segunda-feira, 31 de julho de 2017

A HISTÓRIA DE TRÊS CIDADES ESTELARES



A partir de nova observações obtidas com o Telescópio de Rastreio do VLT do ESO, astrônomos descobriram três populações distintas de estrelas bebês no Aglomerado da Nebulosa de Orion. 
Esta descoberta inesperada ajuda a compreender melhor como é que se formam este tipo de aglomerados, sugerindo que a formação estelar pode acontecer em surtos, onde cada um ocorre numa escala de tempo muito mais rápida do que se pensava anteriormente.
A OmegaCAM — a câmera de grande angular óptica montada no Telescópio de Rastreio do VLT do ESO (VST) — capturou de forma detalhada a Nebulosa de Orion e o seu aglomerado associado de estrelas jovens, dando origem a esta imagem. Este objeto é uma das maternidades estelares mais próximas de nós, onde nascem tanto estrelas de grande como de pequena massa, situada a cerca de 1350 anos-luz de distância.
Esta imagem é mais do que apenas uma fotografia bonita. Uma equipe de astrônomos, liderada pelo astrônomo do ESO Giacomo Beccari, usou estes dados de qualidade sem precedentes para medir de forma precisa o brilho e as cores de todas as estrelas do aglomerado da Nebulosa de Orion. Estas medições permitiram aos astrônomos determinar a massa e idade das estrelas. Surpreendentemente, os dados revelaram três sequências de potenciais idades diferentes.
“Ao analisar pela primeira vez os dados, ficamos bastante surpreendidos,” disse Beccari, o autor principal do artigo científico que apresenta estes resultados. “A excelente qualidade das imagens OmegaCAM revelou sem sombra de dúvidas que estamos a observar três populações estelares distintas nas regiões centrais de Orion.”
Monika Petr-Gotzens, co-autora do artigo, e que também trabalha no ESO em Garching, explicou, “Este resultado é extremamente significativo. O que estamos vendo é que, neste aglomerado, as estrelas na fase inicial das suas vidas não se formaram todas em simultâneo, o que quer dizer que o nosso conhecimento relativa à formação de estrelas em aglomerados pode ter que ser modificado.”
Os astrônomos investigaram cuidadosamente a possibilidade dos diferentes brilhos e cores de algumas das estrelas terem origem em estrelas companheiras escondidas, em vez de indicarem idades diferentes, o que faria com que as estrelas parecessem mais brilhantes e vermelhas do que o são na realidade. No entanto, esta explicação implicaria a existência de propriedades bastante diferentes desses pares, propriedades que nunca foram observadas anteriormente. Outras medições das estrelas, tais como velocidades de rotação e espectros, apontam também para que as suas idades sejam diferentes .
“Embora não possamos ainda refutar formalmente a possibilidade destas estrelas serem binárias, parece muito mais natural aceitar que estamos observando três gerações de estrelas que se formaram em sucessão durante um intervalo de tempo de cerca de 3 milhões de anos,” concluiu Beccari.
Os novos resultados sugerem fortemente que a formação estelar no aglomerado da Nebulosa de Orion ocorre em surtos e mais rapidamente do que se pensava anteriormente.

domingo, 30 de julho de 2017

UMA VISÃO DUPLA

Visão dupla
A cerca de 95 milhões de anos-luz de distância, na constelação do Oitante, situa-se NGC 7098 uma galáxia espiral intrigante com vários grupos de estruturas duplas. 
O primeiro destes grupos é o duo de estruturas em forma de anel que se enrolam à volta do coração nebuloso da galáxia, os braços espirais de NGC 7098. Esta região central abriga uma segunda estrutura dupla: uma barra dupla.
NGC 7098 também desenvolveu estruturas chamadas ansas, visíveis sob a forma de traços pequenos e brilhantes situados em cada ponta da região central. As ansas são áreas visíveis de grande densidade e que normalmente tomam formas lineares, circulares ou em nó, podendo ser encontradas nas extremidades dos sistemas de anéis planetários, em nuvens difusas e, como é o caso de NGC 7098, em partes de galáxias que estão repletas de estrelas.
Esta imagem foi criada a partir de dados obtidos pelo instrumento FORS (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph), instalado no Very Large Telescope do ESO no Observatório do Paranal. Também está visível na imagem um conjunto de galáxias distantes, sendo a mais proeminente uma pequena galáxia espiral vista de perfil do lado esquerdo de NGC 7098, chamada ESO 048-G007.
Crédito: ESO

sábado, 29 de julho de 2017

TRÊS ESTRELAS ZUMBIS PODEM DERRUBAR A TEORIA DA RELATIVIDADE GERAL DE ALBERT EINSTEIN

sistema triplo de estrelas PSR J0337+1715
Um sistema de três estrelas pode nos revelar a verdadeira natureza da gravidade...
Um sistema ternário de estrelas - composto por 3 indivíduos - descoberto em 2012 por astrônomos do Observatório Nacional de Radioastronomia da Virgínia, nos EUA, está atraindo a atenção de cientistas do mundo todo. O motivo? O grupo de 3 estrelas, localizado a 4,2 anos-luz de distância, pode derrubar (ou fortalecer) a teoria da relatividade geral, de Albert Einstein.
As três estrelas formam um sistema, junto com o pulsar PSR J0337+1715, localizado na direção da constelação de Touro. Elas só foram reveladas ao público em 2014, ficando conhecidas como "estrelas zumbis".
A razão para serem apelidadas de "zumbis" é o fato das três estrelas já terem entrado em colapso: duas são anãs brancas (restos mortais de estrelas como o Sol que após morrerem, deixam seu núcleo denso para trás), e a outra é um pulsar, ou seja, uma estrela de nêutrons super densa e pequena, com apenas 24 quilômetros de diâmetro, mas com uma massa de 1,5 vezes a do nosso Sol.
sistema triplo de estrelas PSR J0337+1715
sistema triplo de estrelas PSR J0337+1715
Ilustração artística mostra o pulsar (à esquerda) a anã branca central (centro) e a anã branca mais externa (parte superior direita). Créditos: Bill Saxton / NRAO / AUI / NSF
Essa estrela de nêutrons completa uma rotação a cada 2,73 milissegundos, emitindo pulsos de rádio perfeitamente sincronizados e regulares - o relógio mais pontual do Universo.
Zumbis x Einstein
Por conter 3 corpos super densos, ou seja, 3 campos gravitacionais extremos, esse sistema pode revelar detalhes minuciosos sobre a relatividade geral de Einstein.
A estrela mais externa do sistema é uma anã branca, localizada a uma distância do centro do sistema equivalente a distância média entre a Terra e o Sol. No centro encontra-se a outra estrela anã branca e o pulsar.
Localização do pulsar PSR J0337+1715
Localização do pulsar PSR J0337+1715
Essa imagem mostra o pulsar PSR J0337+1715, na direção da constelação de Touro.
Créditos: Ransom SM et al.
Assim como uma pena e um martelo em queda livre devem levar o mesmo tempo para atingir o solo (sem considerar o atrito do ar), o pulsar e anã branca interna devem reagir da mesma forma à atração gravitacional da anã branca mais externa - o princípio da equivalência. Isso é o que se espera desse trio de estrelas zumbis.
Mas, se por algum motivo, o princípio da equivalência for violado, e a órbita do par interno for um pouco mais elíptica do que deveria, então a teoria da relatividade geral poderá estar errada, e precisará ser revisada.
Em breve, novos resultados dessa pesquisa serão revelados. Enquanto isso, o princípio da equivalência será testado com uma precisão 100 vezes maior do que obtida em testes anteriores. Até lá, fica a dúvida: será que a teoria de Einstein terá de ser revisada, ou as estrelas zumbis apenas provarão que o famoso físico alemão estava certo o tempo todo?
Imagens: (capa-ilustração/Bill Saxton/NRAO/AUI/NSF) / Bill Saxton / NRAO / AUI / NSF / Ransom SM et al.


