quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
ESO MOSTRA A IMAGEM DO ESO PLANETA MAIS LEVE JÁ ENCONTRADO
A descoberta é uma contribuição importante ao estudo da formação e evolução de sistemas planetários.
Uma equipe de astrônomos utilizou o Very Large Telescope do ESO para obter a imagem de um objeto tênue que se desloca próximo de uma estrela brilhante. Com uma massa estimada em quatro a cinco vezes a massa de Júpiter, este pode bem ser o planeta com menos massa a ser observado fora do Sistema Solar de forma direta.
Embora quase um milhar de exoplanetas tenham sido até agora detectados indiretamente - a maioria dos quais pelo método dos trânsitos ou das velocidades radiais - e muitos mais candidatos aguardem confirmação, apenas para cerca de uma dúzia de exoplanetas foi possível obter imagens diretamente. Nove anos depois do Very Large Telescope ter capturado a primeira imagem de um exoplaneta, o companheiro planetário da anã marrom 2M1207 (eso0428), a mesma equipe obteve agora a imagem do que parece ser o mais leve destes objetos observado até agora.
“Obter imagens de planetas de forma direta requer técnicas extremamente complexas, utilizando os instrumentos mais avançados, estejam eles no solo ou no espaço”, diz Julien Rameau (Institut de Planetologie et d'Astrophysique de Grenoble, França), autor principal do artigo científico que descreve a descoberta. “Apenas alguns planetas foram até agora observados diretamente, o que faz de cada descoberta destas um importante marco no caminho da compreensão dos planetas gigantes e da sua formação”.
Nas novas observações, o provável planeta aparece como um ponto tênue mas bem definido próximo da estrela HD 95086. Uma observação posterior mostrou também que o objeto se desloca lentamente com a estrela ao longo do céu, o que sugere que este corpo, designado por HD 95086 b, está em órbita em torno da estrela. O seu brilho indica igualmente que terá um massa de apenas quatro a cinco vezes a massa de Júpiter.
A equipe usou o NACO, o instrumento de óptica adaptativa montado num dos Telescópios Principais do Very Large Telescope do ESO (VLT). Este instrumento permite obter imagens muito nítidas, ao corrigir os efeitos de distorção na imagem devido à turbulência atmosférica. As observações foram feitas no infravermelho com uma técnica chamada imagem diferencial, que faz aumentar o contraste entre o planeta e a ofuscante estrela hospedeira.
O planeta recém descoberto orbita a jovem estrela HD 95086 a uma distância de cerca de 56 vezes a distância entre a Terra e o Sol, o que corresponde a duas vezes a distância entre o Sol e Netuno. A estrela propriamente dita tem um pouco mais massa do que o Sol e encontra-se rodeada por um disco de detritos. Estas propriedades permitiram aos astrônomos identificá-la como um candidato ideal a possuir planetas jovens de grande massa em sua órbita. O sistema situa-se a cerca de 300 anos-luz de distância da Terra.
A juventude da estrela, com apenas 10 a 17 milhões de anos, levou os astrônomos a pensar que este novo planeta se formou muito provavelmente, no interior do disco gasoso e poeirento que a circunda. “A sua posição atual levanta questões relativas ao processo de formação. O planeta pode ter crescido ao assimilar rochas que formaram o núcleo sólido e depois acumulando lentamente gás do meio circundante de modo a formar a atmosfera densa ou então, começou a formar-se a partir de uma acumulação de matéria gasosa com origem em instabilidades gravitacionais no disco”, explica Anna-Marie Lagrange, outro membro da equipe. “Interações entre o planeta e o disco propriamente dito, ou até outros planetas, podem ter feito deslocar o planeta do local onde nasceu”.
Outro membro da equipa, Gaël Chauvin, conclui, “O brilho das estrelas dá a HD 95086 b uma temperatura à superfície estimada de cerca de 700 graus Celsius, o que é suficientemente frio para que vapor de água e possivelmente metano existam na atmosfera. Este será um belo objeto para estudar com o futuro instrumento SPHERE, a ser montado no VLT. Talvez possamos até revelar planetas interiores no sistema - se eles existirem
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
NASA ENCONTRA MISTERIOSO PONTO BRANCO NO PLANETA ANÃO CERES
O que é isso? estranha mancha branca em Ceres
Nós não sabemos o que é isso, mas certamente é intrigante" - Marc Rayman, diretor e engenheiro-chefe da missão Dawn
Uma estranha mancha branca foi encontrada no planeta anão Ceres, e isso está fazendo os cientistas da NASA coçarem suas cabeças.
A curiosa mancha branca em Ceres aparece em uma série de novas fotos tiradas no dia 13 de janeiro pela sonda Dawn da NASA, que inclusive é a sonda que está indo de encontro com o planeta anão no Cinturão de Asteróides, entre as órbitas de Marte e Júpiter. Desde que as fotos intrigantes foram divulgadas (19 de janeiro), os cientistas não deram nenhuma pista do que isso poderia ser.
"Sim, nós podemos confirmar que isso é algo em Ceres, que reflete mais luz do Sol. Mas o que é? Isso ainda é um mistério", comenta Marc Rayman, diretor e engenheiro-chefe da missão Dawn.
As novas imagens mostram áreas de luz e sombra sobre a superfície de Ceres, que indicam características como crateras. Mas neste momento, nenhuma das características específicas podem ser resolvidas, incluindo o misterioso ponto branco.
"Nós não sabemos o que (a mancha branca) é, mas certamente é intrigante", disse Rayman. "Isso faz a gente ter ainda mais vontade de enviar uma nave pra lá o quanto antes... e é o que estamos fazendo". A sonda Dawn fica cada vez mais próxima de seu alvo, o planeta anão Ceres, e em breve, o mistério da mancha branca poderá ser revelado.
sonda dawn
Ilustração artística mostra a sonda Dawn próxima do planeta anão Ceres. Créditos: NASA
Ceres é um objeto único em nosso Sistema Solar. É o maior objeto do Cinturão de Asteróides, e recentemente foi classificado como planeta anão (assim como Plutão). Ceres possui 950 km de diâmetro, e é o menor planeta anão conhecido no Sistema Solar.
A missão de 466 milhões de dólares (Dawn) está programada para entrar em órbita em torno de Ceres no dia 6 de março de 2015. Ela deixou a Terra em 2007, e em 2011 fez um "pit stop" no grande asteróide Vesta, o segundo maior objeto do Cinturão de Asteróides.
Enquanto Vesta tem muitas características em comum com os planetas do Sistema Solar interior, os cientistas acreditam que Ceres tenha essa mesma similaridade com os corpos do Sistema Solar exterior. Acredita-se que 25% da massa de Ceres seja de água, o que significa que Ceres pode ter mais água doce do que o planeta Terra.
Os cientistas observaram plumas de vapor de água em erupção na superfície de Ceres, o que pode ocorrer a partir de gêiseres ou algo parecido com vulcões de gelo.
A misteriosa mancha branca capturada pela sonda Dawn é a mais nova característica curiosa desse objeto intrigante.
Fonte: Space / Dawn / NASA
Imagens: NASA / JPL-Caltech / UCLA / MPS / DLR / IDA / PSI
sábado, 24 de janeiro de 2015
ASTEROIDE 2004 BL86 TERÁ UMA MÁXIMA APROXIMAÇÃO COM A TERRA EM 26 DE JANEIRO
Não perca a a chance de observar a passagem do asteroide 2004 BL86
O grande asteróide 2004 BL86, que tem cerca de 700 metros de diâmetro, e fará sua máxima aproximação com a Terra nessa segunda-feira, dia 26 de janeiro. Ele será simplesmente o asteroide maior e mais brilhante que fará uma aproximação como essa nos próximos 12 anos! Ou seja, não é algo que vemos todo dia... nem todo ano...
O grande asteroide 2004 BL86 foi classificado como "Potencialmente Perigoso", porém, não há motivos para preocupação, pois os cálculos mostram que ele passará a uma distância segura, de aproximadamente 3 vezes a distância entre a Terra e a Lua. De qualquer forma, todos os olhos estarão voltados para essa gigantesca rocha espacial que fará uma breve e imponente visita nos entornos do nosso planeta Terra.
A passagem do asteroide 2004 BL86 está programada para ter início no dia 26 de janeiro, às 13h00 BRT (sem contar com horário de verão [16h00 UTC]),.
Para observar o asteroide 2004 BL86 pode com a ajuda de binóculos e/ou telescópios, você terá a oportunidade de observar a passagem desse gigantesco asteroide! Aguardem! Estamos preparando uma nova matéria especial para te ajudar a encontrar 2004 BL86. Em breve você terá dicas e instruções para suas observações. Não perca!
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
JUPITER TERÁ TRANSITO LUNARES NO DIA 24/01/14
Júpiter será o palco de um belíssimo evento astronômico nesse fim de semana
Neste fim de semana, se o tempo permitir e você tiver um telescópio, não deixe de observar o planeta Júpiter. Um raro "evento de relojoaria" deverá acontecer. Você já sabe do que estamos falando?
Podemos chamar esse raro evento de eclipse solar Jupiteriano triplo, mas como nosso ponto de vista é o terrestre, chamamos de trânsito das luas de Júpiter. E no dia 24 de janeiro (madrugada do dia 23 para o 24), 3 luas de Júpiter passarão entre o Sol e o planeta ao mesmo tempo, e projetarão suas sombras nas nuvens desse gigante gasoso.
Trânsito de Júpiter e suas luas Trânsito triplo das luas de Júpiter visto no dia 24 de janeiro às 3h41 BRT (6:41 UTC). Créditos: Starry Night
O quão raro é esse evento?
Jean Meeus (Universidade de Harvard) calcula que 31 eventos triplos envolvendo luas e suas sombras ocorrem ao longo do período de 60 anos (ou seja, entre 1981 a 2040).
Mas nem todos são tão favoráveis como esse que acontecerá nesse fim de semana. Em primeiro lugar, Júpiter está em ótima posição para ser observado no céu noturno, e dirige-se para a oposição no próximo mês. E dos 31 eventos acima mencionados, apenas 9 farão 3 sombras ao mesmo tempo. Perca o evento deste fim de semana, e você vai ter que esperar até 20 março de 2032 para ter a chance de observar um trânsito triplo como esse.
Devemos lembrar que esse trânsito triplo é muito raro, diferente dos trânsitos duplos que ocorrem com muito mais frequência, e podem ser vistos diversas vezes ao longo do ano.
O momento chave em que as três sombras poderão ser vistas cruzando o disco de Júpiter será na madrugada de sexta pra sábado (dia 24 de janeiro), a partir das 03h26 do horário de Brasília (sem contar com horário de verão [06h26 UTC]). Neste momento, Júpiter estará a oeste, a uma altura de aproximadamente 40°. O espaço de tempo em que as 3 sombras poderão ser vistas será de pouco menos de 30 minutos
Infelizmente, está previsto para que a Grande Mancha Vermelha esteja fora de vista quando o trânsito triplo ocorrer. As luas responsáveis por esse belo evento são: Io, Calisto, e Europa.
