quarta-feira, 30 de setembro de 2015

PESQUISADORES DIZEM QUE O SOL PODE ESTAR ABSORVENDO MATÉRIA ESCURA

Imagem de uma explosão solar classe X2.0 captada a 27 de outubro de 2014
Imagem de uma explosão solar classe X2.0, captada a 27 de outubro de 2014
Parece haver alguma coisa de errado com o nosso Sol – ou melhor, com as teorias científicas que explicam o que é o Sol e como se comporta. Um estudo revela que a nossa estrela poderá estar a absorver matéria negra.
Observações recentes dos valores de temperatura, densidade, composição química e pressão interna do Sol revelaram uma discrepância significativa: o núcleo interior do sol contém demasiado hélio e hidrogénio em circulação, onde deviam estar presentes substâncias 10% mais pesadas.
O estudo, publicado na Physical Review Letters, foi desenvolvido pelos astrofísicos Aaron C. Vincent e Pat Scott, da Universidade de Durham, no Reino Unido, e Aldo Serenell, do Institut de Ciències de l’Espai, na Catalunha.
Os cientistas sugerem que a discrepância de valores poderá ser devida à existência, no coração do Sol, de matéria negra, uma forma não observável de matéria, que apenas interage gravitacionalmente, e cuja presença apenas pode ser inferida a partir dos seus efeitos gravitacionais sobre a matéria visível, como estrelas e galáxias.
Segundo o estudo, a menor densidade do Sol pode ser explicada pela presença de um determinado tipo de matéria negra, a matéria negra assimétrica.
Matéria negra assimétrica e existência
A matéria negra, essa coisa misteriosa que compõe 83% do nosso Universo, não interage com as forças electromagnéticas da matéria normal.
Mas ao contrário de outras formas teóricas de matéria negra, a variante assimétrica consegue interagir com a matéria normal, através da transferência de propriedades quânticas quando as partículas dos dois tipos de matéria colidem.
Estas transferências entre matéria negra e matéria normal no coração do Sol permitiriam canalizar calor do núcleo interno para a sua superfície, e, defendem os astrofísicos, explica a diferença de densidade e pressão observadas.
“Estamos muito próximo de descobrir se esta é realmente uma indicação da existência de matéria negra no Sol“, explicou Aaron Vincent ao Physycs World, “ou se tropeçámos em alguma coisa que matematicamente o parece mas que é na realidade algo mais subtil a acontecer”.
Aaron Vincent / Physics World
A existência de matéria negra assimétrica, que interage de forma diferente com a matéria e a anti-matéria, é um tema que ganhou importância nos últimos anos, e ultrapassa a mera compreensão do que se passa no nosso Sol.
Na realidade, porque existe matéria negra assimétrica, sequer?
Se na altura do Big Bang foram criadas iguais quantidades de matéria e anti-matéria, a abundância das duas no Universo seria igual – e há muito tempo que se teriam aniquilado.
Poderá este tipo de matéria negra, que interage de forma assimétrica com a matéria e a anti-matéria, ser a simples razão pela qual existem hoje as “sobras” de matéria que conhecemos como a própria “existência”?

terça-feira, 29 de setembro de 2015

DESCOBERTO NA NOSSA GALÁXIA UM SISTEMA SOLAR DA IDADE DO UNIVERSO

Imagem artística do sistema Kepler-444, com os seus cinco planetas do tipo terrestre, dois dos quais em trânsito.
Imagem artística do sistema Kepler-444, com os seus cinco planetas do tipo terrestre, dois dos quais em trânsito.
Uma equipa de investigadores, que envolve o instituto português de Astrofísica e Ciências do Espaço, descobriu cinco planetas, possivelmente semelhantes à Terra na sua constituição, a orbitar uma estrela mais antiga do que o Sol, a Kepler-444.
Segundo os resultados da investigação, publicados na revista científica The Astrophysical Journal, os cinco exoplanetas (fora do Sistema Solar) em causa são próximos, no tamanho, de Mercúrio e Vénus.
O astrofísico e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) Sérgio Sousa, que participou no estudo, adiantou à Lusa que as medições feitas aos planetas, a partir de imagens captadas pelo telescópio Kepler, da NASA, revelam que a sua densidade é elevada, o que leva a crer, assinalou, que “são rochosos” como a Terra, apesar de mais pequenos do que o “planeta azul”.
A estrela Kepler-444, uma anã laranja, ligeiramente menor do que o Sol e com cerca de 5.000°C à superfície, é “bastante antiga, tem quase a idade do Universo“, frisou.
Ao contrário de estrelas de segunda geração, como o Sol, a Kepler-444 tem menos ferro, “elemento fulcral na formação dos planetas”, e mais magnésio e silício, apontou Sérgio Sousa.
Para os investigadores, a descoberta prova que poderão ter sido criadas condições para o aparecimento de planetas desde muito cedo na formação do Universo.
“A descoberta de um sistema com planetas do tipo terrestre, tão antigo como o Kepler-444, confirma que os primeiros planetas se formaram muito cedo na vida da nossa Galáxia, o que nos dá uma indicação de quando terá começado a era da formação planetária”, sustenta o investigador Vardan Adibekyan, do IA e da Universidade do Porto, citado num comunicado do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
O sistema estelar Kepler-444 ter-se-á formado há 11,2 mil milhões de anos, quando o Universo tinha cerca de um quinto dos atuais 13,8 mil milhões de anos, esclarece a nota, acrescentando que, quando a Terra se formou, os cinco planetas extrassolares deste sistema, “cerca de 2,5 vezes mais velho do que o Sistema Solar, já eram mais velhos do que a idade atual da Terra”.
Para os cientistas, trata-se, por isso, do “mais antigo sistema estelar conhecido a albergar exoplanetas do tipo terrestre”.
Situado a 116 anos-luz de distância da Terra, o sistema Kepler-444 é visto como um dos sistemas estelares “mais próximos” do “planeta azul” que foram observados pelo telescópio Kepler, tendo a equipa de investigadores internacionais medido o raio dos cinco planetas através do método dos trânsitos – medição da diminuição da luz de uma estrela provocada pela passagem do exoplaneta à frente dessa estrela.
Adicionalmente, e como o método dos trânsitos é indireto, “só permite determinar o tamanho dos planetas em relação ao tamanho da estrela-mãe”, ressalva o IA, a equipa recorreu a técnicas de asterossismologia, que permitem estudar o interior das estrelas através da sua atividade sísmica medida à superfície, de forma a “conhecer com precisão as caraterísticas físicas da estrela” e, assim, “conseguir determinar o tamanho dos planetas”.
De acordo com a investigação, as órbitas dos cinco planetas extrassolares são cinco vezes menores do que a órbita de Mercúrio, completam uma translação à volta da sua estrela em dez dias ou menos.
O próximo passo do grupo de cientistas será caraterizar melhor, com novos instrumentos, os planetas detetados.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

