segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

ENCONTRADA METADE DA MATÉRIA QUE ESTAVA PERDIDA NO UNIVERSO

encontrada metade da matéria barionica do universo
Mas tudo que conhecemos compõe menos de 5% de todo o Universo. Isso confundiu os cientistas e astrofísicos, afinal, onde está o restante? E como eles sabem que mais de 95% do Universo está escondido em algum lugar?
Após estudos aprofundados e super complexos, os cientistas estimaram que após 20 minutos da ocorrência do Big Bang, quando tudo se formou em um lapso de segundo, apenas 4,6% do Universo foi composto por matéria bariônica (matéria normal). Os outros 70% e 23% foi preenchido por energia escura e matéria escura, respectivamente.
Mas o que é matéria bariônica?
Matéria bariônica é tudo que está a nossa volta: casas, carros, computadores, planeta, estrelas, e até nós mesmos somos compostos por matéria bariônica, afinal, estamos falando de prótons, nêutrons e átomos. Ou seja, matéria bariônica é a matéria "normal" do Universo.
Só sabemos que existe a matéria escura por conta de sua força gravitacional, mas ela é invisível, não a enxergamos e não a entendemos direito...
Mas agora, duas equipes de pesquisadores, do Instituto Espacial de Astrofísica de Orsay, na França, e da Universidade de Edimburgo, na Escócia, decidiram se aprofundar nesse assunto e descobrir mais detalhes sobre o Universo que não conhecemos, mais precisamente sobre a matéria normal.
Todas as galáxias são interligadas por uma teia cósmica composta por filamentos de gás aquecido, mas infelizmente, por ser muito tênue (considerando a massa do Universo), os telescópios não conseguem enxergá-la. Nenhum observatório existente conseguiu registrar esses filamentos.
Mas eles existem! E foi exatamente isso que os pesquisadores conseguiram comprovar através do Efeito Sunyaev-Zel’dovich.
A radiação cósmica de fundo - o que restou da explosão e da luz emitida pelo Big Bang - passa por esses filamentos de gás quente, interagindo com seus elétrons, e claro, deixando uma marca.
Simulação digital de como a teia cósmica se espalha pelo Universo
Simulação digital mostra como a teia cósmica se espalha pelo Universo.
Créditos: V. Springel / Max-Planck Insitute for Astrophysics / Garching bei Munchen
Logo, os pesquisadores analisaram onde os filamentos entre as galáxias poderiam estar localizados, e surpresa! Lá estava o volume de gás entre elas. Apenas esse gás quente dos filamentos que ligam as galáxias representam cerca de metade da matéria bariônica do Universo.
Uma equipe de cientistas da Universidade de Genebra, na Suíça, já havia detectado filamentos de gás, mas na ocasião, eles só conseguiram observar parte dessa "teia cósmica", mais precisamente do agrupamento de galáxias Abell 2744. Quando a pesquisa foi publicada, ela ainda tinha deixado uma questão: será mesmo que a teia cósmica existe entre TODAS as galáxias? Agora sabemos que sim.
Os experimentos consideraram que os filamentos seguem uma linha reta entre uma galáxia e outra, mas de acordo com o astrônomo J. Michael Shull, da Universidade do Colorado, isso não está correto. O mais provável é que os filamentos se apresentem de forma mais complexa, com curvas e ligações bem menos prováveis.
Mas o importante é que essas "pontes" que se parecem muito com as conexões cerebrais ou com uma teia cósmica, de fato existem, e agora foram comprovadas.
Vale lembrar que ainda existe uma pequena parte da matéria bariônica que ainda não foi encontrada. Mas o importante é que, se mantivermos esse ritmo de descobertas, provavelmente falta muito pouco para desvendarmos mais um segredo do Universo.

Imagens: (capa-ilustração/Andrew Pontzen/Fabio Governato/divulgação) / V. Springel / Max-Planck Insitute for Astrophysics / Garching bei Munchen

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