sábado, 31 de outubro de 2015

NO DIA 13 DE NOVEMBRO DE 2015: UMA BOLA DEFOGO CHAMARÁ A ATENÇÃO NOS CÉUS

estranho objeto vai colidir com a Terra no dia 13 de novembro de 2015
Estranho objeto vai colidir com a Terra no dia 13 de novembro de 2015
Um objeto classificado como um NEO (Near Earth Object - Objeto Próximo da Terra) vem orbitando o nosso planeta como um satélite já há alguns anos, mas agora os cientistas confirmaram: ele está em rota de colisão com a Terra! Mas calma, nem tudo está perdido! Segundo dados oficiais liberados pela Agência Espacial Europeia (ESA), o diâmetro do objeto é de apenas 1 ou 2 metros, o que representa um risco muito pequeno para a população.
O objeto WT1190F, também conhecido como UDA34A3 ou UW8551D, foi classificado como um satélite temporário da Terra. Ele completa uma órbita ao redor do nosso planeta a cada 22 dias, e possui uma trajetória muita excêntrica, ou seja, não circular.
Ele foi detectado primeiramente no dia 18 de fevereiro de 2013, mas após algum tempo, desapareceu. No dia 29 de novembro de 2013 ele foi re-encontrado, mas os cientistas o perderam de vista novamente. E agora, no dia 3 de outubro desse ano ele foi detectado novamente. No último dia 9 de outubro (um dia antes da descoberta do Asteroide do Dia das Bruxas), astrônomos o observaram utilizando o Telescópio de 2,2 metros da Universidade do Havaí, e sua entrada na atmosfera da Terra ocorrerá no dia 13 de novembro de 2015, próximo do Sri Lanka, criando um brilho intenso no céu, que poderá ser visto mesmo durante o dia!
Devido a sua baixa densidade, os cientistas acreditam que o possível asteroide pode ser na verdade um pedaço de lixo espacial (tanque de combustível de um foguete ou algo parecido).
Seu brilho varia drasticamente por conta de sua órbita altamente alongada, chegando a magnitude aparente de 16 durante o perigeu (ponto mais próximo com a Terra) e de 23 durante o apogeu (ponto mais distante da Terra). Sua mudança drástica de brilho junto com perturbações gravitacionais que o objeto sofre ao passar próximo da Lua, criou muitas dificuldades para os astrônomos, e eles "sofreram bastante" para determinar sua órbita e prever sua localização.
Apesar de não representar um risco considerável para a população, o objeto WT1190F fará um grande espetáculo. Sua queda está prevista para ocorrer no dia 13 de novembro de 2015, às 06h19 da manhã no Oceano Índico, cerca de 100 km ao sul do Sri Lanka.
Local de queda do objeto WT1190F
Local de queda do objeto WT1190F, caso ele resista a entrada na atmosfera da Terra.
Créditos: divulgação / Maps Google
Durante sua entrada na atmosfera da Terra, ele pode explodir e se desintegrar completamente, ou algum fragmento pode chegar a atingir a superfície. Em ambos os casos, uma grande bola de fogo poderá ser vista nos céus, mesmo durante o dia! Será um verdadeiro espetáculo com hora marcada!
ATUALIZAÇÃO - 26/OUT - 13h28
Segundo a previsão de entrada do objeto WT1190F, o horário informado anteriormente das 06h19 é o internacional (UTC), o que significa que será às 11h49 no horário local (Sri Lanka), e 04h19 pelo horário de verão do Brasil (03h19 nos Estados brasileiros que não estão no horário de verão).
A ESA divulgou ainda que, apesar dos cálculos serem bastante confiáveis, o local de queda que está sendo divulgado (Oceano Índico a sul do Sri Lanka) ainda é incerto, porém, é o mais provável até o momento.
E fiquem ligados! Traremos mais informações a qualquer momento.
Fonte: ESA
Imagens: (capa-ilustração/Alamy) / B. Bolin / R. Jedicke / M. Micheli / divulgação / Maps Google

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O HIPINÓTICO MOMENTO EM QUE UM BURACO NEGRO ENGOLE UMA ESTRELA

buraco negro engolindo uma estrela
Buraco negro engolindo uma estrela ."O buraco negro destrói a estrela e começa a engolir seu material rapidamente, mas esse não é o fim de tudo" - Jelle Kaastra
Essa pode ser uma das coisas mais violentas que acontece no Universo, mas também é algo belíssimo!
A NASA revelou recentemente um novo vídeo que promete jogar mais luz sobre um dos mais complexos quebra-cabeças do Universo. A animação mostra o que acontece com uma estrela que passa muito perto de um buraco negro. E como já era de se esperar, essa história não termina muito bem para a estrela...
"O buraco negro destrói a estrela e começa a engolir o material rapidamente, mas esse não é o fim de tudo", disse Jelle Kaastra, do Instituto de Pesquisas Espaciais da Holanda, e co-autor no novo estudo. "O buraco negro não consegue manter o ritmo, então ele ejeta parte do material para bem longe!" Chega a ser hipnótico!
O estudo publicado na revista Nature conseguiu revelar o momento caótico de uma estrela moribunda sendo engolida por um grande buraco negro, e pra isso usou dados de 3 telescópios orbitais de raios-x, se concentrando no evento chamado de ASASSN-14li, que foi primeiramente observado em novembro de 2014. Tudo isso acontece bem longe, a cerca de 290 milhões de anos-luz.
O poder gravitacional do buraco negro é tão intenso que distorce a estrela com sua força de maré, e a despedaça completamente. Parte da estrela é engolida pelo buraco negro, mas outra parte é ejetada para o espaço a uma altíssima velocidade.
"Essa é a melhor chance que temos até agora de entendermos o que acontece quando um buraco negro engole uma estrela", disse Jon Miller, líder da equipe responsável pelo estudo.
O famoso astrofísico Stephen Hawking disse algum tempo atrás que algo engolido por um buraco negro poderia não desaparecer para sempre, mas sim se transformar em um "universo paralelo", e segundo ele "a moral da história é que talvez os buracos negros não sejam as eternas prisões que imaginávamos, e a matéria poderia sair de um buraco negro talvez para um outro universo". Será?!!Fonte: NASA
Imagens: (capa-ilustração/NASA Goddard) / NASA

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

NASA DIZ: ASTEROIDE GIGANTESCO 2015TB145 PASSARÁ MUITO PRÓXIMO DA TERRA NO DIA 31/10/2015

asteroide gigante 2015 TB145 próximo da Terra no dia 31 de outubro
Apelidado de "O Assustador", ele foi descoberto apenas 3 semanas antes de sua máxima aproximação com o nosso planeta! 
Um enorme asteroide classificado como potencialmente perigoso acaba de ser descoberto, revelou a NASA. O grande asteroide 2015 TB145, apelidado de "Spooky" ou "Assustador", está chegando cada vez mais próximo da Terra, e está prestes a fazer sua máxima aproximação com o nosso planeta, no dia 31 de outubro.


ALERTA: NASA revela que asteroide 2015 TB145 pode ser um cometa!


E não é apenas o tamanho de 650 metros do asteroide 2015 TB145 que chama a atenção, pois ele viaja a uma velocidade muito rápida, de cerca de 125.000 km/h, o que faz esse asteroide ser nada mais nada menos do que 29 vezes mais rápido do que uma bala de rifle de alta velocidade. É realmente assustador, e o nosso cérebro não consegue imaginar tamanha rapidez!
trajetoria do asteroide 2015 TB145
Trajetoria do asteroide 2015 TB145.Essa animação mostra a trajetória do asteroide 2015 TB145 e sua posição nos dias de 21 de outubro, 31 de outubro (perigeu) e 11 de novembro de 2015.
Créditos: NASA / JPL / NEO / PHA
2015 TB145 é 32 vezes maior do que o asteroide que feriu mais de mil pessoas em Chelyabinsk, na Rússia, em 2013, porém, mesmo que ele colidisse com o nosso planeta, não seria suficiente para causar danos globais.
E ainda segundo a NASA, não há motivo para preocupações quanto a um impacto com a Terra, uma vez que o asteroide passará a uma distância próxima a da Lua. Por outro lado, a descoberta desse asteroide só aconteceu no dia 10, ou 3 semanas antes de sua máxima aproximação, o que nos mostra o quanto podemos estar vulneráveis a objetos espaciais que poderiam representar um risco para a Terra. Por sorte, esse não é o caso.
inclinação da orbita do asteroide 2015 TB145
Inclinação da orbita do asteroide 2015 TB145
Esse diagrama mostra a inclinação da órbita do asteroide 205 TB145 em comparação
com a órbita dos planetas do Sistema Solar. Créditos: NASA / JPL / NEO / PHA
Segundo a NASA, a detecção desse asteroide aconteceu quase no dia do perigeu por conta de sua órbita altamente excêntrica e muito inclinada, o que dificulta qualquer detecção.
No dia 31 de outubro, os telescópios do Slooh estarão apontados para esse grande asteroide, e assim, acompanharemos aqui, em tempo real, o encontro máximo desse asteroide com o planeta Terra. Nesse dia, teremos ainda explicações de especialistas sobre os riscos de um asteroide próximo da Terra se chocar contra o nosso planeta, ou até mesmo contra a Lua, e quais seriam os danos caso isso acontecesse.
O asteroide 2015 TB145 pode ser considerado perigoso?
De acordo com os dados liberados pela NASA, e pelo programa de monitoramento de Objetos Próximos da Terra (NEO), não há qualquer risco do asteroide 2015 TB145 colidir com o nosso planeta. No dia 31 de outubro de 2015, ele fará sua máxima aproximação com a Terra a uma distância segura, a cerca de 0,0147 UA, quase na mesma distância da Lua (1 Unidade Astronômica é igual a distância média entre a Terra e o Sol). Apesar de ser considerado como "Potencialmente Perigoso", não há risco de impacto.
Coincidentemente, a máxima aproximação do asteroide 2015 TB145 acontece no famoso Dia Das Bruxas, o que o fez ficar conhecido como o Astroide do Dia das Bruxas. Mas claro, trata-se apenas de uma coincidência, e não há qualquer relação com o famoso feriado norte-americano.
Fonte: NASA / JPL / NEO / Slooh
Imagens: (capa-ilustração/divulgação) / NASA / NEO / JPL / PHA