sexta-feira, 28 de julho de 2017

O INTERIOR DA LUA PODE HAVER MUITA ÁGUA DIZ ESTUDO

Face oculta da Lua
interior da Lua pode conter grandes quantidades de água 
Grandes quantidades de água podem estar encapsuladas em regiões profundas da Lua!
Antigos depósitos vulcânicos lunares revelam novas evidências sobre o interior da Lua, trazendo a possibilidade de haver água! O estudo foi publicado na revista Nature Geoscience.
Usando dados de satélite, cientistas da Universidade Brown estudaram depósitos lunares piroclásticos - camadas de rochas formadas por antigas erupções vulcânicas. O magma associado a esses eventos explosivos veio de regiões profundas, e foi levado para a superfície da Lua.
Estudos anteriores já haviam mostrado traços de gelo de água em regiões sombreadas, nos pólos lunares. Mas tudo indica que essa água é resultante do hidrogênio do vento solar, de acordo com Ralph Milliken, geólogo da Universidade Brown e principal autor do estudo. A nova pesquisa no entanto, encontrou evidência de grandes quantidades de água, mas que dessa vez estaria encapsulada no interior da Lua (em seu manto).
Os pesquisadores analisaram dados do instrumento Layer Mineralogy Mapper, a bordo da sonda indiana Chandrayaan-1, que mede a reflexão da luz solar na luz visível e no infravermelho. Os cientistas então isolaram a refelxão da luz solar da energia térmica emitida pela superfície quente da Lua. "Diferentes materiais e compostos irão absorver e refletir a luz de maneiras diferentes, então, nesse caso, analisamos os comprimentos de onda onde as moléculas H2O e OH absorvem a luz", disse Ralph Milliken. "Descobrimos maiores absorções, ou seja, menos luz refletida, nesses comprimentos de onda em depósitos piroclásticos, o que indica que eles contém OH e ou H2O."
mapa mostra áreas onde pode ter mais água na Lua

mapa mostra áreas onde pode ter mais água na Lua
Mapa mostra as regiões mais ricas em água, coloridas em amarelo e vermelho.
Créditos: Milliken lab / Brown University
Cientistas da Universidade Brown detectaram anteriormente vestígios de água em amostras vulcânicas trazidas para a Terra nas missões Apollo 15 e 17. No entanto, as amostras das missões Apollo não foram coletadas desses grandes depósitos piroclásticos.
"Nosso trabalho mostra que quase todos os grandes depósitos piroclásticos também contêm água, então isso parece ser uma característica comum dos magmas que vêm do profundo interior lunar", disse Milliken.
Como tanta água foi parar na Lua?
Essa questão - de como a água entrou no interior da Lua - ainda permanece sem solução. Acredita-se que o evento de impacto que teria gerado a Lua era muito energético e quente para que a água permanecesse em estado líquido, ou para que fosse aprisionada. Uma opção é que a água teria sido entregue após o grande evento de impacto, mas antes da Lua se resfriar completamente. Provavelmente essa água teria sido entregue com impactos de cometas e asteroides...
Antigos depositos vulcânicos lunares sugerem que existe uma grande quantidade de água no interior da Lua
Ilustração.
Antigos depósitos vulcânicos sugerem que existe uma grande quantidade de água no interior da Lua.
Créditos: Olga Prilipko Huber
As evidências de água nas profundezas da Lua traz implicações até mesmo para a Terra, afinal, se até a Lua possui água presa em seu interior, provavelmente a Terra também deve ter passado pelos mesmos processos.
Outro fator muito importante é que, por ser vital para a nossa forma de vida, a água deve ser levada junto com astronautas em toda e qualquer missão espacial. Mas a água é pesada, e seu transporte é muito caro. Esses depósitos piroclásticos parecem ser bem mais fáceis de serem acessados do que os depósitos de água encontrados nas áreas sombreadas nos pólos lunares, o que poderia facilitar drasticamente as futuras missões e bases na Lua.
Os cientistas deverão mapear os depósitos piroclásticos com mais detalhes, para entender melhor como as concentrações de água variam em diferentes locais da Lua.
Milliken observou também que esses depósitos podem ser ótimos alvos para futuras explorações lunares, pois as amostras poderiam refinar ainda mais o teor de água estimado no interior da Lua. "Quanto mais entendemos a quantidade de água existente, então melhor podemos estimar os processos responsáveis ​​e a utilidade dos depósitos para a futura exploração humana".
Imagens: (capa: ilustração/divulgação) / Milliken lab / Brown University / Olga Prilipko Huber

segunda-feira, 24 de julho de 2017

SSERÁ QUE PODEREMOS ENCONTRAR VEGETAÇÃO NO SISTEMA TRAPPIST-1

vegetação no sistema TRAPPIST-1 - possibilidade
Um dos planetas do sistema TRAPPIST-1 pode ser o lar de uma densa vegetação escura e bem diferente daquela que conhecemos na Terra...
Um novo estudo, liderado por Tommaso Alberti, da Universidade da Calábria, na Itália, está desvendando a possibilidade de haver vegetação no sistema TRAPPIST-1 e como podemos detectá-la.
A equipe analisou qual seria a quantidade de água e de terra que poderia existir em cada planeta do sistema TRAPPIST-1, e deduziu que qualquer vegetação deveria mudar a aparência de cada planeta. A pesquisa foi divulgada na revista The Astrophysical Journal.
TRAPPIST-1 - ilustração
Ilustração artística mostra como poderia ser a aparência de um dos planetas do sistema TRAPPIST-1.
Créditos: NASA / JPL-Caltech
O sistema TRAPPIST-1 ganhou o estrelato no início de 2017, quando foram descobertos sete planetas em órbita ao redor de uma estrela anã vermelha a 40 anos-luz de distância, com a maior quantidade de planetas rochosos encontrados em um sistema. Pelo menos três deles pareciam estar na zona habitável da estrela, onde as condições são propícias para que a água exista na forma líquida na superfície, e talvez, a vida como a conhecemos.
No estudo, os pesquisadores usaram um "modelo de equilíbrio de energia simples climático-vegetativo" para estudar o clima de cada planeta. O planeta TRAPPIST-1d parece ser o planeta mais estável para condições de vida parecidas com a da Terra, pois ele orbita sua estrela a uma distância mais adequada para a existência de água líquida. Isso foi surpreendente, pois anteriormente, os planetas f e g pareciam mais propícios.
Embora não possamos olhar diretamente para os planetas, podemos observar a luz da estrela que passa pela atmosfera deles. No futuro, também poderemos ver a luz refletida em suas superfícies, o que poderia ser vital para descobrir se eles são habitáveis.
Neste último estudo, os pesquisadores disseram que a radiação emitida por cada planeta poderia estar ligada com a vegetação e também com a composição atmosférica, de modo que estudos adicionais poderiam revelar algumas características da superfície.
Uma vez que o efeito de estufa de uma atmosfera possa ser detectado e medido, futuros telescópios poderão confirmar a presença de continentes e de vegetação nos planetas de TRAPPIST-1, assim como em outros mundos, segundo a equipe.
Vegetação em outros planetas
Vegetação em outros planetas
Ilustração artística mostra como poderia ser a vegetação em outros mundos.
Créditos: Caltech / Doug Cummings / divulgação
"Somos capazes de investigar diferentes cenários para o sistema planetário TRAPPIST, desde planetas rochosos até planetas parecidos com a Terra, com condições de efeito estufa similar ou diferente, e definir a vegetação em um estado climático particular", disse Alberti.
E não é a primeira vez que esse assunto vem á tona. Os cientistas já propuseram que o tipo de luz refletida poderia revelar se existe vegetação presente, e qual seria a forma dessa vegetação. Curiosamente, como a estrela do sistema TRAPPIST-1 emite luz principalmente no infravermelho, acredita-se que a vegetação nesses planetas poderia ser mais escura a fim de absorver mais energia.
"Se pousássemos em um desses planetas, não espere ver um oásis ou florestas verdes", disse Lisa Kaltenegger, diretora do Instituto Carl Sagan, em Nova York. "Você realmente veria plantas que basicamente absorvem toda a luz, e que não refletem nada. Portanto, seria uma vegetação muito escura para absorver toda a luz, e qualquer energia."
Imagens: (capa-ilustração/NASA) / NASA / JPL-Caltech / Doug Cummings / divulgação

domingo, 23 de julho de 2017

ESTRANHOS SINAIS DE RÁDIO FORAM DETECTADOS VINDOS DE ESTRELA ANÃ VERMELHA PRÓXIMA

sinais de radio vindo da estrela Ross 128
Existem três grandes hipóteses para explicar os estranhos sinais, mas nenhuma delas parece estar correta...
Estranhos sinais de rádio foram detectados vindo da zona de uma estrela relativamente próxima. O rádio telescópio de Arecibo, que mede 305 metros de largura, localizado no Porto Rico, detectou "alguns sinais peculiares" no dia 12 de maio de 2017. Os sinais aparentemente estavam vindo de Ross 128 - uma estrela anã vermelha que fica a apenas 11 anos-luz de distância, na constelação de Virgem. Apesar de ser uma estrela bem próxima de nós, seu brilho é muito tênue para ser enxergado a olho nu.
"Os sinais consistiam em pulsos quasi-periódicos não polarizados de banda larga com características de dispersão muito fortes", disse Abel Mendez, diretor do Laboratório de Habitabilidade Planetária da Universidade de Porto Rico.
"Acreditamos que os sinais não são interferências locais de radiofrequência (RFI), uma vez que são exclusivas de Ross 128, e as observações de outras estrelas feitas um pouco antes e depois não mostraram nada semelhante", acrescentou.
De acordo com Mendez, as três principais explicações para os estranhos sinais são emissões de energia solar de Ross 128; emissões de outro objeto no mesmo campo de visão ou então uma explosão de algum satélite em órbita da Terra.
Mas não é tão fácil entender de fato o que está acontecendo. Cada uma dessas explicações tem seus contraditórios. As emissões de energia solar, por exemplo, geralmente ocorrem em frequências mais baixas, e nunca foi registrado um satélite explodindo que emitisse sinais dessa magnitude
Rádio telescópio de Arecibo
Rádio telescópio de Arecibo, em Porto Rico. Créditos: Observatório de Arecibo / NSF
No quesito vida extraterrestre avançada, Mendez explica que essa é uma das últimas hipóteses a ser cogitada. A equipe responsável por essa descoberta continuará observando a estrela Ross 128, juntamente com a estrela de Barnard, uma anã vermelha localizada a apenas 6 anos-luz da Terra. Essas observações, feitas com o telescópio de Arecibo fazem parte de uma campanha para entender melhor a radiação e os ambientes magnéticos das anãs vermelhas, e procurar por sinais de planetas que ainda não foram descobertos. Outras equipes de investigadores também estão acompanhando essas estrelas, como os cientistas do instituto SETI (pesquisa de Inteligência Extraterrestre), por exemplo.
De acordo com todos os pesquisadores envolvidos, a hipótese do sinal se tratar de algum tipo de comunicação de civilização extraterrestre inteligente é realmente muto pouco provável. Um dos motivos seria o fato do sinal não ter sido replicado, o que, de acordo com os pesquisadores, seria um requisito fundamental para um sinal crível de uma civilização extraterrestre.
Por outro lado, os cientistas não descartam a possibilidade de civilização inteligente. Segundo Seth Shostak, astrônomo senior do Instituo SETI, a hipótese de E.T.s não deve ser descartada. "A lição histórica é clara. Essas coisas aparecem, e você tem que acompanhá-las, porque você nunca sabe qual será um verdadeiro contato, se é que haverá um", disse ele. "O acompanhamento é obrigatório."
Imagens: (capa-ilustração/STELLARIUM) / Observatório de Arecibo / NSF

