quinta-feira, 31 de março de 2016

VIA LÁCTEA CRESCEU DE DENTRO PARA FORA

Via Láctea cresceu de dentro para fora
É assim que os astrônomos imaginam ser nossa galáxia, ainda que a Via Láctea possa ser 50% maior do que se calcula.[Imagem: Yan Xu et al. 
As primeiras observações entre as centenas de bilhões de estrelas da Via Láctea - as estimativas variam entre 100 e 400 bilhões - podem ter começado a brilhar há 13 bilhões de anos, antes mesmo da formação completa da galáxia.
Esta é uma importante dedução suscitada por um mapa cronográfico pioneiro das estrelas mais antigas da galáxia. A principal conclusão do trabalho é que a galáxia começou a formar estrelas de dentro para fora, ou seja, primeiro no núcleo, pipocando depois em direção à sua periferia, o halo galáctico.
Para entender o significado da pesquisa é preciso imaginar o formato da Via Láctea. Trata-se de uma galáxia em espiral, cujos braços se espraiam a partir do núcleo, formando um disco de 100 mil anos-luz de diâmetro. Em torno do núcleo galáctico, a densidade estelar, ou seja, a quantidade de estrelas próximas umas das outras, é grande.
A essa concentração de estrelas que orbitam próximas ao núcleo dá-se o nome de bojo galáctico. Afastando-se do núcleo, a quantidade de estrelas cai e, por consequência, o disco galáctico afina até chegar às bordas, na periferia da galáxia, onde a densidade estelar é rarefeita.
Mas isso é uma pequena parte da galáxia, a parte visível à maioria dos observatórios astronômicos. O disco da Via Láctea está envolto pelo halo galáctico. Trata-se de um volume de espaço esférico muitas vezes maior que o disco.
As dimensões do halo galáctico são da ordem de várias centenas de milhares de anos-luz. Ele é composto principalmente por matéria escura, uma matéria invisível e desconhecida que faz com que a galáxia mantenha a sua coesão para não se estilhaçar. Mas o halo também é composto por nuvens de hidrogênio - e por estrelas.
Via Láctea cresceu de dentro para fora
O mesmo catálogo, o SDSS, usado pelos brasileiros, mostrou que a luz desconhecida emitida pelas galáxias não é produzida por buracos negros. [Imagem: Jennifer Johnson/SDSS]
Estrelas azuis
Via Láctea cresceu de dentro para fora
As estrelas do halo podem ser divididas em três conjuntos. No primeiro, estão agrupadas as dezenas de milhares em densos aglomerados esféricos chamados aglomerados globulares.
Conhece-se cerca de 150 aglomerados orbitando a Via Láctea, mas há também dois outros conjuntos estelares. Existem estrelas que foram parar no halo porque sua velocidade de escape fez com que se desgarrassem do disco galáctico.
E há igualmente aquelas que originalmente pertenciam a outras galáxias, pequenas, que acabaram canibalizadas pela Via Láctea há bilhões de anos. São estes dois últimos conjuntos de estrelas os alvos de investigação do trabalho recém-publicado. Mais especificamente, a pesquisa envolveu um tipo particular de estrelas do halo, as chamadas "estrelas azuis do ramo horizontal".
"São estrelas gigantes, em média dez vezes maiores que o Sol, que se encontram a caminho do fim da sua vida. Aquelas estrelas já passaram da sua fase jovem, quando queimavam hidrogênio. Estão agora na fase avançada, fundindo hélio e carbono", explicou Rafael Santucci, membro da equipe.
Quando esse suprimento findar, elas encolherão e se tornarão anãs brancas, que é o mesmo futuro do Sol. Os pesquisadores pretendiam reunir um grande número dessas estrelas azuis do ramo horizontal para analisar a cor de sua luz. Com isso, talvez fosse possível estimar a sua idade.
O cálculo da idade de uma estrela é feito a partir da combinação da análise da sua cor e também da assinatura química de sua luz. "As cores das estrelas estão relacionadas com suas temperaturas, que, por sua vez, estão relacionadas com suas massas, sendo que estas regem seus tempos de vida", disse Placco.
Santucci observa que, no caso específico desta pesquisa, "as variações de idade que descrevemos no trabalho foram baseadas nas cores".
Quanto às cores das estrelas, na maioria dos casos estrelas jovens e grandes são brancas ou azuis e estrelas de porte médio são amarelas ou laranjas. Estrelas velhas, caminhando para o fim da vida, se tornam gigantes vermelhas, para na senilidade virarem anãs brancas. "Mas as estrelas azuis do ramo horizontal são uma exceção à regra. Elas mantêm a cor azul mesmo no fim da vida", disse Santucci.
Via Láctea cresceu de dentro para fora
Outra descoberta recente que surpreendeu os astrônomos foi que as estrelas não têm posição fixa na galáxia. [Imagem: Dana Berry/SkyWorks Digital/SDSS collaboration]
Segunda geração estelar
Espectroscopia é a análise da assinatura química da luz das estrelas. Quando a luz produzida no núcleo da estrela escapa, passando por sua atmosfera, qualquer elemento químico presente na atmosfera deixa sua presença marcada para sempre no espectro daquela luz. Quando os astrônomos registram a luz de uma estrela distante, uma das primeiras coisas que fazem é analisar seu espectro.
Quando o Universo começou sua expansão, havia somente três elementos químicos, o hidrogênio, o hélio e uma pequena fração de lítio. Todos os demais elementos foram forjados no coração da primeira geração de estrelas, que terminou a vida em cataclísmicas explosões chamadas supernovas. Foram os detritos daquelas explosões que semearam o meio interestelar com todos os elementos da tabela periódica.
Essa semeadura prosseguiu e prossegue até hoje, com as supernovas das gerações subsequentes de estrelas. Acredita-se que o Sol, devido à sua composição química, seja produto da evolução de diversas gerações de estrelas. Em sua atmosfera existe uma grande variedade de elementos químicos.
Ao analisar o espectro da luz das estrelas, se os astrofísicos estão à caça de astros muito antigos, irão procurar aqueles cuja assinatura química indique a presença de alguns poucos elementos químicos além de hidrogênio, hélio e lítio, notadamente o carbono e o nitrogênio, entre outros.
Quando os cientistas encontram astros com tal composição, é um forte indicativo de que se trata de estrelas muito antigas, pertencentes à segunda geração estelar do Universo. "Elas podem ser tão ou mais antigas do que a Via Láctea", afirmou Placco.
Via Láctea cresceu de dentro para fora
Os arcos gravitacionais são outro enigma envolvendo as galáxias. [Imagem: Linea/Furlanetto et al.]
Mapa de estrelas antigas
Um primeiro trabalho do gênero foi publicado em 1991. Nele, a partir do estudo de 150 estrelas, procurou-se aferir sua distância e idade. Quanto à idade, não foram bem-sucedidos. A qualidade dos dados à disposição à época ainda era rala. "Vinte e quatro anos depois, o trabalho do Rafael (Santucci) foi fazer uma nova seleção de estrelas", contou Vinícius Placco, coautor do estudo.
Para tanto, Santucci mergulhou na gigantesca base de dados do projeto Sloan Digital Sky Survey (SDSS), nos Estados Unidos, cuja meta é catalogar centenas de milhares de galáxias distantes. "Mas como as estrelas da Via Láctea estão no meio do caminho, um subproduto importante do SDSS foi descobrir muitos milhares de estrelas no halo galáctico", disse Santucci.
Ele vasculhou nos arquivos do SDSS e conseguiu pinçar 4.700 estrelas. Foi a partir do estudo dessas estrelas que se criou o primeiro mapa das estrelas mais antigas da Via Láctea. "A quantidade e a qualidade dos dados hoje à disposição são muito maiores e melhores do que aquelas do artigo de 1991", disse Placco.
Com o mapa dos dois hemisférios (acima e abaixo do disco galáctico) da Via Láctea, foi possível descobrir o seguinte: as estrelas mais antigas se formaram antes ou concomitantemente "ao colapso gravitacional da imensa nuvem de gás que formou as estrelas do centro da Via Láctea", segundo explicou Santucci.
Via Láctea cresceu de dentro para fora
Inúmeros esforços observacionais tentam vislumbrar como seria o lado oculto da Via Láctea. [Imagem: Peter Frinchaboy/Ricardo Schiavon//SDSS-3]
Crescimento invertido
"Nosso mapa mostra que os objetos mais próximos do centro da galáxia têm uma idade de cerca de 13 bilhões de anos", disse.
A partir de então, as estrelas continuaram se formando, em ordem cronológica do centro para fora. "Nosso estudo veio confirmar antigas teorias da evolução galáctica, que postulavam que as estrelas mais antigas teriam se formado no centro e as mais jovens progressivamente em direção ao halo. Ninguém tinha mostrado isto antes", disse Santucci.
Como esse resultado surpreendente não foi antecipado, os autores estão escrevendo um novo artigo para submeter à revista Science. "Trata-se de um mapa muito maior e mais preciso, feito a partir de uma amostra com 100 mil estrelas", antecipou Santucci.
Uma evidência da originalidade da pesquisa dos brasileiros está no trabalho da concorrência acadêmica. Na primeira semana de janeiro, em reunião da Associação Americana de Astronomia na Flórida, foi apresentado outro mapeamento das idades das estrelas na Via Láctea, desta vez baseado em uma amostra de 70 mil estrelas gigantes vermelhas.
O foco não foi o halo, mas o disco galáctico. O trabalho confirmou o esperado quanto ao crescimento da galáxia: começou no meio e cresceu para fora. A prova é a abundância de estrelas antigas no meio do disco, segundo Melissa Ness, do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha.