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

ASASSN-14li: DESTRUIDOR DE ESTRELAS SOPRA DETRITOS ESTELARES PARA ESCURIDÃO DO ESPAÇO ATRAVÉS DE BURACO NEGRO


Os astrônomos têm testemunhado detritos estelar sendo levados depois de um buraco negro destruir  uma estrela.
Usando três telescópios de raios-X, os cientistas capturaram novos detalhes sobre estes eventos "interrupção de maré".
Este evento, chamado ASASSN-14li, proporciona uma excelente oportunidade para estudar o ambiente extremo em torno de um buraco negro.
ASASSN-14li está localizado em uma galáxia cerca de 290 milhões de anos luz da Terra.
Os astrónomos têm observado material que está sendo soprado a partir de um buraco negro depois que ele rasgou uma estrela distante, como consta em nosso comunicado de imprensa. Este evento, conhecido como uma "perturbação corrente", é descrito em do artista ilustração.
Os astrónomos usaram um trio de telescópios de raios-X - da NASA Observatório de Raios-X Chandra, Swift Gamma Ray Explosão Explorer, e da ESA XMM-Newton - para observar uma interrupção de maré localizado no centro de uma galáxia Aproximadamente 290 milhão de anos-luz de distância. Isso faz com que esta perturbação das marés, apelidado ASASSN-14li, o rompimento das marés mais próxima descoberto em dez anos. O evento foi descoberto em uma pesquisa da ótica pelo Inquérito Automated All-Sky para Supernovas (ASAS-SN), em novembro de 2014. A teoria prevê que no início da evolução de uma interrupção de maré, material da estrela desfiado (visto como o laranja-avermelhado raia) deve ser puxado para o buraco negro a uma taxa elevada, gerando uma enorme quantidade de luz. A quantidade de luz deve diminuir à medida que o material interrompido cai no buraco negro, mostrado como o pequeno círculo preto no canto superior esquerdo da ilustração. No caso de ASASSN-14li, os astrônomos estimam a massa do buraco negro é alguns milhões de vezes a do Sol
Gás muitas vezes cai para buracos negros em espiral por dentro em um disco. Mas como esse processo começa tem permanecido um mistério. Em ASASSN-14li, os astrônomos foram capazes de testemunhar a formação de tal disco, olhando para a luz de raios-X em diferentes comprimentos de onda (conhecido como o "espectro de raios X") e acompanhamento de como isso mudou ao longo do tempo. Os pesquisadores determinaram que os raios-X observados vêm de material que é ou muito perto ou é, na verdade, na menor órbita estável possível em torno do buraco negro.
A ilustração mostra um disco de detritos estelar em torno do buraco negro no canto superior esquerdo da ilustração, e uma longa cauda de detritos que foi arremessado para longe do buraco negro. O espectro de raios X obtido com Chandra (visto na caixa de inserção) e XMM-Newton ambos mostram clara evidência de linhas de absorção, ou seja, diminuições de intensidade de raios-X em uma estreita faixa de comprimentos de onda. Em uma versão light de raios-X do deslocamento Doppler, as linhas de absorção são deslocadas para comprimentos de onda mais azuis do que o esperado, dando provas de um vento que sopra em nossa direção e longe do buraco negro.
A presença de um vento se afastando do buraco negro é mostrado como as linhas brancas azuladas na ilustração do artista. O vento não está se movendo rápido o suficiente para escapar da gravidade do alcance do buraco negro. Uma explicação alternativa para a relativamente baixa velocidade é que o gás da estrela é interrompida na sequência de uma órbita elíptica em torno do buraco negro e é observado na maior distância do buraco negro onde ele está viajando mais lento. Estes resultados confirmam as previsões teóricas recentes para a estrutura ea evolução das interrupções eventos de maré.
Estes resultados apareceram em um artigo na edição de 22 de outubro da revista Nature. Os autores do papel são Jon M. Miller (University of Michigan), Jelle Kastra (Instituto SRON de Pesquisas Espaciais), Cole Miller (Universidade de Maryland), Mark Reynolds (Michigan), Gregory Brown (Universidade de Warwick) , Bradley Cenko (Maryland), Jeremy Drake (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics), Suvi Gezari (Maryland), James Guillochon (CfA), Kayhan Gultekin (Michigan), Jimmy Irwin (University of Alabama), Andrew Levan (Warwick), Dipankar Maitra (Wheaton College), Peter Maksym (Alabama), Richard Mushotsky (Maryland), Paul O'Brien (Universidade de Leicester), Fritz Paerels (Columbia University), Jelle de Plaa (SRON), Enrico Ramirez-Ruiz (Universidade de Califórnia, Santa Cruz), Tod Strohmayer (Maryland), e Nial Tanvir (Leicester).
Fatos para ASASSN-14li:
Crédito Espectro: NASA / CXC / U.Michigan / J.Miller et al .; Ilustração: NASA / CXC / M.Weiss
Data de lançamento 21 de outubro de 2015
Categoria Buracos negros
Coordenadas (J2000) RA 15.20s 12h 48m | Dezembro + 17 ° 46 '26,20 "
Constelação Coma Berenices
Data de Observação 08 e 11 de dezembro de 2014
Observação Tempo 22 horas.
Obs. Identidade 17566, 17567
Instrumento HRC
Referências Miller, J. et al, 2015, Nature (aceite)
Distância Estimada   Cerca de 290 milhões de anos luz (z = 0,0206)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

ENCONTRADO O BURACO NEGRO MAIS PODEROSO DO UNIVERSO OBSERVADO


Ilustração de artista mostra o maior e poderoso buraco negro encontrado no momento, e que mede um quatrilhão de vezes a massa do Sol deixa astrônomos de boca aberta com tamanho astronômico.
Astrônomos usaram o Observatório de Raios-X Chandra da NASA e um  conjunto de outros telescópios para revelar um dos mais  poderosos buracos negros conhecidos. O buraco negro tem criado  enormes estruturas de gás quente ao seu redor, impedindo a  formação de trilhões de estrelas. Este monstro está em um  aglomerado de galáxias chamado RX J1532.9 3021, localizado a  cerca de 3,9 bilhões de anos-luz da Terra. O aglomerado é muito  brilhante nas ondas de raios-X, o que implica que é extremamente  grande, com uma massa de cerca de um quatrilhão de vezes a massa  do nosso Sol. No centro do aglomerado há uma grande galáxia  elíptica, que contém o buraco negro supermassivo.
O que está impedindo a formação de um grande número de estrelas  em RX J1532 ? As imagens do Observatório de Raios-X Chandra e  Karl G. Jansky Very Large Array do NSF (VLA) têm fornecido uma  resposta para esta pergunta. A imagem de raios-X mostra duas  grandes cavidades no gás quente em ambos os lados da galáxia  central. A imagem do Chandra foi especialmente processada para  enfatizar essas cavidades. Ambas as cavidades estão alinhadas  com jatos observados em imagens de rádio do VLA. A localização  do buraco negro supermassivo entre as cavidades é uma forte  evidência de que os jatos supersônicos gerados pelo buraco negro  perfuram o gás quente e o empurra para os lados, formando as  cavidades.
As 'frentes de choque' (semelhantes aos estrondos sônicos)  provocadas pelas cavidades em expansão e pela liberação de  energia por ondas sonoras que reverberam através do gás quente  fornecem uma fonte de calor que impede que a maior parte do gás  forme novas estrelas.
M60 & NGC 4647
As cavidades têm aproximadamente 100.000 anos-luz de diâmetro,  igual à largura da Via Láctea. A cavidade mais distante também é  vista em um ângulo diferente em relação aos jatos, ao longo de  uma direção norte-sul. Esta cavidade foi provavelmente produzida  por um jato de uma explosão mais antiga do que o próprio buraco negro.
Fonte: Dailygalaxy

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

OBSERVAÇÃO DO ESO DA NEBULOSA SACO DO CARVÃO

Parte da Nebulosa do Saco de Carvão
Manchas escuras bloqueiam quase completamente um rico campo estelar nesta nova imagem obtida pelo instrumento Wide Field Camera, instalado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla, no Chile. 
As áreas escuras são pequenas partes de uma enorme nebulosa escura chamada Saco de Carvão, um dos objetos mais proeminentes do seu tipo, visível a olho nu. Daqui a milhões de anos, pedaços deste Saco de Carvão irão se acender, assim como o combustível fóssil de seu nome, com o brilho de muitas estrelas jovens.
A Nebulosa do Saco de Carvão situa-se a cerca de 600 anos-luz de distância na constelação do Cruzeiro do Sul. Este enorme objeto empoeirado forma uma silhueta conspícua sobre a faixa estrelada brilhante da Via Láctea e é por isso que esta nebulosa é conhecida dos povos do hemisfério sul desde que a humanidade caminha sobre a Terra.
O explorador espanhol Vicente Yáñez Pinzón foi o primeiro a assinalar aos europeus a presença da Nebulosa do Saco de Carvão em 1499. A Saco de Carvão em seguida foi apelidado de Nuvem de Magalhães Preta, devido à sua aparência escura quando comparada com o brilho intenso das duas Nuvens de Magalhães, que são na realidade galáxias satélite da Via Láctea. Estas duas galáxias brilhantes são claramente visíveis no céu austral, tendo chamado a atenção dos europeus durante as explorações de Fernão de Magalhães no século XVI. No entanto, a Saco de Carvão não é uma galáxia. Como outras nebulosas escuras, trata-se de uma nuvem interestelar de poeira tão espessa que não permite que a maioria da radiação emitida pelas estrelas de fundo chegue até aos observadores.
Um número significativo de partículas de poeira nas nebulosas escuras estão cobertas de gelo de água, nitrogênio, monóxido de carbono e outras moléculas orgânicas simples. Estes grãos impedem que a radiação visível passe através da nuvem cósmica. Para se ter uma ideia de quão escura é a Saco de Carvão, nos anos 1970 o astrônomo finlandês Kalevi Mattila publicou um estudo que estimava que a Nebulosa do Saco de Carvão possuía apenas cerca de 10% do brilho da Via Láctea à sua volta. Uma pequena parte da radiação estelar de fundo consegue no entanto passar através da nebulosa, como mostra esta nova imagem do ESO e outras observações obtidas por telescópios modernos.
Esta pequena quantidade de radiação que passa através da nebulosa não sai do outro lado sem ter sido modificada. A radiação que vemos nesta imagem parece mais vermelha do que seria normalmente. Este efeito deve-se ao fato da poeira nas nebulosas escuras absorver e dispersar mais a radiação azul das estrelas do que a radiação vermelha, “pintando” as estrelas de vários tons mais avermelhados do que seriam de outro modo.
Daqui a milhões de anos os dias negros da Saco de Carvão chegarão ao fim. Nuvens interestelares espessas como a Saco de Carvão contêm muito gás e poeira — o combustível de novas estrelas. À medida que o material disperso na nebulosa coalesce sob o efeito da gravidade, as estrelas formam-se e começam a brilhar, fazendo com que os “pedaços” de carvão “incendeiem”, quase como se tivessem sido tocados por uma chama.