sábado, 22 de julho de 2017

ESO OBSERVA BILHÕES DE NOVOS VIZINHOS

Bilhões de novos vizinhos?
Os objetos que os astrônomos chamam de anãs marrons estão entre a definição de planeta e estrela. 
Tratam-se de esferas de gás com mais massa que um planeta, mas sem massa suficiente para sustentarem a fusão estável de hidrogênio, como acontece numa estrela. Como emitem pouca luz visível, foram descobertas apenas em 1995, e até agora a maioria das anãs marrons conhecidas encontram-se a no máximo 1500 anos-luz de distância de nós.
Agora, astrônomos usaram a câmera infravermelha com óptica adaptativa NACO, montada no Very Large Telescope do ESO, para observar o aglomerado estelar RCW 38 na constelação da Vela, a cerca de 5500 anos-luz de distância da Terra. Esta Foto da Semana mostra a região central de RCW 38; as imagens inseridas de lado mostram um subconjunto de candidatas a anãs marrons detectadas no centro deste aglomerado.
Os cientistas encontraram cerca de uma anã marrom para cada duas estrelas nesse aglomerado. A partir destes resultados, e do estudo de outros aglomerados estelares, os astrônomos estimaram que a Via Láctea contenha, pelo menos, de 25 a 100 bilhões de anãs marrons. RCW 38 contém muito provavelmente ainda mais anãs marrons mais tênues e menos massivas, que por isso se encontram além dos limites de detecção da imagem. Ou seja, esta nova estimativa poderá estar significativamente subestimada. Rastreios adicionais revelarão o verdadeiro número de anãs marrons que se escondem na Via Láctea.

terça-feira, 18 de julho de 2017

CHANDRA OBSERVA A REGIÃO DE FORMAÇÃO ESTELAR W 51


Nuvens moleculares gigantes, contendo principalmente hidrogênio e hélio, são onde a maioria das novas estrelas e planetas se formam.
W51 é um dos objetos mais próximos da Terra, por isso é um excelente objetivo para aprender mais sobre o processo de formação de estrelas.
Uma nova imagem composta de W51 com dados de raios X de Chandra (azul) e Spitzer (laranja e amarelo-verde) está sendo liberada.
Os dados de raios-X mostram que as estrelas jovens são muitas vezes agrupadas em aglomerados, enquanto banham seus arredores em luz de alta energia.
No contexto do espaço, o termo "nuvem" pode significar algo bastante diferente das coleções brancas macias de água no céu ou uma maneira de armazenar dados ou processar informações. As nuvens moleculares gigantes são vastos objetos cósmicos, compostos principalmente por moléculas de hidrogênio e átomos de hélio, onde nascem novas estrelas e planetas. Essas nuvens podem conter mais massa do que um milhão de sóis e se esticar em centenas de anos-luz .
A nuvem molecular gigante conhecida como W51 é uma das mais próximas da Terra a uma distância de aproximadamente 17 mil anos-luz. Devido à sua proximidade relativa, o W51 fornece aos astrônomos uma excelente oportunidade de estudar como as estrelas estão se formando na nossa galáxia da Via Láctea .
Uma nova imagem composta do W51 mostra a saída de alta energia deste viveiro estelar, onde os raios X de Chandra são de cor azul. Em cerca de 20 horas de tempo de exposição de Chandra , mais de 600 estrelas jovens foram detectadas como fontes de raios-X semelhantes a pontos, e também foi observada emissão difusa de raios-X de gás interestelar com uma temperatura de um milhão de graus ou mais. A luz infravermelha observada com o telescópio espacial Spitzer da NASA parece laranja e amarelo-verde e mostra gás fresco e estrelas cercadas por discos de material legal.
W51 contém múltiplos conjuntos de estrelas jovens. Os dados de Chandra mostram que as fontes de raios X no campo são encontradas em pequenos grupos, com uma clara concentração de mais de 100 fontes no cluster central, chamado G49.5-0.4 (pan sobre a imagem para encontrar essa fonte).
Embora a nuvem molecular gigante W51 preenche todo o campo de visão desta imagem, há grandes áreas em que Chandra não detecta raios X difusos e de baixa energia a partir de gás interestelar quente. Presumivelmente, regiões densas de material refrigerante deslocaram esse gás quente ou bloquearam os raios X dele.
Imagem de raio-X etiquetada mostrando localização em estrela maciça
Imagem de raio-X etiquetada mostrando localização em estrela maciça
Uma das estrelas maciças do W51 é uma fonte de raios-X brilhante que é cercada por uma concentração de fontes de raios-X muito mais fracas, como mostrado em uma visão de close-up da imagem de Chandra. Isso sugere que as estrelas maciças podem se formar quase isoladamente, com apenas algumas estrelas de massa mais baixas do que o conjunto completo de centenas que são esperados em conjuntos de estrelas típicas.
Outro grupo jovem e massivo localizado perto do centro do W51 hospeda um sistema estelar que produz uma fração extraordinariamente grande das raios X de energia mais altas detectadas por Chandra da W51. As teorias para a emissão de raios-X de estrelas únicas maciças não podem explicar esse mistério, então provavelmente requer a interação próxima de duas estrelas muito jovens e maciças. Essa radiação intensa e energética deve mudar a química das moléculas que cercam o sistema estelar, apresentando um ambiente hostil para a formação de planetas.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

IMAGEM DE BETELGEUSE CAPTURADO PELO ALMA

Betelgeuse capturada pelo ALMA
Esta mancha alaranjanda é a estrela próxima Betelgeuse, vista pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA).
É a primeira vez que o ALMA observa a superfície de uma estrela, sendo esta primeira tentativa resultado na imagem com a maior resolução conseguida até hoje para Betelgeuse.
Betelgeuse é uma das maiores estrelas conhecidas — com um raio de cerca de 1400 vezes superior ao do Sol no contínuo milimétrico. Situada a cerca de 600 anos-luz de distância na constelação de Orion, esta supergigante vermelha brilha intensamente, o que lhe dará uma vida curta. A estrela tem apenas cerca de 8 milhões de anos de idade, mas já está no processo de se transformar numa supernova. Quando isso acontecer, a explosão resultante poderá ser vista a partir da Terra, mesmo em plena luz do dia.
Comparação de tamanhos: Betelgeuse e o Sol
Comparação de tamanhos: Betelgeuse e o Sol
Esta imagem, obtida com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), mostra a supergigante vermelha Betelgeuse  uma das maiores estrelas conhecidas.
 No contínuo milimétrico, esta estrela é cerca de 1400 vezes maior que o Sol. As anotações sobrepostas mostram quão grande é a estrela quando comparada ao Sistema Solar.
Betelgeuse cobriria os quatro planetas terrestres — Mercúrio, Vênus, Terra e Marte  e ainda o gigante gasoso Júpiter.
Apenas Saturno ficaria para além da sua superfície.
Esta estrela tem sido observada em muitos comprimentos de onda, em particular no visível, no infravermelho e no ultravioleta. Com o auxílio do Very Large Telescope do ESO, os astrônomos descobriram uma enorme pluma de gás quase tão grande como o nosso Sistema Solar e também uma bolha gigante em ebulição na superfície de Betelgeuse. Estas estruturas ajudam a explicar como é que a estrela perde gás e poeira a taxas elevadíssimas (eso0927, eso1121). Nesta imagem, o ALMA observou o gás quente da cromosfera inferior de Betelgeuse nos comprimentos de onda submilimétricos — onde temperaturas elevadas localizadas explicam a sua assimetria. O ALMA ajuda-nos assim a compreender as atmosferas extensas destas estrelas quentes e resplandescentes.
Crédito:
ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/E. O’Gorman/P. Kervella

