domingo, 1 de abril de 2012

OBJETOS MISTERIOSOS NO LIMITE DO ESPÉCTRO ELETROMAGNÉTICO


O olho humano é crucial para a Astronomia. Sem a capacidade de ver, o Universo luminoso de estrelas, planetas e galáxias estaria fechado para nós, desconhecido para todo o sempre. No entanto, os astrônomos não conseguem desfazer-se do seu fascínio pelo invisível. 
 
Ilustração das gigantes "bolhas de Fermi" emergindo do coração da Via Láctea.
 Créditos: Centro Aeroespacial Goddard da NASA

Mas além do reino da visão humana há todo um espetro eletromagnético de maravilhas. Cada tipo de radiação - desde ondas de rádio até raios-gama - revela algo único sobre o Universo. Alguns comprimentos de onda são mais indicados para estudar buracos negros; outros revelam estrelas e planetas recém-nascidos; enquanto outros iluminam os primeiros anos de história cósmica. 

A NASA tem muitos telescópios a estudando os comprimentos de onda em ambas as direções do espectro electromagnético. Um deles, o Telescópio Fermi de Raios-Gama em órbita da Terra, acaba de atravessar uma nova fronteira eletromagnética. 

"O Fermi está detectando fótons energéticos e 'loucos'," afirma Dave Thompson, astrofísico do Centro Aeroespacial Goddard da NASA. "E está detectando tantos destes que fomos capazes de produzir o primeiro mapa do Universo altamente energético." 

"A imagem mostra o céu perto do limite do espectro eletromagnético, entre 10 e 100 bilhões de eV (elétron-volt)." 

A luz que vemos com os nossos olhos consiste de fótons com energias entre 2 e 3 eV. Os raios-gama que o Fermi detecta são bilhões de vezes mais energéticos, desde 20 milhões até mais de 300 bilhões eV. Estes fótons em raios-gama são tão energéticos, que não podem ser "guiados" pelos espelhos e lentes que se encontram em telescópios normais. Por isso, o Fermi usa um sensor mais parecido com um contador Geiger do que com um telescópio. Se conseguíssemos usar os "óculos" do Fermi para ver em raios-gama, seríamos testemunhas de poderosas balas de energia - os raios-gama individuais - oriundos de fenômenos cósmicos como buracos negros supermassivos e explosões de hipernovas. O céu seria um frenesi de atividade. 

Antes do Fermi ter sido lançado em Junho de 2008, conhecia-se apenas quatro fontes celestes de fótons neste intervalo energético. "Em apenas 3 anos, o Fermi descobriu quase 500 mais," afirma Thompson. 

O que se situa neste novo reino? "Muitos mistérios, só para começar," afirma Thompson. "Cerca de um terço das fontes não podem ser ligadas claramente com qualquer um dos tipos conhecidos de objetos que produzem raios-gama. Não temos ideias do que são." 

O resto tem uma coisa em comum: energia extraordinária. 

"Entre eles estão buracos negros supermassivos apelidados de blazares; os restos ferventes de explosões de supernova; e estrelas de neutrons ultra-rápidas denominadas pulsares." 

E alguns destes raios-gama parecem vir das 'bolhas de Fermi' - estruturas gigantes emanando do centro da Via Láctea e com aproximadamente 20.000 anos-luz de comprimento, tanto para cima como para baixo do plano galático. 

Exatamente como é que estas bolhas se formaram, é outro mistério. 

Agora que o primeiro mapa do céu está completo, o Fermi está trabalhando em outro, mais sensível e detalhado. 

"Nos próximos anos, o Fermi deverá revelar algo novo sobre todos estes fenômenos, o que os gera, e o porquê gerar níveis tão 'anormais' de energia," afirma David Paneque, líder do trabalho do Instituto Max Planck na Alemanha. 

Por agora, existem mais desconhecidos do que conhecidos neste "mundo do Fermi". Conclui Thompson: "É muito excitante!" 

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