CR7 JÁ NÃO É MAIS UM AGLOMERADO ESTELAR: É UMA GALÁXIA

Impressão artística que mostra parte da CR7, de longe a galáxia mais brilhante encontrada até à data no Universo primordial e existem evidências fortes de que contém estrelas da primeira geração. Crédito: ESO/M. Kornmesser
É a mais brilhante e a sua descoberta foi liderada por um português
Impressão artística que mostra parte da CR7, de longe a galáxia mais brilhante encontrada até à data no Universo primordial e existem evidências fortes de que contém estrelas da primeira geração. Crédito: ESO/M. Kornmesser
Uma equipa internacional de astrónomos, liderada por David Sobral, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) descobriu aquela que é a galáxia mais brilhante alguma vez encontrada no início do Universo. A equipa encontrou ainda, pela primeira vez, fortes indícios da existência da primeira geração de estrelas.
Há muito que os astrónomos previram a existência de uma primeira geração de estrelas formadas a partir do material primordial do Big Bang. As primeiras estrelas devem ter sido enormes - várias centenas ou mesmo milhares de vezes mais massivas que o Sol - extremamente quentes, e com um tempo de vida de apenas alguns milhões de anos.
Porquê CR7?
O apelido de CR7 é uma abreviatura de COSMOS Redshift 7. Redshift (desvio para o vermelho) é uma medida de distância muito utilizada pelos astrónomos. Quanto maior o desvio para o vermelho de uma galáxia, mais distante e mais para trás no tempo ela está. O nome foi também inspirado no jogador de futebol Português, Cristiano Ronaldo, que é conhecido como CR7.Estas primeiras estrelas, extremamente brilhantes e até hoje apenas previstas teoricamente, criaram os primeiros elementos necessários para formar estrelas como o Sol e para que possamos existir. Porém, até agora, nenhuma busca internacional teve qualquer sucesso.
David Sobral (IA e FCUL) refere: "Decidimos seguir um caminho totalmente diferente do resto do Mundo, e fizemos um mapeamento de grandes áreas do céu. Sabíamos que o risco de procurar onde ninguém procura era facilmente compensado por descobertas inesperadas, algo importantíssimo em Ciência. Foi fantástico quando descobrimos a galáxia CR7, a mais luminosa alguma vez encontrada no Universo primitivo.”
A equipa descobriu várias galáxias extremamente distantes e surpreendentemente brilhantes. Uma delas, a que chamaram CR7, é de longe a galáxia mais brilhante alguma vez observada no Universo primitivo. Por si só, esta descoberta constituía já um enorme sucesso. Contudo, novas observações revelaram algo ainda mais surpreendente.
David Sobral
“Ao juntarmos as diferentes peças do puzzle percebemos que tínhamos encontrado algo muito mais profundo e que estávamos a ver, pela primeira vez, um Santo Graal da astronomia – as primeiras estrelas. Foram essas estrelas que permitiram a nossa existência. Depois de inúmeras observações e imenso trabalho, com um método diferente e planeado por nós, é fabuloso obter estes resultados tão importantes”, afirma David Sobral.
Jorryt Matthee (Observatório de Leiden), segundo autor do estudo, comenta: "Sempre me perguntei de onde viemos e de onde vinha o cálcio dos nossos ossos, o carbono dos meus músculos, o ferro do meu sangue. Descobri mais tarde que foram as primeiras estrelas que os fabricaram, mas até hoje nunca tinham sido vistas, até as descobrirmos. Pela primeira vez, podemos começar a estudá-las no Universo real e não apenas teoricamente."
Sérgio Santos (IA e FCUL), coautor da descoberta assinala: “Foi fantástico poder participar numa descoberta com esta relevância durante o meu projecto de investigação ainda como estudante de licenciatura! É um privilégio poder trabalhar com uma equipa de tão grande qualidade e quero destacar o nível da investigação científica que se faz hoje em dia em Portugal, capaz de rivalizar com qualquer outro país.”
Estão previstas novas observações com os melhores telescópios do mundo, a que Portugal tem acesso, para estudar a galáxia CR7 ainda melhor e sobretudo para procurar e identificar outros exemplos destas galáxias nunca antes vistas.