quarta-feira, 30 de março de 2016

GALÁXIA QUE NÃO DEVERIA EXISTIR QUESTIONA TEORIA DO BIG BANG

Galáxia que não deveria existir questiona Big Bang
Galáxia ultra-distante, tão distante e antiga que contradiz o modelo do Big Bang.[Imagem: Leopoldo Infante et al.]
Teoria versus realidade
Se o modelo atual que explica o nascimento e desenvolvimento do nosso Universo estivesse correto, uma galáxia apelidada de Tainá - "recém-nascida", no idioma aimará - não deveria existir.
Mas, contra fatos e imagens não há argumentos: muito embora Tainá não devesse existir - por ordem das teorias, claro - ela existe.
Assim, quem está incorreta é a teoria, que parece precisar de ajustes, propõe o cosmologista madrilenho Alberto Molino Benito, que descobriu a galáxia que não deveria existir junto com colegas do Instituto de Astronomia da USP (IAG/USP).
Os dados indicam que Tainá está a 13,3 bilhões de anos de nós, o que indicaria que ela existiria apenas 400 milhões de anos após o Big Bang, com um desvio para o vermelho maior que 10 - a galáxia CR7, por exemplo, que ficou famosa há poucas semanas, tem um desvio para o vermelho de 7,5.
Lente virtual
A estranha galáxia está repleta de estrelas gigantes azuis, muito jovens e brilhantes, prontas para explodir em formidáveis supernovas, que poderão virar buracos negros. Quanto ao seu tamanho, Tainá tem dimensões equivalentes à da Grande Nuvem de Magalhães, uma pequena galáxia disforme que é um satélite da nossa Via-Láctea.
Apesar do poder tecnológico combinado do Hubble e do Spitzer, Tainá é tão distante e tão tênue que se torna invisível mesmo para aqueles poderosos observatórios. "Para detectar Tainá, nosso grupo teve que recorrer a técnicas sofisticadas, como a lente gravitacional", um fenômeno previsto por Albert Einstein na sua Teoria Geral da Relatividade, conta Alberto.
Segundo Einstein, a força gravitacional exercida por um corpo de grande massa, como um aglomerado de galáxias, distorce o espaço ao seu redor. Essa distorção acaba funcionando como uma descomunal lente virtual (ou gravitacional), que deflete e amplifica a luz de objetos muito mais distantes posicionados atrás desse corpo de grande massa.
Galáxia que não deveria existir questiona Big BangSistemas planetários "pré-históricos", descobertos recentemente, também questionam os pilares do modelo do Big Bang. [Imagem: Tiago Campante/Peter Devine]
Galáxia impossível
"400 milhões de anos é muito pouco tempo para a existência de uma galáxia tão bem formada", diz Alberto. "Os modelos mais recentes da evolução do Universo apontam para o surgimento das primeiras galáxias quando ele era bem mais velho." - pelo menos 1 bilhão de anos. Afinal, 400 milhões de anos é até anterior à discutida Época da Reionização.
Só existe uma explicação para a existência de Tainá - a mais antiga das outras 22 galáxias muito tênues detectadas pelo estudo. "Elas só poderiam se formar tão rapidamente após o Big Bang se a quantidade de matéria escura no Universo fosse maior do que acreditamos", pondera o cosmólogo.
Há várias hipóteses para tentar explicar o que seria matéria escura. Porém, como ela não interage com a luz, não conseguimos enxergá-la nem conhecer sua substância. A existência da matéria escura só é inferida devido a uma ação gravitacional sobre as galáxias que não pode ser explicada pela matéria comum. Não fosse essa gravidade extra, as galáxias já teriam há muito se esfacelado.
"A única explicação para Tainá existir e ser como era quando o Universo tinha 400 milhões de anos é graças à matéria escura, que deve ter acelerado o movimento de aglomeração de estrelas para a formação das primeiras galáxias", teoriza Alberto. "Se existe mais matéria escura, as galáxias podem se formar mais rápido."
Novos telescópios
Não é possível pesquisar mais a fundo sobre Tainá e suas irmãs proto-galáxias no Universo recém-nascido, pois a tecnologia à disposição foi empregada até o seu limite. "Para saber mais, para enxergar melhor as primeiras galáxias e inferir a ação da matéria escura, temos que aguardar até 2018, quando será lançado o sucessor do Hubble, o telescópio espacial de nova geração James Webb", diz Alberto.
O James Webb terá um espelho de 6,5 metros de diâmetro, muito maior que os 2,4 metros do Hubble. Esse aumento de tamanho se traduz em aumento de acuidade. Alberto e seus colegas contam com a sensibilidade do futuro telescópio espacial para continuar contando galáxias distantes e formar o maior banco de dados tridimensional do Universo. "Só assim poderemos confirmar como se processou a formação e evolução do Universo."

terça-feira, 29 de março de 2016

ENCONTRADO UM SUPER VAZIO QUE PODE ATÉ ABSORVER A LUZ NO UNIVERSO

 A área onde fica o chamado Ponto Frio fica na constelação de Eridano no hemisfério galático sul, como mostra a imagem feita pela Agência Espacial Europeia em colaboração com o telescópio Planck (Foto: ESA e Planck Collaboration)
Universo que 'suga' luz intriga astrônomos. Cientistas afirmam que região de 1,8 bilhão de anos-luz de largura poder ser 'maior estrutura individual' já identificada pela humanidade.
 A área onde fica o chamado Ponto Frio fica na constelação de Eridano no hemisfério galático sul, como mostra a imagem feita pela Agência Espacial Europeia em colaboração com o telescópio Planck (Foto: ESA e Planck Collaboration)
A área onde fica o chamado Ponto Frio fica na constelação de Eridano no hemisfério galático sul, como mostra a imagem feita pela Agência Espacial Europeia em colaboração com o telescópio Planck (Foto: ESA e Planck Collaboration)
Astrônomos de uma universidade no Havaí podem ter decifrado um mistério de dez anos e encontrado a maior estrutura conhecida do Universo.
Em 2004, ao examinar um mapa da Radiação Cósmica de Fundo (CMB, na sigla em inglês), resíduo do Big Bang presente em todo o Universo, astrônomos descobriram uma área diferente, surpreendentemente ampla e fria, batizada de Ponto Frio.
A física que estuda a teoria do Big Bang para a origem do Universo prevê pontos quentes e frios de vários tamanhos em um Universo ainda jovem, mas um ponto tão grande e tão frio como o desta descoberta não era esperada pelos cientistas.
Mas uma equipe, liderada por István Szapudi, do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí, em Manoa, pode ter a explicação para a existência deste Ponto Frio que, segundo Szapudi, seria "a maior estrutura individual já identificada pela humanidade".
'Supervazio'
A cold cosmic mystery solved
Usando dados do telescópio Pan-STARRS1 (PS1), em Haleakala, Maui, e também do satélite Wide Field Survey (WISE), da Nasa, a equipe de Szapudi descobriu o que chamaram de "supervazio", uma grande região de 1,8 bilhão de anos-luz de largura, na qual a densidade das galáxias é muito menor do que o normal encontrado no Universo conhecido.
Os cientistas dizem que essa região é tão grande que é difícil encaixá-la na nossa compreensão convencional sobre dimensões e espaço.
Ela é mais fria do que outras partes do universo, e apesar de não ser um vácuo ou totalmente vazia, parece ter cerca de 20% a menos de matéria do que outras regiões.
O "supervazio", localizado a 3 bilhões de anos-luz da Terra, "sugaria" energia da luz que viaja através dela, o que explica o intenso frio da região.
Segundo os cientistas, atravessá-la pode levar milhões de anos, mesmo à velocidade da luz.
O estudo foi publicado no "Notices of the Royal Astronomical Society".

segunda-feira, 28 de março de 2016

TEMPESTADE SOLAR PROVOCA IGNIÇÕES DE ENERGIA NAS AURORAS DE JUPITER

Jupiter

Um novo estudo usando dados Chandra mostra como uma tempestade solar gigante pode inflamar auroras em Júpiter.
Tempestades do Sol ocasionalmente liberar extremamente grandes fluxos de partículas através de ventos que viajam através do espaço.
Novos dados mostram a interação entre o vento solar e magnetosfera de Júpiter pode desencadear auroras na gigante de gás.
As tempestades solares estão provocando auroras de raios-X em Júpiter, que são cerca de oito vezes mais brilhante do que o normal sobre uma grande área do planeta e centenas de vezes mais energético do que o da Terra "Luzes do Norte", de acordo com um novo estudo usando dados da NASA Chandra X- ray Observatory. Este resultado é a primeira vez que aurora de Júpiter foram estudadas em luz de raios X quando uma tempestade solar gigante chegou no planeta.
A Sun constantemente ejeta fluxos de partículas para o espaço no vento solar. Às vezes, as tempestades gigantes, conhecidas como ejeções de massa coronal (CMEs), entrar em erupção e os ventos tornam-se muito mais forte. Estes eventos comprimir magnetosfera de Júpiter, a região do espaço controlado pelo campo magnético de Júpiter, mudando sua fronteira com o vento solar para dentro por mais de um milhão de milhas. Este novo estudo constatou que a interacção no limite desencadeia os raios-X em aurora de Júpiter, que cobrem uma área maior do que a superfície da Terra.
Estas imagens compostas mostrar Júpiter e suas aurora durante e após a chegada de um CME em Júpiter em outubro de 2011. Nestas imagens, dados de raios-X de Chandra (roxo) foram sobrepostos em uma imagem óptica do Telescópio Espacial Hubble. O painel do lado esquerdo revela a atividade de raios-X quando a CME atingiu Júpiter, e o lado direito é a visão, dois dias depois após o CME diminuiu. O impacto da CME na aurora de Júpiter foi monitorado monitorando os raios-X emitidos durante duas observações de 11 horas. Os cientistas que os dados utilizados para identificar a fonte da actividade de raios-X e identificar áreas de investigar mais profundamente a diferentes pontos de tempo. Eles pretendem descobrir como a forma de raios-X através da recolha de dados sobre o campo magnético, magnetosfera de Júpiter e Aurora usando Chandra e XMM-Newton da ESA.
Um artigo descrevendo estes resultados apareceu no 22 de março de 2016 edição do Journal of Geophysical Research. Os autores sobre o papel são William Dunn (UCL), Graziella Branduardi-Raymont (UCL), Ronald Elsner (da NASA Marshall Space Flight Center), Marissa Vogt (Universidade de Boston), Laurent Lamy (Universidade de Paris Diderot), Peter Ford (Massachusetts Institute of Technology), Andrew Coates (UCL), Randall Gladstone (Southwest Research Institute), Caitriona Jackman (University of Southampton), Jonathan Nichols (University of Leicester), Jonathan Rae (UCL), Ali Varsani (UCL), Tomoki Kimura ( JAXA), Kenneth Hansen (Universidade de Michigan), e Jamie Jasinski (UCL).
da NASA Marshall Space Flight Center, em Huntsville, Alabama, gerencia o programa Chandra para a Diretoria de Missões Científicas da NASA em Washington. O Observatório Astrofísico Smithsonian, em Cambridge, Massachusetts, controla as operações científicas e de voo de Chandra.
Fatos de Jupiter:
raios-X Crédito: NASA / CXC / UCL / W.Dunn et al, Optical: NASA / STScI
Data de lançamento 22 de março de 2016
Escala Cada imagem é de 60 segundos de arco de diâmetro.
Categoria Sistema Solar
Observação Data 02 de outubro de 2011 e 04 de outubro de 2011
Observação de tempo de 10 horas e 50 minutos cada um apontando.
Obs. ID 12315, 12316
instrumento ACIS
Referências Dunn, W. et al, 2016, JGR (aceite)
Código de Cores X-ray (roxo); Optical (Vermelho, Verde, Azul)
OpticalX-ray
Distância estimada  de cerca de 650 milhões km

domingo, 27 de março de 2016

ESO OBSERVA OS CONFINS DO GRUPO LOCAL


A galáxia WLM na periferia do Grupo Local
Esta imagem, capturada pela câmera OmegaCAM do ESO montada no Telescópio de Rastreio do VLT, mostra a galáxia solitária chamada Wolf-Lundmark-Melotte, ou WLM. Embora se considere que este objeto faz parte do nosso Grupo Local de dezenas de galáxias, WLM encontra-se isolada na periferia do grupo, sendo um dos seus membros mais remotos. De fato, esta galáxia é tão pequena e afastada que pode nunca ter interagido com outras galáxias do Grupo Local — ou talvez até com qualquer outra galáxia na história do Universo.
Como uma tribo isolada vivendo no interior da Amazônia ou numa ilha na Oceania, a galáxia WLM oferece uma visão rara sobre a natureza primordial das galáxias que foram pouco perturbadas pelo meio ao seu redor.
WLM foi descoberta em 1909 pelo astrônomo alemão Max Wolf e identificada como galáxia cerca de 15 anos depois pelos astrônomos Knut Lundmark e Philibert Jacques Melotte — o que explica o seu nome incomum. Esta galáxia tênue está situada na constelação da Baleia, a cerca de três milhões de anos-luz de distância da Via Láctea, a qual é uma das três galáxias espirais dominantes do Grupo Local.