domingo, 16 de julho de 2017

SONDA ESPACIAL FAZ A MAIOR APROXIMAÇÃO DA GRANDE MANCHA VERMELHA COM IMAGENS ESPETACULARES

A Grande Mancha Vermelha fotografada durante máxima aproximação de Juno
A Grande Mancha Vermelha fotografada durante máxima aproximação de Juno 
Uma das características mais intrigantes de Júpiter é revelada em imagens inéditas!
A câmera a bordo da sonda Juno, da NASA, registrou imagens das características mais icônicas da famosa Grande Mancha Vermelha durante seu sobrevoo ocorrido em 10 de julho. As imagens mostram o maior furacão do Sistema Solar de uma forma nunca antes vista!
"Por centenas de anos, os cientistas observaram, imaginaram e teorizaram sobre A Grande Mancha Vermelha de Júpiter", disse Scott Bolton, investigador principal da missão Juno. "Agora, temos as melhores fotos dessa tempestade icônica. Levará algum tempo para analisar todos os dados, não só da JunoCam, mas dos oito instrumentos científicos de Juno, e assim lançar uma nova luz sobre o passado, presente e futuro da Grande Mancha Vermelha".
Conforme planejado pela equipe Juno, voluntários de projetos de ciência cidadã processaram as imagens brutas do sobrevoo de Juno, fornecendo um nível de detalhamento mais elevado. As imagens processadas por voluntários, bem como as imagens brutas prontas para processamento podem ser encontradas na galeria de fotos do site oficial da missão Juno.
A Grande Mancha Vermelha - aproximação da sonda Juno
A Grande Mancha Vermelha de Júpiter registrada em sobrevoo feito por Juno, no dia 10 de julho de 2017. Créditos: NASA / SwRI / MSSS / Gerald Eichstädt / Seán Doran © PUBLIC DOMAIN
"Eu tenho acompanhado a missão Juno desde seu lançamento", disse Jason Major, cientista cidadão da JunoCam e designer gráfico da Warwick, em Rhode Island. "É sempre empolgante ver essas novas imagens brutas de Júpiter à medida que elas chegam. Mas é ainda mais emocionante pegar as imagens brutas e transformá-las em algo que as pessoas possam apreciar. É para isso que eu vivo."
Medindo 16.350 quilômetros de largura (segundo medição feita em 3 de abril de 2017), a Grande Mancha Vermelha de Júpiter é 1,3 vezes maior do que a Terra. Essa tempestade tem sido monitorada desde 1830 e possivelmente existe a mais de 350 anos. Atualmente, a Grande Mancha Vermelha parece estar encolhendo.
Todos os instrumentos científicos a bordo da sonda Juno estavam operando durante o sobrevoo, coletando dados que agora estão sendo retornados para a Terra. A nave espacial alcançou seu ponto mais próximo com Júpiter no dia 10 de julho, chegando a 3.500 quilômetros acima das nuvens do planeta. Onze minutos e 33 segundos após a máxima aproximação, Juno cobriu mais de 39.771 quilômetros, ao passar diretamente sobre as nuvens turbulentas da Grande Mancha Vermelha - a uma distância de 9.000 quilômetros.
A Grande Mancha Vermelha de Júpiter fotografada pela sonda Juno
A Grande Mancha Vermelha de Júpiter registrada em sobrevoo feito por Juno, no dia 10 de julho de 2017.Créditos: NASA / SwRI / MSSS / Gerald Eichstädt / Seán Doran © PUBLIC DOMAIN / Gerald Eichstädt
A sonda Juno foi lançada em 5 de agosto de 2011, do Cabo Canaveral, na Flórida, EUA. Os grandes sobrevoos realizados pela sonda fazem parte da missão, e visam estudar as origens, estrutura, auroras, atmosfera e magnetosfera do planeta.
Os primeiros resultados científicos da missão Juno retratam o maior planeta do Sistema Solar como um mundo turbulento, de estrutura interior complexa, com auroras polares energéticas e o local de grandes ciclones polares.
"Essas imagens da Grande Mancha Vermelha são a 'tempestade perfeita' de arte e ciência. Com dados da Voyager, Galileo, New Horizons, Hubble e agora da Juno, temos uma melhor compreensão da composição e evolução desta característica do planeta", disse Jim Green, diretor de ciência planetária da NASA. "Estamos satisfeitos em compartilhar a beleza e a emoção da ciência espacial com todos".
Imagens: (capa-NASA/SwRI) / NASA / SwRI / MSSS / Gerald Eichstädt / Seán Doran © PUBLIC DOMAIN / Gerald Eichstädt

sexta-feira, 14 de julho de 2017

OBSERVADA A MAIOR MANCHA SOLAR DE 2017 E CAUSA BLECAUTES DE RÁDIO E FALHAS NA COMUNICAÇÃO NA TERRA

mancha solar AR 2665
Ela tinha duas vezes o tamanho da Terra, agora já está do tamanho de Júpiter!
A mancha solar AR 2665 cresceu muito desde a primeira vez que a mostramos aqui. Agora ela já está com o tamanho do planeta Júpiter! E parece que ela não pára de crescer...
Com mais de 125.000 km de uma ponta à outra, e contendo dezenas de núcleos, a região ativa pode ser facilmente detectada em fotografias ou através de observações com telescópios (devidamente equipados com filtros solares, cuidado!). O astrônomo amador Peter Desypris registrou a mancha solar no último dia 9 de julho, na ilha de Ciros, Grécia:
AR 2665 - Peter Desypris - Grécia
AR 2665 - Peter Desypris - Grécia
Mancha solar AR 2665 registrada no dia 9 de julho de 2017, em Ciros, na Grécia.
Créditos: Peter Desypris
"Essa é a maior mancha solar de 2017 até agora", disse Peter. "Eu fotografei usando um telescópio de 200 mm de abertura, com um filtro solar seguro."
Nesse domingo, dia 9 de julho, a mancha solar produziu uma explosão de classe M 1.3 (moderada). Telescópios a bordo do Observatório Solar Dynamics, da NASA, registraram o momento da explosão através do ultravioleta extremo:
AR 2665 - explosão - 9 de juhlo de 2017
Imagem da explosão solar produzida pela mancha AR 2665 em 9 de julho de 207.
Créditos: NASA / SDO / AIA 131
Um pulso de UV e de raio-X, proveniente dessa explosão solar, ionizou o topo da atmosfera terrestre, o que alterou a propagação normal das ondas de rádio, que tiveram interrupções de transmissão no lado diurno do nosso planeta. Um mapa da NOAA nos mostra as regiões afetadas (basicamente a Austrália e o leste da Ásia):
Mapa das regiões afetadas pela explosão solar do dia 9 de julho de 2017. As regiões escuras não foram afetadas. Créditos: NOAA
Várias pessoas relataram o blecaute de rádio e irregularidades em outras transmissões, principalmente aviadores, marinheiros e operadores de rádio.
Considerando seu tamanho gigantesco. a mancha solar AR 2665 está relativamente calma, mas é claro que explosões solares e Ejeções de Massa Coronal intensas não estão descartadas, e ainda podem ocorrer conforme a mancha solar segue se alinhando de frente com a Terra.
Imagens: (capa-NASA/SDO) / Peter Desypris / NASA / SDO / AIA 131

quinta-feira, 13 de julho de 2017

RAIOS X ESTÃO VINDO DE PLUTÃO E EIXA OS CIENTISTAS CONFUSOS. O QUE ESTARIA CAUSANDO ISSO?