domingo, 27 de setembro de 2015

INVESTIGADORES BELGAS E FRANCESES MEDEM A TEMPERATURA DO CORAÇÃO DAS ESTRELAS

Imagem de uma explosão solar classe X2.0 captada a 27 de outubro de 2014Bertrand Plez, de Montpellier, é o principal responsável pelo estudo
Um grupo de pesquisadores da Universidade Livre de Bruxelas e da Universidade de Montpellier conseguiu, pela primeira vez, medir a temperatura do núcleo de certas estrelas e calcular a sua idade.
O estudo foi publicado ontem na revista Nature, 
Em 1926, na obra «A constituição interna das estrelas», o astrofísico Arthur Eddington disse:
"À primeira vista, parece que o interior do Sol e das estrelas é menos acessível do que qualquer outra região do universo. Que instrumentos poderiam atravessar as camadas exteriores de estrelas e analisar as condições dentro? ".
Quase 90 anos depois, esta questão obteve resposta com o trabalho de uma equipa de seis astrofísicos do Instituto de Astronomia e Astrofísica da Faculdade de Ciências da Universidade Livre de Bruxelas e do Laboratório Universo e Partículas da Universidade de Montpellier que conseguiu medir a temperatura do núcleo de certas estrelas bem como a sua idade.
Constelação de Orion
Para estas medições foram utilizados isótopos1 de produtos químicos específicos (tais como 99Tc e 93Nb), que actuam como relógio e termómetro. Os investigadores determinaram a sua abundância na superfície das estrelas, usando o espectógrafo HERMES (instalado no telescópio Mercator (KULeuven) de La Palma, nas Ilhas Canárias.
Pieter Neyskens,da Universidade Livre de Bruxelas, é o primeiro autor
As temperaturas medidas pelos astrofísicos respeitam às camadas mais profundas das estrelas, onde se sintetizam elementos mais pesados do que o ferro. Estes elementos, uma vez transportados para a superfície da estrela por um processo de mistura serão lançados no meio interestelar, quando a vida da estrelas chegar ao fim, regressando ao meio interestelar e às grandes nuvens que o compõem, das quais novas estrelas vão nascer. O nosso Sol passou por esta situação há 4.500 milhões de anos atrás. Os elementos mais pesados do que o ferro usado actualmente na Terra para muitas aplicações tecnológicas seguiram o mesmo caminho.

sábado, 26 de setembro de 2015

BURACO NEGRO SUPER MASSIVO DA VIA LÁCTEA MOSTRA SINAIS DE AUMENTO DE CONSUMO DE MATÉRIA


A campanha de monitorização longo do buraco negro supermassivo da Via Láctea tem revelado alguma atividade incomum.
Normalmente relativamente calma, o buraco negro (chamado Sagitário A *) teve um aumento na flares de raios-X em meados de 2014.
O calendário deste aumento coincidiu com a estreita passagem do objeto misterioso G2 perto do buraco negro.
Os astrônomos vão continuar a observar o buraco negro para averiguar a verdadeira natureza do aumento da atividade de raios-X.
Três em órbita telescópios de raios-X têm sido monitorar o buraco negro supermassivo no centro da galáxia da Via Láctea para a última década e meia para observar seu comportamento, como explicado em nosso mais recente lançamento de imprensa. Esta campanha longa monitoramento revelou algumas novas mudanças nos padrões de este buraco negro de 4 milhões de massas solares conhecido como Sagitário A * (Sgr A *).
O painel inferior deste gráfico é uma visão da região em torno de Sgr A * onde o vermelho, verde e azul representam baixa, média e raios-X de alta energia detectada pelo Observatório de Raios-X Chandra da NASA. Sgr A * em si não é visível nesta imagem, mas é incorporado no ponto branco no final da seta. Os outros dois telescópios envolvidas nos 15 anos de observações de raios-X foram da ESA XMM-Newton e Swift da NASA Gamma Ray Explosão Explorer, mas os seus dados não estão incluídas nesta imagem.