domingo, 25 de outubro de 2015

OBSERVADAS ESTRELAS BINÁRIAS SE APROXIMANDO DE UMA CATÁSTROFE

Concepção artística do mais quente e mais massivo sistema binário de estrelas em contato
Com o auxílio do Very Large Telescope do ESO, uma equipe internacional de astrônomos descobriu a estrela dupla mais quente e mais massiva, com as duas componentes tão próximas que tocam uma na outra. As duas estrelas no sistema extremo VFTS 352 podem estar indo rumo a um final dramático, no qual se fundirão para formar uma única estrela gigante ou então dar origem um sistema binário de buracos negros.
O sistema estelar duplo VFTS 352 situa-se a cerca de 160 000 anos-luz de distância na Nebulosa da Tarântula. Esta região extraordinária é a maternidade de estrelas jovens mais ativa no Universo próximo. Novas observações do VLT do ESO revelaram que este par de estrelas jovens se encontra entre os mais extremos e estranhos já descoberto.
VFTS 352 é composto por duas estrelas muito quentes, brilhantes e massivas que orbitam uma em torno da outra com um período pouco maior que um dia. Os centros das estrelas estão separados de apenas 12 milhões de quilômetros. De fato, as estrelas estão tão próximas que as suas superfícies se sobrepõem, tendo-se formado uma ponte entre elas. VFTS 352 não é apenas o sistema binário mais massivo conhecido desta pequena classe de “binárias de overcontato” — tem uma massa combinada de cerca de 57 vezes a massa solar — mas também contém as componentes mais quentes — com temperaturas efetivas de cerca de 40 000º Celsius.
As estrelas extremas como as duas componentes de VFTS 352 desempenham um papel fundamental na evolução das galáxias e pensa-se que serão as principais produtoras de elementos como o oxigênio. Tais estrelas duplas estão também associadas ao comportamento exótico de “estrelas vampiras”, onde uma estrela companheira mais pequena “suga” matéria da superfície da sua vizinha maior (eso1230).
No entanto, no caso de VFTS 352, as duas estrelas do sistema têm quase o mesmo tamanho. A matéria não é por isso sugada de uma para a outra, mas sim compartilhada. Estima-se que as estrelas de VFTS 352 estejam compartilhando cerca de 30% da sua matéria.
Este tipo de sistema é muito raro, já que esta fase da vida das estrelas é muito curta e por isso é difícil pegá-las no ato. Como as estrelas estão tão próximo uma da outra, os astrônomos pensam que as fortes forças de maré fazem com que haja uma maior mistura de material nos seus interiores.
“VFTS 352 é o melhor caso descoberto até hoje de uma estrela dupla quente e massiva que pode ter este tipo de mistura interna,” explica o autor principal do trabalho Leonardo A. Almeida, da Universidade de São Paulo, Brasil. “Como tal, esta é uma descoberta importante e fascinante.”
Os astrônomos preveem que VFTS 352 sofrerá um fim cataclísmico, fim esse com duas possibilidades diferentes. A primeira possibilidade será a fusão das duas estrelas, que muito provavelmente dará origem a uma única estrela gigante, com rotação muito rápida e possivelmente magnética. “Se o objeto continuar a girar rapidamente, poderá terminar a sua vida numa das explosões mais energéticas do Universo, uma explosão de raios gama de longa duração,” diz o cientista principal do projeto Hugues Sana, da Universidade de Leuven, Bélgica.
A segunda possibilidade é explicada pela astrofísica teórica da equipe, Selma de Mink da Universidade de Amsterdam, Holanda: “Se as estrelas estiverem bem misturadas entre si, ambas permanecerão objetos compactos e o sistema VFTS 352 poderá evitar a fusão. Este efeito levará os objetos a outro caminho de evolução completamente diferente das predições da evolução estelar clássica. No caso de VFTS 352, as componentes acabarão as suas vidas em explosões de supernova, formando um sistema binário de buracos negros próximos. Tal objeto seria uma intensa fonte de ondas gravitacionais.”
Comprovar a existência deste segundo caminho evolucionário [6] seria um grande avanço observacional no campo da astrofísica estelar. No entanto, independentemente do fim de VFTS 352, este sistema já deu aos astrônomos importantes pistas sobre os processos de evolução pouco conhecidos de sistemas binários com estrelas massivas em "overcontato".

sábado, 24 de outubro de 2015

NOVA IMAGEM DE UMA VIZINHA GALÁTICA

A Galáxia Anã do Escultor
A Galáxia Anã do Escultor, que pode ser vista nesta imagem obtida pela câmera Wide Field Imager, instalada no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla do ESO, é uma vizinha da nossa Galáxia, a Via Láctea. Apesar da sua proximidade, ambas as galáxias têm histórias muito diferentes. Esta galáxia é muito menor e mais velha do que a Via Láctea, aparecendo aqui como uma nuvem de estrelas tênues que enchem a maior parte da imagem.
Muitas galáxias mais distantes podem ser vistas brilhando através dos espaços entre as estrelas desta galáxia anã.
Crédito:
ESO

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

UMA ROSA CÓSMICA COM MUITOS NOMES

A região de formação estelar Messier 17
Esta nova imagem da região rosada de formação estelar Messier 17 foi obtida pelo instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla no Chile
Trata-se de uma das imagens mais nítidas que mostra toda a nebulosa, revelando não apenas o seu tamanho total mas também muitos detalhes da paisagem cósmica de nuvens de gás, poeira e estrelas recém-nascidas.
A nebulosa que aqui vemos tem provavelmente mais nomes do que qualquer outro objeto do seu tipo, nomes estes que lhe foram sendo atribuídos ao longo das épocas. Embora seja conhecida oficialmente por Messier 17, os seus outros nomes são: Nebulosa Omega, Nebulosa do Cisne, Nebulosa da Marca de Verificação, Nebulosa da Ferradura e — para aqueles com uma inclinação mais marítima — Nebulosa da Lagosta.
Messier 17 está situada a cerca de 5500 anos-luz de distância da Terra, próximo do plano da Via Láctea na constelação de Sagitário. Este objeto ocupa uma grande área no céu — as suas nuvens de gás e poeira têm uma dimensão de aproximadamente 15 anos-luz. O material da nebulosa alimenta novas estrelas em formação e a imagem de grande angular que aqui vemos revela muitas estrelas de Messier 17 e também estrelas atrás e à frente dela.
A nebulosa aparece-nos como uma estrutura vermelha complexa com alguns tons de rosa. A sua cor é a assinatura do hidrogênio gasoso. As estrelas azuis de vida curta que se formaram recentemente em Messier 17 emitem radiação ultravioleta suficiente para aquecerem o gás à sua volta até o ponto em que este começa a brilhar intensamente. Na região central as cores são mais claras e algumas regiões aparecem brancas. Esta cor branca é real — surge da junção da radiação emitida pelo gás mais quente com a radiação estelar refletida pela poeira.
Estima-se que o gás na nebulosa tenha mais de 30 000 vezes a massa do Sol. Contém também um aglomerado estelar aberto de 35 estrelas chamado NGC 6618. O número total de estrelas na nebulosa é, no entanto, muito maior — existem quase 800 estrelas no centro, com muitas mais ainda formando-se nas regiões mais periféricas. 
No meio deste brilho rosado a nebulosa mostra uma teia de regiões mais escuras de poeira que obscurecem a luz. No entanto, este material obscurante também brilha. Apesar destas áreas aparecerem escuras nesta imagem obtida no visível, tornam-se brilhantes quando observadas por câmeras infravermelhas.
A nebulosa deve o seu nome oficial ao caçador de cometas francês Charles Messier, que incluiu esta nebulosa como o objeto número 17 no seu famoso catálogo astronômico de 1764. No entanto, mesmo com um nome são insosso como Messier 17, esta nebulosa florida aparece-nos deslumbrante

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

PRIMEIRA DETECÇÃO DE LÍTIO NUMA ESTRELA EM EXPLOSÃO

A Nova Centauri 2013


O elemento químico lítio foi encontrado pela primeira vez em material ejetado por uma nova. Observações da Nova Centauri 2013 obtidas com o auxílio de telescópios no Observatório de La Silla do ESO e perto de Santiago do Chile, ajudaram a explicar por que é que muitas estrelas jovens parecem ter mais quantidade deste elemento químico do que o esperado. Esta nova descoberta acrescenta uma importante peça que faltava ao quebra-cabeças que representa a evolução química da nossa Galáxia e é um enorme passo em frente na compreensão das quantidades dos diferentes elementos químicos nas estrelas da Via Láctea.
O elemento químico leve lítio é um dos poucos elementos que se prevê ter sido criado pelo Big Bang, há 13,8 bilhões de anos atrás. No entanto, tentar compreender as quantidades de lítio observadas nas estrelas que nos rodeiam hoje tem sido um processo muito difícil. Estrelas mais velhas possuem menos lítio do que o esperado e algumas estrelas jovens têm dez vezes mais lítio do que o que pensávamos.
Desde os anos 1970 que os astrônomos especulam que a enorme quantidade de lítio encontrado nas estrelas jovens poderá vir de novas —  explosões estelares que libertam material para o espaço entre as estrelas, contribuindo assim para a matéria que forma a próxima geração de estrelas. No entanto, observações cuidadas de várias novas não tinham, até agora, fornecido resultados claros.
Uma equipe liderada por Luca Izzo (Universidade Sapienza de Roma e ICRANet, Pescara, Itália) utilizou o instrumento FEROS montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros instalado no Observatório de La Silla, assim como o espectrógrafo PUCHEROS montado no telescópio de 0,5 metros do ESO, no Observatório da Pontificia Universidad Catolica de Chile em Santa Marina, perto de Santiago, para estudar a nova Nova Centauri 2013 (V1369 Centauri). Esta estrela explodiu no céu austral perto da estrela brilhante Beta Centauri em dezembro de 2013, tratando-se, até agora, da nova mais brilhante deste século — facilmente observada a olho nu .
Os novos dados extremamente detalhados revelaram uma assinatura clara de lítio a ser expelido da nova com uma velocidade de dois milhões de quilômetros por hora . Trata-se da primeira detecção, até à data, de lítio sendo ejetado por uma nova.
O co-autor Massimo Della Valle (INAF — Osservatorio Astronomico di Capodimonte, Nápoles, e ICRANet, Pescara, Itália) explica a importância desta descoberta: “Trata-se de um importantíssimo passo em frente. Se imaginarmos a história da evolução química da Via Láctea como um enorme quebra-cabeças, então o lítio das novas corresponde de uma das peças mais importantes e difíceis de encontrar que faltavam. Adicionalmente, qualquer modelo do Big Bang é sempre questionável até este problema do lítio estar resolvido.”
Estima-se que a massa do lítio ejetado pela Nova Centauri 2013 é minúscula (menos de uma bilionésima parte da massa do Sol), no entanto, uma vez que existiram muitos bilhões de novas ao longo da história da Via Láctea, tal quantidade é suficiente para explicar as quantidades inesperadamente grandes de lítio observadas na nossa Galáxia.
Os autores Luca Pasquini (ESO, Garching, Alemanha) e Massimo Della Vella procuram evidências de lítio em novas desde há mais de um quarto de século. Esta é por isso uma conclusão muito satisfatória da sua longa busca. E para o jovem cientista líder do projeto existe outro tipo de satisfação:

terça-feira, 20 de outubro de 2015

NOVAS OBSERVAÇÕES MOSTRAM A GRANDE MANCHA VERMELHA DE JÚPITER COM NOVAS CARACTERÍSTICAS

novo mapa de Júpiter mostra que sua mancha está encolhendo, e possui uma nova característica Além disso, a Grande Mancha Vermelha está encolhendo...
Uma recente observação de Júpiter, feita pela NASA, revelou uma surpresa no furacão gigante mais famoso do Sistema Solar.
A Grande Mancha Vermelha, uma tempestade de alta pressão que se assemelha a um furacão gigante, tem o que a Agência Espacial Norte Americana está chamando de "filamento fino incomum" que se estende por quase toda sua largura. A NASA diz que esta "serpentina" gira e se retorce por conta de seus ventos intensos, que têm velocidade superior a 500km/h no interior do vórtice.
"Cada vez que olhamos para Júpiter, percebemos que algo realmente emocionante está acontecendo", disse Amy Simon, cientista planetária no Goddard Space Flight Center da NASA. "E dessa vez não foi uma exceção."
novo mapa de Júpiter
As novas imagens feitas pelo Telescópio Espacial Hubble mostram também que a Grande Mancha Vermelha está mudando de cor, se tornando mais laranja, e que continua a diminuir, embora a um ritmo ligeiramente mais lento do que o esperado.
O furacão gigante de Júpiter está cerca de 240 km menor do que no ano passado, ou seja, com cerca de 16.000 km de diâmetro. No seu auge, no final de 1800, a Grande Mancha Vermelha foi estimada em cerca de 41.000 km de comprimento, ou mais do que o triplo do diâmetro de 12.742 km da Terra, segundo a NASA.
O Telescópio Espacial Hubble fez uma observação de dez horas e criou um vídeo a partir das imagens do planeta. A animação, que foi publicada recentemente, nos mostra de perto o movimento das nuvens e o novo filamento da Grande Mancha Vermelha. Além disso, uma observação feita nos comprimentos de onda azul e vermelho, revela o filamento recém descoberto, no final do vídeo.
As fotos foram feitas pela câmera Wide Field 3 do Hubble, e permite os cientistas determinar detalhes precisos, como a velocidade do vento, por exemplo.
As imagens fazem parte de um programa chamado "Outer Planet Atmospheres Legacy", que tem o intuito de capturar imagens detalhadas que possibilitem um estudo mais profundo da atmosfera dos gigantes gasosos Júpiter, Netuno, Urano e Saturno..
Smith, Wong e Glenn Orton do Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA, são co-autores desse estudo, publicado na revista The Astrophysical Journal. "O valor de longo prazo desse programa é realmente emocionante", disse Michael H. Wong, da Universidade da Califórnia. "A coleção de mapas que vamos construir ao longo do tempo não só ajudará os cientistas a compreender as atmosferas de nossos planetas gigantes, mas também as atmosferas de planetas que estão sendo descobertos em torno de outras estrelas, além de ajudar na compreensão da atmosfera do nosso próprio planeta.
Fonte: NASA / ESA/ Hubble
Imagens: (capa-NASA / ESA) / Hubble / NASA / ESA

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

OBJECTOS DO TAMANHO DE PLUTÃO LEVANTAM POEIRA À VOLTA DE “SOL ADOLESCENTE”


Impressão de artista do disco de detritos em torno de HD 107146. Este sistema estelar adolescente mostra sinais de que nos seus confins, enxames de objectos com o tamanho de Plutão empurram objectos vizinhos mais pequenos, fazendo com que estes colidam e “levantem” poeira considerável.
Astrónomos usando o ALMA, Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, poderão ter detectado as marcas empoeiradas de uma família inteira de objectos do tamanho de Plutão em torno de uma versão adolescente do nosso próprio Sol.
Observando em detalhe o disco protoplanetário que cerca a estrela conhecida como HD 107146, os astrónomos detectaram um aumento inesperado na concentração de grãos milimétricos de poeira nos confins do disco.
Este aumento surpreendente, que começa notavelmente longe – cerca de 13 mil milhões de quilómetros – da estrela-mãe, pode ser o resultado de planetesimais com o tamanho de Plutão que agitam a região, fazendo com que objectos menores colidam e se fragmentem.
A poeira nos discos de detritos geralmente vem de material deixado para trás pela formação de planetas. Cedo na vida do disco, esta poeira é continuamente reabastecida por colisões de corpos maiores, como cometas e asteroides.
Em sistemas estelares maduros com planetas totalmente formados, existe, em comparação, muito pouco poeira. Entre estas duas idades – quando um sistema estelar se encontra na adolescência – certos modelos prevêem que a concentração de poeira será muito mais densa nas regiões mais distantes do disco. Isto é precisamente o que o ALMA encontrou.
Imagem do ALMA que mostra a poeira em redor da estrela HD 107146. A poeira nos confins do disco é mais espessa do que nas regiões mais interiores, sugerindo que um enxame de planetesimais do tamanho de Plutão estão a fazer com que objectos mais pequenos colidam uns com os outros. A estrutura escura tipo-anel no meio do disco pode ser evidência de uma lacuna onde um planeta está a "varrer" poeira na sua órbita.
L. Ricci ALMA (NRAO/NAOJ/ESO); B. Saxton (NRAO/AUI/NSF)
Imagem do ALMA que mostra a poeira em redor da estrela HD 107146. A poeira nos confins do disco é mais espessa do que nas regiões mais interiores, sugerindo que um enxame de planetesimais do tamanho de Plutão estão a fazer com que objectos mais pequenos colidam uns com os outros.
A estrutura escura tipo-anel no meio do disco pode ser evidência de uma lacuna onde um planeta está a "varrer" poeira na sua órbita.
Imagem do ALMA que mostra a poeira em redor da estrela HD 107146. A poeira nos confins do disco é mais espessa do que nas regiões mais interiores, sugerindo que um enxame de planetesimais do tamanho de Plutão estão a fazer com que objectos mais pequenos colidam uns com os outros. A estrutura escura tipo-anel no meio do disco pode ser evidência de uma lacuna onde um planeta está a “varrer” poeira na sua órbita.
“A poeira em HD 107146 revela uma característica muito interessante – fica mais espessa nos confins mais distantes do disco da estrela,” afirma Luca Ricci, astrónomo do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica em Cambridge, no estado americano de Massachusetts, e autor principal de um artigo aceite para publicação na revista The Astrophysical Journal.
“O aspecto surpreendente é que isto é o oposto do que vemos em discos primordiais mais jovens, onde a poeira é mais densa perto da estrela. É possível termos apanhado este disco de detritos em particular num estágio onde planetesimais do tamanho de Plutão estão a formar-se no disco exterior enquanto outros corpos do mesmo tamanho já se formaram mais perto da estrela,” afirma Ricci.
Os novos dados do ALMA também sugerem uma outra característica intrigante nos confins do disco: um possível “mergulho” ou depressão na poeira com aproximadamente 1,2 mil milhões de quilómetros de largura, começando aproximadamente 2,5 vezes a distância do Sol a Neptuno da estrela central.
Embora apenas sugerida nestas observações preliminares, esta depressão pode ser uma lacuna no disco, o que poderá ser indicativo de um planeta com a massa da Terra que “varre” a área de detritos.
Esta característica terá importantes implicações para os possíveis habitantes planetários parecidos com a Terra no disco e poderá sugerir que planetas deste tamanho se formam numa gama inteiramente diferente de órbitas já observadas anteriormente.
Olhar para trás no tempo
A estrela HD 107146 está a cerca de 90 anos-luz da Terra na direcção da constelação de Cabeleira de Berenice. Tem mais ou menos 100 milhões de anos. Observações subsequentes com as novas capacidades de alta-resolução do ALMA vão lançar mais luz sobre a dinâmica e estrutura deste objecto intrigante.
A HD 107146 é de particular interesse para os astrónomos porque é, em muitos aspectos, uma versão mais jovem do nosso próprio Sol.
A HD 107146 represnta também um período de transição entre o início da vida de um sistema estelar e os estágios finais e mais maduros, onde os planetas já se formaram e começaram as suas viagens de milhares de milhões de anos em torno da sua estrela-mãe.
“Este sistema dá-nos a oportunidade de estudar um período intrigante de uma estrela jovem parecida com o Sol,” afirma Stuartt Corder, co-autor do artigo e vice-director do ALMA. “Estamos possivelmente a olhar para trás no tempo, quando o Sol tinha aproximadamente 2% da sua idade atual.

domingo, 18 de outubro de 2015

ESTRELA BIZARRA DE LUZ INCOMUM INTRIGA CIENTISTAS E ALIMENTA TEORIA DE VIDA ALIENÍGENA


Crédito: Nasa
'A estrela' tem seu brilho diminuído em intervalos irregulares .
Um foco de luz localizado entre as constelações de Lyra and Cygnus tem intrigado os cientistas por parecer uma estrela, mas comportar-se de modo muito diferente desses corpos celestes.
Essa "anomalia" do espaço foi flagrada pela sonda Kepler, da Nasa (agência espacial americana), e identificada por um programa de ciência cidadã que ajuda a filtrar as informações enviadas pelo telescópio.
Os pesquisadores perceberam que a estrela encontrada, chamada KIC 8462852, tem o estranho hábito de diminuir a intensidade do seu brilho em intervalos irregulares.
Para se ter uma ideia de o quanto essa característica é única, entre as outras cerca de 150 mil estrelas avistadas pelo telescópio, esta é a única que se comporta dessa maneira.
Em geral, quando há uma redução temporal da luminosidade produzida, é porque um planeta está passando diante de sua estrela - no que seria uma volta da sua órbita.
Essa característica seria a comprovação de que existiria um planeta ali. A frequência dessas quedas na intensidade do brilho da estrela que são regulares corresponderia à duração de sua órbita.
Mas, no caso específico dessa estrela, os intervalos observados foram completamente irregulares, tanto em termos de frequência quanto de intensidade.
Leia mais: 'Não se pode aceitar nenhum pacto de impunidade', diz Marina sobre crise política
Copyright British Broadcasting Corporation 2015 Cientistas descartaram a possibilidade de ser um planetta

Assimetria
Em 2009, por exemplo, foram registradas pequenas quedas na produção de luz. Depois houve outra queda assimétrica que durou uma semana em 2011 e, mais recentemente, uma série de quedas durante três meses em 2013 (algumas delas chegaram a 20%).
Diante de tais características, os cientistas acabaram descartando a possibilidade de a anomalia representar a presença de um novo planeta.
Além disso, a hipótese foi ignorada também porque a intensidade da queda de luz é muito grande: mesmo que fosse um planeta do tamanho de Júpiter (o maior do nosso Sistema Solar), a luz da KIC 8462852 poderia ser reduzida somente em 1%.
Então, como se explica esse fenômeno
EspeculaçõesTabetha Boyajian, astrônoma da Universidade de Yale, nos Estados Unidos - instituição que lançou o programa de ciência cidadã Planet Hunters em 2010 -, publicou um estudo recentemente sobre as possíveis causas.
Mas cada uma delas, segundo a cientista, têm um ponto frágil.
"Nós estamos quebrando a cabeça: para cada ideia que surgia sempre havia algum argumento contrário", explicou Boyajian.
A princípio, ela e sua equipe descartaram a possibilidade de a "estrela bizarra" representar uma falha de processamento de dados no telescópio.
Eles também eliminaram a hipótese de ser uma estrela jovem, que está em processo de acumular massa e, por isso, estaria rodeada por uma nuvem de poeira, o que poderia explicar a irregularidade de seu brilho.
O estudo conclui que a explicação mais factível pode estar em um grupo de "exocometas" que se aproximaram da estrela e se romperam por causa da gravidade, deixando enormes quantidades de poeira e gás no processo.
Se os cometas se movimentam em uma órbita que os faz passar na frente do planeta a cada 700 dias aproximadamente, seus fragmentos, que ainda estão se desprendendo no espaço, poderiam explicar a diminuição irregular do brilho percebida pela sonda Kepler.
A única maneira de checar essa teoria seria conseguindo mais informações, mas desde que o telescópio parou de funcionar corretamente, em 2013, ficou mais difícil obter dado

Extraterrestres?
A hipótese mais surpreendente levantada pelos cientistas é de a "anomalia" encontrada no espaço representar um sina de vida extraterrestre inteligente.
Intrigada com a questão, Boyajian compartilhou os resultados do seu estudo com Jason Wright, cientista da Universidade Penn State e membro de uma organização que investiga exoplanetas e mundos habitáveis.
A opinião dele abre portas a possibilidades mais ousadas.
Segundo Wright, se nenhuma das razões acima mencionadas é convincente, por que não pensar que o fenômeno poderia ser causado por uma série de megaestruturas equipadas com painéis solares - e que teriam sido construídas por extraterrestres?
"Quando (Boyajian) me mostrou as informações, eu fiquei fascinado, porque parecia algo bizarro", disse ao site . "Alienígenas sempre devem ser a última hipótese a se considerar, mas isso parecia ser algo que uma civilização de extraterrestres poderia construir".
Os cientistas que acreditam na existência de vida inteligente - ou ao menos na possibilidade disso - fora do nosso planeta sustentam que uma civilização alienígena avançada se caracterizaria muito provavelmente por sua capacidade de obter energia de seu sol, e não da exploração de outros recursos do seu próprio planeta.
Boyajian e Wright, porém, advertem que essa hipótese ainda é muito remota e deve ser analisada com cautela - ainda que seja válida e digna de investigação. E para isso, vão apresentar uma proposta para colocar um telescópio na estrela e analisá-la de maneira minuciosa.