E apesar de Júpiter possuir 4 grandes luas, um trânsito quádruplo envolvendo todas elas simplesmente não acontece... e isso tem a ver com a ressonância orbital. As 3 luas galileanas mais íntimas de Júpiter (Io, Europa e Ganimedes) estão em ressonância de 4: 2: 1, e infelizmente, essa ressonância assegura que teremos sempre dois satélites atravessando o disco de Júpiter, mas nunca os três de uma vez, como mostra no exemplo ao lado.
Mas para completar essa raro trânsito triplo, a lua Calisto entrará em cena, mas nem sempre ela passa pelo disco de Júpiter para termos essa bela visão. A nossa sorte é que Calisto está numa temporada de cursos em Júpiter, e esse período vai até julho de 2016.
Se você tiver a chance de ver Júpiter com detalhes (com um telescópio grande), perceberá que cada sombra de cada lua se mostra de uma forma diferente. A mais distante, Calisto, lança uma sombra ampla, com borda difusa irregular, enquanto que Io faz uma sombra menor e muito escura, como uma gota de tinta preta.
Portanto, se puder, aproveite essa bela oportunidade para vislumbrar Júpiter de uma forma diferente. Bons céus, e boas observações!
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
SONDA AMERICANA ENCONTRA SONDA BRITÂNICA PERDIDA A 11 ANOS EM MARTE
As buscas duraram mais de 10 anos!
Antes de mais nada, não foi um marciano, pelo menos até agora... mas o que a sonda MRO encontrou em uma de suas fotografias feitas da superfície do Planeta Vermelho deixou muita gente contente, especialmente os cientistas britânicos.
A sonda Beagle 2 do Reino Unido, que desapareceu misteriosamente durante uma tentativa de pouso em dezembro de 2003, finalmente foi encontrada por uma sonda da NASA que orbita o Planeta Vermelho.
O pousador Beagle 2 é claramente visível nas novas fotos feitas pela Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), sonda da NASA em órbita em torno de Marte. A descoberta mostra que a sonda pousou com sucesso, mas não conseguiu se desdobrar corretamente quando já estava na superfície marciana, segundo funcionários da Agência Espacial do Reino Unido.
Sonda Beagle2 (ponto branco brilhante) pode ser vista em imagem feita pela sonda orbitadora MRO.Créditos: NASA / JPL-Caltech / University of Arizona / University of Leices
A sonda que pegou uma carona para Marte com a missão Mars Express, da Agência Espacial Europeia, não tinha sido vista desde sua separação da nave espacial no dia 19 de dezembro de 2003. Beagle 2 deveria pousar em Marte seis dias depois, no dia 25 de dezembro, mas os cientistas não sabiam se isso tinha ocorrido, pois o pousador nunca mais se comunicou. Logo, os especialistas assumiram que Beagle 2 havia caído em Marte e deveria estar irreversivelmente danificado. Agora, após quase 12 anos, a equipe científica sabe que não foi bem assim...
Essa imagem feita pela sonda MRO mostra diversos componentes do pousador Beagle 2, perdido em março de 2003.
Créditos: NASA / JLP-Caltech / Universidade do Arizona / Universidade de Leicester
"A história da exploração espacial é marcada por sucesso e fracasso", disse David Parker, da Agência Espacial do Reino Unido. "Essa descoberta faz com que a história de Beagle 2 se torne mais um sucesso que não conhecíamos, e sem dúvida, um passo importante na contínua exploração de Marte".
A missão Beagle 2 (nomeada em homenagem ao HMS Beagle, o navio que levou o jovem Charles Darwin ao redor do mundo na década de 1830), foi liderada pelo cientista britânico Colin Pillinger, pesquisador da Universidade Open, que continuou com sua equipe procurando por Beagle 2 após o silêncio do dia 19 de dezembro de 2003. Infelizmente, Pillinger faleceu em maio de 2014 sem conhecer o desenrolar de sua história.
ilustração da Ilustração artística mostra como a sonda Beagle 2 seria se tivesse operado
da maneira correta na superfície de Marte. Créditos: ESA
O trabalho de Beagle 2 em Marte seria de pesquisas variadas e ambiciosas.
A sonda foi projetada para detectar sinais de vida em Marte, e caracterizar a geologia marciana, seu tempo e clima, entre outras tarefas. O seu equipamento científico incluia câmeras, microscópios, espectômetros, pacotes de análises, amostras de gás, aquecedores, sensores climáticos, broca, furadeira, instrumento de coleta, entre outros...
Beagle 2 custou cerca de US $ 120 milhões, um terço do que foi oferecido pelo governo do Reino Unido. O custo total da missão Mars Express, que decolou em junho de 2003, foi de cerca de 300 milhões de euros (350 milhões dólares).
A sonda europeia Mars Express ainda está funcionando perfeitamente, depois de mais de 11 anos de sua chegada ao Planeta Vermelho.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
ILHA MÁGICA PODE EXISTIR EM TITÃ? OU O QUE SERIAM ESSAS MISTERIOSAS ANOMALIAS NA LUA DE SATURNO?
Uma anomalia misteriosamente brilhante chamou atenção nos mares de Titã, a maior lua de Saturno.
Foi a primeira vez que ondas, bolhas e algumas outras características desconhecidas foram vistas por lá, dizem os cientistas.
Os pesquisadores apelidaram a região observada em Titã como "Magic Island", ou "Ilha Mágica" em português. Titã é a maior das 62 luas conhecidas de Saturno, e é 50% mais larga do que a lua da Terra, além de ter 80% mais massa.
"O que eu acho mais especial sobre Titã é que ela tem de metano e etano líquidos em seus lagos e mares, tornando-se o único mundo no Sistema Solar que tem líquidos estáveis em suas superfícies além da Terra", comenta o principal autor do estudo Jason Hofgartner, cientista planetário da Universidade de Cornell. "Titã não só tem lagos e mares, mas também rios e até mesmo chuva. Essa lua de Saturno tem o que chamamos de ciclo hidrológico".
A anomalia vista em Titã está circundada em vermelho nessa imagem. Créditos: NASA / JPL / Caltech / ASI / Cornell
Usando radar a bordo da sonda Cassini da NASA, Hofgartner e seus colegas olharam através da espessa atmosfera enevoada de Titã e analisar o Ligeia Mare, que tem cerca de 126.000 quilômetros quadrados, tornando-se maior do que o Lago Superior na América do Norte.
Em julho de 2013, a sonda Cassini detectou características que são essencialmente tão brilhantes quanto o terreno ao seu redor. A anomalia desapareceu em observações posteriores.
"Estes são são mares estagnados, eles não são imutáveis... ", disse Hofgartner. Ainda não se sabe o que causou o aparecimento dessa "ilha mágica", mas nós gostaríamos de estudá-la ainda mais". A anomalia brilhante ocupa uma área de cerca de 10 por 20 km, disse Hofgartner.
Os pesquisadores não acreditam que essa anomalia seja uma criatura alienígena ou naves espaciais. Agora em Titã, no hemisfério norte, está entrando a temporada de verão, é a energia solar que incide por lá talvez seja suficiente para conduzir ventos e outros fenômenos de energia, segundo os pesquisadores.
Os mares são normalmente muito suaves em Titã, "com características de no máximo entre 1 e 3 milímetros, tornando-o mais suave do que qualquer outra superfície natural na Terra", disse Hofgartner. "Isso ocorre porque os ventos em Titã, provavelmente, não são fortes o suficiente para criar ondas. Agora, no entanto, os ventos podem estar ficando mais forte, e o que estamos vendo podem ser ondas", acrescentou.
Outra possibilidade é que essa anomalia brilhante poderia ser gases que estão sendo empurrados para cima, a partir do fundo do mar, que estão subindo em forma de bolhas. Também poderia representar sólidos que estão flutuando com o aparecimento de temperaturas mais elevadas. Estes materiais sólidos podem estar em suspensão no mar, como um lodo na Terra. "À medida que o verão começa em Titã, esperamos aprender mais sobre seus mares", disse Hofgartner.
"Descobrir mais sobre o funcionamento de seus mares pode auxiliar nos planos futuros de exploração de Titã," disse Hofgartner. "Um plano é colocar algo como um barco ou jangada no mar de Titã para estudá-la mais detalhadamente, e compreender os processos que estão acontecendo por lá".
E se esses planos derem certo, o que será que vamos encontrar?
Fonte: Space
Imagens: NASA / JPL / Caltech
domingo, 18 de janeiro de 2015
ESTRELAS MUITO VELHAS DETERMINAM A IDADE DO UNIVERSO
"O espectro obtido para esta estrela relativamente ténue é absolutamente fantástico – de facto, de uma qualidade que até há bem pouco tempo estava reservada às estrelas visíveis a olho nu. Apesar do seu brilho fraco, a risca de Urânio pode ser medida com muito boa precisão."
The Globular Cluster 47 Tuc / Roger Cayrel, Observatório de Paris
Equipes de astrônomos usaram o VLT para fazer medições únicas que prepararam o caminho para uma determinação independente da idade do Universo. Mediram, pela primeira vez, a quantidade do isótopo radioactivo do Urânio 238 numa estrela que nasceu quando a Via Láctea, a galáxia onde vivemos, ainda estava a se formar.
Como no caso da datação por carbono usada em arqueologia, mas em escalas de tempo muito maiores, este 'relógio' de Urânio mede a idade da estrela. As medições mostram que a estrela tem 12.5 mil milhões de anos. Uma vez que a estrela não pode ser mais velha do que o próprio Universo, este terá que ser ainda mais velho do que isso. Esta observação está de acordo com o que sabemos da cosmologia, que dá ao Universo uma idade de 13.7 mil milhões de anos. Esta estrela, e a nossa Galáxia, devem ter-se formado logo após o Big-Bang.
Um outro resultado explora até aos seus limites a tecnologia usada em astronomia, e desvenda os primeiros tempos da Via Láctea. Os astrônomos mediram, pela primeira vez, a quantidade de Berílio existente em duas estrelas de um enxame globular. Com estes resultados os astrônomos puderam estudar as fases iniciais entre a formação das primeiras estrelas da Via Láctea e as estrelas deste enxame e descobriram que a primeira geração de estrelas da nossa Galáxia deve ter-se formado logo após os 200 milhões de anos (a chamada 'Idade das Trevas'), que se seguiram ao Big-Bang. Veja a Nota de Imprensa do ESO eso0425.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
QUAL É A MENOR ESTRELA NO UNIVERSO? COMO É POSSÍVEL
Na Astronomia, estamos sempre falando sobre o maior planeta, a maior galáxia, o maior buraco negro... mas você já se perguntou qual é a menor estrela que conhecemos no Universo?