WLM é muito pequena e sem estrutura, daí a sua classificação de galáxia anã irregular. Mede cerca de 8000 anos-luz no seu maior comprimento, uma medida que inclui um halo de estrelas extremamente velhas descoberto em 1996 (eso9633).
Os astrônomos pensam que pequenas galáxias primordiais semelhantes interagiram gravitacionalmente umas com as outras e em muitos casos se fundiram, dando origem a galáxias compostas muito maiores. Ao longo de bilhões de anos, este processo de fusão formou as grandes galáxias elípticas e em espiral que hoje parecem ser bastante comuns no Universo moderno. Este tipo de congregação de galáxias é semelhante à maneira como as populações humanas se deslocaram ao longo de milhares de anos e se juntaram em povoações cada vez maiores, dando eventualmente origem às atuais megacidades.
WLM, no entanto, desenvolveu-se isoladamente, longe da influência de outras galáxias e das suas populações estelares. Assim, tal como uma população humana escondida, com contatos limitados com o exterior, WLM representa um “estado de natureza” relativamente imperturbável, onde quaisquer mudanças que vão ocorrendo ao longo da sua vida são praticamente independentes da atividade que ocorre em outros locais.
Esta pequena galáxia apresenta um extenso halo de estrelas vermelhas muito tênues, que se estende na escuridão do espaço à sua volta. Este tom avermelhado é indicativo da idade avançada das estrelas. É provável que este halo tenha se originado na formação inicial da própria galáxia, fornecendo-nos assim pistas interessantes sobre os mecanismos que deram origem às primeiras galáxias.
As estrelas no centro de WLM parecem ser mais jovens e mais azuis em termos de cor. Nesta imagem, as nuvens cor de rosa correspondem a regiões onde a radiação intensa emitida pelas estrelas jovens ionizou o hidrogênio gasoso ambiente, fazendo-o brilhar com um característico tom avermelhado.
Esta imagem detalhada foi capturada pela câmera de grande angular OmegaCAM, uma câmera enorme montada no Telescópio de Rastreio do VLT (VST) do ESO no Chile — um telescópio de 2,6 metros dedicado exclusivamente a rastreios no visível do céu noturno. Os 32 detectores CCD da OmegaCAM criam imagens de 256 megapixels, o que nos dá uma vista de grande angular muito detalhada do cosmos.

sábado, 26 de março de 2016

OS MISTERIOSOS PONTOS BRILHANTES DE CERES NUNCA FORAM VISTOS DE TÃO PERTO

Pontos brilhantes em Ceres-  Cratera Occator
Novas imagens em close-up dos pontos brilhantes de Ceres. Os pontos brilhantes sugerem atividade vulcânica recente, e um oceano subterrâneo... 
Em 2015, a sonda Dawn da NASA entrou em órbita em torno de Ceres, um planeta anão localizado no cinturão de asteroides, entre Marte e Júpiter. O encontro da sonda com o planeta anão nos trouxe imagens incríveis sobre esse mundo, e de imediato, o que chamou a atenção não apenas dos cientistas, mas também de todos os entusiastas, foram os vários pontos brilhantes que salpicam parte da superfície acinzentada de Ceres.
Mas o que era a causa dos intrigantes pontos brilhantes? Ninguém tinha a resposta pra essa pergunta, mas os cientistas esperavam que novas imagens tiradas bem de perto, durante um voo rasante em fevereiro 2016, pudessem desvendar o grande mistério. E agora, finalmente, as novas imagens foram reveladas:
Pontos brilhantes em Ceres-  Cratera Occator - imagem aproximada e melhorada
Um close-up do ponto mais brilhante da superfície de Ceres, localizada no centro da Cratera Occator. Créditos: NASA / Dawn / JPL-Caltech
Como vemos na foto acima, esse é o maior ponto brilhante em Ceres, localizado no centro da cratera Occator. A sonda Dawn registrou essas imagens a apenas 385 quilômetros acima da cratera. Essa é a melhor foto já feita de um ponto brilhante em Ceres, e nos mostra uma cúpula riscada por diversas linhas e fraturas.
novas imagens close-up dos pontos brilhantes de Ceres

Visão geral da Cratera Occator. A cratera tem 92 km de diâmetro e 4 km de profundidade.
Em seu centro, é possível ver o ponto mais brilhante de Ceres. Créditos: NASA / JPL-Caltech / Dawn
No entanto, apesar de impressionantes, as imagens não resolvem o mistério das manchas brilhantes. "A geometria complexa do interior da cratera sugere atividade geológica no passado recente, mas teremos de concluir um mapeamento geológico detalhado da cratera, a fim de testar várias hipóteses para a sua formação", disse Ralf Jaumann do Centro Aeroespacial Alemão. Ele é um membro da equipe de ciência da missão Dawn, responsável pela divulgação das novas imagens na 4ª Conferência Anual de Ciência Planetária e Lunar, nos Texas, em 22 de março.
Os cientistas da missão Dawn também reportaram a descoberta de água na Cratera Oxo, que possui 9 km de diâmetro, no hemisfério norte de Ceres. Até o momento, a Cratera Oxo é a única região de Ceres em que foram encontrados depósitos de água na superfície. Os cientistas continuarão analisando a região.
Uma ideia que está ganhando força entre os pesquisadores diz que os pontos brilhantes podem ser uma crosta de sal, evidenciando uma área onde um oceano salgado poderia romper até a superfície. De fato, a densidade de Ceres sugere que 1/3 da massa do planeta anão é composta por água, e segundo alguns investigadores, Ceres pode ter mais água doce do que o nosso próprio planeta! Um mistério que pode nos trazer respostas esperançosas, afinal, se Ceres realmente possui água salgada e doce em seu interior, a vida também pode prosperar... mesmo longe dos olhos atentos da sonda...
Fonte: NASA / SpaceWeather / Dawn
Imagens: (capa-NASA / Dawn / JPL-Caltech) / NASA / JPL-Caltech / Dawn

sexta-feira, 25 de março de 2016

COMETAS GIGANTES COLIDEM COM A TERRA COM UMA FREQUÊNCIA MAIOR DO QUE IMAGINÁVAMOS

cometas gigantes - cometas centauros
A próxima grande extinção em massa poderia ser ocasionada por um cometa gigante?
Cometas gigantes que se originam nas redondezas dos planetas gigantes gasosos do Sistema Solar representando uma ameaça de colisão com a Terra bem maior do que os asteroides, que se originam mais perto do Sol, segundo novo estudo, publicado na revista Astronomy & Geophysics da Royal Astronomical Society.
Nos últimos vinte anos, os cientistas descobriram centenas de cometas gigantes (conhecidos como Centauros) perto de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. As descobertas são reveladoras.
No momento, nenhum cometa do grupo Centauro representa uma ameaça imediata para a Terra, mas a descoberta dessa população maciça levou um grupo de astrônomos a reavaliar a ameaça desses grandes corpos. Estimativas sugerem que pelo menos um desses cometas gigantes cruzam a órbita da Terra a cada 40.000 ou 100.000 anos, sendo espedaçado e dividido em várias partes que podem vir a colidir com a Terra. Essas colisões podem ser responsáveis ​​por desastres ambientais no passado da Terra, e podem inclusive estar associadas com a extinção dos dinossauros a 65 milhões de anos atrás.
Lua de Saturno - Phoebe - Cassini - NASA
Lua de Saturno - Phoebe -Créditos: Cassini / NASA
A lua de Saturno, Phoebe, pode ser um cometa gigante do grupo Centauro, que foi capturado pela gravidade de Saturno em algum momento, segundo cientistas.
Os cometas Centauros têm entre 50 e 100 km de diâmetro, e se movem em órbitas instáveis ​​próximo dos planetas gigantes gasosos. Ocasionalmente, a influência gravitacional de um desses planetas pode enviar um cometa gigantesco em direção à Terra.
"Nas últimas três décadas, temos rastreado e analisado os riscos de uma colisão entre um asteroide e a Terra", disse Bill Napier, professor honorário no Centro de Astrobiologia da Universidade de Buckingham na Reino Unido. Napier é o primeiro autor em um artigo que visa reavaliar a ameaça de cometas Centauros para a Terra.
"Nosso trabalho sugere que precisamos olhar além da nossa vizinhança imediata, e olhar para fora, além da órbita de Júpiter para encontrarmos os Centauros", disse Napier. "Se estivermos certos, então estes cometas distantes poderiam ser um perigo grave, e é hora de aceitarmos e entendermos o risco."
"Perturbações graves" conhecidas no ambiente terrestre e a história da evolução de civilizações antigas sugerem que um cometa Centauro deve ter se encontrado com o nosso planeta a cerca de 30.000 anos atrás. Este cometa Centauro teria lançado um aglomerado de detritos que atingiram a Terra. Esses detritos teriam tamanhos entre grãos de areia até alguns quilômetros de diâmetro.
Os pesquisadores apontam para a existência de muitas crateras pequenas em rochas trazidas da Lua pelos astronautas das missões Apollo. Como a Lua não tem atividade geológica, e nem atmosfera, suas crateras ficam muito bem preservadas em sua superfície, e sua história antiga (de colisões, por exemplo) pode ser estudada mesmo após milênios.
As pequenas crateras encontradas em rochas lunares datam de aproximadamente 30.000 anos atrás, sugerindo que um grande cometa pode ter atingido a Terra e a Lua nessa época.
Outras perturbações ambientais aqui na Terra, que datam de 10.000 aC e 2.300 aC, sugerem que cometas Centauros poderiam ter sido os responsáveis por várias mudanças em nosso planeta, durante diferentes períodos de tempo.
Fonte: Astronomy & Geophysics / Royal Astronomical Society
Imagens: (capa-ilustração/AFP) / Cassini / NASA

quarta-feira, 23 de março de 2016

CYGNUS A: EXPLOSÃO TRAVADA DE BURACO NEGRO

A Cygnus
Crédito: NASA / UMD / A.Wilson et al.
Esta imagem Chandra mostra uma cavidade gigante em forma de futebol (amarelo / laranja luz região interna) dentro do raio-X emitem gás quente ao redor da galáxia Cygnus A. A cavidade no gás quente foi criado por dois poderosos jatos emitidos a partir do buraco negro central região do núcleo de Cygnus A. o gás quente é de forma constante a ser empilhada para cima em torno da cavidade medida que se expande continuamente, criando um rebordo brilhante de emissão de raios-X (área externa brilhante cor de laranja).
Cygnus A não está sozinho em sua vizinhança galáctica, mas é um membro de um grande cluster contendo muitas galáxias. (Em dezenas de milhões de graus Celsius) de gás extremamente quente que é espalhado entre as galáxias. Embora tenha uma densidade muito baixa, este gás proporciona resistência suficiente para abrandar o avanço para fora dos jatos de partículas de Cygnus A. Os jatos-se terminam em rádio e de raios-X emitindo "pontos quentes" em cerca de 300.000 anos-luz do centro de galáxia. Os cientistas acreditam que as partículas atômicas rápidas e campos magnéticos dos jatos derramam para toda a região, proporcionando pressão que infla continuamente a cavidade Galática.
Fatos para Cygnus A:
Crédito NASA / UMD / A.Wilson et al.
Escala A imagem é de 3,3 x 2 arcmin transversalmente.
Categoria Quasares e galáxias ativas
Coordenadas (J2000) RA 28.30s 19h 59m | Dez + 40 ° 44 '02.00
constelação Cygnus
Datas de observação 21 de maio de 2000
Tempo de observação 9 horas
Obs. IDs 360
Instrumento ACIS
Distância Estimate 700 milhões de anos-luz
Data de lançamento 06 de novembro de 2000

