quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

UM BURACO NEGRO PODE CONSTRUIR SUA PRÓPRIA GALÁXIA?

Black hole zapping a galaxy into existence
Este desenho mostra como os jatos de partículas e radiação emanados do buraco negro supermassivo podem forjar galáxias, explicando também a razão pela qual os maiores buracos negros centrais são encontrados em galáxias que contém mais estrelas. Crédito: ESO
O que vem primeiro, os buracos negros supermassivos ou as enormes galáxias nas quais eles residem?
Um novo cenário surgiu de um conjunto recente de observações extraordinárias feitas de um buraco negro sem casa: os buracos negros podem “construir” a sua própria galáxia hospedeira? O quasar observado pode bem ser o elo perdido, há muito procurado, que explica a  razão de que as massas dos buracos negros são maiores em galáxias que contêm maior número de estrelas.
Quem nasceu primeiro?
A questão do tipo ‘quem nasceu primeiro, ovo ou a galinha’ a ser desvendada é: o que se forma primeiro: a galáxia ou o seu buraco negro? “Este é um dos assuntos mais debatidos na astrofísica da atualidade”, disse o autor e líder do trabalho, David Elbaz. “O nosso estudo sugere que os buracos negros supermassivos podem acionar a formação estelar, ‘construindo’ assim suas próprias galáxias hospedeiras. Este achado poderá também explicar porque as galáxias que hospedam buracos negros mais massivos possuem mais estrelas.”
QSO HE0450 2958
Mosaico mostra as diferentes visões deste sistema quasar+galáxia a partir das câmeras ACS e NICMOS do observatório espacial Hubble e o instrumento VISIR do Very Large Telescope do ESO. Crédito: Jahnke et al.
Apresentamos o  ‘quasar-construtor’ HE 0450 2958
Para chegar a uma conclusão de tal quilate, a equipe de astrônomos observou exaustivamente um objeto peculiar, o quasar HE0450-2958 (veja também: “Um buraco negro a procura de um lar”), o único quasar para o qual não havia sido detectada uma galáxia hospedeira. A luz emanada pelo quasar HE0450-2958 leva 5 bilhões de anos para chegar a Terra.
Até agora se especulava que a galáxia hospedeira deste buraco negro supermassivo estaria escondida por trás de grandes quantidades de poeira, e por isso os astrônomos utilizaram um instrumento de detecção de infravermelho montado no Very Large Telescope (VLT) do ESO. Em tais comprimentos de onda, as nuvens de poeira brilham intensamente são prontamente detectadas. “Observar nestes comprimentos de onda nos permite rastrear a poeira que poderia esconder a galáxia hospedeira”, disse Knud Jahnke, que liderou as observações feitas via VLT. “Entretanto, nós não encontramos poeira nenhuma. Por outro lado, nós descobrimos uma galáxia aparentemente não associada, situada na vizinhança do quasar, está excepcionalmente ativa, produzindo estrelas a uma taxa frenética.”
Uma galáxia muito prolífica
Estas observações nos forneceram uma nova visão deste sistema. Embora não haja indícios da presença de estrelas vizinhas ao quasar, sua galáxia companheira é extremamente rica em estrelas muito jovens e brilhantes. Esta galáxia incomum está criando novos sóis a uma taxa equivalente a cerca de 350 novas estrelas por ano, ou seja, uma freqüência cem vezes maior que as observadas nas galáxias típicas do Universo observável.

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