Primeiramente, as estrelas são feitas basicamente de hidrogênio, portanto, quanto mais hidrogênio, maiores são estrelas, e automaticamente, estrelas pequenas possuem menos hidrogênio do que as outras. Mas existe uma linha que não pode ser cruzada, pois se a quantidade de hidrogênio não for o mínimo suficiente e não gerar temperatura e pressão em seu núcleo para iniciar a fusão solar, então este corpo será uma estrela falha... parecida com um planeta Júpiter, porém um pouco maior...
Mas qual é a quantidade mínima de hidrogênio para que um corpo gasoso inicie a fusão solar e comece a brilhar como uma estrela (transformando hidrogênio em hélio)? E qual é a menor estrela que se tem conhecimento no Universo?
A fusão que ocorre no interior das estrelas é chamada de fusão exotérmica, pois libera energia que neutraliza a força da gravidade, o que faz com que as estrelas mantenham seu tamanho e não entrem em colapso sobre si mesmas.
E para que essa fusão ocorra, a estrela não pode ter uma massa menor do que 7,5% a massa do Sol (o Sol é utilizado como medição estelar para entendermos melhor a massa das estrelas como comparação). Portanto, se um corpo gasoso tiver apenas 5% de massa solar, ele não conseguirá iniciar a fusão, e portanto, será uma estrela falha, conhecida como anã marrom. Já se sua massa for de pelo menos 7,5% ela será uma estrela de fato, conhecida como anã vermelha.
anã vermelha
Ilustração artística de uma estrela anã vermelha. Créditos: Wikipédia,
Nós não tivemos a chance de medir muitas anãs vermelhas no Universo, porém, a estrela mais próxima de nós, a Proxima Centauri, tem cerca de 12,3% de massa solar, e mede apenas 200 mil km de diâmetro. Em outras palavras, a menor anã vermelha possível seria apenas 50% maior do que o planeta Júpiter. Ok, sua massa seria cerca de 80x a massa de Júpiter, mas quando todo seu material se aglutina, ela fica bem menor, e muito mais densa.
Até hoje (janeiro de 2015), a menor estrela conhecida é chamada de J05233822-1403022, e possui apenas 9% da massa do Sol, ou seja, ela está bem próxima de ser a menor estrela possível. E claro, não podemos enxergá-la a olho nu.
A menor estrela conhecida até o momento: J05233822-1403022. Créditos: IPAC-Caltech / NASA / NSF.
Na verdade, as estrelas anãs vermelhas não podem ser vistas sem auxílio de equipamentos. A Proxima Centauri, que é uma anã vermelha e ao mesmo tempo, é a estrela mais próxima da Terra (depois do Sol) não pode ser vista a olho nu, justamente por ter um brilho muito fraco.
A menor estrela que podemos ver a olho nu no céu é a 61 Cygni, um par binário onde uma das estrelas possui apenas 66% a massa do Sol, e está a 11,4 anos-luz de distância. E mesmo assim, você só conseguirá enxergá-la em céus muito escuros. A segunda menor estrela que podemos enxergar no céu é a Epsilon Eridani, com 74% da massa solar, e depois, Alpha Centauri B com 87% de massa solar. E sabe qual é a quarta menor estrela que podemos ver a olho nu? Uma dica: ela está bem próxima de nós, e sem ela, não estaríamos aqui. Se você pensou no Sol, você acertou! É incrível o fato de que a 4ª menor estrela que conhecemos e que podemos enxergar seja justamente a nossa!
Mas não importa que o Sol seja a 4ª menor estrela que enxergamos, afinal, suas proporções como tamanho, brilho, gravidade, são simplesmente perfeitas para que a vida (principalmente a nossa) exista. Ou seja, pelo menos quando estamos falando em assuntos estelares, tamanho não é documento... e o Sol que o diga!
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
ESO -1410PT-BR: PRIMEIRO SISTEMA DE ANÉIS DESCOBERTO EM TORNO DE UM ASTEROIDE
Observações obtidas em diversos locais da América do Sul, incluindo o Observatório de La Silla do ESO, levaram à descoberta surpreendente de que o asteroide distante Chariklo se encontra rodeado por dois anéis densos e estreitos.
Este é o menor objeto já descoberto com anéis, e apenas o quinto corpo no Sistema Solar - depois dos planetas gigantes Júpiter, Saturno, Urano e Netuno - com esta caraterística. A origem dos anéis permanece um mistério, no entanto pensa-se que podem ser o resultado de uma colisão que criou um disco de detritos. Os novos resultados serão publicados online na revista Nature em 26 de março de 2014.
Além dos anéis de Saturno, que são um dos mais bonitos espetáculos no céu, outros anéis, menos proeminentes, também foram encontrados em torno dos outros planetas gigantes. Apesar de buscas cuidadosas, nunca se encontraram anéis em volta de outros objetos menores do Sistema Solar. Agora, observações do longínquo asteroide Chariklo, feitas quando este passava em frente a uma estrela, mostraram que ele também se encontra rodeado por dois anéis estreitos.
“Não estávamos à procura de anéis, nem pensávamos que pequenos corpos como o Chariklo os poderiam ter, por isso esta descoberta - e a quantidade extraordinária de detalhes que obtivemos do sistema - foi para nós uma grande surpresa!”, diz Felipe Braga-Ribas (Observatório Nacional/MCTI, Rio de Janeiro, Brasil), que preparou a campanha de observações e é o autor principal do novo artigo científico que descreve estes resultados.
Chariklo é o maior membro de uma classe de objetos conhecidos por Centauros, que orbitam o Sol entre Saturno e Urano, no Sistema Solar externo. Previsões da sua órbita mostraram que passaria em frente da estrela UCAC4 248-108672 no dia 3 de junho de 2013, quando observado a partir da América do Sul . Assim, com o auxílio de telescópios em sete sítios diferentes, incluindo o telescópio dinamarquês de 1,54 metros e o telescópio TRAPPIST, ambos situados no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, os astrônomos puderam observar a estrela desaparecer durante alguns segundos, momento em que a sua luz foi bloqueada pelo Chariklo - num fenômeno conhecido por ocultação.
No entanto, eles acabaram descobrindo muito mais do que esperavam. Alguns segundos antes, e também alguns segundos depois, da ocultação principal ainda houveram duas quedas de luz, ligeiras e muito curtas, no brilho aparente da estrela. Algo em torno de Chariklo estava bloqueando a luz! Ao comparar as observações feitas nos diversos locais, a equipe pôde reconstruir não apenas a forma e o tamanho do objeto propriamente dito, mas também a espessura, orientação, forma e outras propriedades dos anéis recém descobertos.
A equipe descobriu que o sistema de anéis é composto por dois anéis bastante confinados, com apenas sete e três quilômetros de largura, respectivamente, separados entre si por um espaço vazio de nove quilômetros - e tudo isto em torno de um pequeno objeto com 250 quilômetros de diâmetro que orbita além da órbita de Saturno.
“Acho extraordinário pensar que fomos capazes de detectar, não apenas o sistema de anéis, mas também precisar que este sistema é constituído por dois anéis claramente distintos”, acrescenta Uffe Gråe Jørgensen (Instituto Niels Bohr, Universidade de Copenhaga, Dinamarca), integrante da equipe. “Tento imaginar como será estar sobre a superfície deste corpo gelado - tão pequeno que um carro esportivo veloz poderia atingir a velocidade de escape e lançar-se no espaço - e olhar para cima para um sistema de anéis com 20 quilômetros de largura e situado 1000 vezes mais próximo do que a Lua está da Terra”.
Embora muitas questões permaneçam ainda sem resposta, os astrônomos pensam que este tipo de anel deve ter se formado a partir dos restos deixados depois de uma colisão. Os restos teriam ficado confinados como dois estreitos anéis devido à presença de pequenos satélites, que supostamente existirão.
“Por isso, além dos anéis, é provável que Chariklo tenha também, pelo menos, um pequeno satélite à espera de ser descoberto”, acrescenta Felipe Braga Ribas.
Os anéis poderão mais tarde dar origem à formação de um pequeno satélite. Tal sequência de eventos, a uma escala muito maior, pode explicar a formação da nossa própria Lua nos primeiros dias do Sistema Solar, assim como a origem de muitos outros satélites em órbita de planetas e asteróides.
Os líderes do projeto deram aos anéis os nomes informais de Oiapoque e Chuí, dois rios que se encontram próximos dos extremos norte e sul do Brasil, respectivamente.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
NGC 2207 e IC 2163: CHOQUES DE GALÁXIAS COM EXIBIÇÃO DE OBJETOS EM LUZ INFRAVERMELHO
NGC 2207 e IC 2163 são duas galáxias espirais no processo de fusão.
Este par contém uma grande coleção de super brilhantes objetos de raios-X chamado de "fontes de raios-X ultraluminosas" (ULXs).
Uma nova imagem composta do sistema contém raios-X de Chandra (pink), juntamente com os dados ópticos e infravermelhos.
Nesta época do ano, há muitas reuniões, muitas vezes decoradas com luzes festivas. Quando as galáxias se reúnem, existe a chance de um show de luzes espetacular como é o caso da NGC 2207 e IC 2163
Astrônomos encontraram evidências de três explosões de supernovas dentro deste par nos últimos 15 anos.
Localizado a cerca de 130 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Canis Major, este par de galáxias espirais foi pego em um encontro de pastagem. NGC 2207 e IC 2163 já sediaram três explosões de supernovas nos últimos 15 anos e já produziu uma das coleções mais abundantes de super brilhantes luzes de raios-X conhecidos. Esses objetos especiais - conhecidos como "fontes de raios-X ultraluminosas" (ULXs) - foram encontrados usando os dados do Observatório de raios-X Chandra, da NASA.
Como em nossa galáxia Via Láctea, NGC 2207 e IC 2163 são polvilhados com muitos sistemas estelares conhecidos como binários de raios-X, que consistem em uma estrela em uma órbita apertada ao redor uma estrela de nêutrons ou um buraco negro "stellar-mass". A forte gravidade da estrela de nêutrons ou um buraco negro puxa matéria da estrela companheira. Como este assunto cai em direção à estrela de nêutrons ou um buraco negro, ele é aquecido a milhões de graus e gera raios-X.
ULXs ter raios-X muito mais brilhante do que a maioria dos binários "normais" de raios-X. A verdadeira natureza do ULXs ainda está em discussão, mas é provável um tipo peculiar de binário de raios-X. Os buracos negros em alguns ULXs pode ser mais pesado do que os buracos negros estelares massa e poderia representar uma hipotética, mas ainda não confirmado como categoria, intermediário-massa dos buracos negros.