No ano passado, o buraco negro geralmente tranqüila mostrou um aumento do nível de erupções de raios-X sobre a sua taxa típica. Este surto de erupções de raios-X coincide com a passagem perto de Sgr A * de um objeto misterioso chamado G2. Os astrônomos têm seguido G2 durante anos, pensando que era originalmente uma nuvem prolongado de gás e poeira. No entanto, depois de passar perto de Sgr A * no final de 2013 a sua aparência não mudou muito, além de ser um pouco esticado pela gravidade do buraco negro. Isso levou a novas teorias que G2 não era uma nuvem de gás, mas em vez de uma estrela ou um par de estrelas dentro de um casulo empoeirado estendida.
Se a explicação G2 não explica o recente aumento dos alargamentos de raios-X, que seria o primeiro sinal de excesso de material que cai no buraco negro por causa da estreita passagem da nuvem. Alguns gás provavelmente teria sido retirado da nuvem, e capturado pela gravidade de Sgr A *. Em seguida, ele poderia ter começado a interação com material quente que flui para o buraco negro, resultando em uma taxa de alimentação reforçada e a produção de explosões de raios-X. Esse cenário é descrito em ilustrações do artista encontrados no Alto dois painéis do gráfico.
Embora o calendário da passagem de G2 com o surto de raios-X de Sgr A * é intrigante, ainda não é um caso open-and-shut. Isso é porque os astrônomos ver outros buracos negros que parecem ter comportamento semelhante ao mais recente aumento da atividade do Sgr A *. Portanto, é possível que este aumento de ruídos de Sgr A * pode ser um traço comum entre os buracos negros supermassivos e sem relação com G2. Em vez disso, ele poderia representar, por exemplo, uma mudança na força dos ventos de estrelas próximas maciças que estão alimentando o buraco negro.
A análise incluiu 150 Chandra e observações do XMM-Newton apontou para o centro da Via Láctea ao longo dos últimos 15 anos, que se estende de setembro de 1999 a novembro de 2014. Um aumento na tarifa e brilho de foguetes luminosos de Sgr A * ocorreu após meados de 2014, vários meses após a abordagem mais próximo de G2 para o enorme buraco negro. O último conjunto de Chandra, XMM observações e Swift, obtidas entre 30 Agosto e Outubro de 2014, revelou seis tochas brilhantes dentro de cerca de três dias, enquanto que era esperado uma média de apenas 0,8 chamas brilhantes.
Um documento sobre estas conclusões foi aceite pelos Monthly Notices da Royal Astronomical Society e uma pré-publicação está disponível online. Os autores deste estudo foram Gabriele Ponti (Instituto Max Planck de Física Extraterrestre), Barbara De Marco (Max Planck), Mark Morris (Universidade da Califórnia, Los Angeles), Andrea Merloni (Max Planck), Teo Muà ± oz-Darias ( Universidade de La Laguna, Espanha), Maica Clavel (CEA Saclay, França), Darryl Haggard (Amherst College), Shuo Zhang (Universidade de Columbia), Kirpal Nandra (Max Planck), Stefan Gillassen (Max Planck), Kenji Mori (Columbia) , Joseph Nielsen (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Nanda Rea (University of Amsterdam), Natalie Degenaar (Universidade de Cambridge), Regis Terrier (Universidade de Paris), e Andrea Goldwurm (CEA Saclay).
Marshall Space Flight Center da NASA, em Huntsville, Alabama, gerencia o programa Chandra para a Ciência Missão Direcção da NASA em Washington. O Observatório Astrofísico Smithsonian em Cambridge, Massachusetts, controla as operações científicas e de voo de Chandra.
Fatos de Sagitário A *:
Crédito NASA / CXC / MPE / G.Ponti et al; Ilustração: NASA / CXC / M.Weiss
Data de lançamento 23 de setembro de 2015
Escala da imagem é de 5 por 5 arcmin (cerca de 38 anos-luz)
Categoria de buracos negros, Via Láctea
Coordenadas (J2000) 40 RA 17h 45m | dezembro -29 ° 00 '28.00 "
Constelação de Sagitário
Data de Observação 43 pointings de 21 de setembro de 1999 a 18 de maio de 2009
Observação Hora 278 horas (11 dias 14 horas).
Obs. ID 242, 1561, 2943, 2951-2954, 3392, 3393, 3549, 3663, 3665, 4683, 4684, 5360, 5950-5954, 6113, 6363, 6639, 6640-6646, 7554-7759, 9.169-9.174, 10556
Instrumento ACIS
Também conhecido como Centro Galáctico
Referências Ponti, G et al, 2015, MNRAS (aceite); arXiv: 1407.2243
Cor Código Energia: Vermelho (2-3,3 keV), Green (3,3-4,7 keV), Azul (4,7-8 keV) Raio X
Distância Estimativa cerca de 26.000 anos-luz

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

LINDA IMAGEM DO ESO GRANDE ANGULAR DA NEBULOSA DO CARANGUEJO

Imagem de grande angular da Nebulosa do Caranguejo
A Nebulosa do Caranguejo, também chamada de Messier 1, NGC 1952 e Taurus A, é um dos objetos astronômicos melhor estudados do céu. Trata-se dos restos da explosão de uma supernova, que foi observada por astrônomos chineses no ano de 1054. Os filamentos emaranhados visíveis na imagem são os restos de uma estrela que explodiu e que ainda se encontra em expansão com uma velocidade de 1500 km por segundo.
Embora não seja visível a olho nu devido a filamentos de hélio e hidrogênio que se encontram em primeiro plano, o coração da nebulosa alberga duas estrelas tênues. É uma destas estrelas que é responsável pela nebulosa que vemos atualmente -  a estrela conhecida como Pulsar do Caranguejo, ou CM Tau. Trata-se do corpo pequeno e denso da estrela original que deu origem à supernova. Tem apenas 20 quilômetros de diâmetro e roda em torno do seu eixo 30 vezes por segundo!
A estrela emite pulsos de radiação em todos os comprimentos de onda, desde os raios gama - esta estrela é inclusivamente uma das fontes de raios gama mais brilhantes do céu - até as ondas de rádio. A radiação emitida pela estrela é tão intensa que dá origem a uma onda de material que deforma as regiões internas da nebulosa. A aparência destas estruturas varia tão depressa que os astrônomos conseguem ver como é que elas se formam de novo, o que é uma rara oportunidade, já que as escalas de tempo cósmico são geralmente grandes demais para se poder observar quaisquer mudanças como esta.
Os dados do instrumento Wide Field Imager, montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, no Observatório de La Silla do ESO, utilizados para criar esta imagem foram selecionados do arquivo ESO por Manu Meijas no âmbito da competição Tesouros Escondidos.
Crédito:
ESO / Manu Mejias