Se tudo der certo, as primeiras análises deverão ser feitas em janeiro.

sábado, 17 de outubro de 2015

OBSERVADA UMA INCRÍVEL EXPLOSÃO DE UMA ESTRELA RECÉM NASCIDA

Herbig-Haro 212 - explosão de estrela recém nascida
Através do infravermelho, os telescópios conseguem capturar momentos incríveis no espaço profundo
Dois grandes jatos com simetria quase perfeita estão sendo lançados pelo objeto chamado Herbig-Haro (HH) 212. A imagem foi feita pelo instrumento (já desativado) do ESO, o Infrared Spectrometer And Array Camera (ISAAC).
Herbig-Haro 212 é um objeto que se encontra na constelação de Orion, a 1.400 anos-luz, numa densa região molecular de formação estelar, ou seja, um grande berçário de estrelas, não muito longe da famosa Nebulosa da Cabeça de Cavalo. Em regiões como esta, as nuvens de gás e poeira colapsam sob a ação da gravidade, girando cada vez mais depressa e tornando-se cada vez mais quente até que uma estrela jovem se acende no coração dessa nuvem. O restante do material em rotação em torno da protoestrela recém nascida se junta dando origem a um disco de acreção que, sob as condições certas, evolui para formar os planetas, asteroides, cometas, e  qualquer outro objeto desse novo sistema.
Herbig-Haro 212 - explosão de estrela recém nascida
 explosão de uma estrela recém nascida
imagem liberada em 12 de outubro de 2015. Créditos: ESO / ISAAC      
A imagem dessa explosão foi divulgada pelo ESO (Observatório Europeu do Sul) no dia 12 de outubro de 2015. Embora os astrônomos não compreendem completamente este processo, é comum a protoestrela e seu disco de acreção serem a causa de grande jatos cósmicos, como mostra na imagem.
A estrela no centro de  HH 212 é na realidade muito jovem, com apenas alguns milhares de anos. Podemos perceber uma simetria muito interessante nos jatos emitidos por ela, com vários nodos que aparecem em intervalos bastante estáveis.
Segundo especialistas do ESO (Observatório Europeu do Sul), essa estabilidade sugere que a pulsação do jato varia de forma regular, em uma escala de tempo curta (talvez até tão curta como 30 anos!).
Um pouco distante do centro, enormes arcos de choque se espalham pelo espaço interestelar. Esses arcos são o resultado do gás ejetado ao colidir com o gás e a poeira do meio interestelar, a velocidades altíssimas, de cetenas de km por segundo.
O responsável por essas belíssima imagem foi o instrumento ISAAC, o primeiro multi-funções desenvolvido pelo ESO para trabalhar junto com o VLT (Very Large Telescope ou Telescópio Muito Grande em português). Como a luz visível não consegue penetrar as densas camadas de poeira espalhadas pelo Universo, ISAAC fez parte de uma nova era de instrumentos com sua visão infravermelha, o que permitiu os astrônomos observar o Universo além dessas nuvens de poeira, em regiões que antes eram completamente desconhecidas.
Nebulosa de Orion no infravermelho
Nebulosa de Orion vista através do infravermelho. Podemos ver um enxame de aproximadamente 1.000 estrelas com cerca de 1 milhão de anos de idade. Essa imagem mostra o início do trabalho do instrumento ISAAC. Créditos: ESO / ISAAC
Esse instrumento incrível operou desde 1° novembro de 1998, e finalmente, em 12 de dezembro de 2013, ele fez seu último trabalho ao fotografar a Nebulosa de Orion (M42). Após 15 anos de muitas descobertas, ISAAC deixou seu posto para dar lugar ao SPHERE, um instrumento de alto contraste para detecção de planetas extrassolares.
Fonte: ESO / M. McCaughrean Imagens: (capa-ISAAC) / ESO / ISAAC

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

UM NOVO BURACO NEGRO SUPER MASSIVO ESTÁ DEIXANDO CIENTISTAS LOUCOS



 Segundo os pesquisadores, ele foge de toda e qualquer teoria existente... pois ele nem deveria 
O buraco negro super massivo central de uma galáxia recentemente descoberta é muito maior do que deveria ser... maior até do que acreditava-se ser possível, de acordo com as atuais teorias de evolução galáctica. Segundo os pesquisadores, ele foge de toda e qualquer teoria existente... pois ele nem deveria existir.
Um novo trabalho, realizado por astrônomos da Universidade de Keele e da Universidade de Lancashire, mostra um buraco negro muito mais massivo do que deveria ser, em comparação com a massa da galáxia em torno dele. Os cientistas publicaram seus resultados em um artigo na Monthly Notices da Royal Astronomical Society.
A galáxia, SAGE0536AGN foi descoberta inicialmente com o Telescópio Espacial Spitzer da NASA, através da luz infravermelha. Com pelo menos 9 bilhões de anos, essa galáxia contém um núcleo ativo (AGN), um objeto incrivelmente brilhante resultante do acréscimo de gás por um buraco negro supermassivo central. O gás é acelerado a velocidades elevadas devido ao campo gravitacional imenso do buraco negro, fazendo com o gás emitir luz.
buraco negro
buraco negro Ilustração artística de um buraco negro. Créditos: Wikipedia Commons
Posteriormente, a equipe também confirmou a presença do buraco negro através da medição da velocidade do gás. Usando o Grande Telescópio Sul Africano, os cientistas observaram uma linha de emissão do hidrogênio no espectro da galáxia, que é ampliada através do Efeito Doppler, onde o comprimento de onda (cor) da luz se torna azul ou vermelho, dependendo se o objeto está se distanciando ou se aproximando de nós. O fato é que através desse estudo, os cientistas perceberam que o gás se move a uma altíssima velocidade em torno do centro galático, que é o resultado do forte campo gravitacional do buraco negro.
Estes dados ainda foram utilizados para calcular a massa do buraco negro: quanto maior é a massa do buraco negro, mais ampla será sua linha de emissão. O buraco negro no centro da galáxia SAGE0536AGN foi calculado em 350 milhões de vezes a massa do Sol, sendo que a massa de sua galáxia (obtida através de medições do movimento se suas estrelas) foi calculada em 25 bilhões de massas solares. Apesar da galáxia ter cerca de 70 vezes a massa do buraco negro, ele ainda é 30 vezes maior do que o esperado para este tamanho de galáxia.
"As galáxias têm uma grande massa, e seus buracos negros centrais também. Este, porém, é realmente grande demais. É simplesmente impossível, segundo a teoria atual", disse o Dr. Jacco van Loon, astrofísico da Universidade de Keele e principal autor do estudo.
Em galáxias normais, o buraco negro iria crescer ao mesmo ritmo que a galáxia, mas em SAGE0536AGN o buraco negro tem crescido muito mais rápido, ou a galáxia parou de crescer prematuramente. Como essa galáxia foi encontrada por acidente, pode haver mais objetos como esse à espera de serem descobertos. O tempo dirá se SAGE0536AGN é um caso único ou se é simplesmente o primeiro de uma nova classe de galáxias.
Fonte: Royal Astronomical Society / Dailygalaxy
Imagens: (capa-ilustração/Galeria do Meteorito) / Wikipedia Commons

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A LUA ESTÁ A ENCOLHER E A RACHAR E A CULPA É DA TERRA


O lado oculto da Lua. O encolhimento da Lua é uma certeza científica desde 2010, mas só agora se conseguiu descobrir o que é que explica a forma como este satélite natural da Terra está a rachar e a ganhar fissuras.
Estes sulcos na superfície da Lua são provocados pela contracção que se tem vindo a verificar neste corpo celeste.
O interior da Lua arrefeceu e esta contraiu-se, encolhendo em cerca de 182.8800 metros, conforme dados científicos citados pelo The New York Times.
Mas, em 2010, quando se notou o encolhimento lunar e se detectaram pela primeira vez estas fissuras, numa pesquisa da equipa científica liderada por Thomas R. Watters do Museu Nacional Aeroespacial Smithsonian, nos EUA, não se percebeu que o seu aparecimento respeitava um determinado padrão.
Estes cientistas tiveram como base para a sua investigação imagens recolhidas pela NASA e, na altura, apenas 10% da superfície da Lua tinha sido fotografada.
Os 14 sulcos que então detectaram não deram, assim, muitas informações.
Volvidos cinco anos, a contagem das rachadelas da Lua já vai em mais de 3,200 e a equipa de Thomas R. Watters conseguiu apurar que estas fissuras não são uniformes em toda a superfície lunar, apontando para direções distintas.
Resultados divulgados pelo jornal destacam que o investigador e os seus pares concluíram que em torno das regiões Equatorial e das Latitudes Médias – as áreas entre os trópicos e as regiões polares – se nota uma predominância de cumes a apontar do norte para o sul, enquanto nos Pólos as fissuras tendem a uma direção Este-Oeste.
Dados que indiciam que a culpa por estas rachadelas é da Terra e, mais especificamente, da força gravitacional que o nosso planeta exerce sobre a Lua.
As chamadas forças de maré que atraem a Lua geram uma pressão que é suficiente para motivar as quebras lunares dentro do padrão detectado, frisa o citado jornal.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