Esta imagem composta de NGC 2207 e IC 2163 contém dados de Chandra em rosa, dados luz óptica do telescópio espacial Hubble em dados de vermelho, verde e azul (que aparece como azul, branco, laranja e marrom), e infravermelhos do Spitzer Space Telescópio no vermelho.
A imagem Chandra nova contém cerca de cinco vezes mais tempo de observação do que os esforços anteriores para estudar ULXs neste par de galáxias. Os cientistas agora concordância um total de 28 ULXs entre NGC 2207 e IC 2163. Doze destes variam ao longo de um período de vários anos, incluindo sete que não foram detectadas antes porque eles estavam em uma fase "tranqüila" durante as observações anteriores.
Os cientistas envolvidos no estudo deste sistema, note que há uma forte correlação entre o número de fontes de raios-X em diferentes regiões das galáxias ea taxa com que as estrelas estão se formando nessas regiões. A imagem composta mostra esta correlação através de fontes de raios-X concentrados nos braços espirais das galáxias, onde grandes quantidades de estrelas são conhecidos por estar se formando. Esta correlação também sugere que a estrela companheira nos sistemas binários é jovem e massiva,
Colisão de galáxias como este par são bem conhecidos para conter intensa formação de estrelas. As ondas de choque - como os estrondos sônicos de aviões supersônicos - forma durante a colisão, que levaram ao colapso de nuvens de gás e a formação de aglomerados de estrelas. Na verdade, os pesquisadores estimam que as estrelas associadas ao ULXs são muito jovens e só pode ser cerca de 10 milhões de anos. Em contraste, o nosso Sol é de cerca de metade da sua vida útil de 10 bilhões de anos. Além disso, a análise mostra que estrelas de várias massas estão se formando neste par de galáxias em uma taxa equivalente para formar 24 estrelas a massa do nosso sol por ano. Em comparação, uma galáxia como a nossa Via Láctea é esperado para gerar novas estrelas a uma taxa equivalente a apenas cerca de 1-3 novos sóis a cada ano.
Um artigo descrevendo estes resultados foi aceito para publicação no Astrophysical Journal e está disponível online. Os autores do artigo são Stefano Mineo do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica em Cambridge, MA; Saul Rappaport, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge, MA; Alan Levine do MIT; David Pooley de Sam Houston State University, em Huntsville, TX; Benjamin Steinhorn da Harvard Medical School, em Boston, MA, e Jeroen Homan do MIT.
Marshall Space Flight Center da NASA em Huntsville, Alabama, gerencia o programa Chandra for Science Mission Directorate da NASA em Washington. O Observatório Astrofísico Smithsonian, em Cambridge, Massachusetts, controla as operações científicas e os voos de Chandra.
Fatos para NGC 2207 e IC 2163:
Crédito de raios-X:
NASA / CXC / SAO / S.Mineo et al, Optical: NASA / STScI, Infrared: NASA / JPL-Caltech
Data de lançamento
11 de dezembro, 2014
Escala da imagem é de
5 minutos de arco de diâmetro (cerca de 180.000 anos-luz)
Categoria normal
Galáxias & Starburst Galaxies
Coordenadas (J2000)
22.10s RA 06h 16m | dezembro -21 ° 22 '21,80 "
Constelação do
Cão Maior
Data de Observação
4 pointings entre julho 2010 e agosto 2013
Tempo de observação
17 horas 20 min
Obs.
ID 11228, 14799, 14914, 14915
instrumento
ACIS
Referências
Mineo, S. et al, 2014, APJ, 797, 91; arXiv: 1410.2472
Raio-X Código das cores
(rosa), Optical (Red, Green, Blue), infravermelho (vermelho)
IROpticalX-ray
Distância estimada
cerca de 130 milhões de anos-luz
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
UMA PEQUENA AMOSTRA DA VASTA COLEÇÃO DE DADOS DO OBSERVATÓRIO DE RASTREIO VST DA NEBULOSA DA LAGOA
Otelescópio de rastreio do VLT (VST), situado no observatório do Paranal do ESO, no Chile, capturou esta nova imagem detalhada da Nebulosa da Lagoa.
Esta nuvem gigante de gás e poeira, além de estar formando estrelas jovens intensamente brilhantes, abriga no seu seio aglomerados estelares jovens. A imagem é apenas uma pequeníssima fração de um dos onze rastreios públicos que estão sendo executados pelos telescópios do ESO. No seu conjunto, estes telescópios estão obtendo uma vasta quantidade de dados, que vão sendo postos à disposição da comunidade astronômica do mundo inteiro.
A Nebulosa da Lagoa é um objeto intrigante que se situa a cerca de 5000 anos-luz de distância na constelação do Sagitário. Também conhecida por Messier 8, trata-se de uma nuvem gigante com 100 anos-luz de dimensão, onde jovens estrelas se estão se formando no seio de plumas de gás e poeira . Esta nova imagem com 16 000 pixels de largura foi obtida pelo Telescópio de Rastreio do VLT (VST), um dos dois telescópios dedicados a rastreios instalados no Observatório do Paranal do ESO, no norte do Chile. Uma versão com zoom da imagem permite explorar todos os pormenores deste objeto fascinante.
O VST não foi utilizado para observar a nebulosa da Lagoa de modo particular, no entanto este objeto fazia parte de um enorme rastreio para fotografar o céu chamado VPHAS+, que cobriu uma região muito maior da Via Láctea. O VPHAS+ é apenas um dos três rastreios para fotografar o céu no visível com o VST, trabalho que é complementado por seis rastreios efetuados no infravermelho pelo telescópio de rastreio VISTA.
Os ratreios pretendem abordar muitas questões importantes da astronomia moderna, incluindo a natureza da energia escura, a procura de quasares brilhantes no Universo primordial, o estudo da estrutura da Via Láctea e busca de objetos incomuns e escondidos, o estudo das vizinhas Nuvens de Magalhães com grande pormenor, entre muitos outros assuntos. A história tem-nos mostrado que os rastreios descobrem normalmente objetos e/ou fenômenos inesperados e estas surpresas têm-se revelado fundamentais no progresso da investigação astronômica.
Além destes nove rastreios para fotografar o céu com o VISTA e o VST, estão igualmente em progresso dois outros levantamentos adicionais, que estão a ser executados com outros telescópios do ESO: o rastreio Gaia-ESO, que usa o Very Large Telescope no Paranal, para mapear as propriedades de mais de 100 000 estrelas da Via Láctea, e o PESSTO, que segue objetos transitórios, tais como supernovas, com o New Technology Telescope em La Silla .
Alguns destes rastreios começaram em 2010, enquanto outros são mais recentes, mas os dados de todos eles são agora do domínio público, encontrando-se acessíveis aos astrônomos do mundo inteiro através do arquivo do ESO
Embora alguns destes rastreios ainda estejam a decorrer, os dados recolhidos até agora estão já a permitir aos astrônomos fazer muitas descobertas. Apenas alguns destes resultados incluem novos aglomerados estelares descobertos pelo rastreio VVV (eso1128, eso1141), o melhor mapa até hoje das regiões centrais da nossa Via Láctea (eso1242, eso1339), uma imagem muito profunda do céu no infravermelho (eso1213) e, muito recentemente, alguns dos mais distantes quasares descobertos até agora (rastreio VIKING do VISTA).
Os Rastreios Públicos do ESO continuarão ainda por muito anos e o seu legado astronômico perdurará por muitas e longas décadas.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
TELESCÓPIO HUBBLE REVELA A MAIS NOVA IMAGEM EM HD DOS PILARAS DA CRIAÇÃO
Não há palavras para descrever tamanha beleza!
Nova imagem dos Pilares da Criação - luz visível. Créditos: NASA / ESA / Hubble
Apesar de tais características serem comuns em regiões de formação estelar, as estruturas da M16 estão entre as mais fotogênicas já vistas. A imagem dos "Pilares da Criação" do Hubble é tão popular que já apareceu em filmes e programas de TV, camisetas e travesseiros... e até mesmo em selos postais.
E agora, na comemoração do seu próximo aniversário de 25 anos (abril de 2015), o Telescópio Espacial mais famoso do Universo (pelo menos pra nós) revisitou os pilares mais icônicos e maravilhosos, e nos mostra imagens capturadas no infravermelho e luz visível. Veja a comparação da foto feita em 1995 com a foto liberada agora, em 2015:
Comparação mostra a diferença das fotos feitas pelo Hubble dos Pilares da Criação. à direita, foto de 1995, e à esquerda, imagem liberada em janeiro de 2015, ambas na luz visível. Créditos: NASA / ESA / Hubble
E além disso, o Hubble nos presenteia com uma imagem feita no infravermelho, que mostra detalhes e silhuetas incríveis, isso porque o infravermelho penetra o gás e a poeira. Estrelas recém-nascidas podem ser vistas escondidas dentro dos pilares. As novas imagens dos Pilares da Criação ganham destaque na reunião da American Astronomical Society, nos EUA
Usando dados coletados pela Wide Field Camera 3, que foi instalada no Hubble em 2009, alguns detalhes vistos registrados através da luz visível também foram adicionados. Uma camada adicional de infravermelho foi projetada separadamente, produzindo uma versão misteriosa e única dos Pilares da Criação. As estrelas que outrora estavam escondidas atrás da poeira cósmica ganharam vida, e fizeram com que uma das nebulosas mais famosas do Universo ganhasse um brilho ainda mais especial!
Nova imagem dos Pilares da Criação feita pelo Hubble no infravermelho. Créditos: NASA / ESA / Hubble
Embora a imagem original tenha sido apelidada de "Pilares da Criação", a nova fotografia também sugere que eles sejam "Pilares da Destruição", pois mostra que suas estruturas estão sendo abaladas diante de nossos olhos. A neblina em torno das bordas densas dos pilartes é material que se aquece e evapora, sendo ejetado para o espaço. Trata-se de uma visão muito especial, e de curta duração. Nós somos privilegiados por contemplar algo de tamanha magnitude e beleza!
Os Pilares da Criação estão localizados a cerca de 6,500 anos-luz de distância da Terra, e seu nome se originou devido ao local ser um enorme "berço de estrelas". Alguns astrônomos acreditam que os Pilares da Criação não existem mais, e se existem, não estão com a mesma forma que conhecemos nas imagens atuais, isso porque há evidências de que uma explosão de supernova tenha atingido em cheio essa famosa nuvem de gás e poeira cósmica. Como essa nebulosa se encontra a quase 7 mil anos-luz de nós, e a suposta explosão aconteceu há cerca de mil anos, somente dentro de aproximadamente 6 mil anos é que saberemos de fato se ela ainda está lá, ou então, qual seria sua nova forma. Por enquanto, temos que nos contentar em apreciar sua beleza como a conhecemos até agora, o que, pra falar a verdade, já está de bom tamanho.
domingo, 11 de janeiro de 2015
CIENTISTAS AFIRMAM QUE: DUAS ESTRELAS ESTÃO EM ROTA DE COLISÃO COM O NOSSO SISTEMA SOLAR
O perigo não é a colisão, mas sim o que a grande aproximação pode causar
Há uma chance de 90% de que uma estrela irá se aproximar da Terra nos próximos 500 mil anos. Parece muito tempo? Mas acredite: para o Universo isso é um piscar de olhos, e se os cientistas estiverem corretos, ela está vindo "a todo vapor" em nossa direção. Conhecida como Hipparcos 85.605 (ou HIP 85.605) ela é uma estrela anã, e está atualmente a uma distância de 16 anos-luz da Terra.
