A supernova mais brilhante já observada era na verdade uma estrela sendo devorada por um buraco negro monstruoso
O que eles observaram não foi uma estrela explodindo, mas sim, um incrível evento de ruptura de maré
Uma explosão incrivelmente luminosa que os astrônomos haviam classificado anteriormente como a possível supernova mais brilhante já vista, era na verdade uma estrela sendo rasgada por um buraco negro gigante.
Supernovas são explosões que podem acontecer quando as estrelas chegam no fim de suas vidas, ou quando ficam sem "combustível", ou até mesmo quando ganham um grande fluxo de material novo. Por curtos períodos, as supernovas podem ser mais brilhantes do que uma galáxia inteira.
Recentemente os cientistas descobriram uma classe muito rara de supernova, conhecida como supernova super-luminosa. Essas explosões são até 100 vezes mais brilhantes do que as supernovas comuns, mas são muita raras, pois representam menos de um milésimo de todas as supernovas.
Ilustração artística de um buraco negro envolto por um disco de acreção de uma estrela sendo devorada.Créditos: ESA / Hubble / ESO / M. Kornmesser
No início de 2016, dados da Pesquisa Automática de Supernovas (ASAS-SN) mostraram uma explosão mais de duas vezes mais brilhante do que qualquer supernova conhecida. A explosão, chamada ASASSN-15lh, aconteceu a uma distância de aproximadamente 3,8 bilhões de anos-luz da Terra, na borda das constelações austrais de Indus e Tucana, e emitiu cerca de 570 bilhões de vezes mais luz do que o Sol durante o pico.
Inicialmente, os cientistas classificaram ASASSN-15lh como uma supernova super-luminosa, pois de fato, era a mais luminosa já vista. No entanto, os pesquisadores agora acreditam que essa explosão pode realmente ter sido o fim de uma estrela enquanto era devorada por um buraco negro supermassivo com bilhões de vezes a massa do Sol.
Diversas evidências sugeriram então que ASASSN-15lh não era uma supernova super-luminosa. Pra começar, ela aconteceu em uma galáxia avermelhada, "um local onde não deveríamos encontrar supernovas super-luminosas", disse o autor do estudo, Giorgos Leloudas, astrofísico do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, e integrante do Centro de Cosmologia Negra, da Dinamarca. Esse tipo de galáxia não tem as estrelas maciças jovens para dar origem a supernovas super-luminosas, disse ele.
Além disso, após 10 meses de observações, Giorgos e seus colegas notaram que a forma como a explosão evoluiu "não é consistente com uma bola de gás em expansão", disse Giorgos. Em vez de esfriar ao longo do tempo, o que acontece com as supernovas, "este objeto, após 100 dias, começou a aquecer novamente, e ficou quente em uma temperatura constante e muito alta por um longo tempo, e continuou a fazer isso", disse ele.
Como funcionam os rádio-telescópios?
Os pesquisadores sugerem que ASASSN-15lh pode ter sido o resultado de uma estrela se desintegrando sob atração gravitacional de um grande buraco negro, um evento chamado de "ruptura de marés". A composição dos elementos vistos na explosão é mais consistente com um evento de ruptura de maré de uma estrela de massa baixa do que com uma supernova super-luminosa, disse Giorgos.
Além disso, usando imagens do Telescópio Espacial Hubble, Giorgos e seus colegas descobriram que ASASSN-15lh ocorreu no centro de sua galáxia. Pesquisas anteriores descobriram que os buracos negros supermassivos residem no centro de praticamente todas as galáxias grandes conhecidas. Os pesquisadores sugerem que o buraco negro supermassivo do centro dessa galáxia tenha entre 200 milhões a 3 bilhões de vezes a massa do Sol
Apenas cerca de 10 eventos de ruptura de marés foram descobertos, disseram os pesquisadores. Mas de acordo com Giorgos, não podemos dizer com total certeza que ASASSN-15lh foi um evento de ruptura de maré, mas ainda assim, todos os indícios apontam que a explosão foi mesmo causada pelo grande poder de um buraco negro gigante... Sim, eles são impiedosos!