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

AMPULHETA CÓSMICA REVELA SEGREDOS DA FORMAÇÃO DE ESTRELAS GIGANTES

Gas em torno da região IRAS 16547-4247
Ampulheta cósmica. Observação do universo utilizando o Observatório ALMA, os cientistas puderam observar algo incrível...
Ao observar o coração de uma enorme região de formação de estrelas, os pesquisadores descobriram uma surpresa intrigante: uma estrutura em forma de ampulheta incomum, esculpida por jatos de gás. A presença dos jatos sugere que a estrutura oculta duas grandes estrelas recém-nascidas em seu coração.
Apesar de já termos visto outras estruturas com forma de ampulheta em torno de regiões de baixa formação de estrelas, esta é a primeira vez que vemos uma que seja esculpida por jatos de metanol e, uma região de altas taxas de criação de estrelas, o que pode ajudar os especialistas a investigar a formação das estrelas no Universo, especialmente aqueles que ocorrem em estruturas desse tipo.
Para descobrir essa intrigante ampulheta cósmica, uma equipe internacional de astrônomos estudou o local de nascimento de estrelas de grande massa, chamada IRAS 16547-4247, no Observatório Atacama Large Millimeter / submillimeter Array (ALMA), que é um enorme e poderoso rádio-telescópio localizado no Chile. Como as estrelas de grande massa se formam em ambientes distantes e complexos, de nuvens de poeira e gás, a região tem sido um mistério que apenas o ALMA foi capaz de resolver.
ampulheta cósmica universo
Ilustração artística mostra o gás em torno da região IRAS 16547-4247, onde acredita-se que existam múltiplas estrelas massivas recém-formadas. A ejeção de gases que ocorre nos pólos das estrelas formou uma estrutura parecida com uma ampulheta. Créditos: ALMA
"Apesar de muitos astrônomos terem afirmado que esta seria uma região fértil de formação de estrelas, não foi possível investigar o movimento do gás em torno da massa na resolução fornecida pelos telescópios existentes", disse o investigador principal Aya Higuchi, da Universidade de Ibaraki, no Japão.
Cercada de mistérios
Os cientistas podem estudar estrelas semelhantes ao Sol com bastante facilidade, mas estrelas com massas superiores (10 vezes maior do que o Sol, por exemplo) são muito mais difíceis, isso porque as estrelas parecidas com Sol estão próximas e são mais abundantes, e as estrelas de grande massa estão mais distantes e são menos comuns. A região mais próxima e maciça de formação de estrelas é a Nebulosa de Orion, que se encontra a cerca de 1.500 anos-luz da Terra.
Com sua alta resolução, o Observatório ALMA pode fornecer uma observação através da poeira e do gás em torno destas distantes regiões de formação de estrelas, e permitir que os cientistas façam observações detalhadas. Estudos prévios da região IRAS 16547-4247, uma fonte luminosa infravermelha a cerca de 9.500 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Escorpião, revelou um par de jatos de gás que são emitidos a partir de uma única estrela, bem como várias outras fontes de rádio, incluindo um objecto brilhante no centro.
Enquanto os observadores sondavam a poeira com o Observatório ALMA, a equipe descobriu que a região continha duas nuvens de gás compactas, de alta densidade, cada uma de 10 a 20 vezes mais massivas que o Sol. E os astrônomos acreditam que existe uma estrela massiva recém-formada dentro de cada um desses casulos de gás.
Observatório ALMA
Imagem mostra parte do Rádio Observatório ALMA, constituído por 66 antenas.Créditos: ALMA / ESO
O Observatório ALMA revelou dois pares de saídas de gás, em que se estende de norte a sul, e outro de leste a oeste, empurrando os gases para fora daquela região. Como uma estrela pode produzir apenas um par de saídas de gás, que se prolongam a partir dos seus pólos, os cientistas concluíram que a região hospeda estrelas múltiplas no processo de formação.
Ao rastrear a molécula de metanol, que traça o monóxido de carbono que flui para fora da região, o grupo determinou que ela produz uma forma de ampulheta a medida que se espalha para fora do centro de IRAS 16547-4247. Essas estruturas são freqüentemente encontradas em torno de novas estrelas de baixa massa, mas nunca havia sido detectada em uma região de alta massa de formação de estrelas.
"O ALMA nos permitiu ver o ambiente complexo de formação de estrelas, que está cerca de 7 vezes mais distante do que a nebulosa de Orion, e tudo isso com uma resolução jamais alcançada", Aya Higuchi. "O observatório ALMA acaba de se tornar indispensável nas investigações futuras dessas regiões massivas de alta formação de estrelas".