Coryn Bailer-Jones, do Instituto Max Planck de Astronomia, modelou o passado e o futuro do movimento de 50.000 estrelas usando dados do satélite Hipparcos da Agência Espacial Europeia, que examinou o céu na década de 1990. Ele encontrou 14 estrelas que chegarão a uma distância de 3,26 anos-luz da Terra (um parsec), e 4 outras estrelas que chegarão a apenas 1,6 anos-luz (0,5 parsec).
De todos esses encontros, nenhum chamou tanto a atenção dos cientistas quanto este: o encontro mais próximo parece ser o da estrela HIP 85605, que é uma estrela tipo K (uma anã laranja) ou uma estrela M (uma anã vermelha), na constelação de Hércules. A estrela tem uma probabilidade de 90% de chegar bem próximo da Terra, a uma distância de apenas 0,13 e 0,65 anos-luz, e isso pode acontecer dentro de 240 mil a 470 mil anos!
Créditos: NASA / APOD
A segunda estrela que fará a maior aproximação será Gliese 710 (GL 710), uma anã do tipo K7. Atualmente, GL 710 está a uma distância de 63 anos-luz da Terra, na constelação de Ophiucus. Essa estrela anã tem uma chance de 90% de chegar a apenas 0,32 e 1,44 anos-luz da Terra, dentro de aproximadamente 1,3 milhões de anos.
Apesar das estrelas HIP 85605 e GL 710 não representarem um perigo de colisão direta, sua forças gravitacionais poderiam, no entanto, fazer algo bem mais amedrontador do que uma colisão direta. Elas poderão, com o tempo, influenciar gravitacionalmente a Nuvem de Oort no Sistema Solar exterior, e arremessar milhões de cometas em direção ao Sistema Solar interior, que é exatamente onde nós estamos!
"Acho que podemos prever com segurança que as órbitas dos cometas seriam alteradas por esses encontros", comenta Bailer-Jones. Ele diz que uma chuva de cometas e asteróides poderia durar centenas ou milhares de anos por conta de uma passagem de uma estrela. Uma perturbação como essa já aconteceu antes, que segundo cientistas pode ter sido causada por gamma Microscopii, uma gigante G6 que chegou a apenas 1,14 ou 4,37 anos-luz da Terra, a cerca de 3,8 milhões de anos atrás. Coincidência?
Ilustração artística mostra o Sistema Solar interno (esquerda superior), o
Sistema Solar externo (esquerda inferior) e a Nuvem de Oort (grande e cinza à direita).
Créditos: Wikimedia Commons
E será que alguma dessas estrelas poderá trazer seus planetas nessa viagem? Provavelmente sim, mas não será tão próximo a ponto de colidir conosco, tampouco nos dará a chance de visitá-los (caso ainda estejamos por aqui). De acordo com Bailer-Jones, a sua velocidade ao redor de suas estrelas viajantes seria tão alta que seria mais difícil visitá-los do que fazer uma viagem para sistemas estelares mais distantes.
Bailer-Jones também adverte que algumas das estrelas estudadas na simulação têm "dados questionáveis", de modo que essas estimativas podem sofrer alterações futuramente. "Este estudo é limitado a estrelas que sabemos precisamente quais são suas distâncias e velocidades, ou seja, isso nos limita a estudar estrelas que estejam dentro de algumas dezenas de anos-luz do Sol".
Seus cálculos mostram que cerca de 42 estrelas passam a cerca de 6,4 anos-luz (2 parsec) do Sol a cada 20 milhões de anos, e as estrelas HIP 85605 e GL 710 podem ser as próximas.
O estudo foi divulgado na revista Astronomy & Astrophysics, e está disponível online no site arXiv.
Fonte: Astronomy & Astrophysics
Imagens: (capa-ilustração/NASA) / APOD / Wikimedia Commons
Há uma chance de 90% de que uma estrela irá se aproximar da Terra nos próximos 500 mil anos. Parece muito tempo? Mas acredite: para o Universo isso é um piscar de olhos, e se os cientistas estiverem corretos, ela está vindo "a todo vapor" em nossa direção. Conhecida como Hipparcos 85.605 (ou HIP 85.605) ela é uma estrela anã, e está atualmente a uma distância de 16 anos-luz da Terra.
Coryn Bailer-Jones, do Instituto Max Planck de Astronomia, modelou o passado e o futuro do movimento de 50.000 estrelas usando dados do satélite Hipparcos da Agência Espacial Europeia, que examinou o céu na década de 1990. Ele encontrou 14 estrelas que chegarão a uma distância de 3,26 anos-luz da Terra (um parsec), e 4 outras estrelas que chegarão a apenas 1,6 anos-luz (0,5 parsec).
De todos esses encontros, nenhum chamou tanto a atenção dos cientistas quanto este: o encontro mais próximo parece ser o da estrela HIP 85605, que é uma estrela tipo K (uma anã laranja) ou uma estrela M (uma anã vermelha), na constelação de Hércules. A estrela tem uma probabilidade de 90% de chegar bem próximo da Terra, a uma distância de apenas 0,13 e 0,65 anos-luz, e isso pode acontecer dentro de 240 mil a 470 mil anos!
Créditos: NASA / APOD
A segunda estrela que fará a maior aproximação será Gliese 710 (GL 710), uma anã do tipo K7. Atualmente, GL 710 está a uma distância de 63 anos-luz da Terra, na constelação de Ophiucus. Essa estrela anã tem uma chance de 90% de chegar a apenas 0,32 e 1,44 anos-luz da Terra, dentro de aproximadamente 1,3 milhões de anos.
Apesar das estrelas HIP 85605 e GL 710 não representarem um perigo de colisão direta, sua forças gravitacionais poderiam, no entanto, fazer algo bem mais amedrontador do que uma colisão direta. Elas poderão, com o tempo, influenciar gravitacionalmente a Nuvem de Oort no Sistema Solar exterior, e arremessar milhões de cometas em direção ao Sistema Solar interior, que é exatamente onde nós estamos!
"Acho que podemos prever com segurança que as órbitas dos cometas seriam alteradas por esses encontros", comenta Bailer-Jones. Ele diz que uma chuva de cometas e asteróides poderia durar centenas ou milhares de anos por conta de uma passagem de uma estrela. Uma perturbação como essa já aconteceu antes, que segundo cientistas pode ter sido causada por gamma Microscopii, uma gigante G6 que chegou a apenas 1,14 ou 4,37 anos-luz da Terra, a cerca de 3,8 milhões de anos atrás. Coincidência?
Ilustração artística mostra o Sistema Solar interno (esquerda superior), o
Sistema Solar externo (esquerda inferior) e a Nuvem de Oort (grande e cinza à direita).
Créditos: Wikimedia Commons
E será que alguma dessas estrelas poderá trazer seus planetas nessa viagem? Provavelmente sim, mas não será tão próximo a ponto de colidir conosco, tampouco nos dará a chance de visitá-los (caso ainda estejamos por aqui). De acordo com Bailer-Jones, a sua velocidade ao redor de suas estrelas viajantes seria tão alta que seria mais difícil visitá-los do que fazer uma viagem para sistemas estelares mais distantes.
Bailer-Jones também adverte que algumas das estrelas estudadas na simulação têm "dados questionáveis", de modo que essas estimativas podem sofrer alterações futuramente. "Este estudo é limitado a estrelas que sabemos precisamente quais são suas distâncias e velocidades, ou seja, isso nos limita a estudar estrelas que estejam dentro de algumas dezenas de anos-luz do Sol".
Seus cálculos mostram que cerca de 42 estrelas passam a cerca de 6,4 anos-luz (2 parsec) do Sol a cada 20 milhões de anos, e as estrelas HIP 85605 e GL 710 podem ser as próximas.
O estudo foi divulgado na revista Astronomy & Astrophysics, e está disponível online no site arXiv.
Fonte: Astronomy & Astrophysics
Imagens: (capa-ilustração/NASA) / APOD / Wikimedia Commons
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
ALMA REVELA A IMAGEM UMA REVOLUCIONÁRIA GÊNESIS PLANETÁRIA
Esta nova imagem obtida com o ALMA, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, revela um detalhe extraordinário, nunca observado até hoje, de um disco de formação planetária em torno de uma estrela jovem.
Estas são as primeiras observações do ALMA feitas com a sua configuração quase final e as imagens mais nítidas obtidas até hoje no submilimétrico. Os novos resultados constituem um enorme passo em frente no estudo do desenvolvimento de discos protoplanetários e formação de planetas.
Para as primeiras observações do ALMA no seu novo modo mais poderoso, os pesquisadores apontaram as antenas à HL Tauri - um estrela jovem, a cerca de 450 anos-luz de distância, que se encontra rodeada por um disco de poeira . A imagem resultante superou todas as expectativas, já que revela detalhes inesperados no disco de material que sobrou da formação da estrela, mostrando uma série de anéis brilhantes concêntricos com enigmáticas regiões escuras, assim como intrigantes estruturas radiais e espaços em forma de arcos .
“Estas estruturas são quase com certeza o resultado de jovens corpos do tipo planetário formando-se no disco. Este fato é algo surpreendente já que não se espera que tais estrelas jovens possuam na sua órbita corpos planetários suficientemente grandes, capazes de produzir as estruturas observadas na imagem”, disse Stuartt Corder, Diretor Adjunto do ALMA.
“Assim que vimos esta imagem ficamos estupefados, sem palavras, com o nível de detalhe espetacular. HL Tauri não tem mais do que um milhão de anos e, no entanto, parece que o seu disco já está repleto de planetas em formação. Só esta imagem já é suficiente para revolucionar as teorias de formação planetária”, explica Catherine Vlahakis, Cientista de Programa Adjunta do ALMA e Cientista de Programa para a Campanha de Linha de Base Longa do ALMA.
O disco de HL Tauri parece estar muito mais desenvolvido do que seria de esperar de um sistema com esta idade. Ou seja, a imagem ALMA sugere igualmente que o processo de formação planetária deve ser muito mais rápido do que o que supúnhamos até agora.
