "caçou" um destes corpos estranhos.
Seu descobrimento foi publicado neste mês na revista Science. "Isso podia mudar radicalmente as ideias que temos sobre este gás interestelar", diz Bannister.
"Tudo depende do que descobriremos a seguir e da forma exata que tenha."
Se a estrutura for lisa, como uma folha de papel, não será tão relevante. Mas, se for oval, como uma avelã...
"Se tiver esta forma e isso se dever à gravidade, isso poderia ser a solução de um dos grandes problemas da astronomia, que é onde está toda a matéria normal do universo", explica o astrônomo.
Na astronomia, há ao menos dois problemas não solucionados: um é a matéria escura e outro é a matéria bariônica.
"E isso não é matéria escura", garante Bannister.
'Grande experiência'
"Os astrônomos pensam que 4% do universo é composto por essência, átomos das coisas com as quais somos feitos, você, eu, a Terra, o Sol... coisas normais", explica.
"O problema é que nós, astrônomos, não podemos encontrar essas coisas normais que pensamos que devem estar por aí. Estão perdidas, e não sabemos onde", destaca.
Se a estrutura que acabam de descobrir tiver a forma de uma avelã ou de uma bola de tênis, então, é provável que toda essa essência ou bárions estejam escondidas dentro destas lentes.
Mas Bannister está cauteloso. "Não estou seguro de nada até que consigamos medi-la."
Por enquanto, ele desfruta da satisfação de ter encontrado essa estrutura que deixam muitos astrônomos, inclusive ele, desconcertados.
"Tenho três filhos e, todo dia, íamos para o telescópio e eu ficava recebendo os dados com meus filhos sentados em meu colo. Eles me perguntavam o que estava acontecendo, e eu mostrava para eles a informação, que eles não compreendiam", relata.
"Mas eu estava emocionado, e eles estavam emocionados por causa dos belos dados que o telescópio nos estava oferecendo. Isso foi uma grande experiência."