sábado, 10 de março de 2012

ESTUDO EXPLICA POR QUE A LUA TEM UM FORTE CAMPO MAGNÉTICO

Clique e entenda a formação do magnetismo lunar (Arte/D.A Press)
Em 20 de julho de 1969, o norte-americano Neil Armstrong entrou para a história por ser o primeiro homem a pisar a Lua. Além de uma série de respostas científicas sobre o único satélite natural da Terra, a visita de Armstrong e de outros astronautas gerou várias dúvidas, algumas delas sem resposta até hoje. Agora, em um artigo publicado na edição de hoje da revista Science, cientistas franceses e norte-americanos parecem ter encontrado a resposta para uma das mais intrigantes: como pode a Lua ser magnetizada?
Quando as naves Apollo passaram a pousar na Lua, entre 1969 e 1972, uma das maiores surpresas dos cientistas foi detectar a existência de um forte magnetismo em sua superfície. O fenômeno era inesperado porque 93% da composição do satélite são de não metais, como hélio, neônio, hidrogênio e argônio. E para a existência de magnetismo seriam necessários mais metais na composição lunar.

"Análises de amostras trazidas pelas missões Apollo mostram que a crosta lunar é, intrinsecamente, muito não magnética. Portanto, os campos magnéticos lunares detectados a partir de naves espaciais em órbita são extremamente difíceis de explicar", diz ao Estado de Minas Mark Wieczorek, pesquisador da Universidade de Paris-Diderot, na França, líder do estudo.
Na busca por uma explicação, os cientistas voltaram seus olhos para as crateras da Lua, resultantes de bilhões de anos de impactos de meteoros e asteroides. Chamou a atenção dos especialistas o fato de a região conhecida como bacia do Polo Sul-Aitken – onde está a maior cratera formada por um impacto de asteroide de todo o Sistema Solar – ter a maior concentração de magnetismo.  Essa coincidência fez os cientistas desconfiarem de que, talvez, o fenômeno inesperado detectado na Lua tivesse uma causa externa. A teoria era a de que o asteroide de aproximadamente 200 quilômetros de extensão que formou a enorme cratera teria depositado ali uma grande quantidade de metais ferrosos. "Esses impactos foram um dos processos geológicos mais importantes para a formação da superfície lunar. Um asteroide grande o suficiente para criar essa cratera no Polo Sul-Aitken deve ter deixado uma quantidade enorme de alguma forma exótica de ferro na superfície lunar", resume o pesquisador francês.
Simulação
Para confirmar essa hipótese, os pesquisadores passaram a simular em computador como teria sido o impacto na região Sul da lua. "Nossas simulações desse impacto mostram que esse material é capaz de explicar as anomalias magnéticas na Lua se tiver sido depositado quando ainda existia um antigo campo magnético no satélite", prossegue Wieczorek.
Logo depois de sua formação, a Lua tinha algum tipo de campo magnético, que foi desaparecendo à medida que ela adquiria as características atuais. "Sabemos, de outros estudos das rochas lunares, que tal campo provavelmente estava presente no momento do grande impacto", explica o especialista. Assim, a junção de um campo magnético já existente com o espalhamento de materiais ferrosos conservou na superfície lunar um campo eletromagnético que resiste até hoje.
A descoberta, além de desvendar um antigo mistério, traz importantes informações sobre a história da Lua, especialmente ao mostrar que ela, muito provavelmente, teve um campo magnético em sua origem. "A Lua é o nosso vizinho mais próximo, mas, até muito recentemente, não sabíamos até que ponto ela tinha sido um miniplaneta (com crosta, manto, núcleo e um campo magnético antigo) ou somente mais um asteroide, corpo que muitas vezes é descrito como pilhas de escombros não derretidos do Sistema Solar", relata Wieczorek.

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