Tal resolução pode ser atingida apenas com as capacidades de linha de base longa do ALMA, dando aos astrônomos informação que seria impossível obter com qualquer outra infraestrutura existente, incluindo o Telescópio Espacial Hubble. "A logística e infraestruturas necessárias para colocar as antenas a tais distâncias exigiram um trabalho de coordenação sem precedentes por parte de uma equipe internacional de engenheiros e cientistas", disse o Diretor do ALMA, Pierre Cox. "Estas linhas de base muito longas fazem com que o ALMA atinja um dos seus principais objetivos e assinalam um impressionante marco tecnológico, científico e de engenharia".
Estrelas jovens como HL Tauri nascem em nuvens de gás e poeira fina, em regiões que colapsaram devido ao efeito da gravidade e formaram núcleos densos e quentes, que eventualmente se incendiarão dando origem a jovens estrelas. Estas estrelas estão inicialmente embebidas num casulo do gás e da poeira que restou da sua formação. É este material que dá origem ao chamado disco protoplanetário.
É devido às muitas colisões que sofrem, que as partículas de poeira vão-se juntando, crescendo em aglomerações do tamanho de grãos de areia e pedrinhas. Finalmente, asteroides, cometas e até planetas serão formados no disco. Os jovens planetas quebram o disco, dando origem a anéis, espaços e buracos vazios, tais como os que observamos agora nas estruturas vistas pelo ALMA.
A investigação destes discos protoplanetários é crucial no sentido de percebermos como é que a Terra se formou no Sistema Solar. Observar os primeiros estágios de formação planetária em torno de HL Tauri pode mostrar-nos como é que o nosso próprio sistema planetário seria há mais de quatro bilhões de anos atrás, época da sua formação.
“A maior parte do que sabemos hoje acerca da formação planetária baseia-se na teoria. Imagens com este nível de detalhe têm sido, até agora, relegadas para simulações de computador e concepções artísticas. Esta imagem de alta resolução da HL Tauri mostra-nos até onde o ALMA pode chegar quando estiver a operar com a sua maior configuração e dá início a uma nova era na exploração da formação de estrelas e planetas”, diz Tim de Zeeuw, Diretor Geral do ESO.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
ESO OBSERVA UMA FLAMEJANTE FITA ESCONDIDA NA NEBULOSA DE ÓRION
Esta nova imagem das nuvens cósmicas na constelação de Órion revela o que parece ser uma fita flamejante no céu. O brilho laranja representa a radiação tênue emitida pelos grãos de poeira fria interestelar, em comprimentos de onda longos demais para poderem ser vistos com o olho humano. Esta imagem foi obtida pelo Atacama Pathfinder Experiment (APEX), operado pelo ESO no Chile.
As nuvens de gás e poeira interestelar são a matéria prima a partir da qual as estrelas se formam. No entanto, estes minúsculos grãos de poeira bloqueiam a nossa visão, não nos permitindo observar além das nuvens - pelo menos nos comprimentos de onda ópticos - o que dificulta a observação dos processos de formação estelar.
Esta é a razão pela qual os astrônomos usam instrumentos que são capazes de “ver” em outros comprimentos de onda. Na região do submilímetro, em vez de bloquear a radiação, os grãos de poeira brilham devido às suas temperaturas de algumas dezenas de graus acima do zero absoluto. O telescópio APEX com a sua câmera LABOCA, trabalhando nos comprimentos de onda do submilímetro, situado a uma altitude de 5000 metros acima do nível do mar, no planalto do Chajnantor, nos Andes chilenos, é a ferramenta ideal para este tipo de observação.
Esta imagem espectacular mostra apenas uma parte do complexo maior conhecido como a Nuvem Molecular de Órion, na constelação de Órion. Esta região, que apresenta uma mistura de nebulosas brilhantes, estrelas quentes jovens e nuvens de poeira fria, tem uma dimensão de centenas de anos-luz e situa-se a cerca de 1350 anos-luz de distância da Terra. O brilho emitido pelas nuvens de poeira fria nos comprimentos de onda do submilímetro está marcado a laranja na imagem e encontra-se sobreposto a uma imagem da região obtida na luz visível mais familiar.
A enorme nuvem brilhante que se vê na imagem, em cima e à direita, é a bem conhecida Nebulosa de Órion, também chamada Messier 42. Pode ser vista a olho nu, aparecendo como a ligeiramente tremida “estrela” do meio na espada de Órion. A Nebulosa de Órion é a região mais brilhante de uma enorme maternidade estelar onde novas estrelas estão se formando, sendo também o local mais perto da Terra onde se formam estrelas de grande massa.
As nuvens de poeira formam bonitos filamentos, lençóis e bolhas, como resultado de processos que incluem colapso gravitacional e efeitos de ventos estelares. Estes ventos são correntes de gás ejetado pelas atmosferas estelares, e são suficientemente poderosos para esculpir as nuvens circundantes nas formas convolutas que aqui se podem observar.
Os astrônomos utilizaram estes e outros dados do APEX, assim como imagens do Observatório Espacial Herschel da ESA, para procurar protoestrelas na região de Órion - uma fase inicial da formação estelar. Até agora conseguiram-se identificar 15 objetos que são muito mais brilhantes nos comprimentos de onda longos do que nos curtos. Estes raros objetos recém descobertos estão provavelmente entre as protoestrelas mais jovens encontradas até agora, o que ajuda os astrônomos a aproximarem-se mais do momento em que uma estrela começa a se formar.
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
OBSERVADO O ALINHAMENTO DE QUASARES AO LONGO DE BILHÕES DE ANOS LUZ
VLT revela alinhamento entre eixos de buraco negros supermassivos e estrutura em grande escala
Novas observações obtidas com o Very Large Telescope do ESO (VLT), no Chile, revelaram alinhamentos nas maiores estruturas descobertas no Universo até hoje. Uma equipe de pesquisa europeia descobriu que os eixos de rotação dos buracos negros centrais supermassivos numa amostra de quasares encontram-se paralelos entre si ao longo de distâncias de bilhões de anos-luz. A equipe descobriu também que os eixos de rotação destes quasares tendem a alinhar-se com as enormes estruturas da rede cósmica onde residem.
Os quasares são núcleos de galáxias onde existem buracos negros supermassivos muito ativos. Estes buracos negros encontram-se rodeados de discos de matéria em rotação extremamente quente, que é muitas vezes ejetada na direção dos seus eixos de rotação. Os quasares podem brilhar mais intensamente que todas as estrelas da galáxia onde se encontram.
Uma equipe liderada por Damien Hutsemékers da Universidade de Liège, na Bélgica, utilizou o instrumento FORS, montado no VLT, para estudar 93 quasares que se sabia que foram formados enormes grupos espalhados ao longo de bilhões de anos-luz, e que são observados quando o Universo tinha cerca de um terço da sua idade atual.
“A primeira coisa estranha em que reparamos foi que alguns dos eixos de rotação dos quasares estavam alinhados uns com os outros - apesar destes quasares se encontrarem separados de bilhões de anos-luz”, disse Hutsemékers.
A equipe foi mais longe e investigou se estes eixos de rotação estariam de algum modo ligados, não apenas entre si, mas também com a estrutura em larga escala do Universo nessa época.
Quando os astrônomos observaram a distribuição de galáxias em escalas de bilhões de anos-luz, descobriram que estes objetos não se encontram uniformemente distribuídos, mas formam uma rede cósmica de filamentos e nós em torno de enormes vazios onde as galáxias são mais escassas. Este intrigante arranjo de matéria é conhecido por estrutura em larga escala.
Os novos resultados do VLT indicam que os eixos de rotação dos quasares tendem a posicionar-se paralelamente às estruturas de larga escala, nas quais se encontram, ou seja, se os quasares se encontram num filamento comprido, os spins dos seus buracos negros centrais apontarão na direção do filamento. Os pesquisadores estimam que a probabilidade destes alinhamentos serem simplesmente um resultado aleatório é menor que 1%.
“A correlação entre a orientação dos quasares e a estrutura a que pertencem é uma importante previsão dos modelos numéricos de evolução do Universo. Estes dados nos fornecem a primeira confirmação observacional deste efeito, em escalas muito maiores do que o que tem sido observado até hoje em galáxias normais”, acrescenta Dominique Sluse do Argelander-Institut für Astronomie em Bona, Alemanha, e Universidade de Liège.
A equipe não conseguiu observar de forma direta os eixos de rotação ou os jatos dos quasares. Em vez disso, foi medida a polarização da radiação emitida por cada quasar e, para 19 deles, encontrou-se um sinal polarizado significativo. A direção desta polarização, combinada com outras informações, pôde ser utilizada para deduzir o ângulo do disco de acreção e consequentemente a direção do eixo de rotação do quasar.
“O alinhamento nos novos dados, em escalas ainda maiores do que as atuais previsões das simulações, poderá indicar que ainda falta um ingrediente nos nossos modelos do cosmos atuais”, conclui Dominique Sluse.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
ALMA DESCOBRE FÁBRICA DE COMETAS
Novas observações de uma “armadilha de poeira” em torno de uma estrela jovem solucionam mistério de longa data relativo à formação planetária
Com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), astrônomos obtiveram uma imagem de uma região em torno de uma estrela jovem, onde partículas de poeira podem crescer juntando-se umas às outras.
Esta é a primeira vez que uma armadilha de poeira deste tipo é claramente observada e modelada, resolvendo assim um mistério de longa data relativo ao modo como as partículas de poeira nos discos crescem até atingirem tamanhos suficientemente grandes, que as levem eventualmente a formarem cometas, planetas e outros corpos rochosos. Os resultados serão publicados em 7 de junho de 2013 na revista Science.
Os astrônomos sabem hoje em dia que existem inúmeros planetas em torno de outras estrelas, mas ainda não compreendem bem como é que estes corpos se formam, existindo igualmente muitos aspectos na formação de cometas, planetas e outros corpos rochosos que permanecem um mistério. Agora, novas observações que utilizam o potencial do ALMA, começam a responder a uma das maiores perguntas: como é que pequeníssimos grãos de poeira situados no disco em torno de uma estrela jovem crescem mais e mais, até atingirem o tamanho de cascalho ou mesmo pedregulhos com mais de um metro?
Os modelos de computador sugerem que os grãos de poeira crescem quando colidem uns com os outros, aglutinando-se. No entanto, quando estes grãos maiores chocam de novo a alta velocidade, ficam muitas vezes desfeitos em pedaços, voltando à casa de partida. Mesmo quando isso não acontece, os modelos mostram que os grãos maiores rapidamente se deslocam para o interior devido à fricção entre a poeira e o gás, caindo assim na estrela progenitora, o que não lhes deixa nenhuma hipótese de crescer mais.
Assim, os grãos de poeira precisam de um porto seguro onde as partículas possam continuar a crescer até atingirem um tamanho que lhes permita sobreviver por si mesmas . Tais “armadilhas de poeira” foram já sugeridas, mas até agora não havia prova observacional da sua existência.