SUPERNOVAS PRODUZEM POEIRA CÓSMICA MUITO DEPOIS DE EXPLODIREM

Uma supernova vista pelo Hubble
Astrônomos detetaram, pela primeira vez, que as supernovas estrelas que resultam da morte de uma estrela maior – produzem poeira cósmica, num processo que continua muito depois da sua explosão, informou esta quarta-feira o Observatório Europeu do Sul (OES).
A observação da formação de poeira cósmica, em tempo real, foi feita a partir do telescópio VLT do Observatório, localizado a norte do Chile, tendo uma equipa de astrónomos analisado a luz emitida pela supernova SN 2010jl, à medida que desaparecia.
A supernova em causa, “invulgarmente brilhante” e observada pela primeira vez em 2010, explodiu na pequena galáxia UGC 5189A.
A poeira cósmica é constituída por “grãos de silicatos e carbono amorfo – minerais que são também abundantes na Terra”, segundo uma nota divulgada pelo OES, organização da qual Portugal faz parte.
A equipa de peritos descobriu que “a formação de poeira começa pouco depois da explosão” da supernova e “prolonga-se durante um longo período de tempo“.
Os resultados das observações “indicam que, numa segunda fase – depois de várias centenas de dias -, ocorre um processo acelerado de formação da poeira que envolve material ejetado pela supernova”, adianta o OES.
No seu estudo, cujas conclusões são publicadas hoje na edição digital da revista Nature, os astrónomos usaram o espectrógrafo X-shooter para observar a SN 2010jl “nove vezes nos meses que se seguiram à sua explosão e uma décima vez dois anos e meio depois da sua explosão”, tanto nos comprimentos de onda do visível como no infravermelho.
“Combinando dados dos nove anteriores conjuntos de observações, pudemos fazer as primeiras medições diretas de como a poeira em torno da supernova absorve as diferentes cores da luz”, disse o autor principal do estudo, Christa Gall, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.
De acordo com o Observatório Europeu do Sul, as novas medições revelaram ainda que os grãos de poeira formados após a explosão da supernova SN 2010jl – com a morte de uma estrela com pelo menos oito vezes a massa do Sol – são grandes.
A equipa de astrónomos verificou que os grãos que têm um diâmetro maior que um milésimo de milímetro “formaram-se rapidamente no material denso que rodeia a estrela”. Apesar de ainda minúsculos, os grãos de poeira cósmica são considerados grandes, o que os torna “mais resistentes a processos destrutivos”.
O Observatório Europeu do Sul adianta que, se a produção de poeira da SN 2010jl continuar, “25 anos depois da supernova explodir, a massa total de poeira será cerca de metade da massa do Sol”.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

IMAGENS DO PÔR DO SOL EM PLUTÃO REVELAM MONTANHAS MAJESTOSAS E MAR DE NÉVOA


Apenas 15 minutos depois da sua maior aproximação a 14 de julho de 2015, a sonda New Horizons olhou para trás em direção ao Sol e captou esta imagem do pôr-do-Sol perto das montanhas e planícíes geladas que se estendem para lá do horizonte de Plutão.
As imagens mais recentes da sonda New Horizons da NASA chocaram os cientistas – não só pelas suas vistas deslumbrantes das majestosas montanhas de Plutão, pelos fluxos de azoto congelado e pelas assombrosas neblinas de baixa altitude, mas também pela sua estranhamente familiar aparência ártica.
Esta nova imagem do crescente de Plutão – obtida pelo instrumento MVIC (wide-angle Ralph/Multispectral Visual Imaging Camera) no dia 14 de julho e enviada para a Terra no dia 13 de setembro – fornece um olhar oblíquo das paisagens plutonianas com uma iluminação dramática do Sol, e destaca espetacularmente os terrenos variados e a atmosfera estendida de Plutão. A cena mede 1.250 km de largura.
“Esta imagem faz realmente parecer que estamos lá, em Plutão, a explorar a paisagem por nós próprios“, afirma Alan Stern, investigador principal da New Horizons, do SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, Colorado, EUA. “Mas esta imagem é também uma mina de ouro científica, revelando novos detalhes sobre a atmosfera, montanhas, glaciares e planícies de Plutão”.
Devido à sua favorável luz de fundo e alta resolução, esta imagem do MVIC também revela novos detalhes de neblinas através da ténue mas larga atmosfera de azoto de Plutão. A imagem mostra mais de uma dúzia de finas camadas desde o chão até pelo menos 100 km acima da superfície. Além disso, revela pelo menos uma névoa de baixa altitude, parecida com nevoeiro, iluminada pelo pôr-do-Sol contra o lado escuro de Plutão, arranhada por sombras de montanhas próximas.
NASA/JHUAPL/SwRI
Apenas 15 minutos depois da sua maior aproximação de passado dia 14 de julho de 2015, a sonda New Horizons olhou para trás em direção ao Sol e capturou esta imagem do aproximar do pôr-do-Sol perto de montanhas e planícíes geladas que se estendem para lá do horizonte de Plutão.Imagem de Plutão captada a partir da sonda New Horizons
“Além de serem visualmente impressionantes, estas neblinas baixas sugerem mudanças meteorológicas, de dia para dia, em Plutão, tal como na Terra,” comenta Will Grundy, líder da equipa de composição da New Horizons e do Observatório Lowell em Flagstaff, Arizona.
Combinada com outras imagens transferidas recentemente, esta nova foto também fornece evidências para um ciclo “hidrológico” notavelmente parecido com o da Terra, mas que em Plutão envolve gelos macios e exóticos, incluindo azoto em vez de água gelada.
As áreas brilhantes a este da vasta planície gelada informalmente chamada Sputnik Planum parecem ter sido cobertas por estes gelos, que podem ter evaporado da superfície de Sputnik e sido depositadas para leste. O novo panorama do Ralph também revela glaciares que correm novamente para Sputnik Planum a partir desta região coberta; estas características são parecidas com os fluxos gelados nas margens de calotas de gelo na Gronelândia e na Antártida.
“Não esperávamos encontrar indícios de um ciclo glacial à base de azoto em Plutão, a operar nas condições frias do Sistema Solar exterior,” afirma Alan Howard, membro da equipa GGI (Geology, Geophysics and Imaging) da missão e da Universidade de Virginia em Charlottesville. “Impulsionado pela fraca luz solar, este será diretamente comparável com o ciclo hidrológico que alimenta calotas de gelo na Terra, onde a água é evaporada dos oceanos, cai como neve e regressa aos mares através do fluxo glacial”.
“Plutão é surpreendentemente parecido com a Terra neste aspeto,” acrescenta Stern,” e ninguém previu isso“.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

PARES DE BURACOS NEGROS SUPER MASSIVOS EM GALÁXIAS PODEM SER MAIS RAROS DO QUE SE PENSAVA

À esquerda temos a galáxia J0702+5002, que os investigadores concluíram não ser uma galáxia em forma de X, cuja forma é provocada por uma fusão. À direita está a galáxia J1043+3131, que é um candidato "genuíno" a um sistema que sofreu fusão
À esquerda temos a galáxia J0702+5002, que os investigadores concluíram não ser uma galáxia em forma de X, cuja forma é provocada por uma fusão. À direita está a galáxia J1043+3131, que é um candidato “genuíno” a um sistema que sofreu fusão.
De acordo com um novo estudo por astrónomos que analisaram dados do VLA (Karl G. Jansky Very Large Array) do NSF (National Science Foundation), podem existir menos pares de buracos negros supermassivos orbitantes do que se pensava nos núcleos de galáxias gigantes.
As galáxias massivas têm buracos negros com milhões de vezes a massa do Sol nos seus centros. Quando duas destas galáxias colidem, os seus buracos negros supermassivos participam numa dança orbital que acaba por resultar na combinação do par. Este processo, pensam os cientistas, é a fonte mais forte das há muito procuradas ondas gravitacionais. Mesmo assim, ainda não foram detetadas diretamente.
“As ondas gravitacionais representam a próxima grande fronteira da astrofísica e a sua deteção vai levar a novos conhecimentos sobre o Universo,” afirma David Roberts da Universidade Brandeis, autor principal da investigação. “É importante ter o máximo de informação possível acerca das fontes destas ondas,” acrescenta.
Os astrônomos de todo o mundo começaram programas para monitorizar pulsares que giram velozmente na nossa Via Láctea, na tentativa de detetar ondas gravitacionais. Estes programas procuram medir mudanças nos sinais dos pulsares, mudanças estas provocadas pela distorção do tecido do espaço-tempo devido às ondas gravitacionais.
Os pulsares são estrelas de neutrões superdensas, que giram muito depressa e que emitem feixes de luz parecidos com os dos faróis e ondas de rádio que permitem a medição precisa das suas taxas de rotação.
Roberts e colegas estudaram uma amostra de galáxias chamadas “galáxias rádio em forma de X“, cuja estrutura peculiar indica a possibilidade dos jatos emissores de rádio e das partículas super-rápidas expelidas pelos discos de material em redor dos buracos negros centrais destas galáxias terem mudado de direção. Esta mudança, sugeriram os astrónomos, foi provocada por uma fusão anterior com outra galáxia, fazendo com que o eixo de rotação do buraco negro, bem como o eixo do jato, mudasse de direção.
Trabalhando com uma lista anterior de 100 destes objetos, recolheram dados de arquivo do VLA para obter imagens novas e mais detalhadas de 52 deles. A análise das novas imagens levou-os a concluir que apenas 11 são candidatos “genuínos” a galáxias que se fundiram, fazendo com que os jatos de rádio mudassem de direção. As mudanças dos jatos noutras galáxias, concluíram, têm outras causas.
Extrapolando a partir deste resultado, os astrónomos estimaram que menos de 1,3% das galáxias com emissão de rádio estendida sofreram fusões. Esta taxa é cinco vezes mais baixa do que as estimativas anteriores.
“Isto pode reduzir significativamente o nível de ondas gravitacionais muito longas oriundas de galáxias de rádio em forma de X, em comparação com estimativas anteriores,” explica Roberts. “Será muito importante relacionar as ondas gravitacionais com objetos que vemos através da radiação eletromagnética, como as ondas de rádio, a fim de avançar a nossa compreensão da física fundamental,” acrescentou.
As ondas gravitacionais, ondulações no espaço-tempo, foram previstas em 1916 por Albert Einstein como parte da sua teoria da relatividade geral. As primeiras evidências de tais ondas surgiram de um pulsar em órbita de outra estrela, um sistema descoberto em 1974 por Joseph Taylor e Russell Hulse.
As observações deste par ao longo de vários anos mostram que as suas órbitas estão a decair exatamente à taxa prevista pelas equações de Einstein, o que indica que as ondas gravitacionais transportam energia para longe do sistema.
Por este trabalho, Taylor e Hulse receberam em 1993 o Prémio Nobel da Física, que confirmou o efeito previsto das ondas gravitacionais. No entanto, ainda não foi feita a deteção direta destas ondas.
Roberts trabalhou com Jake Cohen e Jing Lu, alunos de Brandeis que recolheram os dados de arquivo do VLA e produziram as imagens das galáxias; e Lakshmi Saripalli e Ravi Subrahmanyan do Instituto de Pesquisa Raman em Bangalore, Índia.
Os investigadores relatam os seus resultados e análises num par de artigos publicados na revista The Astrophysical Journal Letters e na The Astrophysical Journal Supplements.

domingo, 11 de outubro de 2015

EXPLICADO O MISTERIOSO PISCAR DOS BURACOS NEGROS EM COLISÃO

-
Quando os cientistas viram este par de buracos negros, encontraram uma rara oportunidade de observar buracos negros em processo de colisão. No entanto, à medida que pareciam mais próximos, os investigadores colocaram uma nova pergunta: o que é aquela luz a piscar?
A luz não é proveniente do par de buracos negros a colidir (nomeados PG 1302-102) – que estão a 3,5 mil milhões de anos-luz de distância de nós -, mas sim da turbulência à sua volta. Isto não explica, contudo, porque é que a luz tem flashes ritmados e regulares.
Assim, os investigadores Daniel D’Orazio, Zoltan Haiman e David Schiminovich, da Universidade de Columbia, nos EUA, construíram uma simulação e apresentam agora uma explicação para o que estamos a ver: trata-se da órbita dos buracos negros, explicam no artigo publicado na Nature.
A colisão entre buracos negros não é um processo particularmente equitativo – um é mais forte, maior e mais poderoso do que o outro, o que significa que um buraco negro está a causar muito mais turbulência no seu rastro do que o seu parceiro. Curiosamente, no entanto, este não é o buraco negro mais brilhante. É o menor destes que está a brilhar com mais intensidade.