terça-feira, 22 de março de 2016

ESO OBSERVA UMA CALMARIA NA CRECHE


A região escura que serpenteia por esta imagem de um campo de estrelas na constelação de Ofiúco não é exatamente o que parece.
Embora pareça não existir estrelas neste local, o fato é que elas estão escondidas por trás desta densa nuvem de poeira que bloqueia a luz. Esta nuvem escura em particular chama-se LDN 1768.
Apesar da sua aparência simples, as nebulosas escuras como LDN 1768 são de grande interesse para os astrônomos, já que é nestes lugares que as estrelas nascem.
No interior destas enormes maternidades estelares encontram-se protoestrelas — estrelas na fase mais jovem das suas vidas,  estrelas bebês ainda formando-se a partir do gás e da poeira da nuvem.
As protoestrelas são relativamente frias e ainda não começaram a produzir energia suficiente para emitirem radiação visível. Emitem no entanto radiação nos comprimentos de onda do submilímetro, a qual não é detectada pelo olho humano. Felizmente, ao contrário da radiação visível, a luz no submilímetro não é absorvida pela poeira ao seu redor. Utilizando telescópios especiais sensíveis à radiação submilimétrica, tais como o observatório Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), poderemos ver além da poeira e descobrir muito mais sobre as protoestrelas situadas no interior da nuvem.
Eventualmente, as protoestrelas irão se tornar suficientemente densas e quentes para dar início a reações nucleares que produzirão radiação visível, começando assim a brilhar. Quando isto acontecer, a estrela “sopra" para longe o casulo de poeira que a rodeia e faz com que o restante do gás emita radiação, criando assim um belo espetáculo luminoso conhecido por região H II.
Crédito: ESO

domingo, 20 de março de 2016

OBSERVADAS VARIAÇÕES INESPERADAS NAS MANCHAS BRILHANTES DE CERES


 Observações obtidas com o espectrógrafo HARPS no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, revelaram variações inesperadas nas manchas brilhantes do planeta anão Ceres. Embora Ceres pareça pouco mais que um ponto de luz quando visto a partir da Terra, estudos detalhados da sua radiação mostram não apenas as variações esperadas nas manchas devido à rotação de Ceres, mas também que estas estruturas se tornam mais luminosas durante o dia, entre outras variações. 
Estas observações sugerem que o material destas manchas é volátil e se evapora com o calor da luz solar.
Ceres é o maior corpo do cinturão de asteroides situado entre Marte e Júpiter e o único objeto deste tipo classificado como planeta anão. A sonda Dawn da NASA está em órbita de Ceres há mais de um ano e mapeou a sua superfície com grande detalhe. Uma das maiores surpresas foi a descoberta de manchas muito brilhantes, que refletem muito mais radiação do que o solo ao seu redor, muito mais escuro.
A mais proeminente destas manchas situa-se no interior da cratera Occator e sugere que Ceres pode ser um mundo muito mais ativo do que a maioria dos seus vizinhos asteroides.
Novas observações muito precisas obtidas com o espectrógrafo HARPS, montado no telescópio de 3,6 metros do ESO, em La Silla, no Chile, detectaram não apenas o movimento destas manchas devido à rotação de Ceres em torno do seu eixo, mas também descobriram variações adicionais inesperadas que sugerem que o material das manchas é volátil e se evapora com a luz do Sol.
O autor principal deste novo estudo, Paolo Molaro do INAF - Observatório Astronómico de Trieste, explica: “Assim que a sonda Dawn revelou a presença de misteriosas manchas brilhantes na superfície de Ceres, pensei imediatamente nos possíveis efeitos que podiam ser medidos a partir da Terra.

À medida que Ceres gira, as manchas aproximam-se da Terra e depois afastam-se outra vez, o que afeta o espectro da radiação solar refletida que chega à Terra.”
Ceres faz uma rotação em torno de si mesmo a cada 9 horas, e os cálculos mostram que o efeito devido ao movimento de aproximação e afastamento das causado por esta rotação é muito baixo, da ordem de 20 km/h. No entanto, este movimento é suficientemente elevado para poder ser medido por efeito Doppler com instrumentos de alta precisão como o HARPS.
A equipe observou Ceres com o HARPS durante pouco mais de duas noites em julho e agosto de 2015. “O resultado foi surpreendente,” acrescenta Antonino Lanza, do INAF - Observatório Astrofísico de Catania e co-autor do estudo. “Encontramos efetivamente as variações no espectro que esperávamos devido à rotação de Ceres, mas mais do que isso, encontramos também outras variações consideráveis de noite para noite.”
A equipe concluiu que as variações observadas podem ser devidas à presença de substâncias voláteis que se evaporam sob a ação da radiação solar . Quando as manchas no interior da cratera Occator estão no lado iluminado pelo Sol, formam plumas que refletem a radiação solar de modo muito eficaz. Estas plumas evaporam-se depois rapidamente, perdem refletividade e produzem as variações observadas. Este efeito, no entanto, varia de noite para noite, dando origem a padrões aleatórios adicionais, tanto para escalas de tempo curtas como para escalas de tempo mais longas.
Se esta interpretação se confirmar, Ceres parece ser muito diferente de Vesta e de outros asteroides do cinturão principal de asteroides. Apesar de estar relativamente isolado, o objeto parece ser internamente ativo. Sabe-se que Ceres é rico em água, mas não é claro se este fato está relacionado com as manchas brilhantes. A fonte de energia que origina esta perda contínua de material da superfície também é desconhecida.
A sonda Dawn continua a estudar Ceres e o comportamento das suas misteriosas manchas. Observações feitas a partir do solo com o HARPS e outros instrumentos poderão continuar mesmo após o final da missão espacial.

sábado, 19 de março de 2016

O GRANDE MISTÉRIO DA MATÉRIA ESCURA PODE TER SIDO FINALMENTE REVELADO

Misteriosos sinais de raios-X foram detectados, e segundo especialistas, parece ser a intrigante matéria escura.
Astrônomos podem finalmente ter detectado um sinal de matéria escura, o material misterioso que os cientistas acreditam que seja responsável pela formação da maior parte do Universo.
Debruçada sobre os dados coletados pela nave Newton XMM da Agência Espacial Europeia, uma equipe de pesquisadores avistou um ponto estranho em emissões de raios-X provenientes de dois corpos celestes diferentes: a galáxia de Andrômeda e o aglomerado de galáxias Perseus.
O sinal não corresponde a qualquer partícula conhecida ou átomo e, portanto, podem ter sido produzidos por matéria escura, disseram os investigadores.
"A distribuição do sinal dentro da galáxia corresponde exatamente ao que nós estávamos esperando da matéria escura, concentrado e intenso no centro de objetos e mais fraco e difuso nas bordas", comenta o co-autor do estudo Oleg Ruchayskiy, da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça.
"Com o objetivo de verificar os achados, em seguida, observamos os dados de nossa própria galáxia, a Via Láctea, e as mesmas observações foram confirmadas", acrescentou o principal autor Alexey Boyarsky, da EPFL e da Universidade de Leiden, na Holanda.
A matéria escura é assim chamada porque ela não absorve nem emite luz e, portanto, não pode ser observada diretamente. Mas os astrônomos sabem que existe matéria escura porque ela interage gravitacionalmente com a matéria "normal" que podemos ver e tocar.

Mapa em 3D da distribuição em larga escala da matéria escura, reconstruído através de medições de lente gravitacional fraca com o Telescópio Espacial Hubble. Créditos: Hubble / Wikimedia commons
E aparentemente, existe uma grande quantidade de matéria escura lá fora. Observações dos movimentos de estrelas e de galáxias sugerem que cerca de 80% de toda matéria no Universo é "escura", que exerce força gravitacional mas não interage com a luz.
Astrônomos encontram evidências de 2 novos planetas em nosso Sistema Solar
Os pesquisadores propuseram uma série de diferentes partículas exóticas como os constituintes da matéria escura, incluindo partículas de interação fraca (WIMPs), axions e neutrinos estéreis, primos hipotéticos de neutrinos "comuns" (partículas confirmadas que se assemelham aos elétrons, mas sem a carga elétrica).
Acredita-se que o decaimento de neutrinos estéreis pode produzir raios-X, de modo que a equipe de pesquisa suspeita que estas podem ser as partículas da matéria escura responsáveis pelo sinal misterioso vindo de Andrômeda e do aglomerado Perseus.
Se os resultados (que serão publicadas na próxima semana na revista Physical Review Letters) forem confirmados, eles podem dar início a uma nova era na Astronomia, segundo membros da equipe de estudos.

sexta-feira, 18 de março de 2016

SURPREENDENTE: CIENTISTA DA NASA EXPLICA COMO CHEGAR EM MARTE EM APENAS 30 MINUTOS

nave espacial viaja proximo da velocidade da luz - explicação
Nave espacial poderá viajar próximo da velocidade da luz - explicação 
A Nasa está desenvolvendo uma nave espacial que viaja próximo da velocidade da luz?
O cientista da NASA, Phillip Lubin, encontrou uma forma de viagem espacial que chamou a atenção do mundo, principalmente das agências espaciais, utilizando uma tecnologia a laser.
Atualmente, levamos cerca de 5 meses para chegar a Marte (que encontra-se a 1 UA da Terra (1 Unidade Astronômica equivale a distância média entre a Terra e o Sol). Imagine então quanto tempo levaria para chegar a outro sistema planetário? Seriam gerações e gerações nascendo e morrendo em uma nave espacial... quando chegássemos lá, talvez nem saberíamos mais o propósito da missão...
De modo breve e simples, o novo método apresentado por Phillip, chamado "Photonic Propulsion" (Propulsão Fotônica) usaria partículas de luz para ganhar velocidade no espaço. Basicamente, seria um canhão de laser e uma vela solar. O Laser lançaria uma grande quantidade de luz sobre a vela solar, e o resto já dá pra imaginar. Partículas de luz não possuem massa, mas possuem momentum e energia, e se refletida em um certo objeto, se transforma em impulso. E com uma grande vela solar, poderíamos acelerar uma nave espacial majestosamente pelo espaço, e chegar em Marte em apenas 3 dias. Brilhante!
nanosail-d - nasa
NanoSail-D. Créditos: NASA
E como se não bastasse, o cientista Phillip Lubin revelou recentemente que, se utilizarmos um laser extremamente poderoso, podemos chegar em Marte não em 3 dias, mas sim em 30 minutos! Isso mesmo: 30 minutos!
O conceito chamado "Propulsão de Energia Direta" foi apresentado no simpósio de Conceitos Avançados e Inovadores (NIAC) da NASA. Ele detalha todo seu projeto em um estudo de 52 páginas no jornal British Interplanetary Society.
Segundo Phillip, seria possível atingir mais de 1/4 da velocidade da luz em apenas alguns minutos. Isso seria suficiente para levar uma nave espacial até Marte em meros 30 minutos; ultrapassar a sonda Voyager 1 em menos de 3 dias; chegar a 1.000 UA em 12 dias e chegar em Alpha Centauri (a estrela mais próxima da Terra) em aproximadamente 15 anos. A nave espacial viajaria a cerca de 280 milhões de km por hora!
Um obstáculo no meio do caminho
Existem alguns empecilhos no projeto de Phillip Lubin, como por exemplo, qual seria o método utilizado para parar a espaçonave. A dificuldade de colisões com lixo espacial também seria um grande problema, mas de acordo com o cientista, o acúmulo de poeira interplanetária não afetaria na velocidade.
Outro probleminha a ser enfrentado, segundo alguns estudiosos, seria a "dilatação do tempo". No filme Interestelar, o personagem de Matthew McConaughey se aproxima de um buraco negro, e apesar de sua experiência ter durado apenas alguns minutos, passaram se anos aqui na Terra.
O mesmo poderia acontecer com uma nave espacial tripulada viajando para Marte próximo da velocidade da luz. Apesar dos astronautas terem viajado por apenas 30 minutos, há uma chance dessa viagem durar alguns anos devido ao paradoxo temporal aqui na Terra.
Buraco negro do filme InterestelarBuraco negro do filme Interestelar. Créditos: divulgação
De qualquer forma, Phillip diz que viagens tripuladas a essa velocidade ainda estão longes de acontecer, e seu projeto foi pensado para uma nave não tripulada, e completa: "Essa tecnologia não é ficção científica."
O professor Phillip e seu grupo trabalham no programa Directed Energy Interstellar Precursors (Deep-In), que tem a missão de criar naves espaciais para viajar até as estrelas mais próximas. Mas como ele mesmo diz, essa viagem não necessariamente precisa ser feita por humanos.
"Não estamos propondo um sistema para enviar humanos à distâncias interestelares", disse Phillip. "Humanos são extremamente frágeis e requerem um grande suporte. Missões robóticas são muito mais viáveis para explorações interestelares no futuro".