Nienke van der Marel, estudante de doutoramento no Observatório de Leiden, Holanda, e autora principal do artigo científico que descreve os resultados, estava utilizando o ALMA em conjunto com os seus colaboradores para estudar o disco num sistema chamado Oph-IRS 48 . A equipe descobriu que a estrela se encontrava rodeada por um anel de gás com um buraco central, criado muito provavelmente por um planeta invisível ou por uma estrela companheira. Observações anteriores obtidas com o Very Large Telescope do ESO tinham já mostrado que as pequenas partículas de poeira formavam também uma estrutura similar em forma de anel. Mas a nova imagem ALMA, mostrando o local onde as partículas maiores, com tamanhos da ordem do milímetro, se encontravam era muito diferente!
“Ao princípio, a forma da poeira na imagem apanhou-nos completamente desprevenidos”, diz van der Marel. “Em vez do anel que esperávamos ver, encontrámos uma forma muito clara em caju! Tivemos que nos convencer que o que estávamos a ver era bem real, mas o sinal forte e a nitidez das observações ALMA não deixavam margem para dúvidas. Foi aí que nos demos conta do que tínhamos descoberto”.
O que tinha sido descoberto era uma região onde os grãos de poeira maiores se encontravam presos e podiam crescer muito mais ao colidir e aglutinar-se uns com os outros. Era uma armadilha de poeira - exatamente o que os teóricos procuravam.
Como van der Marel explica: “Provavelmente estamos a ver um tipo de fábrica de cometas, já que as condições são propícias aos crescimento das partículas, desde o milímetro até ao tamanho de cometas. Não é provável que a poeira dê origem a planetas a esta distância da estrela. Mas num futuro muito próximo, o ALMA será capaz de observar estas armadilhas de poeira muito mais próximas das estrelas progenitoras, onde os mesmos fenômenos estão ocorrendo. Tais locais seriam efetivamente os berços de planetas recém nascidos”.
Uma armadilha de poeira forma-se quando partículas de poeira grandes se movem em direção a regiões de alta pressão. Os modelos de computador mostram que tais regiões de alta pressão podem ter origem nos movimentos do gás situado na periferia de um buraco de gás - tal como o encontrado neste disco.
“A combinação de modelizações com observações do ALMA de alta qualidade tornam este projeto único”, diz Cornellis Dullemond do Instituto de Astrofísica Teórica em Heidelberg, Alemanha, um especialista em modelizações de discos e evolução de poeira, e membro da equipe. “Na altura em que estas observações estavam a ser feitas, estávamos nós precisamente a trabalhar em modelos que prediziam exatamente este tipo de estruturas: uma coincidência muito feliz”.
As observações foram feitas quando o ALMA ainda se encontrava em construção. A equipe usou os receptores da Banda 9 do ALMA, aparelhos feitos na Europa que permitem ao ALMA obter imagens extremamente nítidas.
“Estas observações mostram que o ALMA é capaz de nos dar ciência verdadeiramente original, e isto quando ainda operava com menos de metade da rede completa”, diz Ewine van Dishoeck do Observatório de Leiden, uma pessoa que tem contribuído de forma decisiva no projeto ALMA ao longo de mais de 20 anos. “Este incrível salto tanto em sensibilidade como em nitidez de imagem na Banda 9, dá-nos a oportunidade de estudar os aspectos básicos da formação planetária de maneiras que anteriormente não eram simplesmente possíveis”.
domingo, 4 de janeiro de 2015
ESO 1344: ALMA. INVESTIGA MISTÉRIO DOS JATOS EMITITIDOS POR BURACOS NEGROS GIGANTES
Duas equipes internacionais de astrônomos usaram o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA)
Para estudar os jatos emitidos por enormes buracos negros situados no centro das galáxias e observar como é que estes jatos afetam o seu meio circundante. As equipes obtiveram, respectivamente, a melhor imagem até hoje do gás molecular em torno de um buraco negro calmo próximo e inesperadamente viram de relance a base de um jato poderoso próximo de um buraco negro distante.
Existem buracos negros de massa extremamente elevada - com massas que vão até vários bilhões de vezes a massa solar - no coração de quase todas as galáxias do Universo, incluindo a nossa própria galáxia, a Via Láctea. Num passado distante, estes objetos estranhos encontravam-se muito ativos, engolindo enormes quantidades de matéria do seu meio circundante, brilhando intensamente e expelindo pequenas frações dessa matéria sob a forma de jatos extremamente poderosos. No Universo atual a maioria dos buracos negros de elevada massa encontram-se muito menos ativos do que na sua juventude, mas a interação entre os jatos e o meio circundante ainda afeta a evolução das galáxias.
Dois novos estudos, ambos publicados hoje na revista especializada Astronomy & Astrophysics, fizeram uso do ALMA para investigar jatos de buracos negros a escalas muito diferentes. Um dos estudos investigou um buraco negro próximo e relativamente calmo situado na galáxia NGC 1433, enquanto o outro observou um objeto muito distante e ativo chamado PKS 1830-211.
“O ALMA revelou uma estrutura em espiral surpreendente no gás molecular próximo do centro da NGC 1433”, diz Françoise Combes (Observatoire de Paris, França), autora principal do primeiro artigo científico. “Isto explica como é que o material flui para o interior, alimentando o buraco negro. Com as novas observações muito nítidas do ALMA descobrimos um jato de matéria sendo emitido pelo buraco negro e que se estende ao longo de apenas 150 anos-luz. Esta é a menor corrente molecular fluindo para o exterior já observada numa outra galáxia”.
A descoberta desta corrente de matéria, que está sendo arrastada com o jato emitido pelo buraco negro central, mostra como é que tais jatos podem fazer parar a formação estelar e regular o crescimento dos bojos centrais das galáxias.
Na PKS 1830-211, Ivan Martí-Vidal (Chalmers University of Technology, Onsala Space Observatory, Onsala, Suécia) e a sua equipe observaram também um buraco negro de massa extremamente elevada com um jato, mas muito mais brilhante e mais ativo que o anterior, situado no Universo primordial . Este objeto é incomum porque a sua intensa radiação atravessa uma galáxia de elevada massa situado no seu percurso a caminho da Terra, dividindo-se em duas imagens por efeito de lente gravitacional .
De vez em quando, os buracos negros de massa extremamente elevada engolem de repente uma enorme quantidade de matéria , a qual faz aumentar a potência do jato e consequentemente a radiação é emitida nas energias mais elevadas. O ALMA conseguiu agora, e completamente por acaso, capturar um destes eventos na PKS 1830-211.
“As observações ALMA no caso desta “indigestão” do buraco negro deram-se completamente por acaso. Estávamos observando a PKS 1830-211 por outro motivo, quando percebemos variações sutis na cor e na intensidade nas imagens da lente gravitacional. Uma análise muito cuidadosa deste comportamento inesperado levou-nos à conclusão de que estávamos observando, por um feliz acaso do destino, no exato momento em que matéria nova estava entrando na base do jato do buraco negro”, diz Sebastian Muller, co-autor do segundo artigo científico.
A equipe verificou também se este fenômeno violento teria sido observado por outros telescópios e ficou surpreendida ao descobrir um sinal de raios gama muito claro, graças a observações de monitorização do satélite Fermi-LAT. O processo que deu origem ao aumento de radiação nos longos comprimentos de onda observados pelo ALMA, foi igualmente responsável por aumentar de forma dramática a radiação no jato, levando-a até às energias mais elevadas do Universo.
“Esta é a primeira vez que se estabelece uma ligação tão clara entre raios gama e radiação rádio submilimétrica, proveniente da base do jato de um buraco negro”, acrescenta Sebastian Muller.
As duas novas observações são apenas o início das investigações levadas a cabo com o ALMA no âmbito do funcionamento de jatos emitidos por buracos negros de massa extremamente elevada, tanto próximos como distantes. A equipa de Combes está já estudando outras galáxias ativas próximas com o ALMA e o objeto PKS 1830-211 será o foco de muita investigação futura com o ALMA e outros telescópios.
“Há ainda muito para aprender sobre como é que os buracos negros criam estes enormes jatos energéticos de matéria e radiação”, conclui Ivan Martí-Vidal. “Mas os novos resultados, obtidos ainda antes do ALMA estar completamente construído, mostram que esta é uma ferramenta extremamente poderosa para estudar estes jacos. As descobertas estão apenas começando”.
sábado, 3 de janeiro de 2015
UMA SURPRESA EMPOEIRADA EM TORNO DE UM BURACO NEGRO GIGANTESCO
eso1327pt-br
O interferômetro do Very Large Telescope do ESO obteve as observações mais detalhadas até hoje da poeira situada em torno de um enorme buraco negro que se encontra no centro de uma galáxia ativa.
Cientistas ao encontrar toda a poeira brilhante num toro em forma de rosquinha circundando o buraco negro, os astrônomos descobriram que muita desta poeira se encontra acima e abaixo do toro. Estas observações mostram que a poeira está sendo empurrada para longe do buraco negro sob a forma de vento frio - uma descoberta surpreendente que desafia as atuais teorias e nos diz como é que um buraco negro de elevada massa evolui e interage com o meio que o circunda.
Nos últimos vinte anos, os astrônomos descobriram que quase todas as galáxias têm um enorme buraco negro no seu centro. Alguns destes buracos negros estão em fase de crescimento sugando matéria do meio circundante e dando origem neste processo aos objetos mais energéticos do Universo: os núcleos ativos de galáxias (NAGs). As regiões centrais destas brilhantes centrais de energia encontram-se rodeadas por "rosquinhas" de poeira cósmica arrancada do espaço circundante, um pouco como a água dá origem a um redemoinho em torno do ralo de uma lava-louças. Pensa-se que a maior parte da intensa radiação infravermelha emitida pelos NAGs tem origem nestes toros.
No entanto, novas observações de uma galáxia ativa próxima chamada NGC 3783, obtidas por uma equipe internacional de astrônomos, com o auxílio do Interferômetro do Very Large Telescope (VLTI) no Observatório do Paranal do ESO, no Chile , surpreenderam a equipe. Embora a poeira quente - com uma temperatura de cerca de 700 a 1000 graus Celsius - apresente, de fato, a forma de um toro como o esperado, encontraram-se igualmente enormes quantidades de poeira mais fria acima e abaixo do toro principal.
Como explica Sebastian Hönig (University of California Santa Barbara, USA e Christian-Albrechts-Universität zu Kiel, Alemanha), autor principal do artigo que descreve estes resultados, “Esta é a primeira vez que conseguimos combinar observações detalhadas no infravermelho médio da poeira fria, ie. à temperatura ambiente, em torno de um NAG com observações igualmente detalhadas da poeira muito quente. Estas observações representam igualmente a maior coleção de dados de um NAG obtidos no infravermelho pelo método de interferometria, publicados até hoje”.