raios-X de Plutão
O que estaria causando essa emissão de raios-X em Plutão? Os cientistas ainda não decifraram esse enigma...
Mesmo sendo considerado um planeta-anão, Plutão se torna grande quando o assunto é "interesse científico". E mesmo após o encontro com a sonda New Horizons, realizado em julho de 2015, muitos mistérios continuam deixando os astrônomos com a pulga atrás da orelha...
Os dados obtidos pela sonda New Horizons continuam sendo analisados, e recentemente têm revelado um novo mistério. Um estudo feito por uma equipe de astrônomos, publicado na revista Icarus, indicou que uma pesquisa do Observatório de raios-X Chandra revelou a presença de intensas emissões de raios-X provenientes de Plutão. Isso pegou todos os cientistas "de calças curtas", pois achava-se que já tínhamos conhecimento suficiente sobre a atmosfera de Plutão e sua interação com o vento solar.
O estudo foi conduzido por astrônomos do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins (JHUAPL), do Centro de Astrofísica de Harvard-Smithsonian, do Southwest Research Institute (SwI), do Centro Espacial Vikram Sarabhai (VSCC), do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e do Centro de Pesquisa Ames.
Plutão - 14 de julho de 2015 - a 18.000 km da superfície - área de 380 km e montanhas de até 3.500 metros
Plutão fotografado em 14 de julho de 2015, quando a sonda New Horizons estava a 18.000 km de sua superfície. A área de 380 km registrada na imagem mostra montanhas de até 3.500 metros de altura.  Créditos: NASA / JHUAPL / SwRI         /      
Muitos objetos do Sistema Solar emitem raios-X por conta da interação com o vento solar e outros gases (como o nitrogênio e o argônio). Vênus e Marte possuem argônio e nitrogênio em suas atmosferas, assim como outros corpos menores, como cometas.
Quando a sonda New Horizons se encontrou com Plutão, os cientistas perceberam que sua atmosfera muda de tamanho e densidade de acordo com as estações. Basicamente, quando o planeta-anão atinge o periélio (máxima aproximação com o Sol), sua atmosfera se torna mais densa por conta do derretimento do nitrogênio e do metano congelado em sua superfície.
A última vez que Plutão atingiu o periélio foi em 5 de setembro de 1989, o que significa que ainda está no verão. A sonda New Horizons detectou uma atmosfera composta principalmente por nitrogênio gasoso, metano e dióxido de carbono. Os astrônomos então decidiram procurar por sinais de raios-X provenientes de sua atmosfera usando o Observatório de raios-X Chandra.
Ilustração artística da sonda New Horizons durante seu encontro com Plutão e sua lua Caronte
Ilustração artística da sonda New Horizons durante seu encontro com Plutão e sua lua Caronte.  Créditos: NASA / JHU APL / SwRI / Steve Gribben
Antes de enviar uma sonda para Plutão, os astrônomos acreditavam que sua atmosfera fosse bastante estendida, mas eles estavam errados - a atmosfera de Plutão é bem mais compactada, e sua taxa de perda é bem menor do que os modelos previam. Agora, o novo estudo consultou os dados do espectrômetro de Imagem Avançado do Chandra, e descobriu que as emissões de raios-X de Plutão são muito maiores do que sua física permitiria.
Em alguns casos, foram observadas emissões de raios-X em outros objetos menores do Sistema Solar, devido à dispersão de raios-X solares por pequenos grãos de poeira compostos por carbono, nitrogênio e oxigênio, mas essa explicação não é consistente com os raios-X emitidos por Plutão.
Outra possibilidade discutida pela equipe diz que os raios-X podem ocorrer devido a algum processo que concentre o vento solar perto de Plutão, o que aumentaria os efeitos em sua tênue atmosfera.
Até agora, a verdadeira causa das emissões de raios-X de Plutão permanece um mistério. Segundo os cientistas, mais pesquisas devem ser feitas, não somente em Plutão, como também em outros objetos menores do Cinturão de Kuiper (KBOs) para que talvez possamos entender o que estaria causando as emissões de raios-X. Felizmente, os dados obtidos pela sonda New Horizons fornecerão material suficiente para décadas de estudo, e quem sabe, mais pra frente, os astrônomos não encontrem a peça que está faltando nesse quebra-cabeças...
Imagens: (capa-ilustração/NASA/New Horizons) / NASA / JHUAPL / SwRI / Steve Gribben

quarta-feira, 12 de julho de 2017

ESTRELAS HIPER- VELOZES PODEM ESTAR ENTRANDO NA VIA LÁCTEA

estrelas hipervelozes invadindo a Via Láctea
Ao invés de estarem escapando da nossa Galáxia, elas estão apenas chegando aqui...
Há algum tempo, pesquisadores haviam encontrado um pequeno número de estrelas que pareciam estar sendo ejetadas da Via Láctea. Esse estudo foi publicado aqui em nosso site em janeiro de 2014. Mas agora, novas pesquisas revelam que, na verdade, essas estrelas não estão escapando da nossa Galáxia, mas sim, invadindo-a.
Acreditava-se que as estrelas hiper-velozes da Via Láctea se originavam quando estrelas binárias eram atraídas pelo buraco negro central da nossa Galáxia, que consumia uma delas, e arremessava a outra pra bem longe a velocidades altíssimas.
estrelas hipervelozes
estrelas hipervelozes  Créditos: Design gráfico por Julie Turner / Universidade de Vanderbilt / NASA / ESO
Existem vários cenários alternativos, mas nenhum deles explica porque a maioria das estrelas hiper-velozes (cerca de 20 encontradas até agora) estão acumuladas na mesma região do céu, nas constelações de Leo e Sextans.
Astrônomos utilizaram dados de localização e de velocidade do Observatório Sloan Digital Sky Survey junto com simulações de computador que replicam a evolução das estrelas da grande Nuvem de Magalhães, uma pequena galáxia satélite da Via Láctea, que possui apenas cerca de 10% da massa da nossa Galáxia. O estudo sugeriu que as estrelas hiper-velozes podem surgir quando uma estrela pertencente a um par binário explode em uma supernova, lançando sua parceira pra bem longe...
A Estrela de Belém realmente existiu? O que era afinal?
Eventos como esse, na Grande Nuvem de Magalhães, poderiam facilmente lançar estrelas para o espaço. E como a Grande Nuvem de Magalhães orbita a Via Láctea numa velocidade média de 400 quilômetros por segundo, uma estrela ejetada poderia ultrapassar os 500 quilômetros por segundo, que é justamente a velocidade média das estrelas hipervelozes encontradas na Via Láctea.
Grande Nuvem de Magalhães - Hubble
A Grande Nuvem de Magalhães registrada pelo Telescópios Espacial Hubble.
Créditos: NASA / Hubble
O estudo foi publicado na revista mensal da Royal Astronomical Society, e revela que a maioria das estrelas hiper-velozes encontradas em nossa Galáxia, na verdade não estariam escapando da Via Láctea, mas sim, a invadindo. Novas pesquisas devem confirmar essa hipótese dentro de mais algum tempo. A equipe acredita que mais estrelas hiper-velozes deverão ser encontradas em breve.

Como se não bastasse a troca de matéria que ocorre entre planetas e corpos mais próximos, temos agora evidências de que isso também é comum entre galáxias! Uma descoberta que, se confirmada, abrirá uma grande janela de possibilidades, e poderá dizer muito sobre o passado e o futuro das galáxias...
Imagens: (capa-Hubble) / Julie Turner / Universidade de Vanderbilt / NASA / ESO / Hubble

domingo, 9 de julho de 2017

ESO OBSERVA ESPIRAL DESLUMBRANTE COM CORAÇÃO ATIVO

A ofuscante galáxia Messier 77
O Very Large Telescope do ESO (VLT) capturou esta bela imagem de face da galáxia espiral barrada Messier 77. A imagem faz justiça à beleza da galáxia, mostrando os seus cintilantes braços entrecortados por faixas de poeira, no entanto não consegue mostrar a natureza turbulenta deste objeto.
Esta pitoresca galáxia espiral parece ser muito tranquila. No entanto, a aparência não corresponde de modo nenhum à realidade, já que Messier 77 (também conhecida por NGC 1068) é uma das galáxias ativas mais próximas de nós. As galáxias ativas são os objetos mais energéticos e espetaculares do Universo, e os seus núcleos são frequentemente suficientemente brilhantes para ofuscar o resto do brilho da galáxia. As galáxias ativas estão entre os objetos mais brilhantes do Universo, emitindo radiação em quase todos, senão todos, os comprimentos de onda, desde os raios gama e raios X até às microondas e ondas rádio. Messier 77 foi classificada como uma galáxia Seyfert do Tipo II, caracterizada por ser particularmente brilhante nos comprimentos de onda infravermelhos.
Esta imensa luminosidade é causada pela radiação intensa emitida pelo seu “motor” central — um disco de acreção que rodeia o buraco negro supermassivo. O material que cai em direção ao buraco negro é comprimido e aquecido a temperaturas extremamente elevadas, o que o leva a emitir enormes quantidades de energia. Pensa-se que este disco de acreção se encontra rodeado por uma estrutura espessa em forma de rosquinha constituída por gás e poeira, o chamado “torus”. Observações de Messier 77 obtidas em 2003 conseguiram resolver tal estrutura com o auxílio do Interferômetro do VLT (eso0319).
Esta imagem de Messier 77 foi obtida em quatro bandas diferentes de comprimentos de onda representadas pelas cores azul, vermelho, violeta e cor de rosa (hidrogênio alfa). Cada comprimento de onda mostra uma característica diferente: por exemplo, o hidrogênio alfa rosado destaca as estrelas mais quentes e jovens que se formam nos braços em espiral, enquanto o vermelho mostra as finas estruturas filamentares do gás que rodeiam Messier 77 . Vemos também em primeiro plano uma estrela pertencente à Via Láctea, que mostra o efeito típico da difração. Adicionalmente, observam-se ainda muitas galáxias distantes, situadas depois dos braços espirais. Estes objetos aparecem-nos minúsculos e delicados quando comparados com a enorme galáxia ativa.
Situada a 47 milhões de anos-luz de distância na constelação da Baleia, Messier 77 é uma das galáxias mais remotas do catálogo de Messier. Inicialmente, Messier acreditava que o objeto altamente luminoso que ele observava através do seu telescópio se tratava de um aglomerado de estrelas, mas à medida que a tecnologia foi avançando a verdadeira estrutura da galáxia acabou por ser revelada. Com aproximadamente 100 000 anos-luz de comprimento de uma ponta à outra, Messier 77 é também uma das maiores galáxias do catálogo de Messier — tão massiva que a sua gravidade faz com que as outras galáxias próximas se distorçam e deformem (eso1707) .
Esta imagem foi obtida com o instrumento FORS2 (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph 2) montado no Telescópio Principal 1 (Antu) do VLT, situado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile. A imagem foi obtida no âmbito do programa Jóias Cósmicas do ESO, uma iniciativa de divulgação que visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO, para efeitos de educação e divulgação científica.