terça-feira, 22 de setembro de 2015

ESO FAZ OBSERVAÇÃO DETALHADA DA NEBULOSA DO CAMARÃO

Vista detalhada da Nebulosa do Camarão
A rica tapeçaria de nuvens de gás que vemos nesta imagem faz parte da enorme maternidade estelar chamada Nebulosa do Camarão (também conhecida por Gum 56 e IC 4628). Obtida com o telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla no Chile, esta pode bem ser uma das melhores fotografias deste objeto. A imagem mostra nodos de estrelas quentes recém nascidas aninhadas entre as nuvens que compõem a nebulosa.
 Parte da nebulosa gigante Gum 56 domina esta imagem, iluminada por estrelas jovens quentes e brilhantes que nasceram no seu interior. Durante milhões de anos formaram-se estrelas a partir do gás desta nebulosa, material que é posteriormente devolvido à maternidade estelar quando as estrelas envelhecidas expelem a sua matéria lentamente para o espaço ou mais dramaticamente sob a forma de explosões de supernovas. Esta imagem foi obtida pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla no Chile, no âmbito do programa Jóias Cósmicas do ESO.
Profundamente embebidos nesta maternidade estelar gigante encontram-se três aglomerados de estrelas jovens quentes — com apenas alguns milhões de anos de idade — que brilham intensamente  no ultravioleta. É a luz destas estrelas que faz com que as nuvens de gás da nebulosa resplandeçam. A radiação arranca os elétrons aos átomos — num processo chamado ionização — e quando estes se recombinam liberam energia sob a forma de luz. Cada elemento químico emite luz em determinada cor e as enormes nuvens de hidrogênio na nebulosa são a causa deste intenso brilho avermelhado.
Gum 56 — também conhecida por IC 4628 ou Nebulosa do Camarão — retira o seu nome do astrônomo australiano Colin Stanley Gum que, em 1955, publicou um catálogo de regiões H II. As regiões H II, tal como Gum 56, são enormes nuvens de densidade baixa, que contêm uma grande quantidade de hidrogênio ionizado.
Uma grande parte da ionização em Gum 56 é feita por duas estrelas do tipo O, que são estrelas quentes azuis-esbranquiçadas, também conhecidas por gigantes azuis devido à sua cor. Este tipo de estrelas é raro no Universo, uma vez que a enorme massa destas gigantes azuis significa que não podem viver durante muito tempo. Após cerca de um milhão de anos apenas, as estrelas colapsam sobre si mesmas e terminam as suas vidas como supernovas, tal como muitas das outras estrelas massivas que se encontram no interior da nebulosa.
Além de muitas estrelas recém nascidas aninhadas no interior da nebulosa, a região está ainda cheia de gás e poeira suficientes para criar uma geração ainda mais nova de estrelas. As regiões da nebulosa que estão a formar novas estrelas são visíveis na imagem como nuvens densas. O material que forma estas novas estrelas inclui os restos das estrelas mais massivas da geração anterior, que já terminaram as suas vidas e ejetaram o seu material para o meio circundante sob a forma de explosões de supernovas. Assim, o ciclo de vida e morte das estrelas continua.
Dadas as duas gigantes azuis muito incomuns e a proeminência da nebulosa nos comprimentos de onda do infravermelho e do rádio, é talvez surpreendente que esta região tenha sido até agora comparativamente pouco estudada por astrônomos profissionais. Gum 56 tem um diâmetro de cerca de 250 anos-luz, mas apesar do seu enorme tamanho tem sido descurada por observadores visuais devido ao seu fraco brilho e porque a maioria da radiação que emite se situa em comprimentos de onda invisíveis ao olho humano.
A nebulosa está a uma distância de cerca de 6000 anos-luz de distância da Terra e pode ser encontrada no céu na constelação do Escorpião, onde tem um tamanho projetado de quatro vezes o da Lua Cheia.
Esta imagem, que captura apenas uma parte da nebulosa, foi obtida pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros com a câmara Wide Field Imager (WFI) no âmbito do programa Jóias Cósmicas do ESO. Este  programa utiliza tempo de telescópio que não pode ser usado em observações científicas, para produzir imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos. Todos os dados obtidos podem ter igualmente interesse científico e são por isso postos à disposição dos astrônomos através do arquivo científico do ESO.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

OBSERVAÇÃO DE UMA TÍMIDA VIZINHA GALÁTICA



A Galáxia Anã do Escultor, que pode ser vista nesta imagem obtida pela câmara Wide Field Imager, instalada no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla do ESO.
Ela é uma vizinha da nossa Galáxia, a Via Láctea. Apesar da sua proximidade, ambas as galáxias têm histórias muito diferentes. Esta galáxia é muito menor e mais velha do que a Via Láctea, o que a torna um objeto valioso para estudar tanto a formação estelar como a formação galática no Universo primordial. No entanto, devido ao seu brilho fraco, este estudo não se revela nada fácil.
A Galáxia Anã do Escultor — também conhecida por Galáxia Anã Elíptica do Escultor ou Galáxia Anã Esferoidal do Escultor — é, como o nome indica, uma galáxia anã esferoidal e uma das quatorze galáxias satélite que se sabe orbitarem a Via Láctea . Estes objetos galáticos situam-se próximo do halo extenso da Via Láctea, uma região esférica que se estende para muito além dos braços espirais da nossa Galáxia. Como o seu nome indica, esta galáxia situa-se na constelação austral do Escultor, a cerca de 280 000 anos-luz de distância da Terra. Apesar da sua proximidade, a galáxia foi apenas descoberta em 1937, uma vez que as estrelas são tênues e se encontram muito espalhadas pelo céu.
Embora seja difícil de encontrar, a Galáxia Anã do Escultor estava entre as primeiras galáxias anãs que se descobriram em órbita da Via Láctea. A forma minúscula da galáxia intrigou os astrônomos na altura da sua descoberta, mas atualmente as galáxias anãs esferoidais desempenham um papel importante ao permitirem que os astrônomos investiguem mais profundamente o passado do Universo.
Pensa-se que a Via Láctea, como todas as galáxias grandes, se formou no Universo primordial a partir de outras galáxias menores. Se algumas destas pequenas galáxias existem ainda hoje, então deverão conter muitas estrelas extremamente velhas. A Galáxia Anã do Escultor corresponde a uma galáxia primordial, já que possui um enorme número de estrelas velhas, estrelas estas que podem ser vistas na imagem.
Os astrônomos conseguem determinar a idade das estrelas na galáxia, porque a radiação emitida transporta as assinaturas de apenas uma pequena quantidade de elementos químicos pesados. Estes elementos pesados acumulam-se nas galáxias com o passar de sucessivas gerações de estrelas. Um nível baixo de elementos pesados indica por isso que a idade média das estrelas na Galáxia Anã do Escultor é elevada.
Esta quantidade de estrelas velhas faz com que a Galáxia Anã do Escultor seja um bom alvo de estudo dos períodos iniciais da formação estelar. Num estudo recente os astrônomos combinaram todos os dados disponíveis desta galáxia e criaram a história de formação estelar mais precisa determinada até hoje para uma galáxia anã esferoidal. Esta análise revelou dois grupos distintos de estrelas na galáxia. O primeiro grupo predominante corresponde a população velha, com falta de elementos pesados. O segundo grupo menor é, em contraste, rico em elementos pesados. Tal como os jovens se concentram no centro das grandes cidades, também esta população estelar jovem está concentrada na direção do núcleo da galáxia.
As estrelas no centro das galáxias anãs, como a Galáxia Anã do Escultor, podem ter histórias de formação estelar complexas. No entanto, como a maioria das estrelas nestas galáxias se encontram isoladas umas das outras e não interagem durante bilhões de anos, cada grupo de estrelas segue o seu próprio percurso de evolução estelar. O estudo das semelhanças das histórias das galáxias anãs e dos seus desvios ocasionais, contribui para compreendermos a evolução de todas as galáxias, desde as mais tímidas anãs às maiores espirais. É por isso que os astrônomos têm muito a aprender com as vizinhas da Via Láctea.