quinta-feira, 17 de março de 2016

A SUPERNOVA DE BETELGEUSE: FENÔMENO SERÁ VISÍVEL DA TERRA ATÉ DURANTE O DIA

Conheça a estrela fadada a explodir que pode ficar tão brilhante quanto a lua cheia
Betelgeuse é 890 vezes maior que o nosso sol e os cientistas têm certeza: cedo ou tarde, ela explodirá em uma magnífica supernova
Os astrônomos já confirmaram: uma das constelações mais famosas do nosso céu noturno - Órion, o caçador - cedo ou tarde perderá seu ombro direito. Isso vai acontecer porque sua segunda estrela mais brilhante, Betelgeuse, está morrendo. Mas ela definitivamente não terá uma morte serena, muito pelo contrário. Como uma boa supergigante vermelha (ela é 20 vezes mais massiva, 890 vezes maior e emite 125 mil vezes mais energia que nosso sol!), seu último suspiro promete ter desdobramentos cataclísmicos, resultando naquilo que a ciência considera um dos eventos mais violentos e extremos da natureza - uma supernova.
Quando isso acontecer, Betelgeuse vai deixar de ser uma das estrelas mais brilhantes da noite terrestre para virar um objeto muito, mas muito maior. Seu tamanho e brilho podem se tornar equivalentes aos da lua cheia, e ela será facilmente visível até durante o dia por alguns meses ou anos. Depois disso, desaparecerá por completo. Mas quando isso vai acontecer? Nem os astrônomos sabem ao certo.
As estimativas variam de cem mil até um milhão de anos, sendo que o primeiro cenário é o mais provável. Mas a verdade é que ainda sabemos pouco sobre Betelgeuse, até mesmo a distância da estrela continua sendo alvo de debates. Um estudo recente trouxe evidências de que ela está a 650 anos-luz da Terra - isso é longe o bastante para garantir que, quando vier a supernova, não correremos nenhum tipo de risco. Mesmo que para nós cem mil anos possa parecer muito tempo, em uma perspectiva cósmica isso é um piscar de olhos.
Simulação da supernova de Betelgeuse vista da Terra - fenômeno será visível até durante o dia (Foto: Reprodução)
E levando em conta o tanto que ainda não conhecemos sobre este sol distante, dá até pra nutrir uma (minúscula) esperança de que ele exploda hoje à noite!
De um jeito parecido com algumas pessoas aqui na Terra, as supergigantes vermelhas vivem rápido e morrem jovens: Betelgeuse está agonizando com “meros” 8,5 milhões de anos, enquanto o Sol existe há 4,5 bilhões de anos e deve viver até o dobro disso. Ainda comparando as duas estrelas, se Betelgeuse estivesse no centro de nosso sistema solar, a Terra e todos os planetas rochosos seriam engolidos, e seu diâmetro se estenderia até as proximidades de Júpiter.
No estágio atual, a gigante provavelmente já exauriu todo o hidrogênio de seu núcleo, principal combustível que acaba transformado em hélio. Agora, o hélio está sendo convertido em carbono, processo que libera uma imensa quantidade de energia e provoca grande perda de massa. Daqui a provavelmente cem mil anos, quando o hélio se esgotar, as coisas começam a ficar mais turbulentas - elementos cada vez mais pesados serão fundidos em um espaço cada vez mais curto de tempo. A morte chega junto com a fusão do silício em ferro, que rouba a energia que a estrela precisa para se sustentar.
O núcleo entra em colapso, esquenta ridiculamente e - CABUM! Explode em uma magnífica supernova. É o fim de Betelgeuse. Octilhões de toneladas de matéria serão lançadas no espaço interestelar junto de uma onda de choque que viajará a cerca de 13 quilômetros por segundo e vai demorar 6 milhões de anos para nos acertar. A bolha de partículas do Sol que protege todo o sistema que ele rege, chamada de heliosfera, deve nos proteger do impacto. De hoje até lá, inclusive, a Via Láctea provavelmente terá sido palco de umas mil supernovas , a média galáctica é de mais ou menos uma explosão por século, e a última foi observada pelo astrônomo Johannes Kepler em 1604. Considerando o “atraso”, é possível que uma supernova ilumine nossa galáxia a qualquer momento!
Então da próxima vez que você olhar para o céu e encontrar as Três Marias (ou o cinturão de Órion), preste bastante atenção na estrela vermelha brilhando um pouco acima delas. Pense que, em algum lugar a 650 anos-luz daqui, ela agoniza e enfrenta seus últimos momentos de vida. Mesmo que não estejamos mais aqui quando ela finalmente explodir, daqui a 100 mil anos, tente imaginar aquela bolinha vermelha crescendo até ficar do tamanho da lua cheia. O mais legal de tudo é lembrar que não se trata apenas de um exercício de imaginação - isso vai mesmo acontecer!

quarta-feira, 16 de março de 2016

A IMAGEM MAIS NÍTIDA ATÉ HOJE DE UM DISCO DE POEIRA EM TORNO DE UMA ESTRELA VELHA

O anel de poeira em torno da estrela dupla envelhecida IRAS 08544-4431
O VLTI descobre discos em torno de estrelas envelhecidas semelhantes aos encontrados em torno de estrelas jovens
O Interferômetro do Very Large Telescope instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, obteve a imagem mais nítida até hoje de um disco de poeira em torno de uma estrela envelhecida. Pela primeira vez estas estruturas podem ser comparadas aos discos que se situam em torno de estrelas jovens — e o fato é que são surpreendentemente similares. É até possível que um disco que apareça no final da vida de uma estrela possa ainda dar origem uma segunda geração de planetas.
À medida que se aproximam do final das suas vidas, muitas estrelas desenvolvem discos estáveis de gás e poeira à sua volta. Este material é ejetado por ventos estelares na época em que a estrela se encontra na fase evolutiva de gigante vermelha. Estes discos parecem-se com os que formam planetas em torno de estrelas jovens. Mas, até agora, os astrônomos nunca tinham conseguido comparar os dois tipos de discos, ou seja, os que se formam no início e os que se formam no final do ciclo de vida das estrelas.
Embora existam muitos discos associados a estrelas jovens que estão suficientemente perto de nós para poderem ser estudados em detalhe, não existem estrelas velhas com discos suficientemente perto da Terra para que possamos obter imagens detalhadas.
Mas isso agora mudou. Uma equipe de astrônomos liderada por Michel Hillen e Hans Van Winckel do Instituut voor Sterrenkunde de Leuven, na Bélgica, utilizou todo o poder do Interferômetro do Very Large Telescope (VLTI) instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, com o instrumento PIONIER e o recentemente atualizado detector RAPID.
O alvo da equipe foi uma estrela dupla velha, IRAS 08544-4431, que se situa a cerca de 4000 anos-luz de distância da Terra na constelação austral da Vela. Esta estrela dupla consiste numa gigante vermelha, que expeliu o seu material para um disco de poeira à sua volta, e uma estrela menos evoluída mais normal que orbita próximo da gigante vermelha.
Jacques Kluska, um membro da equipe da Universidade Exeter, no Reino Unido, explica: “Ao combinar a radiação coletada pelos vários telescópios do Interferômetro do Very Large Telescope, obtivemos uma imagem com nitidez surpreendente — o equivalente ao que um telescópio com um diâmetro de 150 metros conseguiria ver. A resolução é tão elevada que, em termos de comparação, poderíamos determinar o tamanho e a forma de uma moeda de 1 euro vista a uma distância de 2000 quilômetros!”
Graças à nitidez sem precedentes das imagens obtidas pelo Interferômetro do Very Large Telescope e a uma técnica nova que consegue remover as estrelas centrais da imagem de modo a vermos o que está ao seu redor, a equipe pôde obter pela primeira vez todos os blocos constituintes do sistema IRAS 08544-4431.
A estrutura mais proeminente da imagem é claramente o disco resolvido. O limite interior do disco, observado pela primeira vez nestas imagens, corresponde muito bem ao que se espera do começo de um disco de poeira: a poeira próxima da estrela evapora-se devido à violenta radiação emitida por estes objetos.
“Ficamos surpresos ao descobrir um brilho mais fraco que vem muito provavelmente de um pequeno disco de acreção que se encontra em torno da estrela companheira. Sabíamos que esta estrela era dupla, mas não esperávamos ver a companheira de forma direta. É realmente graças ao imenso salto em desempenho fornecido pelo novo detector PIONIER que conseguimos ver as regiões mais internas deste sistema distante,” acrescenta o autor principal Michel Hillen.
A equipe descobriu que os discos em torno das estrelas velhas são na realidade muito semelhantes aos discos que formam planetas em torno de estrelas jovens. Teremos ainda que determinar se realmente se poderá formar uma segunda geração de planetas em torno destas estrelas velhas, no entanto esta possibilidade é claramente intrigante.
“As nossas observações e modelos abrem uma nova janela no estudo da física destes discos, assim como na evolução estelar de estrelas duplas. Pela primeira vez as complexas interações entre sistemas binários próximos e o meio empoeirado ao seu redor podem ser resolvidas no espaço e no tempo,” conclui Hans Van Winckel.