Universidade de Columbia / NASA
Esta simulação ajuda a explicar o estranho sinal de luz que se pensa estar a vir de um par coeso de buracos negros em fusão, PG 1302-1202, localizado a 3,5 mil milhões de anos-luz de distância
Isto acontece porque o menor é menos capaz de se livrar da poeira interestelar do que o seu companheiro de maiores dimensões, o que significa que mais gás acaba a flutuar perto de si do que do maior, e é o gás que forma o brilho que nós vemos.
Num efeito que os investigadores compararam ao Doppler, quando o buraco negro mais brilhante orbita mais próximo de nós, vemos mais da sua luz, da mesma forma que, quando ele se move, ela escurece. Essa órbita também explica a natureza cíclica do sinal, que escurece e clareia com regularidade.

sábado, 10 de outubro de 2015

UM DOS ANÉIS DE SATURNO NÃO É COMO OS OUTROS

 O planeta Saturno, visto pela sonda Cassini durante o equinócio. Dados sobre o modo como os anéis arrefeceram durante esta altura fornecem informações sobre a natureza das partículas dos anéis.
JPL / Space Science Institute / NASA
 O planeta Saturno, visto pela sonda Cassini durante o equinócio. Dados sobre o modo como os anéis arrefeceram durante esta altura fornecem informações sobre a natureza das partículas dos anéis.
O planeta Saturno, visto pela sonda Cassini durante o equinócio. Dados sobre o modo como os anéis arrefeceram durante esta altura fornecem informações sobre a natureza das partículas dos anéis.
Quando o Sol se pôs nos anéis de Saturno em agosto de 2009, os cientistas da missão Cassini da NASA assistiam de perto. Foi o equinócio – uma de duas vezes no ano de Saturno em que o Sol ilumina de lado o enorme sistema de anéis do planeta.
O evento constituiu uma oportunidade extraordinária para a sonda Cassini observar mudanças de curta duração nos anéis que revelam detalhes sobre a sua natureza.
Tal como a Terra, Saturno tem o seu eixo inclinado. Ao longo da sua órbita de 29 anos, os raios do Sol movem-se de norte para sul ao longo do planeta e dos anéis – e vice-versa.
A mudança da luz do Sol faz com que a temperatura dos anéis – formados por biliões de partículas geladas – varie de estação para estação.
Durante o equinócio, que durou apenas alguns dias, apareceram sombras invulgares e estruturas onduladas e, durante o crepúsculo deste breve período, os anéis começaram a arrefecer.
Num estudo publicado recentemente na revista Icarus, uma equipa de cientistas da Cassini anuncia que uma seção dos anéis parece ter tido uma ligeira “febre” durante o equinócio.
A temperatura mais alta do que o esperado forneceu uma janela única para a estrutura interior das partículas dos anéis, geralmente não disponível aos cientistas.
“Geralmente, não podemos aprender muito sobre a composição das partículas de gelo dos anéis de Saturno mais do que um milímetro abaixo da superfície. Mas o facto de uma parte dos anéis não ter arrefecido como esperado permitiu-nos modelar o que podem ser no interior,” afirma Ryuji Morishima, investigador do JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia, que liderou o estudo.
Os investigadores examinaram dados recolhidos pelo instrumento CIRS (Composite Infrared Spectrometer) da Cassini durante o ano em redor do equinócio, que essencialmente registou a temperatura dos anéis à medida que arrefeciam.
Compararam então a temperatura com modelos computacionais que tentam descrever as propriedades das partículas dos anéis numa escala individual.
O que descobriram foi intrigante.
Para a maior parte da gigante imensidão dos anéis de Saturno, os modelos previram corretamente o modo como arrefeceram à medida que caíram na escuridão.
Mas uma secção – o mais externo dos grandes anéis principais, o denominado Anel A – ficou mais quente do que os modelos previram. O pico de temperatura foi especialmente proeminente no meio do Anel A.
A fim de abordarem esta curiosidade, Morishima e colegas realizaram uma investigação detalhada de como as partículas dos anéis com estruturas diferentes aquecem e arrefecem durante as estações de Saturno.
Os estudos anteriores com base em dados da Cassini mostraram que as partículas geladas dos anéis são fofas, no exterior, como neve fresca. Este material exterior, chamado rególito, é criado com o passar do tempo, à medida que pequenos impactos pulverizam a superfície de cada partícula.
A análise da equipa sugere que a melhor explicação para as temperaturas do Anel A durante o equinócio é que o anel é composto em grande parte por partículas com aproximadamente 1 metro, principalmente gelo sólido com apenas uma fina camada de rególito.
“Uma alta concentração de pedaços de gelo sólido, nesta região dos anéis de Saturno, é inesperada,” afirma Morishima.
“As partículas dos anéis geralmente espalham-se e tornam-se uniformemente distribuídas ao longo de uma escala de tempo de aproximadamente 100 milhões de anos”, acrescenta.
A acumulação de partículas densas num só lugar sugere que, ou algum processo as colocou lá no passado geológico recente ou então as partículas estão, de algum modo, confinadas a essa zona.
Os cientistas sugerem um par de hipóteses para explicar esta aglomeração.
Uma lua poderá ter existido neste local dentro dos últimos 100 milhões de anos e terá sido destruída, talvez por um impacto gigante.
Alternativamente, alegam que pequenas luas, do tamanho de pedregulhos, podem estar a transportar estas partículas geladas e densas à medida que migram para dentro do anel.
Estas pequenas luas podem dispersar os pedaços de gelo no meio do Anel A enquanto quebram-se devido à influência gravitacional de Saturno e das suas luas maiores.
“Este resultado peculiar é fascinante porque sugere que o meio do anel A de Saturno pode ser muito mais jovem do que o resto dos anéis,” explica Linda Spiler, cientista do projeto Cassini do JPL e coautora do estudo.
“Outras partes do anel podem ser tão antigas quanto o próprio Saturno”, acrescenta.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A VIA LÁCTEA PODE ESTAR “INFECTADA” COM VÁRIAS BOLSAS DE VIDA ALIENÍGENA

Conceito artístico da Via Láctea. Assinaladas a verde, as regiões onde a vida alienígena pode ter-se espalhado para lá do seu sistema para criar oasis de vida - a chamada panspermia
Conceito artístico da Via Láctea. Assinaladas a verde, as regiões onde a vida alienígena pode ter-se espalhado para lá do seu sistema para criar oasis de vida – a chamada panspermia R. Hurt / JPL / NASA
Uma questão fundamental na astrobiologia é saber se a vida pode ser transportada entre planetas extra-solares ou sistemas planetários.
Uma equipa de astrofísicos norte-americanos propôs agora uma nova estratégia para responder a esta pergunta, com base no princípio de que a vida alienígena que surja através de dispersão – num processo chamado panspermia – formará mais agrupamentos do que a vida que surge espontaneamente.
Há duas formas básicas de a vida se espalhar para além da sua estrela hospedeira.
A primeira seria por meio de processos naturais, tais como a propulsão gravitacional de asteróides ou cometas.
A segunda forma de a vida se espalhar seria viajando deliberadamente para outros sistemas.
No seu artigo, aceite para publicação no Astrophysical Journal Letters, os astrónomos Henry Lin e Abraham Loeb não abordam a forma como a panspermia acontece.
O artigo limita-se simplesmente a responder a uma pergunta: se a panspermia acontecer, podemos detectá-la?
Em princípio, a resposta é sim – tudo depende da velocidade da dispersão da vida pela Via Láctea e para lá da galáxia.
O modelo desenvolvido por Lin e Loeb, investigadores do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, assume que as sementes de um planeta com vida se espalham em todas as direcções.
Se uma semente chega a um planeta vizinho com as condições certas para a vida, ela pode criar raízes.
Ao longo do tempo, o resultado deste processo seria uma série de oásis com vida que pontilhariam a paisagem galáctica.
“Na nossa teoria, os aglomerados de vida formam-se, crescem e sobrepõem-se como bolhas numa panela de água a ferver”, explica Henry Lin ao Sci-News.
Se detectarmos sinais de vida nas atmosferas de mundos distantes, o próximo passo será procurar um padrão.
Por exemplo, num caso ideal em que a Terra esteja próximo de uma “bolha” de vida, todos os mundos com vida que encontrarmos nas proximidades estarão numa metade do céu, enquanto a outra metade será estéril.
Os astrofísicos realçam que um padrão só será perceptível se a vida se espalhar de maneira relativamente rápida.
Tal acontece porque, como as estrelas na Via Láctea derivam em relação umas às outras, as que são vizinhas neste momento, não o serão dentro de alguns milhões de anos.
Por outras palavras, a deriva estelar espalharia as bolhas, tornando muito difícil que as formas de vida de cada uma delas se pudessem encontrar.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

LUAS DE PLUTÃO TÊM ROTAÇÃO CAÓTICA PORQUE FICAM “INDECISAS”

