quarta-feira, 2 de outubro de 2013
MISSÃO DA SONDA DEEP IMPACT CHEGA AO FIM
Imagem do Cometa Tempel 1 tirada 67 segundos de ter obliterado a sonda Impactor da Deep Impact. A imagem revela características topográficas e possivelmente crateras impacto formadas há muito tempo. Crédito: NASA/JPL-Caltech/UMD
Depois de quase nove anos no espaço, que contou também com um impacto sem precedentes e posterior "flyby" por um cometa, seguido de uma passagem cometária adicional, e o envio de cerca de 500 mil imagens de objetos celestes, a missão Deep Impact da NASA terminou.
A equipe do projeto no JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia, relutantemente pronunciou a missão como terminada após ter sido incapaz de comunicar com a nave espacial durante mais de um mês. A última comunicação com a sonda teve lugar dia 8 de Agosto. A Deep Impact é a missão de investigação cometária mais viajada da história, percorrendo cerca de 7,58 bilhões de quilômetros.
"A Deep Impact foi uma fantástica e duradoura sonda, que produziu bem mais dados do que estávamos esperando," afirma Mike A'Hearn, pesquisador principal da Deep Impact na Universidade de Maryland em College Park. "Revolucionou o nosso conhecimento dos cometas e suas atividades."
A Deep Impact concluiu com sucesso a sua ousada missão original de seis meses em 2005, quando investigou tanto a superfície como a composição interior de um cometa. A posterior missão prolongada levou-a a passar por outro cometa e a fazer observações de planetas em torno de outras estrelas entre Julho de 2007 e Dezembro de 2010. Desde aí, a nave espacial tem sido continuamente usada como um observatório planetário espacial para capturar imagens e outros dados científicos de vários alvos de oportunidade com os seus telescópios e instrumentos.
Lançada em Janeiro de 2005, a sonda viajou 431 milhões de quilômetros até às proximidades do cometa Tempel 1. Em 3 de Julho de 2005, lançou um objeto impactante que essencialmente foi "atropelado" pelo núcleo do cometa no dia 4 de Julho. O impacto provocou a ejecção de material da superfície do cometa para o espaço, que foi examinado pelos telescópios e instrumentos da sonda transeunte. Dezesseis dias depois do encontro, a equipe da Deep Impact colocou a sonda numa trajetória que a fez passar pela Terra no final de Dezembro de 2007 e a colocou a caminho de outro cometa, o Hartley 2, em Novembro de 2010.
"Seis meses após o lançamento, esta nave espacial já havia completado a sua missão planeada de estudar o cometa Tempel 1," afirma Tim Larson, gestor do projeto Deep Impact no JPL. "Mas a equipe científica continuava a encontrar coisas interessantes para fazer, e através da sua criatividade e com o suporte do Programa Discovery da NASA, a Deep Impact manteve-se ativa por mais de 8 anos, produzindo resultados surpreendentes ao longo do caminho."
A missão estendida da nave culminou no sucesso da passagem rasante pelo cometa Hartley de 2 a 4 de Novembro de 2010. Ao longo do caminho, também observou seis estrelas diferentes para confirmar o movimento de planetas em órbita, e capturou imagens e dados da Terra, da Lua e de Marte. Estes dados ajudaram a confirmar a existência de água na Lua, e tentaram confirmar a assinatura do metano na atmosfera de Marte. Uma das suas sequências de imagens mostra uma deslumbrante passagem da Lua sobre a face da Terra.
Em Janeiro de 2012, a Deep Impact capturou imagens e estudou a composição do distante cometa C/2009 P1 (Garradd). Obteve imagens do cometa ISON este ano e recolheu novas imagens deste mesmo objeto em Junho.
Após perder contato com a sonda no mês passado, os controladores da missão passaram várias semanas tentando enviar comandos para reativar os seus sistemas de bordo. Embora a causa exata da perda não seja conhecida, a análise revelou um potencial problema com a marcação de tempo do computador que poderá ter levado à perda de controle da orientação da Deep Impact. Isto afetaria então a posição das suas antenas de rádio, tornando a comunicação difícil, bem como a orientação dos seus painéis solares, que por sua vez impediriam a sonda de receber energia e permitiriam com que as frias temperaturas do espaço arruinassem os equipamentos de bordo, essencialmente congelando os seus sistemas de propulsão e baterias.
"Apesar deste inesperado desfecho, a Deep Impact alcançou muito mais do que imaginávamos ser possível," afirma Lindley Johnson, executivo do Programa Discovery na sede da NASA, também executivo da missão. "A Deep Impact mudou completamente o que pensávamos que sabíamos sobre cometas e também forneceu um tesouro de dados planetários adicionais que serão fonte de investigação para os próximos anos."
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