A poeira recém descoberta forma um vento frio que sopra para longe do buraco negro. Este vento deve desempenhar um papel importante na relação complexa entre o buraco negro e o meio circundante. O buraco negro sacia o seu apetite devorador com material circundante, mas a intensa radiação que produz nesse processo parece estar ao mesmo tempo a afastar o material. Não é ainda claro como é que estes dois processos interagem, permitindo ao buraco negro crescer e evoluir no coração das galáxias, mas a presença de um vento de poeira acrescenta uma nova peça a este cenário.
De modo a investigar as regiões centrais de NGC 3783, os astrônomos necessitaram de combinar o poder dos Telescópios Principais do Very Large Telescope do ESO. Utilizando estes telescópios em uníssono formamos um interferômetro que consegue obter uma resolução equivalente à de um telescópio de 130 metros de diâmetro.
Outro membro da equipe, Gerd Weigelt (Max-Planck-Institut für Radioastronomie, Bonn, Alemanha), explica, ”Ao combinarmos a excelente sensibilidade dos grandes espelhos do VLT pelo método da interferometria, conseguimos coletar radiação suficiente para observar objetos tênues, o que nos permite estudar uma região tão pequena quanto a distância do Sol à estrela mais próxima, e isto numa galáxia a dezenas de milhões de anos-luz de distância. Nenhum outro sistema óptico ou infravermelho atualmente em existência seria capaz deste feito”.
Estas novas observações podem levar a alterações na compreensão dos NAGs. Temos agora uma evidência direta de que a poeira está sendo empurrada pela radiação intensa. Os modelos que prevêem como é que a poeira se distribui e como é que os buracos negros crescem e evoluem têm que, a partir de agora, levar em linha de conta este efeito recém descoberto.
Hönig conclui, “Tenho uma grande expectativa relativamente ao MATISSE, que permitirá combinar os quatro Telescópios Principais do VLT ao mesmo tempo e observar simultaneamente no infravermelho próximo e médio, o que nos dará dados muito mais detalhados”. O MATISSE, um instrumento de segunda geração para o VLTI, está atualmente sendo construído.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
ESO FAZ OBSERVAÇÃO DE ANEL DE EINSTEIN OU CRUS DE EINSTEIN
Formas particulares de lentes gravitacionais
Uma galáxia pode se esconder atrás de uma outra galáxia perfeitamente e paradoxalmente, torna-se em seguida,muito mais visível. Um objeto sólido, uma galáxia, por exemplo, que está entre um observador e uma fonte de luz distante, uma outra galáxia, imprime uma alta curvatura no espaço-tempo. Isto tem o efeito de desviar todos os raios de luz que passam perto do objecto, deformando assim as imagens recebidas pelo observador. Esta ilusão de que os astrónomos sabem bem é chamada lente gravitacional ou miragem gravitacional.
Quando as galáxias estão perfeitamente alinhados em relação ao observador, o telescópio hubble, por exemplo, assiste, em seguida, a um caso especial do miragem gravitacional chamado « anel de Einstein ». Se uma terceira galáxia também está alinhada a uma distância particular, com os dois primeiros, então estamos a assistir à formação de um segundo anéis de Einstein, um anel concêntrico maior que o primeiro.
Esta ampliação do brilho de um objeto celeste distante, por uma estrela massiva na frente, foi previsto pela teoria da relatividade geral em 1917. Os objetos maciços alterar a geometria do espaço e do tempo em sua vizinhança.
La luz, ele, sempre toma o caminho mais curto, mas em um espaço curvo modificado pela presença de uma massa enorme, o caminho mais curto não é uma linha reta. O percurso da luz é curvada na proximidade de estrelas maciças, os raios podem ser na forma de um anel de luz em torno do objecto próximo. Nesta imagem, a galáxia em primeiro plano aparece em amarelo, e atrás, a galáxia observada aparece em azul. Esta foto espetacular do objeto LGR 3-757 foi descoberto em 2007 nas imagens do programa SDSS (Sloan Digital Sky Survey).
Os objetos massivos que podem atuar como uma lente gravitacional ou um defletor são, as galáxias, os buracos negros e os aglomerados de galáxias. Uma estrela, apesar de ter uma massa muito menor do que a de um galáxia, também pode actuar como uma lente sobre um objecto a uma distância por trás dele. O efeito é, obviamente, muito menos poderoso, então estamos a falar de micro lente gravitacional. O « raio de Einstein » é o raio de um anel de Einstein.
Nota : A primeira observação de um anel de Einstein, em 1987, foi realizado por cientistas do MIT, liderados por Jacqueline Hewitt (Professor de Física). Era o objeto MG1131 + 0456. Artigo foi publicado na revista Nature 333, 9 de junho de 1988. A equipe fala sobre sua descoberta, e relata a descoberta de uma estrutura rara no fonte de rádio MG1131 + 0456. Em um mapa de rádio o objeto aparece como um anel elíptico de emissão, acompanhado por um par de fontes, mais compactos, quase diametralmente opostas e deslocadas ~ 0,3 segundo de arco sudoeste do anel. A morfologia desta fonte de rádio sugere que pode ser um exemplo do anel de Einstein, um caso muito especial de lente gravitacional no qual a fonte é imageada em um anel.
Imagem : Este caso particular de miragem gravitacional mostra um anel quase completo de estranhos objetos esticados em azul, que se estendem em um círculo, mas são somente que múltiplas visões de uma única galáxia. A gravidade da galáxia vermelha brilhante (LRG 3-757) tem distorcido a luz de uma galáxia azul muito mais distante localizado por trás dele. Isto é devido ao alinhamento quase perfeito da galáxia do fundo e da galáxia em primeiro plano que o telescópio Hubble foi capaz de fotografar um círculo. Estes anéis são chamados anéis de Einstein. Crédito: Domínio Público.
Outra forma especial de miragem gravitacional, é a Cruz de Einstein. A Cruz Einstein corresponde a 4 imagens do mesmo objeto que aparece em torno de uma galáxia em primeiro plano, graças a uma poderosa lente gravitacional. Na realidade, a estrutura formada por cinco pontos, o ponto central e os outros quatro pontos são as imagens de uma galáxia que quebra a luz de um único objeto distante (aqui um quasar) situado atrás em quatro pontos separados, na forma de cruz. A Cruz de Einstein é um dos melhores exemplos de lente gravitacional, que confirma visualmente a teoria da relatividade geral.
Imagem : imagem notável da galáxia conhecida como a UZC J224030.2 032.131 tomada pelo Telescópio Espacial Hubble (NASA / ESA). O núcleo da galáxia é objeto fraco e difusa no centro da estrutura em forma de cruz. A poderosa gravidade da galáxia actua como uma lente, que dobra e amplifica a luz do quasar por trás dele, produzindo uma imagem quádruplo do objecto distante. O quasar é situado a 11 bilhões de anos-luz de nós na direção da constelação de Pegasus, ele é visto como ele era há cerca de 11 bilhões de anos. A galáxia é cerca de 1 bilhão anos. O alinhamento entre os dois objetos é notável (0,05 segundo de arco), o que explica em parte por que essa estrutura pode ser observado visualmente. Esta imagem é provavelmente a imagem mais nítida já feita da Cruz de Einstein, que foi produzido pela câmera de campo largo de Hubble.
Às vezes, as lentes gravitacionais apresentam uma fogo de artifício de luz que são apenas múltiplas projeções dos mesmos objetos. A análise desta figura mostra que há, pelo menos, 33 projecções de luz, que correspondem a apenas 11 galáxias reais.
Imagem : Esta lente gravitacional mostra estranhos objetos desenhados azul. Esses objetos cósmicos que estão espalhados em um círculo nesta imagem, são que vários pontos de vista de uma única galáxia anular. A forma singular da galáxia azul do fundo (no centro do aglomerado), permitiram inferir que é a mesma galáxia que vemos nesta imagem a 4 horas, 10 horas, 11 horas e 12 horas. Esta foto espetacular do aglomerado galáctico CL0024+1654 foi feita pelo Telescópio Espacial Hubble em novembro de 2004.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
SONDA CURIOSITY DESCOBRE ANTIGO LAGO MARCIANO
O passado de Marte parece cada vez mais promissor...
Uma cratera gigante em Marte pode ter sido capaz de suportar vida microbiana (ou até mesmo vidas mais complexas) durante milhões de anos no passado antigo. Como isso pode ter ocorrido? A sonda Curiosity descobriu algo surpreendente: essa enorme cratera na verdade era um grande lago de água líquida!
A sonda Curiosity encontrou evidências para afirmar que havia um lago na famosa Cratera Gale em Marte. Essa cratera de 154 km tem sido explorada pela sonda desde sua aterrissagem em agosto de 2012. Hoje, a Cratera Gale faz parte de uma paisagem com visual seco e inóspito, mas no passado, o escoamento da borda da cratera criou um lago que depositou sedimentos, construindo gradualmente o Monte Sharp, uma montanha que se eleva a cerca de 5.5 km de altura a partir do centro da cratera.
"Este lago era grande o suficiente e pode ter durado milhões de anos, o que seria tempo suficiente para que a vida prosperasse, assim como foi tempo suficiente para que sedimentos se acumulassem formando o Monte Sharp", comenta Michael Meyer, cientista-chefe do Programa de Exploração de Marte na sede da NASA, em Washington, EUA.
A sonda Curiosity da NASA observa a direção oeste, vista inclinada de "Zabriskie Plateau", a nordeste de "Pahrump Hills"na base do Monte Sharp. Imagem liberada no dia 8 de dezembro de 2014. Créditos: NASA / JPL-Caltech / MSSS
Para que o lago da Cratera Gale existisse, Marte devia ser um lugar muito diferente a cerca de 3,5 bilhões de anos atrás, segundo cientistas responsáveis pela missão Curiosity. Marte devia ser mais quente, mais úmido e com uma atmosfera muito mais espessa. Mas os modelos climáticos têm dificuldade em explicar como tais condições poderiam existir por longos períodos em Marte. Mais pesquisas são necessárias para que possamos "ligar os pontos".
"Talvez, o que vemos hoje, pode ser explicado como um resultado de climas quentes e úmidos criados por vulcanismos, mudanças orbitais ou até grandes impactos de asteróides. Cada um desses eventos pode ter criado condições para que Marte se tornasse quente e úmido por centenas ou talvez milhares de anos, o que poderia ser suficiente para encher a Cratera Gale de novas camadas de sedimentos.
A sonda Curiosity chegou no Monte Sharp em setembro desse ano após uma caminhada de 14 meses. A sonda passou seu primeiro ano em Marte perto de seu local de pouso, onde encontrou fortes evidências de um antigo lago e de um sistema de fluxo de águas que poderia ter abrigado vida há muito tempo. Os últimos resultados reforçam ainda mais essa hipótese, e ampliam o horizonte para, quem sabe, encontrar evidências de vida em Marte.
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