terça-feira, 15 de março de 2016

SONDA EXOMARS COM LANÇAMENTO PREVISTO PARA A PRÓXIMA SEMANA


Impressão de artista da separação do módulo de entrada, descida e aterragem da ExoMars 2016, com o nome Schiaparelli. Crédito: ESA/ATG medialab
Levou algum tempo, mas na próxima semana a Europa e a Rússia vão voltar a Marte. No dia 14 de março a ExoMars TGO (Trace Gas Orbiter) será lançada a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo de um foguetão Proton. A sua missão: compreender a atmosfera do planeta e procurar sinais de atividade biológica e geológica.
Assumindo que corre tudo como planeado, a nave alcançará o Planeta Vermelho no dia 19 de outubro. Transporta um pequeno "lander" chamado Schiaparelli que vai pousar na superfície, dando à ESA e à Roscosmos a muito necessária prática para o futuro rover ExoMars, com lançamento previsto para 2018.
Nenhuma das agências tem um grande historial quando se trata de Marte. A única missão da ESA, a Mars Express, entrou em órbita em 2003. Mas o Beagle 2, o veículo britânico que transportava, não conseguiu "telefonar" para casa, apesar de ter sido redescoberto recentemente à superfície. A Rússia tem-se saído ainda pior, perdendo a missão Fobos-Grunt em 2011 depois de um lançamento malsucedido. A União Soviética tentou mais de uma dúzia de missões a Marte, mas nenhuma foi um sucesso completo.
A NASA tem dominado a exploração marciana até agora. A sua sonda mais recente, a MAVEN, está atualmente a analisar a atmosfera superior do planeta, mas Håkan Svedhem, cientista do projeto ExoMars 2016, diz que a TGO dará uma nova perspetiva mais próximo da superfície. "Tem instrumentos que são muito, muito mais sensíveis do que no passado," afirma, que podem detetar moléculas a um nível de partes por milhar de milhão.
A ligação dos gases no ar com a sua origem à superfície é chave para descobrir se Marte é tão morto como parece, e a prioridade da TGO é o metano. Este gás quebra-se na luz solar após algumas centenas de anos, ou seja, este gás em Marte deve ter sido produzido recentemente, quer por vulcões ativos ou micróbios. "Se há metano, precisa de ser continuamente fornecido a partir de algum lugar," explica Svedhem.
As detecções anteriores de metano pelo rover Curiosity da NASA, juntamente com outras sondas e telescópios, revelaram-se confusas, pois o gás parece ser de mais curta duração do que o esperado. Para chegar ao fundo deste mistério, a TGO está equipada com dois conjuntos de espectrómetros desenhados para farejar os gases atmosféricos do planeta até pequenas quantidades, uma câmara para fotografar potenciais fontes no solo e um detetor de neutrões para mapear a água gelada até um metro abaixo da superfície.
Essas quantidades minúsculas - os gases residuais que dão à TGO o seu nome - vão desvendar os segredos do metano do planeta. Se o metano for acompanhado por um "aroma" a dióxido de enxofre, e atribuído a características geológicas à superfície, a causa mais provável será o vulcanismo ativo. O metano misturado com níveis mais elevados do isótopo carbono-12, que é o preferido pela vida na Terra, apontaria para uma origem biológica - embora ainda muito longe de confirmar a existência de vida em Marte.
"A detecção do metano, propriamente dito, não nos diz se é produzido biologicamente ou geologicamente - precisamos de olhar para a totalidade do comportamento atmosférico," afirma Bruce Jakosky da Universidade do Colorado, em Boulder, EUA, que lidera a missão da MAVEN. "A descoberta da fonte do metano é considerada pela equipa da TGO como o 'jackpot'."
Até o metano geológico poderá entusiasmar os astrobiólogos. "Pode sugerir que existem áreas de calor e troca química," afirma Nicholas Heavens da Universidade de Hampton, no estado americano da Virgínia. Ambos são ingredientes potenciais para a vida.
O que quer que a TGO descubra, não espere resultados imediatamente. Embora a sonda provavelmente capture algumas imagens e faça algumas medições para confirmar que tudo está a trabalhar devidamente após a sua missão interplanetária, a verdadeira fase científica da missão só terá início no final de 2017.
Isto porque a sonda chega a Marte com uma velocidade na ordem dos milhares de quilómetros por hora e tem que passar cerca de um ano a abrandar "raspando" suavemente a atmosfera, um processo chamado aerotravagem. A ESA praticou este método em 2014 com a sonda Venus Express, antes da missão chegar ao fim. "Adquirimos bastante experiência com a Venus Express," comenta Svedhem.
Este atraso significa que o rover Exomars de 2018, com aterragem prevista em 2019 numa região chamada Oxia Planum, não conseguirá seguir diretamente as descobertas da TGO. Tal como o Curiosity, este rover transporta muitos instrumentos, incluindo uma broca capaz de procurar sinais de vida até dois metros abaixo da superfície.
"A não ser que algo muito dramático aconteça, não esperamos que as descobertas da TGO afetem a decisão sobre o local de aterragem para a missão de 2018," afirma Svedhem. "Mas vão certamente ter impacto nas missões posteriores."
Em vez disso, o veículo de aterragem Schiaparelli acoplado à TGO vai agir como um ensaio. O "lander" é alimentado a baterias, por isso só deverá durar alguns dias à superfície, mas está equipado com sensores meteorológicos e uma câmara para obter imagens do ambiente marciano. A sua mais importante tarefa é testar o caminho acidentado até à superfície.
O Schiaparelli vai libertar-se da nave-mãe no dia 16 de outubro, poucos dias antes de alcançar Marte, e entrará pela atmosfera a 21.000 km/h. Em pouco menos de seis minutos, o escudo de calor, o para-quedas e os propulsores vão desacelerar o veículo até perto da velocidade de caminhada. A mesma tecnologia em larga escala deverá garantir uma aterragem segura para o futuro rover.
Isto não quer dizer que os dados da TGO não vão assistir o rover ExoMars quando este lá chegar, ou o sucessor robótico do rover Curiosity da NASA em 2020. "Se existirem fontes genuínas de gases interessantes, serão estes rovers que eventualmente esperamos que aí cheguem, ou que caracterizem ambientes potencialmente parecidos," afirma Heavens.
Se este grupo de exploradores descobrir sinais de atividade biológica, teremos algumas decisões importantes a fazer no que toca ao futuro da exploração de Marte. Parece provável a aterragem humana no Planeta Vermelho daqui a algumas décadas: a NASA tem alguns planos para colocar humanos em Marte na década de 2030, e outras agências e organizações privadas têm promessas vagas do mesmo objetivo. O potencial de contaminação da vida nativa poderá solicitar uma reconsideração, comenta Heavens. "Terá que haver um conjunto diferente de pensamentos sobre se deveríamos realmente enviar missões tripuladas a Marte."
Ou poderá conduzir-nos em frente. "Penso que se tornaria um forte motivador para trazer amostras de volta para a Terra ou enviar seres humanos," comenta Jakosky. "Nenhuma contaminação é total, estudamos microrganismos aqui na Terra mesmo sabendo que os já contaminados por pessoas."
Mas em primeiro lugar, a ExoMars terá que sair do solo. A missão tem uma janela de lançamento de 12 dias, caso o tempo ou outros problemas inviabilizem o lançamento da próxima segunda-feira, mas Svedhem tem pensamento positivo e diz que não será necessária. "Estamos confiantes de que tudo irá funcionar devidamente. Tudo parece em bom estado, tudo está pronto e acho que vamos mesmo lançar no dia 14."

segunda-feira, 14 de março de 2016

OBSERVADO NEVE DE METANO NOS PICOS DE PLUTÃO

nh-plutosfloatinghills-context-lables_v3-sml-02-04-16
Imagem de Plutão, cuja inserção mostra o sudeste da região Cthulhu Regio.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
A equipa da New Horizons descobriu uma cadeia de montanhas exóticas cobertas de neve que se estende pela área escura em Plutão informalmente chamada Cthulhu Regio.
Uma das características mais identificáveis de Plutão, Cthulhu estende-se por quase metade de todo o equador de Plutão, começando a oeste das grandes planícies geladas de azoto conhecidas como Sptunik Planum e mede aproximadamente 3000 quilômetros de comprimento e 750 de largura.
A aparência de Cthulhu é caracterizada por uma superfície escura, que os cientistas pensam estar coberta por uma camada de "tholins" escuros - moléculas complexas que se formam quando o metano é exposto à luz solar. A geologia de Cthulhu exibe uma grande variedade de paisagens – montanhosas, suaves, altamente rugosas e fraturadas.
A inserção à esquerda, avermelhada e melhorada, revela uma cadeia montanhosa localizada no Sudeste de Cthulhu com 420 km de comprimento. A cordilheira está situada entre crateras, com vales estreitos separando os picos. As encostas superiores dos picos mais altos são revestidas com um material brilhante que contrasta com o vermelho-escuro das planícies circundantes.
Os cientistas pensam que este material brilhante pode ser predominantemente metano que se condensou como gelo nos picos a partir da atmosfera de Plutão. "O facto de que este material permeia apenas as encostas superiores dos picos sugere que o metano gelado age como a água na atmosfera da Terra, condensando-se como geada a altas altitudes," afirma John Stansberry, membro da equipa científica da New Horizons no STScI (Space Telescope Science Institute) em Baltimore, no estado americano de Maryland. Os dados composicionais são do instrumento MVIC (Ralph/Multi espectral Visible Imaging Camera) a bordo da sonda New Horizons, vistos na inserção à direita, e indicam que a localização do gelo brilhante nos picos montanhosos correlaciona-se quase exatamente com a distribuição do metano gelado, visto em cores falsas em tons de roxo.
A resolução da imagem melhorada a cores é de cerca de 680 metros por pixel. A imagem mede aproximadamente 450 km e 225 de largura. Foi obtida pela New Horizons a aproximadamente 33.900 km de Plutão, cerca de 45 minutos antes da maior aproximação de dia 14 de julho de 2015.

domingo, 13 de março de 2016

REVELADA A MISTERIOSA "ESCURIDÃO" DE MERCÚRIO

Esta imagem oblíqua de Basho mostra o halo escuro que rodeia a cratera. O halo é composto pelo denominado LRM (Low Reflectance Material; Material de Baixa Reflectância), que foi escavado das profundezas quando a cratera foi formada. A região é também conhecida pelas suas crateras com raios brilhantes, que tornam a área facilmente visível mesmo de longe.
Crédito: NASA/JHUAPL/Instituto Carnegie de Washington
Os cientistas há muito que se perguntam sobre o que torna a superfície de Mercúrio tão escura. O planeta reflete muito menos luz solar do que a Lua, um corpo cuja escuridão superficial é controlada pela abundância de minerais ricos em ferro. Sabe-se que estes são raros à superfície de Mercúrio. Então qual é aqui o "agente de escurecimento"?
Há cerca de um ano atrás, os cientistas propuseram que o tom escuro de Mercúrio era devido a carbono gradualmente acumulado pelo impacto de cometas que viajavam até ao Sistema Solar interior. Agora, os cientistas liderados por Patrick Peplowski do Laboratório de Física Aplicada da Johns Hopkins  University usaram dados da missão MESSENGER para confirmar uma alta abundância de carbono à superfície de Mercúrio. No entanto, também descobriram que, em vez de ser entregue por cometas, o carbono é provavelmente originário das profundezas do planeta, na forma de uma crosta agora perturbada e enterrada rica em grafite, alguma da qual foi mais tarde trazida até à superfície por processos de impacto depois da formação da maioria da crosta atual de Mercúrio. Os resultados foram publicados na edição de 7 de março de 2016 da revista Nature Geoscience.
Larry Nittler, coautor e vice investigador principal da missão MESSENGER, da Universidade de Carnegie, explicou: "A proposta inicial da entrega de carbono pelos cometas tinha por base modelos e simulações. Apesar de termos sugestões anteriores de que o carbono pudesse ser o agente de escurecimento, não tínhamos evidências diretas. Nós usámos o espectrómetro de neutrões da MESSENGER para resolver espacialmente a distribuição do material mais escuro em Mercúrio e este material é provavelmente originário das profundezas da crosta. Além disso, usámos neutrões e raios-X para confirmar que o material escuro não é enriquecido em ferro, em contraste com a Lua onde os minerais ricos em ferro escurecem a superfície.
A MESSENGER obteve os seus dados estatisticamente robustos via muitas órbitas em que a nave espacial passava a menos de 100 km da superfície do planeta durante o seu último ano de operações. Os dados usados para identificar o carbono incluíram medições recolhidas dias antes do impacto da MESSENGER em Mercúrio em abril de 2015. Medições repetidas pelo espectrômetro de neutrões mostraram quantidades mais elevadas de neutrões de baixa energia, uma assinatura consistente com a presença de carbono elevado, proveniente da superfície quando a sonda passava por cima de concentrações do material mais escuro. A determinação da quantidade de carbono presente necessitou da combinação das medições dos neutrões com outros conjuntos de dados da MESSENGER, incluindo medições em raios-X e espectros de reflectância. Em conjunto, os dados indicam que as rochas à superfície de Mercúrio são constituídas por uma baixa percentagem [em massa] de carbono grafítico, percentagem esta muito mais elevada do que noutros planetas. A grafite tem o melhor ajuste com os espectros de reflectância, a comprimentos de onda visíveis, e as condições suscetíveis para produzir o material.
"Quando Mercúrio era muito jovem, grande parte do planeta era provavelmente tão quente que havia um 'oceano' de magma derretido. A partir de experiências laboratoriais e modelos, os cientistas sugeriram que à medida que este magma arrefecia, a maioria dos materiais que solidificava afundava. Uma exceção notável é a grafite, que teria conseguido flutuar para formar a crosta original de Mercúrio.
"A descoberta de carbono abundante à superfície sugere que podemos estar a ver remanescentes da antiga crosta original de Mercúrio misturada com rochas vulcânicas e material expelido por impactos que formam a superfície que vemos hoje. Este resultado é uma dica do sucesso fenomenal da missão MESSENGER e contribui para uma longa lista de maneiras pelas quais o planeta mais perto do Sol difere dos seus vizinhos planetários e fornece pistas adicionais sobre a origem e evolução inicial do Sistema Solar interior," concluiu Nittler.