sábado, 8 de julho de 2017

ARP 299 CHANDRA OBSERVA DUAS GALÁXIAS SE FUNDINDO


Arp 299 é um sistema onde duas galáxias estão em processo de fusão.
Os dados de Chandra revelaram 25 fontes de raios-X de aspecto brilhante em Arp 299, das quais 14 são categorizadas como "ULXs".
Esses ULXs são sistemas binários prováveis ​​onde um buraco negro ou estrela de nêutrons está puxando material de uma estrela companheira.
Este é um dos maiores números de ULXs em uma galáxia no universo vizinho, causado por uma alta taxa de formação de estrelas desencadeada pela fusão.
O que aconteceria se você tirasse duas galáxias e as juntasse ao longo de milhões de anos? Uma nova imagem, incluindo dados do Observatório de raios-X de Chandra da NASA, revela o resultado.
Arp 299 é um sistema localizado a cerca de 140 milhões de anos-luz da Terra. Contém duas galáxias que estão se fundindo, criando uma mistura parcialmente misturada de estrelas de cada galáxia no processo.
No entanto, esta mistura estelar não é o único ingrediente. Novos dados da Chandra revelam 25 fontes brilhantes de raios-X polvilhadas em toda a mistura Arp 299. Quatorze dessas fontes são tão fortes emissores de raios-X que os astrônomos categorizam-nas como "fontes ultra-luminosas de raios-X", ou ULXs .
Esses ULXs são encontrados embutidos em regiões onde as estrelas estão se formando atualmente em uma taxa rápida. Provavelmente, os ULXs são sistemas binários em que uma estrela de nêutrons ou um buraco negro retira a matéria de uma estrela companheira que é muito mais maciça do que o Sol. Esses sistemas de estrelas duplas são chamados binários de raios-X de alta massa .
Este buffet de binários de raios-X de alta massa é um dos mais ricos em uma galáxia localizada no universo vizinho, mas Arp 299 contém formação de estrelas relativamente poderosa. Isso se deve, pelo menos em parte, à fusão das duas galáxias, que desencadeou ondas de formação estelar. A formação de binários de raios-X de alta massa é uma conseqüência natural de um nascimento de estrelas tão florescente que algumas das estrelas maciças jovens, que geralmente se formam em pares, evoluem para esses sistemas.
Esta nova imagem composta de Arp 299 contém dados de raios-X de Chandra (rosa), dados de raios-X de energia mais alta de NuSTAR (roxo) e dados óticos do Telescópio Espacial Hubble (branco e fraco marrom). Arp 299 também emite quantidades copiosas de luz infravermelha que foi detectada por observatórios como o telescópio espacial Spitzer da NASA, mas esses dados não estão incluídos neste compósito.
A emissão de infravermelhos e raios-X da galáxia é notavelmente similar à das galáxias encontradas no Universo muito distante, oferecendo a oportunidade de estudar um análogo relativamente próximo desses objetos distantes. Uma maior taxa de colisões de galáxia ocorreu quando o universo era jovem, mas esses objetos são difíceis de estudar diretamente porque estão localizados em distâncias colossais.
Os dados de Chandra também revelam a emissão difusa de raios-X a partir de gás quente distribuído por Arp 299. Os cientistas pensam que a alta taxa de supernovas , outra característica comum das galáxias formadoras de estrelas, expulsou muito deste gás quente do centro do sistema.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

DOIS BURACOS NEGROS SÃO OBSERVADOS ORBITANDO UM AO OUTRO

Iustração artística de dois buracos negros que orbitam um ao outro no centro da galáxia 0402+379
Esses buracos negros estão a cerca de 24 anos-luz um do outro, "o que é a maior proximidade entre dois buracos negros já encontrada" - Karishma Bansal
Pela primeira vez, os cientistas descobriram um par de buracos negros supermassivos orbitando um ao outro, de acordo com um novo estudo publicado na revista The Astrophysical Journal.
Esse movimento orbital, detectado em observações feitas ao longo de 12 anos, pode ser o movimento mais sutil já detectado em todo o céu, disseram os pesquisadores.
Os buracos negros supermassivos possuem milhões ou bilhões de vezes a massa do Sol e da Terra, e estão presentes na região central a maioria das galáxias. A forma como esses buracos negros gigantes crescem e influenciam o Universo à sua volta ainda é incerta.
Dois buracos negros orbitando um ao outro - galáxia 0402 + 379
Dois buracos negros orbitando um ao outro - galáxia 0402 + 379
Imagem feita pelo Very Long Baseline Array mostra a região central da galáxia 0402+379
e os dois buracos negros, identificados como C1 e C2.
Créditos: Bansal et al. / NRAO / AUI / NSF
Uma maneira de obter informações sobre o crescimento de um buraco negro seria olhar para eles quando estão á beira de uma fusão entre si, e foi exatamente isso que aconteceu. Os pesquisadores analisaram o centro de uma galáxia elíptica gigante chamada 0402 + 379, localizada a cerca de 750 milhões de anos-luz da Terra. Em 2006, cientistas descobriram que o núcleo da galáxia aparentemente possuía dois buracos negros supermassivos.
A julgar pelos efeitos gravitacionais desses dois buracos negros, a massa deles (combinada) chega a ser de aproximadamente 15 bilhões de vezes a massa do Sol. Ainda não se sabe o quão grande é cada um deles, mas tudo indica que o maior deles pode ter duas ou até quatro vezes mais massa do que o menor, segundo Roger Romani, astrofísico da Universidade de Stanford e co-autor do estudo.
Esses buracos negros estão a cerca de 24 anos-luz um do outro, "o que é a maior proximidade entre dois buracos negros já encontrada", disse Karishma Bansal, estudante de pós graduação na Universidade do Novo México e principal autora do estudo.
A proximidade entre esses dois buracos negros gigantescos sugere que a galáxia hospedeira é o resultado de dezenas de galáxias que se uniram no passado, disseram os pesquisadores.
Os dois buracos negros vão se fundir?
Para saber se esses dois buracos negros vão colidir, formando um buraco negro ainda maior, os cientistas fotografaram os dois objetos durante 12 anos, usando o Very Long Baseline Array, um sistema de 10 radiotelescópios que se estendem das Ilhas Virgens dos EUA até o Havaí, e do Novo México até o Alasca.
Os cientistas detectaram que um dos buracos negros se movia a uma taxa de apenas um pouco mais de 1 micro-segundo de arco - isso é cerca de 1 bilhão de vezes menor do que o menor objeto visível a olho nu no céu noturno, disseram os pesquisadores.
"Imagine um caramujo no planeta descoberto em Proxima Centauri, a cerca de 4 anos-luz de distância, se movendo a 1 centímetro por segundo. Esse é o movimento angular que estamos resolvendo aqui", disse Romani em uma declaração.
De acordo com o novo estudo, esses buracos negros completam uma volta um ao redor do outro a cada 30.000 anos aproximadamente. Essa é a primeira vez que dois buracos negros que se orbitam foram detectados diretamente, escreveu Greg Taylor, co-autor do estudo, da Universidade do Novo México.
O cientistas detectaram ondulações no espaço-tempo, conhecidas como "ondas gravitacionais". Essas ondas emanam de buracos negros que estão prestes a colidir. Em contraste, essa nova descoberta marca a primeira vez que astrônomos conseguiram detectar um par de buracos negros através de imagens, disse Romani.
Embora esses buracos negros supermassivos estejam orbitando um ao outro, eles provavelmente nunca se encontrarão, disse Romani. O Universo, aparentemente, continua a se expandir num ritmo acelerado, sugerindo que a dupla "não se fundirá na era restante do Universo", disse ele, a menos que alguma força, como fricção de nuvens circundantes de gás, junte os buracos negros .
Ao investigar por que e quando os buracos negros supermassivos se fundem, os pesquisadores podem aprender melhor as condições em que os buracos negros normalmente crescem. De acordo com Romani, é esperado que pesquisas futuras descubram um par de buracos negros supermassivos "que completam uma órbita em poucas décadas, então será possível ver os detalhes das trajetórias desses buracos negros".
Imagens: (capa-ilustração/Josh Valenzuela/Univ. of New Mexico) / Bansal et al. / NRAO / AUI / NSF / Josh Valenzuela / Universidade do Novo México