Plutão e Caronte
NASA / JHUAPL / SwRI
Físicos da Universidade de Aveiro encontraram explicação para a “rotação caótica” de quatro das luas de Plutão, descoberta há dois meses por cientistas norte-americanos.
Em junho, uma investigação conduzida pelos cientistas Mark Showalter (Instituto SETI) e Doug Hamilton (Universidade de Maryland), dos Estados Unidos, desvendou que a rotação das luas Nix, Hydra, Kerberos e Styx, ao contrário do que acontece com as luas até agora descobertas de grande parte dos planetas, não é constante e varia de forma imprevisível ao longo do tempo.
Agora, físicos da Universidade de Aveiro encontraram explicação para o fenómeno da sua “rotação caótica”, que é revelada no último número da revista científica Astronomy & Astrophysics Letters.
Uma equipa internacional liderada pelo Departamento de Física da Universidade de Aveiro debruçou-se sobre a “estranha rotação” das quatro luas de Plutão e encontrou o motivo aplicando as leis da física.
Segundo Alexandre Correia, coordenador da investigação e especialista em sistemas solares, planetas extrassolares e física planetária, dois fatores distinguem essas pequenas quatro luas de todas as outras, nomeadamente de Caronte, a outra lua de Plutão que tem uma rotação regular.
“Devido às quatro luas em causa serem corpos de pequenas dimensões com diâmetros inferiores a 50 quilómetros, elas assemelham-se mais a asteroides em forma de batata do que a corpos esféricos como a Lua da Terra e têm sempre por isso, um eixo mais alongado”, explica num comunicado divulgado esta quinta-feira.
Outro dos fatores que fazem Nix, Hydra, Kerberos e Styx um conjunto único no sistema solar, adianta Alexandre Correia, “é que, ao contrário das quatro pequenas luas, a maior lua de Plutão, Caronte, é quase tão grande como Plutão, pelo que, tecnicamente, o sistema Plutão-Caronte deve ser classificado como um sistema binário e não de sistema Planeta-Lua”, já que se trata de um sistema com dois corpos de dimensão semelhante que orbitam em torno do centro de massa comum.
“Se Caronte não existisse, as pequenas luas iriam evoluir por efeito de maré até ficarem síncronas com Plutão, como seria de esperar e, se só existisse Caronte, as pequenas luas iriam apontar o eixo maior na direção de Caronte até, igualmente, ficarem síncronas com esse corpo celeste”, expõe.
O que se passa, segundo o investigador, é que como existe Plutão e Caronte, “as pequenas luas ficam indecisas e umas vezes tendem a apontar o eixo maior para Plutão, outras vezes para Caronte, dependendo de quem passou mais próximo” e essa alternância tem como consequência uma rotação irregular das pequenas luas, pois elas nunca conseguem chegar a ficar síncronas nem com Plutão nem com Caronte”.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

ASTRÔNOMOS DESCOBREM UM PLANETA BEBÉ A APENAS 100 ANOS-LUZ DE DISTÂNCIA

Conceito artístico do 51 Eridani b , um planeta jovem, semelhante a Júpiter
Danielle Futselaar, Franck Marchis / SETI Institute
Astrónomos descobriram um planeta a apenas 100 anos-luz de distância, parecido com Júpiter provavelmente seria há alguns milhares de bilhões de anos, e que pode dar novas informações sobre como os planetas se formam.
Baptizado 51 Eridani b, o planeta é o primeiro a ser detectado por um novo instrumento, denominado Gemini Planet Imager, refere um estudo publicado esta quinta-feira na revista Science.
É o primeiro planeta jovem descoberto, parecido com o que Júpiter provavelmente seria há 4,5 mil milhões de anos, tornando-se no nosso principal quebra-cabeças da formação de planetas”, disse Travis Barman, professor associado de Ciências Planetárias da Universidade do Arizona.
A estrela à volta da qual orbita o jovem planeta 51 Eridani tem apenas 20 milhões de anos — bastante jovem, considerando que o Sol tem cerca de 4,5 mil milhões de anos.
Envolto em metano, o planeta tem cerca de duas vezes a massa de Júpiter, o maior planeta do nosso sistema solar, e tem o metano mais concentrado alguma vez detectado na atmosfera de um planeta alienígena.
A temperatura do planeta deverá rondar os 427 °C, o suficiente para derreter chumbo.
“Este é exactamente o tipo de planeta que queríamos descobrir quando projectamos o Gemini Planet Imager”, disse James Graham, da Universidade da Califórnia, professor de astronomia que projectou o instrumento.
“Queríamos encontrar planetas enquanto são jovens, para que possamos descobrir o processo de formação”, acrescentou.
O Gemini Planet Imager foi projectado para descobrir novos planetas a orbitar estrelas.
O instrumento é aproximadamente do tamanho de um carro pequeno e está montado num espaço de cerca de oito metros no Chile, tendo começado a trabalhar em dezembro de 2014.
Uma outra missão da NASA, a do telescópio espacial Kepler, procura planetas através do estudo de estrelas.
O principal objectivo do Kepler é encontrar planetas como a Terra e possam ser capazes de um dia sustentar vida.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

DESCOBERTA A MAIOR COISA DO UNIVERSO

Uma imagem da distribuição de Explosões de Raios Gama a uma distância de 7 mil milhões de anos-luz. As ERGs estão marcadas a azul, e a Via Lactea é indicada, como referência, atravessando a imagem da esquerda para a direita
Uma imagem da distribuição de Explosões de Raios Gama a uma distância de 7 mil milhões de anos-luz. As ERGs estão marcadas a azul, e a Via Lactea é indicada, como referência, atravessando a imagem da esquerda para a direita
Uma equipa de astrónomos hungaro-americana descobriu uma estrutura que parece ser a maior “coisa” no universo observável: um anel de nove Explosões de Raios Gama, com cinco mil milhões de anos-luz de diâmetro.
As Explosões de Raios Gama, ou ERGs, são os eventos mais luminosos do universo, libertando  em poucos segundos tanta energia quanto o sol liberta durante a sua vida útil de 10 mil milhões de anos.
Os cientistas, cuja descoberta foi publicada na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, acreditam que as ERGs são o resultado de estrelas super-massivas a colapsar em buracos negros.
As ERGs que formam o anel recém-descoberto foram encontradas com uma variedade de observatórios espaciais e terrestres. Parecem estar a distâncias muito similares de nós – a cerca de 7 mil milhões de anos-luz de distância – num arco de 36° em todo no céu. Ou seja, ocupa no céu mais de 70 vezes o diâmetro da lua cheia.
Isto implica que o anel tem mais de 5 mil milhões de anos-luz de diâmetro.
De acordo com o principal autor do estudo, Lajos Balazs, investigador do Observatório Kokoly em Budapeste, na Hungria, há uma probabilidade de 1 em 20.000 de as ERGs se encontrarem com esta distribuição por acaso.
Maior que tudo o que pode existir
Os modelos astronómicos actuais indicam que a estrutura do cosmos, em grandes escalas, é uniforme. Esta teoria é apoiada por observações do início do universo e da sua assinatura de micro-ondas.
No entanto, a nova descoberta desafia esse princípio, que define um limite teórico de 1,2 mil milhões de anos-luz para as maiores estruturas do universo.
O anel recém-descoberto é quase cinco vezes maior.
Este anel poderia ser na verdade a projecção de uma esfera, na qual as ERGs aconteceram todas dentro de um período de 250 milhões de anos — um tempo curto, se comparado com a idade do universo.
Uma projeção de anel esferoidal iria espelhar as cordas de aglomerados de galáxias que cercam espaços vazios no universo.
Esses vazios e formações da corda são previstos por muitos modelos do cosmos, mas, novamente, o anel recém-descoberto é pelo menos dez vezes maior do que os vazios conhecidos.
Temos que rever todas as teorias?
“Se estivermos certos, esta estrutura contradiz os modelos actuais do universo. Foi uma surpresa encontrar algo tão grande, e ainda não entendemos muito bem como é que nasceu”, diz Balazs, citado pelo Science Daily.
O próximo passo da investigação é agora descobrir mais sobre o anel, e verificar se os processos conhecidos para a formação de galáxias e estruturas de grande escala poderiam ter levado à sua criação —ou se os astrónomos precisam de rever radicalmente todas as suas teorias da evolução do cosmos.

domingo, 4 de outubro de 2015

NASA CONFIRMA TER ENCONTRADO RIOS DE ÁGUA LÍQUIDA NO PLANETA MARTE

Ficheiro:Mars Valles Marineris EDIT.jpg

 Seria apenas uma questão de tempo até encontrarmos vida em Marte?
Novas descobertas sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA forneceram as evidências mais fortes de que a água líquida flui atualmente e de forma intermitente em Marte.
Usando um espectrômetro de imagem da MRO, os pesquisadores detectaram assinaturas de minerais hidratados em encostas onde as estrias misteriosas são vistas na superfície do Planeta Vermelho. Essas estrias escuras sempre chamaram a atenção dos cientistas, que desconfiavam se tratar de fluxos de água. Elas se mostravam mais intensas durante as estações quentes, e desapareciam durante as estações frias. Esses estudos sempre foram motivo de debates, mas apesar de algumas evidências, não havia um aprova cabal que fosse aceita por todos os cientistas envolvidos.
"Nossa missão em Marte tem sido a de 'seguir a água' em nossa busca por vida, e agora temos as provas que validam as nossas suspeitas de longa data", disse John Grunsfeld, astronauta e administrador de Ciência da Direção de Missões da NASA. "Este é um desenvolvimento significativo, pois confirma que a água - embora salgada - está fluindo hoje sobre a superfície de Marte."
fluxos de água em Marte
Uma simulação de sobrevoo feita pela NASA mostra uma montanha localizada na região da Cratera Hale, onde as estrias negras de água corrente aparecem durante as estações mais quentes.
As listras negras (de aproximadamente 100 metros) que descem as montanhas são formadas por fluxos de água.Créditos: NASA / JPL / Universidade do Arizona
As observações do espectrômetro mostram assinaturas de sais hidratados em vários locais dessas estrias, mas apenas quando as características escuras estavam com tamanho maior. Quando os pesquisadores analisaram os mesmos locais quando as estrias haviam desaparecido, nenhum sal hidratado foi detectado.
Portanto, os pesquisadores entenderam que as assinaturas espectrais eram causadas por minerais hidratados, chamados percloratos. Os sais hidratados mais consistentes com as assinaturas químicas são provavelmente uma mistura de perclorato de magnésio, clorato de magnésio e perclorato de sódio. Alguns percloratos mantém a água na forma líquida mesmo em condições muito frias, abaixo de -70°C. Aqui na Terra, os percloratos produzidos naturalmente são encontrados em desertos, e alguns tipos de percloratos podem ser utilizados como combustível de foguetes.
Percloratos já haviam sido detectados em Marte pela sonda Phoenix, Curiosity e até mesmo na missão Viking na década de 1970, no entanto, agora eles foram encontrados na forma hidratada em áreas diferentes daquelas exploradas anteriormente. Esta também é a primeira vez que tais substâncias foram detectadas a partir da órbita. [em 2014, um novo canal foi encontrado, mas não havia certeza de que se tratava de fluxo de água]
MRO tem estudado Marte desde 2006, com seus seis instrumentos científicos, e só agora temos a certeza de que as longas estrias marcianas são realmente fluxos naturais de água!
"Quando a maioria das pessoas falam sobre água em Marte, logo pensamos em água antiga, ou congelada", disse Lujendra Ojha, do Instituto de Tecnologia Georgia Tech, em Atlanta, e autor principal do estudo publicado na revista Nature Geoscience. "Agora sabemos que há muito mais nessa história. Esta é a primeira detecção espectral que sem dúvida alguma, apoia nossas hipóteses de formação de água líquida em Marte."
água líquida em Marte
"Foram vários anos para resolver esse mistério, mas agora sabemos que há água líquida na superfície desse frio e desértico Planeta Vermelho", disse Michael Meyer, cientista-chefe do Programa de Exploração de Marte da NASA. "Parece que quanto mais estudamos Marte, mais aprendemos como a vida poderia acontecer, e onde podemos encontrar vida no futuro." Seria apenas uma questão de tempo para encontrar alguma forma de vida nos pequenos riachos de Marte?
Fonte: NASA
Imagens: (capa-ilustração/Galeria do Meteorito) / NASA / JPL / Universidade do Arizona