sexta-feira, 5 de julho de 2013

DESCOBERTOS OS PRIMEIROS PLANETAS EM TRÂNSITO EM UM AGLOMERADO ESTELAR


Imagem telescópica de NGC 6811. Crédito: Anthony Ayiomamitis
Todas as estrelas começam as suas vidas em grupos. A maioria, incluindo o nosso Sol, nascem em grupos pequenos que rapidamente se desfazem. Outros formam-se em agrupamentos enormes e densos que sobrevivem por bilhões de anos como aglomerados estelares.
Dentro destes ricos e densos aglomerados, as estrelas disputam o espaço com milhares de vizinhos enquanto a radiação forte e os duros ventos estelares varrem o espaço interestelar, retirando materiais da formação planetária de estrelas próximas.
Concepção artística mostra um dos planetas recém-descobertos pela Nasa
Parecem lugares improváveis para se encontrar planetas. No entanto, a 3000 anos-luz da Terra, no aglomerado aberto NGC 6811, os astrônomos descobriram dois planetas menores que Netuno em órbita de estrelas tipo-Sol. A descoberta, publicada na revista Nature, mostra que os planetas podem se desenvolver mesmo em grupos lotados recheados de estrelas.
"Os velhos aglomerados representam um ambiente estelar muito diferente do berço do Sol e de outras estrelas com planetas," afirma Soren Meibom do CfA (Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica), autor principal do artigo. "E pensávamos que talvez os planetas não poderiam facilmente formar-se e sobreviver nos ambientes estressantes dos aglomerados".
Os dois novos planetas apareceram em dados do telescópio Kepler da NASA. O Kepler caça planetas em trânsito, isto é, quando passam em frente das suas estrelas hospedeiras. Durante um trânsito, a estrela diminui de brilho, e esta diminuição depende do tamanho do planeta, permitindo a sua determinação. Kepler-66b e Kepler-67b têm menos de três vezes o tamanho da Terra, ou cerca de três-quartos do tamanho de Netuno.
Dos mais de 850 planetas conhecidos além do nosso Sistema Solar, apenas quatro - todos semelhantes ou maiores que Júpiter em massa - foram encontrados em aglomerados. Kepler-66b e Kepler-67b são os menores planetas já descobertos em aglomerados estelares, e os primeiros planetas em aglomerados que transitam as suas estrelas-mãe, o que permite a medição dos seus tamanhos.
Meibom e seus colegas estimaram a idade de NGC 6811 em um bilhão de anos. Kepler-66b e Kepler-67b, portanto, juntam-se a um pequeno grupo de planetas com idades, distâncias e tamanhos determinados com precisão.
Considerando o número de estrelas observadas pelo Kepler em NGC 6811, a detecção destes dois planetas implica que a frequência e propriedades dos planetas em aglomerados abertos são consistentes com as dos planetas em torno de estrelas de campo (estrelas que não pertencem a um aglomerado ou associação) na Via Láctea.
"Estes planetas são extremófilos cósmicos," afirma Meibom. "A sua descoberta mostra que planetas pequenos podem formar-se e sobreviver por pelo menos um bilhão de anos, mesmo num ambiente caótico e hostil."
Fonte: Space.com

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