terça-feira, 4 de julho de 2017

PLANETA 10: OUTRO MUNDO GIGANTESCO PARECE ESTAR ORBITANDO O SOL

planeta 10 - ilustração artística
Com tamanho similar ao da Terra, um suposto planeta desconhecido está chamando a atenção..
Um objeto do tamanho de um planeta pode estar orbitando o Sol no extremo do Sistema Solar, muito além de Plutão. Mas não é do suposto "Planeta 9" que estamos falando...
Cientistas do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona (LPL) determinaram que um objeto (ainda invisível) com uma massa igual ou parecida com a da Terra poderia estar à espreita no Cinturão de Kuiper, uma região além de Netuno repleta de asteroides, cometas e planetas anões.
Em janeiro de 2016, um grupo de cientistas previu a existência de um planeta com o tamanho de Netuno orbitando o Sol, muito além de Plutão - cerca de 25 vezes mais distante que Plutão. Este planeta hipotético foi apelidado de "Nono Planeta", portanto, se as previsões estão corretas, um outro planeta estaria nos confins do Sistema Solar: o "Planeta 10".
Orbita do suposto PLANETA 10
Orbita do suposto PLANETA 10
Ilustração artística mostra como seria a órbita do "Décimo Planeta".
Créditos: Heather Roper / LPL
O chamado "objeto de massa planetária" descrito pelos cientistas do LPL parece afetar as órbitas de uma população de rochas do espaço gelado no Cinturão de Kuiper. Os objetos distantes que encontram-se nesse cinturão (os KBOs) têm órbitas inclinadas ao redor do Sol. Os planos orbitais inclinados da maioria dos KBOs são tidos como planos invariáveis.
Mas as órbitas dos KBO mais distantes se inclinam para longe do plano invariável em uma média de 8 graus, o que sinaliza a presença de um objeto mais maciço que distorce seu entorno com seu campo gravitacional, disseram pesquisadores em um estudo publicado na revista The Astronomical Journal.
"A explicação mais provável para nossos resultados é que existe algo invisível", disse Kat Volk, pós-doutorado do LPL e autor principal do estudo, em um comunicado. "De acordo com nossos cálculos, algo tão gigantesco como Marte ou Terra seria necessário para causar a turbulência que medimos".
Esses KBOs funcionam muito como piões, segundo Renu Malhotra, professora de ciências planetárias do LPL e co-autora do novo estudo.
"Imagine que você tem muitos piões girando bem rápido, e você dá um toque ligeiro em cada um... Se você tirar uma foto deles, você achará que seus eixos de giro estarão em diferentes posições, mas em média, eles apontarão para o campo gravitacional da Terra", disse ela. "Esperamos que cada ângulo de inclinação orbital dos KBOs esteja em uma orientação diferente, mas no geral, eles estarão apontando de forma perpendicular ao plano determinado pelo Sol e os grandes planetas".
Apesar de parecer bastante com os indícios do suposto "Nono Planeta", os pesquisadores afirmam que esse objeto é muito pequeno, portanto, não é o mesmo. O suposto Nono Planeta situa-se entre 500 e 700 UA (Unidades Astronômicas) da Terra, e sua massa é cerca de 10 vezes maior que a da Terra. Para se ter uma ideia, Plutão não passa de 50 UA do Sol mesmo quando está em seu ponto mais distante. [1 Unidade Astronômica equivale a distância média entre a Terra e o Sol]
"Isso é muito distante para influenciar estes KBOs", disse Volk. "Certamente tem que ser muito mais próximo do que 100 UA para afetar substancialmente esses KBOs que observamos."
décimo planeta
Ilustração artística do suposto "Planeta 10" .Créditos: Heather Roper / LPL   
Embora o suposto "Planeta 10" ainda não tenha sido observado até agora no Cinturão de Kuiper, os pesquisadores estão otimistas que o observatório Large Synoptic Survey Telescope (LSST), que está atualmente em construção no Chile, poderá ajudar a encontrar esses mundos escondidos, tanto o nono quanto o décimo planeta. "Esperamos que o LSST eleve o número de KBOs conhecidos de cerca de 2.000 para 40.000", disse Malhotra.
"Há muito mais KBOs lá fora - nós simplesmente não os vimos ainda", acrescentou Malhotra. "Alguns deles são muito distantes e tênues mesmo para o LSST detectar, mas como ele irá varrer o céu noturno de forma muito mais abrangente - comparada a outros observatórios - ele deve ser capaz de detectar os objetos, se estiverem lá.
Imagens: (capa-ilustração/LPL) / Heather Roper / LPL

segunda-feira, 3 de julho de 2017

HUBBLE CAPTA MASSIVO DISCO GALÁCTICO "MORTO" QUE DESAFIA AS TEORIAS DA EVOLUÇÃO DAS GALÁXIAS


Agindo como um "telescópio natural" no espaço, a gravidade do enorme enxame galáctico no plano da frente, MACS J2129-0741, amplia, aumenta o brilho e distorce a distante galáxia de fundo MACS2129-1, vista na caixa de cima. A inserção do meio é uma ampliação da galáxia distorcida pelo efeito de lente gravitacional. A inserção de baixo é uma imagem reconstruída, com base em modelos, que mostra o aspeto da galáxia caso o enxame de frente não estivesse presente. A galáxia tem um tom avermelhado porque está tão distante que a sua luz é desviada para a parte vermelha do espectro.
Crédito: NASA, ESA, S. Toft (Universidade de Copenhaga), M. Postman (STScI), e equipa CLASH
Ao combinar o poder de uma "lente natural" no espaço com a capacidade do Telescópio Espacial Hubble da NASA, astrónomos fizeram uma descoberta surpreendente - o primeiro exemplo de uma galáxia em forma de disco, compacta ainda que massiva, e de rápida rotação, que deixou de fabricar estrelas apenas poucos milhares de milhões após o Big Bang.
Encontrar tal galáxia tão cedo no início da história do Universo desafia a compreensão atual de como as galáxias massivas se formam e evoluem, dizem os cientistas.
Quando o Hubble fotografou a galáxia, os astrónomos esperavam ver uma bola caótica de estrelas formada através de galáxias que se fundiram. Em vez disso, viram evidências de que as estrelas nasceram num disco em forma de panqueca.
Esta é a primeira evidência observacional direta de que pelo menos algumas das primeiras galáxias "mortas" - onde a formação estelar parou - de alguma forma evoluem de um disco parecido ao da Via Láctea para as gigantes elípticas que vemos hoje.
Esta é uma surpresa porque as galáxias elípticas contêm estrelas mais antigas, enquanto as galáxias espirais geralmente contêm estrelas azuis mais jovens. Pelo menos algumas dessas primeiras galáxias de disco "mortas" devem ter sofrido algumas mudanças. Não só mudaram de estrutura, mas também de movimentos das suas estrelas a fim de esculpir uma forma de galáxia elíptica.
"Esta nova visão pode obrigar-nos a repensar todo o contexto cosmológico de como as galáxias chegam depressa à 'velhice' e evoluem para galáxias locais de forma elíptica," afirma Sune Toft, líder do estudo e do Centro de Cosmologia Escura do Instituto Neils Bohr, Universidade de Copenhaga, Dinamarca. "Talvez estivéssemos cegos ao facto de que as primeiras galáxias 'mortas' pudessem ser realmente discos, simplesmente porque não as conseguíamos observar."
Os estudos anteriores de distantes galáxias mortas assumiram que a sua estrutura é semelhante à das galáxias elípticas locais para qual evoluem. Em princípio, a confirmação desta suposição exige telescópios espaciais mais poderosos do que os disponíveis atualmente. No entanto, através de um fenómeno chamado "lente gravitacional," um massivo enxame galáctico no plano da frente atua como uma "lente" no espaço para ampliar e esticar imagens de galáxias de fundo muito mais distantes. Ao juntar esta lente natural com o poder de resolução do Hubble, os cientistas foram capazes de ver o centro da galáxia moribunda.
A galáxia remota tem três vezes a massa da Via Láctea, mas apenas metade do tamanho. As medições da velocidade de rotação, feitas com o VLT (Very Large Telescope) do ESO, mostraram que a galáxia de disco gira a mais do dobro da velocidade da Via Láctea.
Usando dados de arquivo do CLASH (Cluster Lensing And Supernova survey with Hubble), Toft e a sua equipa foram capazes de determinar a massa estelar, a taxa de formação estelar e as idades das estrelas.
Ainda não se sabe porque é que esta galáxia parou de fabricar estrelas. Poderá ser o resultado de um núcleo galáctico ativo, onde a energia brota de um buraco negro supermassivo. Esta energia inibe a formação estelar ao aquecer o gás ou ao expulsá-lo da galáxia. Ou poderá ser o resultado do fluxo de gás frio para a galáxia, que é rapidamente comprimido e aquecido, impedindo com que arrefeça e produza nuvens de formação estelar no centro.
Mas como é que estes discos jovens, compactos e massivos evoluem para as galáxias elípticas que vemos no Universo atual? "Provavelmente através de fusões," comenta Toft. "Se estas galáxias crescem através de fusões com companheiras mais pequenas, e estas companheiras surgem em grande número e de muitos ângulos na direção da galáxia, isto acabaria por aleatorizar as órbitas das estrelas nas galáxias. Também podemos pensar nas grandes fusões galácticas. Definitivamente também destruiriam o movimento ordenado das estrelas."
Os resultados foram publicados na edição de 22 de junho da revista Nature. Toft e a equipa esperam usar o Telescópio Espacial James Webb da NASA para procurar uma amostra maior destas galáxias.

domingo, 2 de julho de 2017

NUVEM CAOTICAMENTE MAGNETIZADA NÃO É LUGAR PARA CONSTRUIR UMA ESTRELA. OU É?


