Cientistas anunciaram nesta quarta-feira que um planeta-anão, localizado nas profundezas do espaço, e que provocou uma das maiores controvérsias da astronomia moderna, parece ser um "gêmeo" mais frio de Plutão. O grupo internacional de astrônomos descobriu ainda que o tamanho do planeta-anão Eris é menor do que se pensava, com dimensões inferiores a de Plutão, na pesquisa publicada pela revista Nature. A superfície de Eris é anormalmente brilhante, o que sugere que tem uma cobertura gelada, que de alguma forma é refrigerada. Se fosse permanentemente assim, a superfície seria escurecida por raios cósmicos e impactos de micrometeoritos ao longo do tempo. A teoria é a de que Eris tem uma atmosfera rica em metano que, nas profundezas do espaço, congela até a superfície, mas de tempos em tempos revive e depois volta a se congelar. Quando o planeta-anão alcança a parte mais próxima de sua órbita elíptica em torno do sol - "meras" 30 unidades astronômicas (UAs) ou 30 vezes a distância entre a Terra e o Sol - sua superfície congelada se aquece o suficiente para ficar gasosa e criar uma atmosfera tênue, porém temporária. Segundo este cenário, quando volta a se afastar do Sol, a atmosfera novamente congela, "aderindo" à superfície. "Neste caso, Eris seria um gêmeo adormecido de Plutão, com uma superfície gelada e brilhante, criada por uma atmosfera em colapso", sugeriu o estudo, chefiado por Bruno Sicardy, da Universidade Pierre e Marie Curie e do Observatório de Paris. Eris tem um satélite, Disnomia, nome da filha da deusa, que em grego significa desordem. Mãe e filha levam meio milênio - precisamente 557 anos - para dar a volta ao Sol. Plutão e suas luas completam a jornada em 248 anos. José Luis Ortiz, do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC, na sigla em espanhol), um dos centros espanhóis que participaram da pesquisa, detalhou nesta quarta-feira que os novos dados surpreendem ao reduzir o raio estimado de Eris em cerca de 1,163 mil km. Este número está muito abaixo dos cálculos anteriores que o situavam entre 1,2 mil e 1,4 mil quilômetros e que o transformaram no maior objeto do Cinturão de Kuiper, uma região transnetuniana povoada por corpos rochosos e gelados. Agora parece que Plutão, com um raio de entre 1,15 mil e 1,2 mil quilômetros, poderia recuperar o posto como o maior objeto desta região, segundo o CSIC. "No entanto, isto é difícil de precisar, já que Plutão tem uma atmosfera que interfere nas medidas do diâmetro", especificou Ortiz. Eris foi descoberto em 2005 e os primeiros cálculos diziam que seu tamanho superava o de Plutão, o que contribuiu para que a União Astronômica Internacional deixasse de considerar este último como planeta. Embora de início tenha se falado de um décimo planeta, finalmente se redefiniu o conceito que não incluía nem Eris nem Plutão, já que a União Astronômica decidiu que ambos passariam a integrar uma nova categoria de objetos, os planetas anões, reduzindo o número de planetas do sistema solar para oito. O estudo também determina que o albedo de Eris (a fração de luz refletida em relação da que incide) é pelo menos de 90%, o que o transforma em um dos objetos mais brilhantes do Sistema Solar, já que apenas algumas luas de Saturno refletem uma porcentagem maior. Sua massa e densidade, maiores que as de Plutão, sugerem que se trata de um corpo pouco rochoso e coberto por uma camada de gelo. Os resultados essenciais do trabalho foram obtidos a partir de dois telescópios no observatório de San Pedro de Atacama e La Silla, ambos no Chile.
Atualmente existem poucos planetas-anões aceitos como tais - Ceres, Eris, Plutão,
Makemake e Haumea -, mas vários deles ainda estão sendo classificados. Além disso,
a previsão é que, no futuro, sejam descobertos outros, chegando talvez a centenas, segundo
Ortiz.
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