terça-feira, 18 de outubro de 2016

ETA CARINA; A BOMBA RELÓGIO

 Eta lindonaA foto do Homúnculo de Eta Carinae é um dos ícones produzidos pelo Telescópio Espacial Hubble. Restos de uma super explosão anterior, por volta de uns 1.000 anos atrás, também podem ser vistos nessas imagens.
Eta lindona Eta Carina, durante muito tempo considerada a estrela mais massuda de nossa galáxia, tem mostrado sinais da idade. Apesar de não ser mais “a” estrela com mais massa na Via Láctea, ela deve ser um sistema composto por duas das mais massudas, e estrelas com muita massa vivem pouco. Isso as leva a ter uma alta temperatura, um forte brilho, mas um curto intervalo de vida. E parece que a hora de Eta Carina chegou, ou está para  chegar.
Bom, se você é daqueles que acredita que o LHC vai produzir um mini buraco negro que vai tragar a Terra, não precisa se preocupar. Mas a história é a seguinte.
Em 1843, Eta Carina sofreu uma explosão tão intensa que ela pôde ser observada de dia! Eta Car (para os íntimos) é visível no hemisfério Sul e está a 7.500 anos-luz de distância. Naquela época, astrônomos no observatório da África do Sul relataram o súbito aumento de brilho. Hoje em dia ainda é possível ver os restos dessa explosão na forma de uma nebulosa chamada de Homúnculo.
Um colega nosso, Nathan Smith, mostra na edição de hoje da revista científica “Nature” que novas observações que ele fez nos observatórios Gemini Sul e CTIO, ambos no Chile, revelam filamentos de gás se afastando muito rapidamente, quase cinco vezes mais
rápido do que o material do Homúnculo. Esse material teria sido ejetado de Eta Car no mesmo evento de 1843. Por essa hipótese, toda estrela muito massuda daria sinais de esgotamento de seu combustível alguns anos antes de explodir como uma supernova. Esse tipo de evento tem sido observado em outras galáxias, mas até agora não há nenhuma explicação para ele. Como uma estrela pode se tornar tão brilhante assim sem ter se tornado uma supernova?
Nessa ejeção de massa, Smith calcula que Eta Car se livrou de algo em torno do equivalente a 10 estrelas como nosso Sol de uma só tacada. Ainda sim, logo em seguida, ainda teve fôlego para ejetar todo o material que compõe o Homúnculo. De tanto perder massa assim, é possível que hoje ela tenha por volta de um terço de sua massa original.
O fato é que aparentemente uma estrela com tanta massa passa por golfadas violentas como essa até sua explosão final como supernova. De fato, uma hipernova observada em 2006 passou por um evento desses dez anos antes. Eta Carina, pelo que vemos nas imagens, passou por duas já, uma há 1.000 anos e outra em 1843. Resta saber quando será a terceira que provavelmente pode ser a última. Pode ser uma questão de décadas, ou séculos, mas no máximo em 1.000 anos Eta Carina vai explodir espetacularmente, tornando-se o objeto mais brilhante de nossa galáxia.

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