Impressão de artista das linhas do campo magnético muito perto de uma jovem protoestrela emergente.
Crédito: NRAO/AUI/NSF; D. Berry
Durante décadas, os cientistas pensavam que as linhas do campo magnético em torno de uma estrela em formação eram extremamente poderosas e ordenadas, deformando-se somente sob extrema força e a uma grande distância da estrela nascente.
Agora, uma equipa de astrónomos usando o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) descobriu um campo magnético fraco e descontroladamente desorganizado surpreendentemente perto de uma protoestrela emergente. Estas observações sugerem que o impacto dos campos magnéticos na formação de estrelas é mais complexo do que se pensava.
Os investigadores usaram o ALMA para mapear o campo magnético surpreendentemente desorganizado ao redor de uma jovem protoestrela chamada Ser-emb 8, localizada a cerca de 1400 anos-luz de distância na região de formação estelar de Serpente. Estas novas observações são as mais sensíveis já feitas do campo magnético em pequena escala que inunda a região em redor de uma jovem estrela em formação. Também fornecem importantes informações sobre a formação de estrelas de baixa massa como o nosso próprio Sol.
As observações anteriores, com outros telescópios, já haviam confirmado que os campos magnéticos em redor de algumas protoestrelas jovens têm uma forma de "ampulheta" clássica - a marca de um forte campo magnético - que começa perto da protoestrela e se estende muitos anos-luz para a nuvem molecular circundante.

A textura representa a orientação do campo magnético na região em redor da protoestrela Ser-emb 8, medido pelo ALMA. A região cinzenta é a emissão milimétrica da poeira.
Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO); P. Mocz, C. Hull, CfA
"Até agora, não sabíamos se todas as estrelas eram formadas em regiões controladas por fortes campos magnéticos. Usando o ALMA, encontrámos a nossa resposta," comenta Charles L. H. 'Chat' Hull, astrónomo do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica em Cambridge, no estado norte-americano de Massachusetts, autor principal de um artigo publicado na revista The Astrophysical Journal Letters. "Podemos agora estudar os campos magnéticos em nuvens de formação estelar desde a mais ampla das escalas até à própria estrela nascente. Isto é emocionante porque poderá significar que as estrelas podem emergir a partir de uma maior gama de condições do que pensávamos."
O ALMA é capaz de estudar os campos magnéticos, em pequenas escalas, no interior de regiões de formação estelar através do mapeamento da polarização da luz emitida por grãos de poeira que se alinharam com o campo magnético.
Comparando a estrutura do campo magnético nas observações com simulações de computador, em várias escalas de tamanho, os astrónomos ganharam informações importantes sobre os estágios iniciais da formação estelar magnetizada. As simulações - que se estendem desde umas relativamente próximas 140 UA da protoestrela (cerca de 4 vezes a distância entre o Sol e Plutão) até 17 anos-luz - foram realizadas pelos astrónomos Philip Mocz e Blakesley Burkhart, também do mesmo instituto e coautores do artigo.
No caso de Ser-emb 8, os astrónomos pensam ter capturado "em flagrante" o campo magnético original em torno da protoestrela, antes do fluxo de material da estrela poder apagar a assinatura pristina do campo magnético na nuvem molecular circundante, realça Mocz.
"As nossas observações mostram que a importância do campo magnético na formação estelar pode variar muito de estrela para estrela," concluiu Hull. "Esta protoestrela parece ter sido formada num ambiente fracamente magnetizado dominado por turbulência, enquanto observações anteriores mostram claramente fontes formadas em ambientes fortemente magnetizados. Os estudos futuros irão revelar quão comum é cada cenário."

sábado, 1 de julho de 2017

NASA DIVULGA CATÁLOGO DO KEPLER COM CENTENAS DE NOVOS CANDIDATOS A PLANETA


O telescópio espacial Kepler da NASA identificou 219 novos candidatos a planeta, 10 dos quais são de tamanho quase terrestre e orbitam na zona habitável da sua estrela.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
A equipa do telescópio espacial Kepler da NASA lançou um novo catálogo de candidatos a planeta que introduz 219 entradas, 10 dos quais são de tamanho quase terrestre e orbitam na zona habitável da sua estrela, que é a gama de distâncias, em redor de uma estrela, onde a água líquida pode existir à superfície de um planeta rochoso.
Esta é a versão mais compreensiva e detalhada do catálogo de candidatos a exoplaneta, isto é, planetas para lá do nosso Sistema Solar, dos primeiros quatro anos de dados do Kepler. É também o catálogo final da zona de observação original do telescópio, na direção da constelação de Cisne.
Com a divulgação deste catálogo, derivado de dados publicamente disponíveis no Arquivo de Exoplanetas da NASA, existem agora 4034 candidatos a planeta identificados pelo Kepler. Destes, 2335 foram confirmados como exoplanetas. Dos cerca de 50 exoplanetas do tamanho da Terra em órbita na zona habitável, detetados pelo Kepler, mais de 30 já foram confirmados.
Além disso, os resultados do Kepler sugerem dois agrupamentos de tamanho distinto para planetas pequenos. Ambos os resultados têm implicações significativas para a procura da vida. O catálogo final do Kepler servirá de base para mais estudos a fim de determinar a prevalência e demografia dos planetas na Galáxia, enquanto a descoberta de duas populações planetárias distintas mostra que cerca de metade dos planetas conhecidos ou não têm superfície, ou esta encontra-se por baixo de uma atmosfera profunda e esmagadora - um ambiente inóspito à vida.
"O conjunto de dados do Kepler é singular, pois é o único que contém uma população desses análogos da Terra - planetas com aproximadamente o mesmo tamanho e órbita que a Terra," comenta Mario Perez, cientista do programa Kepler na Divisão de Astrofísica do Diretorado de Missões Científicas da NASA. "A compreensão da sua frequência na Galáxia ajudará a informar o design das futuras missões da NASA com o intuito de fotografar diretamente outra Terra."
O telescópio espacial Kepler caça planetas através da deteção da minúscula queda de brilho estelar que ocorre quando um planeta passa à sua frente, evento que chamamos de trânsito.
Esta é a oitava versão do catálogo de candidatos do Kepler, reunida através do reprocessamento de todo o conjunto de dados das observações do Kepler durante os primeiros quatro anos da sua missão principal. Estes dados vão permitir com que os cientistas determinem quais as populações planetárias - desde corpos rochosos do tamanho da Terra, até gigantes gasosos do tamanho de Júpiter - que constituem a demografia planetária da Via Láctea.
Para garantir que muitos dos planetas eram encontrados, a equipa introduziu os seus próprios sinais de um trânsito exoplanetário simulado no conjunto de dados e determinou quantos foram identificados corretamente como planetas. Então, adicionaram dados que pareciam vir de um planeta, mas que eram na realidade sinais falsos, e verificaram com que frequência a análise os confundia com estes candidatos a planeta. Este esforço indicou-lhes quais os tipos de planetas contados a mais e quais os contados a menos pelos métodos de processamento de dados da equipa do Kepler.
"Este catálogo cuidadosamente medido é a base para responder diretamente a uma das questões mais cativantes da astronomia - quantos planetas como a Terra existem na nossa Galáxia?" explica Susan Thompson, cientista do Kepler para o Instituto SETI em Mountain View, no estado norte-americano da Califórnia, autora principal do estudo do catálogo.
Um grupo de investigação aproveitou os dados do Kepler para fazer medições precisas de milhares de planetas, revelando dois grupos distintos de planetas pequenos. A equipa descobriu uma divisão clara nos tamanhos dos planetas rochosos, do tamanho da Terra, e planetas gasosos mais pequenos que Neptuno. Foram encontrados poucos planetas entre estes agrupamentos.
Usando o Observatório W. M. Keck no Hawaii, o grupo mediu os tamanhos de 1300 estrelas no campo de visão do Kepler a fim de determinar, com grande precisão, o raio de 2000 planetas.
"Nós gostamos de equiparar esta classificação planetária ao método que os biólogos utilizam para identificar uma nova espécie animal," realça Benjamin Fulton, doutorado da Universidade do Hawaii em Manoa, autor principal do segundo estudo. "A descoberta de dois grupos distintos de exoplanetas é como descobrir que os mamíferos e os lagartos compõem ramos distintos de uma árvore genealógica."
Parece que a natureza geralmente forma planetas rochosos até mais ou menos 75% maiores do que a Terra. Por razões que os cientistas ainda não entendem, cerca de metade desses planetas pegam numa pequena quantidade de hidrogénio e hélio, o que aumenta dramaticamente o seu tamanho, permitindo-os "pular a lacuna" e juntar-se à população mais próxima do tamanho de Neptuno.
A nave Kepler continua a fazer observações em novas zonas do céu durante a sua missão prolongada, em busca de exoplanetas e a estudar uma variedade de objetos astronómicos interessantes, desde distantes enxames estelares até objetos como o sistema de sete planetas parecidos com a Terra, TRAPPIST-1, aqui mais perto de casa