sábado, 12 de março de 2016

MACS J0416.1-2403 e MACS J0717.5 + 3745: TELESCÓPIOS COMBINAM E COMPARAM AGLOMERADOS DE GALÁXIAS


Estes dois aglomerados de galáxias são parte do projeto "Frontier Fields" que obtém observações longas com vários telescópios.
Aglomerados de galáxias são importantes porque são as maiores estruturas no Universo unidas pela gravidade.
Ambos os objetos são os locais onde vários aglomerados de galáxias estão colidindo.
raios-X de Chandra revelar as enormes quantidades de gás quente que permeiam cada aglomerado de galáxias.
Aglomerados de galáxias são enormes coleções de centenas ou mesmo milhares de galáxias e vastos reservatórios de gás quente incorporado em nuvens enormes de matéria escura, material invisível que não emite nem absorve luz, mas pode ser detectado através de seus efeitos gravitacionais. Estes gigantes cósmicos são não apenas novidades do tamanho ou peso - mas representam caminhos para a compreensão de como todo o nosso universo evoluiu no passado e onde ele pode estar indo no futuro.
Para saber mais sobre clusters, incluindo como eles crescem através de colisões, os astrônomos usaram alguns dos telescópios mais poderosos do mundo, olhando para diferentes tipos de luz. Eles têm focado observações longas com estes telescópios em uma meia dúzia de agrupamentos de galáxias. O nome para este projeto aglomerado de galáxias é o "Frontier Fields".
Dois destes aglomerados de galáxias Frontier Campos, MACS J0416.1-2403 (abreviado MACS J0416) e MACS J0717.5 + 3745 (MACS J0717 para o short) são apresentados aqui em um par de imagens multi-comprimento de onda.
Localizado a cerca de 4,3 bilhões de anos luz da Terra, MACS J0416 é um par de colidir aglomerados de galáxias que acabará por se combinam para formar um cluster ainda maior. MACS J0717, uma das mais complexas e distorcidas aglomerados de galáxias conhecidas, é o local de uma colisão entre quatro clusters. Ele está localizado a cerca de 5,4 bilhões de anos luz de distância da Terra.
Estas novas imagens de MACS J0416 e MACS J0717 conter dados de três telescópios diferentes: Observatório de Raios-X Chandra da NASA (difuso de emissão em azul), Telescópio Espacial Hubble (vermelho, verde e azul), e Jansky da NSF Very Large Array (difusa emissão em rosa). Onde o raio-X e emissão de rádio sobrepõem a imagem aparece roxo. Os astrónomos também usaram dados do telescópio de rádio Metrewave gigante na Índia das propriedades de MACS J0416.
Os dados do Chandra mostram gás nos aglomerados que se fundem com temperaturas de milhões de graus. Os dados óptico mostra galáxias em aglomerados e outros, mais distantes, galáxias que estão por trás dos clusters. Algumas destas galáxias de fundo são altamente distorcida por causa do efeito de lente gravitacional, a curvatura da luz por objetos maciços. Este efeito também pode ampliar a luz a partir desses objetos, permitindo aos astrônomos estudar galáxias de fundo que de outra forma seriam muito fracos para detectar. Finalmente, as estruturas em que os dados de rádio rastrear ondas de choque enormes e turbulência. Os choques são semelhantes aos estrondos sônicos, gerados pelas fusões dos clusters.
MACS J0416
Novos resultados de estudos multi-comprimento de onda de MACS J0416 e J0717 MACS, descrita em dois artigos separados, estão incluídos abaixo.
MACS J0416
Uma questão em aberto para os astrônomos sobre MACS J0416 tem sido: estamos vendo uma colisão nestes clusters que está prestes a acontecer ou um que já teve lugar? Até recentemente, os cientistas têm sido incapazes de distinguir entre estas duas explicações. Agora, os dados combinados destes vários telescópios está fornecendo novas respostas.
Em MACS J0416 a matéria escura (que deixa a sua marca gravitacional nos dados ópticos) e do gás quente (detectado pelo Chandra) alinham bem com os outros. Isto sugere que os clusters foram capturados antes de colidir. Se os cachos estavam sendo observados após colidir a matéria escura e gás quente deve separar um do outro, como visto no famoso sistema de cluster colidindo conhecido como o conjunto da bala.
O aglomerado na parte superior esquerda contém um núcleo compacto de gás quente, mais facilmente visto numa imagem especialmente processados, e também mostra provas de uma cavidade perto, ou furo no gás de raios-X emitindo. A presença dessas estruturas também sugere que uma grande colisão não ocorreu recentemente, caso contrário, estas características provavelmente teriam sido interrompido. Finalmente, a falta de estruturas afiadas na imagem de rádio fornece mais evidências de que uma colisão ainda não ocorreu.
No cluster localizado no canto inferior direito, os observadores notaram uma mudança brusca na densidade na borda do sul do cluster. Esta mudança na densidade é provavelmente causado por uma colisão entre este cluster e uma estrutura menos maciço localizado mais à direita mais baixa.
MACS J0717
Click for large jpg
Em jansky imagens muito grandes de matriz deste cluster, sete fontes gravitacionalmente de lentes são observadas, todas as fontes de fontes pontuais ou que são pouco maior do que pontos. Isso faz com que MACS J0717 o cluster com o maior número de fontes de rádio lensed conhecidos. Duas destas fontes lensed são também detectados na imagem Chandra. Os autores são apenas ciente de duas outras fontes de raios-X com lentes atrás de um aglomerado de galáxias.
Todas as fontes de rádio lensed são galáxias situadas entre 7,8 e 10,4 bilhões de anos-luz de distância da Terra. O brilho das galáxias em comprimentos de onda de rádio mostra que eles contêm estrelas que formam a taxas elevadas. Sem a amplificação por efeito de lente, algumas destas fontes de rádio seria muito fraco para detectar com as observações de rádio típicas. As duas fontes de raios-X lensed detectados nas imagens Chandra são núcleos activos susceptíveis de galáxias (AGN) no centro de galáxias. AGN são compactas fontes, luminosas movidos a gás aquecido a milhões de graus à medida que cai em direção buracos negros supermassivos. Estas duas fontes de raios-X teria sido detectada sem lensing mas teria sido duas ou três vezes mais fracas.
Os grandes arcos de emissão de rádio em MACS J0717 são muito diferentes daquelas em MACS J0416 por causa de ondas de choque resultantes das múltiplas colisões que ocorrem no primeiro objeto. A emissão de raios-X no MACS J0717 tem mais aglomerados porque existem quatro grupos violentamente colidindo.
Georgiana Ogrean, que estava em Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics enquanto liderava o trabalho em pesquisa MACS J0416, está atualmente na Universidade de Stanford. O artigo descrevendo estes resultados foi publicado no 20 de outubro de 2015 emissão do Astrophysical Journal e está disponível online. A pesquisa sobre MACS J0717 foi conduzido por Reinout van Weeren a partir do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, e foi publicado no 01 de fevereiro de 2016 emissão do Astrophysical Journal e está disponível online.
da NASA Marshall Space Flight Center, em Huntsville, Alabama, gerencia o programa Chandra para a Diretoria de Missões Científicas da NASA em Washington. O Observatório Astrofísico Smithsonian, em Cambridge, Massachusetts, controla as operações científicas e de voo de Chandra.
Fatos para MACS J0416.1-2403:
Crédito de raios-X: NASA / CXC / SAO / G.Ogrean et al .; Optical: NASA / STScI; Rádio: NRAO / AUI / NSF
Data de lançamento 10 de março de 2016
Escala da imagem é de 3,4 minutos de arco de diâmetro. (Cerca de 3,6 milhões de anos-luz)
Categoria Grupos e aglomerados de galáxias
Coordenadas 09.90s 04h16m (J2000) RA | Dez -24 ° 03 '58.00 "
constelação Eridanus
Observação Datas 6 pointings entre junho 2009 e dezembro 2014
Observação Tempo 90 horas 5 min
Obs. IDs 10446, 16236, 16237, 16304, 16523, 17313
instrumento ACIS
Referências Ogrean, G. et al, 2015, APJ, 812, 153.; arXiv: 1.505,05560
Código de Cores X-ray (azul); Optical (Vermelho, Verde, Azul); Radio (rosa)
RadioOpticalX-ray
Distância estimada  cerca de 4,29 bilhões de anos luz (z = 0,396)