domingo, 20 de setembro de 2015

DOIS GRANDES ASTEROIDES ATINGIRAM A TERRA AO MESMO TEMPO; AFIRMAM CIENTISTAS

dois asteroides atingiram a Terra ao mesmo tempo
Dois grandes impactos ocorreram simultaneamente, afirmam pesquisadores suecos
Não é incomum ver dois raios atingirem atingirem o solo ao mesmo tempo... mas o que falar de dois asteroides? Apesar de extremamente raro, pesquisadores na Suécia encontraram evidências recentes de dois asteroides que se chocaram contra a Terra, ao mesmo tempo, há cerca de 458 milhões de anos.
Pesquisadores da Universidade de Gotemburgo descobriram duas crateras no condado de Jämtland, no centro da Suécia. Os asteroides que formaram as crateras atingiram o solo a apenas alguns quilômetros de distância um do outro, e ao mesmo tempo, de acordo com Erik Sturkell, professor de geofísica na Universidade de Gothenburg, um dos cientistas responsáveis pelo estudo dessas crateras.
Quando os asteroides se chocaram contra a Terra, Jämtland estava no fundo do mar, a cerca de 500 metros abaixo da superfície da água. Uma das crateras deixadas pelos asteroides é enorme, medindo 7,5 quilômetros de largura. A outra tem apenas 700 metros de diâmetro, e está localizado a apenas 16 km de sua vizinha maior.
Mas como eles sabem que os asteroides caíram ao mesmo tempo?
Após analisar dados obtidos através de perfurações, os investigadores determinaram que as crateras de impacto foram formadas ao mesmo tempo. As informações revelaram sequências geológicas idênticas, e as camadas de rocha dentro de cada cratera são iguais. O sedimento que se acumulou no interior das crateras ao longo dos milênios também mostram que os eventos ocorreram ao mesmo tempo.
"Em outras palavras, estes impactos aconteceram simultaneamente", disse Sturkell. "Os asteroides provavelmente colidiram com a Terra após o choque de dois grandes asteroides no Cinturão de Asteroides, região localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter, a cerca de 470 milhões de anos", acrescentou.
Quando os asteroides caíram aqui na Terra, eles deslocaram a água abaixo deles, deixando dois enormes poços secos no fundo do mar por cerca de 100 segundos, disseram os pesquisadores.
"Em seguida, a água tomou conta desses buracos vazios, trazendo consigo fragmentos de meteoritos misturados com o material que tinha sido ejetado durante a explosão, e essa onda gigantesca arrancou partes do fundo do mar", disse Sturkell.
meteorito fossilizado
Típico meteorito fossilizado em calcário, como os encontrados em Kinneculle. A Parte escura é o meteorito, e a área cinza ao seu redor é a evidência de oxidação após atingir o solo. Créditos: University of Gothenburg
Essa não é a primeira vez que cientistas encontram evidências de impactos no fundo mar na região onde hoje localiza-se a Suécia, embora seja a primeira vez que foram encontradas evidências de dois grandes asteroides que atingiram a Terra ao mesmo tempo.
Na década de 1940, os trabalhadores de uma pedreira encontraram uma laje de calcário vermelho incomum em Kinnekulle, uma grande colina no condado de Västergötland, no sul da Suécia. Mais tarde, os pesquisadores identificaram a rocha vermelha como sendo um meteorito. "Enquanto grandes meteoritos tipicamente explodem e desintegram-se no momento do impacto, pequenas rochas espaciais caem na Terra e não se desintegram por completo, como esse calcário vermelho encontrado em Kinnejulle", disse Sturkell.
No total, cerca de 90 meteoritos foram encontrados em Kinnekulle apenas nos últimos 15 anos. Mas em Jämtland, onde os impactos dos grandes asteroides ocorreram, os pesquisadores encontraram apenas pequenos grãos de cromita, um remanescente de grandes explosões de meteoritos.
Fonte: DSpace
Imagens: (capa-Don Dixon/E. Sturkell/Univ. of Gothenburg) / Univ. of Gothenburg