quinta-feira, 10 de março de 2016

OBSERVADA A GALÁXIA MAIS DISTANTE E MAIS ANTIGA JÁ VISTA NO UNIVERSO

galáxia gn-z11 - a galáxia mais distante e mais antiga do universo
A galáxia gn-z11 - é a galáxia mais distante e mais antiga do universo. Observar essa galáxia é como voltar no tempo, e assistir o que aconteceu pouco tempo após o Big Bang.
Usando o telescópio espacial Hubble, astrônomos encontraram a galáxia mais distante já vista no Universo. A galáxia brilhante bate recorde de distância, e encontra-se a 13,4 bilhões de anos-luz da Terra, na direção da constelação da Ursa Maior.
Chamada GN-z11, essa galáxia foi formada apenas 400 milhões de anos após a explosão do Big Bang que marca o início do universo. O estudo foi aceito para publicação na revista The Astrophysical Journal.
galáxia mais longe e antiga do Universo
Edição a partir de imagens originais mostra GN-z11, a galáxia mais distante já vista pelo telescópio espacial Hubble. Créditos: NASA / ESA / P.OESCH / YALE UNIVERSITY
"Demos um grande passo e voltamos no tempo, além do que esperávamos alcançar com o Hubble", disse Pascal Oesch, astrônomo da Universidade de Yale. A façanha só foi possível graças aos telescópios espaciais Hubble e Spitzer, da NASA.
As novas observações de GN-z11 baseiam-se em observações anteriores que haviam sido feitas pelos telescópios Hubble e Spitzer, mas acreditava-se que essa galáxia estava mais perto do que realmente está. Agora, combinando dados de ambas observações, e após pesquisas espectroscópicas, os astrônomos perceberam que eles estavam olhando para a galáxia mais distante já vista em todo o Universo!
idade do UniversoA idade do Universo Créditos: divulgação / Tradução: Galeria do Meteorito
Pascal e seus colegas utilizaram espectrógrafo de divisão de luz do Hubble para fotografar a galáxia, que por sua vez é muito brilhante se lavramos em conta sua extrema distância. A taxa de nascimento de novas estrelas na galáxia GN-z11 é 20 vezes maior do que aquela que observamos na Via Láctea atualmente. Apesar disso, GN-z11 tem apenas 1% do tamanho da nossa galáxia, e é considerada pequena para os padrões, mas é grande se considerarmos o quão cedo ocorreu sua formação.
"É surpreendente que uma galáxia tão grande já existia apenas 200 ou 300 milhões de anos após a formação das primeiras estrelas", disse o astrônomo Garth Illingworth, da Universidade da Califórnia.
Anteriormente, a galáxia mais distante já encontrada estava a 13,2 bilhões de anos de distância. Ou seja, a galáxia GN-z11 está cerca de 200 milhões de anos mais distante. "Este novo recorde provavelmente vai ser mantido até o lançamento do Telescópio Espacial James Webb", acrescentou o astrônomo da Universidade de Yale, Pieter van Dokkum.
O Telescópio Espacial James Webb dará continuação às pesquisas feitas pelo Hubble, e deve começar suas operações já em 2018. James Webb é mais sensível ao comprimento de ondas longas e luz infravermelha, o que permitirá aos investigadores observar os primeiros objetos que surgiram após a grande explosão do Big Bang. Será como uma máquina do tempo ainda mais poderosa!
Fonte: NASA
Imagens: (capa-NASA/divulgação) / NASA / ESA / P.OESCH / YALE UNIVERSITY / divulgação / Galeria do Meteorito

quarta-feira, 9 de março de 2016

NOVA IMAGEM NUSTAR REVELA OS RESTOS DE UMA ESTRELA INOPERANTE FORMANDO BURACOS NEGROS


Você pode ver a forma de uma mão nesta nova imagem de raios-X .Esta mão pode até parecer um raio-X do escritório do médico, mas na verdade é uma nuvem de material ejetado de uma estrela que explodiu. Crédito de imagem: NASA / JPL-Caltech / McGill
Novas imagens da NASA  NUSTAR mostram os restos energizados de uma estrela morta e buracos negros distantes enterrado em cobertores de poeira.
Dois novos pontos de vista do telescópio com espectroscopia Nuclear matriz da NASA, ou NUSTAR, mostrar o talento do telescópio para espiar objetos próximos e distantes.
Uma imagem mostra os restos energizados de uma estrela morta, uma estrutura nebular apelidado de "Mão de Deus" depois de sua semelhança com uma mão. Outra imagem mostra os buracos negros distantes enterrado em cobertores de poeira.
"Ponto de vista exclusivo do NUSTAR, em ver os raios-X de mais alta energia, está nos mostrando objetos e regiões bem estudadas em toda uma nova luz", disse Fiona Harrison, principal investigador da missão no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, Califórnia.
NUSTAR lançado para o espaço 13 junho de 2012, em uma missão para explorar o universo de alta energia de raios-X. Ele está observando os buracos negros, estrelas mortas que explodiu e outros objetos extremos em nossa própria galáxia da Via Láctea e além.
A nova imagem "Mão de Deus" mostra uma nebulosa 17.000 anos-luz de distância, alimentado por uma estrela morta, girando freneticamente chamado PSR B1509-58, ou B1509 para breve. A estrela morta, chamada de um pulsar, é o núcleo que sobrou dos restos de uma estrela que explodiu em uma supernova. O pulsar mede apenas cerca de 19 quilômetros (12 milhas) de diâmetro, mas com um soco grande: ele está girando em torno de quase sete vezes a cada segundo, vomitando partículas em material que foi levantada durante a violenta morte desta estrela. Estas partículas estão a interagir com o campo magnético em torno do material ejetado, aquecendo a milhões de graus e fazendo-o brilhar em raios-X. O resultado é uma nuvem que, em imagens anteriores, parecia uma mão aberta.
Uma série de buracos negros supermassivos acende-se nesta nova imagem do telescópio espectroscópica Nuclear matriz da NASA, ou NUSTAR.
New NUSTAR imagem mostra a Restos de uma estrela mortaTodos os pontos brilhantes são buracos negros ativos dobrado dentro o coração de galáxias, com cores representam diferentes energéticas de luz de raios-X. Crédito de imagem: NASA / JPL-Caltech / Universidade de Yale
Um dos grandes mistérios deste objeto, chamado de uma nebulosa pulsar é o vento, é se as partículas do pulsar estão interagindo com o material de uma maneira específica para fazê-la parecer como uma mão, ou se o material é, de fato, a forma de uma mão.
"Nós não sabemos se a forma da mão é uma ilusão de ótica", disse Hongjun An da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá. "Com NUSTAR, a mão parece mais como um punho, que está nos dando algumas pistas."
A segunda imagem mostra a partir NUSTAR, buracos negros supermassivos ativos entre três e 10 bilhões de anos-luz de distância em um remendo bem estudada do céu chamado campo COSMOS (para evolução cósmica Survey). Cada ponto é um buraco negro voraz no centro de uma galáxia, alimentando ativamente fora de um disco em torno de material. Observatório de Raios-X Chandra da NASA e outros telescópios identificaram muitos dos buracos negros neste domínio, mas alguns são tão fortemente obscurecidas em gás e poeira que NUSTAR de mais energética observações de raios-X são necessários para caracterizar e compreendê-los. Os astrônomos esperam usar NUSTAR para fornecer novos dados demográficos sobre os números, tipos e as distâncias para os buracos negros que povoam nosso universo.
"Este é um tema quente na astronomia", disse Francesca Civano da Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut. "Queremos entender como os buracos negros cresceu no passado e do grau em que eles são obscurecidos."
A investigação em curso vai ajudar a explicar como os buracos negros e as galáxias crescem e interagir uns com os outros.
NUSTAR é uma missão Pequeno Explorador liderado pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena e gerido pelo Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, também, para a Ciência Missão Direcção da NASA em Washington. A espaçonave foi construída por Orbital Sciences Corporation, Dulles, Virginia. Seu instrumento foi construído por um consórcio que inclui Caltech; JPL; da Universidade da Califórnia, Berkeley; Universidade de Columbia, Nova York; Goddard Space Flight Center da NASA, em Greenbelt, Maryland; da Universidade Técnica da Dinamarca na Dinamarca; Lawrence Livermore National Laboratory, Livermore, na Califórnia .; ATK Aerospace Systems, Goleta, na Califórnia, e com o apoio da Agência Espacial Italiana (ASI) Science Data Center, Roma, Itália.
Centro de operações da missão de NUSTAR é na UC Berkeley, com ASI fornecendo sua estação terrestre equatorial situado em Malindi, no Quênia. Programa de extensão da missão é baseada em Sonoma State University, Rohnert Park, Califórnia. Programa Explorer, da NASA é gerenciado pelo Goddard. JPL é gerido pela Caltech para a NASA.
Fonte: Whitney Clavin, Jet Propulsion Laboratory; NASA
Imagens: NASA / JPL-Caltech / McGill; NASA / JPL-Caltech / Universidade de Yale

terça-feira, 8 de março de 2016

OBSERVATÓRIO ALMA REVELA LOCAIS DE CONSTRUÇÃO PLANETÁRIA

Novas evidências apontam para a existência de jovens planetas em discos que rodeiam estrelas jovens
Com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), astrônomos obtiveram as mais claras indicações conseguidas até hoje de que planetas com várias vezes a massa de Júpiter se formaram recentemente nos discos de gás e poeira que rodeiam quatro estrelas jovens. Medições do gás em torno das estrelas forneceram também pistas adicionais relativas às propriedades destes planetas.
Existem planetas em órbita de quase todas as estrelas, no entanto os astrônomos ainda não compreendem bem como — e sob que condições — é que estes corpos se formam. Para responder a estas perguntas, foi feito um estudo dos discos em rotação de gás e poeira que se situam em torno de estrelas jovens e a partir dos quais se formam os planetas. Como estes discos são pequenos e encontram-se muito distantes da Terra, foi necessário utilizar o ALMA para revelar os seus segredos.
Uma classe especial destes discos, os discos transitórios, possui uma falta surpreendente de poeira nos seus centros, na região em torno da estrela. Duas ideias principais foram adiantadas para explicar estas estranhas cavidades na poeira dos discos. A primeira diz que ventos estelares fortes e radiação intensa poderiam ter soprado para longe ou mesmo destruído o material à sua volta. Alternativamente, planetas jovens massivos em processo de formação poderão também ter limpo o material à medida que orbitam a estrela.
A sensibilidade sem paralelo e a nitidez de imagem do ALMA permitiram a uma equipe de astrônomos, liderada por Nienke van der Marel do Observatório de Leiden, Holanda, mapear de modo muito rigoroso a distribuição do gás e poeira em quatro discos transitórios. Este estudo permitiu à equipe escolher pela primeira vez entre as duas diferentes opções que poderão causar estas cavidades na poeira dos discos.
Estas novas imagens mostram que existem quantidades significativas de gás no interior das cavidades da poeira. No entanto, e para surpresa da equipe, o gás possui também ele uma cavidade, embora esta seja até cerca de três vezes menor que a da poeira.
Este resultado só pode ser explicado pelo cenário de planetas massivos recém formados que limpam o gás à medida que viajam nas suas órbitas, mas que capturam as partículas de poeira mais longe.
“Observações anteriores apontavam já para a presença de gás no interior dos espaços vazios de poeira,” explica Nienke van der Marel. “Mas como o ALMA consegue obter imagens do material no disco inteiro com muito mais detalhe do que outras infraestruturas de observação, pudemos excluir o outro cenário alternativo. Os espaços vazios apontam claramente para a presença de planetas com várias vezes a massa de Júpiter, que criam esta espécie de “cavernas” à medida que varrem o disco.”
Surpreendentemente, estas observações foram feitas usando apenas um décimo do atual poder de resolução do ALMA, já que foram executadas quando metade da rede se encontrava ainda em construção no Planalto do Chajnantor, no norte do Chile.
Estudos adicionais são agora necessários para determinar se os discos mais tradicionais também apontam para este cenário de planetas que limpam o disco, embora outras observações já obtidas com o ALMA tenham também entretanto dado aos astrônomos novas pistas sobre o complexo processo de formação planetária.
“Todos os discos transitórios estudados até agora que apresentam estas enormes cavidades na poeira, possuem também cavidades no gás. Por isso, com o ALMA podemos agora descobrir onde e quando é que planetas gigantes estão se formando nestes discos e comparar estes resultados com os modelos de formação planetária,” diz Ewine van Dishoeck, também da Universidade de Leiden e do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre em Garching . “Detecções planetárias diretas estão já ao alcance dos atuais instrumentos e a próxima geração de telescópios que se encontra atualmente em construção, tal como o European Extremely Large Telescope, poderá ir muito mais além. O ALMA está a nos dizer para onde é que estes telescópios devem apontar.”