sábado, 19 de setembro de 2015

NASA FAZ UMA INCRÍVEL REVELAÇÃO SOBRE ENCÉLADO LUA DE SATURNO

Oceano em Encélado, lua de Saturno
Oceano em Encélado, lua de Saturno, abaixo de sua superfície, a lua Encélado esconde um segredo fantástico...
Um oceano global se encontra abaixo da crosta gelada da lua Encélado, de Saturno, de acordo com novas pesquisas da missão Cassini da NASA.
Os investigadores detectaram uma ligeira oscilação no satélite natural de Saturno, que só pode ser explicada se o seu suas camadas internas não forem congeladas, o que em outras palavras significa que existe um oceano global abaixo da superfície da lua.
A descoberta explica a pulverização de vapor de água, partículas de gelo e moléculas orgânicas que a sonda Cassini tem observado perto de fraturas no pólo sul da lua. Esses geyseres estariam sendo alimentados por esse oceano escondido de Encélado. A pesquisa foi apresentada em um artigo da revista Icarus.
Análises anteriores da sonda Cassini já sugeriam a presença de água, ou mar, na região polar sul da lua. No entanto, novos dados apoiaram à possibilidade de que o mar poderia ser global. E os resultados dos estudos mais recentes confirmam que é isso mesmo: um mar existe abaixo da superfície congelada de Encélado.
Oceano Global em Encélado
Ilustração da parte interna de Encélado mostrando o oceano de água líquida global entre sua crosta e seu núcleo. Créditos: NASA / JPL-Caltech         Edição: Richard Cardial
"Essa era uma questão difícil, que exigiu anos de observações e cálculos, mas estamos confiantes de que finalmente deu certo", disse Peter Thomas, autor principal do artigo e membro da equipe de imagens da Cassini na Universidade de Cornell, Nova York.
Os cientistas da Cassini analisam as imagens de Encélado desde meados de 2004, quando a sonda começou a orbitar a lua. Eles cuidadosamente mapearam a região, as posições de suas crateras e diversos outros detalhes, a fim de medir as mudanças na rotação da lua com extrema precisão.
Como resultado, eles descobriram que a a lua geologicamente ativa tem uma pequena oscilação quando orbita Saturno. A equipe mediu essa oscilação e fez diferentes simulações de como seria seu interior, incluindo uma em que a lua seria completamente congelada, até mesmo em seu núcleo.
"Se a superfície e o núcleo estivessem rigidamente ligadas. o núcleo daria muito peso morto e a oscilação seria muito menor do que aquela que nós observamos", disse Matthew Tiscareno, co-autor do estudo e cientista da missão Cassini no Instituto SETI, na Califórnia. "Isto prova que deve haver uma camada líquida global que separa toda a superfície do núcleo."
Os mecanismos que impediram o congelamento desse oceano gigantesco de Encélado ainda permanecem como um grande mistério. Os cientistas sugerem algumas possibilidades, como por exemplo as suas forças de maré devido a alta gravidade de Saturno.
Descobertas sobre a história de Encélado têm sido uma das grandes vitórias da longa missão de Cassini, em Saturno. Os cientistas detectaram pela primeira vez sinais de geyseres na lua gelada em 2005, e seguiram com uma série de descobertas sobre o material ejetado das fraturas quentes perto do pólo sul. Eles anunciaram uma forte evidência da existência de um pequeno mar, na região do pólo sul, em 2014, e em 2015 foram sugeridas atividades hidrotermais no fundo do oceano.
O sobrevoo mais próximo da sonda Cassini com a lua Encélado é o do dia 28 de outubro de 2015, chegando a apenas 49 km de sua superfície. Mas depois da descoberta de um oceano global, o desejo é de chegar ainda mais perto de Encélado... preferencialmente nas profundezas desse oceano escondido, e quem sabe, descobrir se há vida por lá...
Fonte: NASA / Cassini
Imagens: (capa-ilustração/Zastavki/Edição: Richard Cardial) / NASA / JPL-Caltech / Richard Cardial

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

PLUTÃO: O REI DO CINTURÃO DE KUIPER POSSUI DETALHES SINGULARES

Plutão em alta resolução
As novas imagens de Plutão mostram um incrível mundo complexo e cheio de detalhes!
novas imagens de Plutão em alta resolução
Uma mistura complexa de crateras, fluxos de gelo, montanhas, vales e dunas formam a belíssima superfície de Plutão. E tudo isso foi registrado com detalhes incríveis pela sonda New Horizons. As novas imagens liberadas pela NASA são ainda mais espetaculares!
"Plutão está nos mostrando uma diversidade de formas, de relevo e uma complexidade que não havíamos visto no Sistema Solar", disse o investigador principal da missão New Horizons, Alan Stern, do Instituto de Pesquisa localizado no Colorado, EUA. "Se antes da sonda chegar em Plutão, um artista tivesse feito uma pintura mostrando esses detalhes, eu provavelmente acharia um exagero... mas é exatamente isso que existe lá."
Tombaugh regio
Plutão em alta resolução: É assim que veríamos Plutão se estivéssemos apenas a 1.800 km acima de sua superfície, na região equatorial.Créditos: NASA / JHU / APL / SRI
do planeta anão. Toda a região capturada nessa imagem tem cerca de 1.800 km de largura, e foi feita a uma distância de 80.000 km , no dia 14 de julho de 2015, quando ocorreu o grande encontro.
O grande coração de Plutão, que ganhou o nome oficial de Região de Tombaugh (em homenagem ao descobridor de Plutão), pode ser visto no mosaico abaixo com uma resolução incrível, mostrando detalhes de até 0,8 quilômetros.
Plutão em alta definição - novas imagens
Esse mosaico foi feito a partir da junção de mais de 20 fotos feitas pela sonda New Horizons, a 80.000 km de distância
Abaixo, podemos ver a mesma imagem, porém com os nomes oficias de suas regiões:
Plutão em alta definição - novas imagens da missão New Horizons
Plutão em alta definição - novas imagens da missão New Horizons
Esse mosaico foi feito a partir da junção de mais de 20 fotos feitas pela sonda New Horizons, a 80.000 km de distância
de Plutão, no dia 14 de julho de 2015, e liberada em 11 de setembro de 2015. Os nomes oficiais das regiões foram inclusos. Créditos: NASA / JHU / APL / SRI / Marco Di Lorenzo / Ken Kremer         
Mais de 50 gigabytes de dados foram coletados durante o período de grande encontro da sonda New Horizons com Plutão, que teve início no dia 14 de julho de 2015. A maior parte dos dados ainda não foi enviada de volta pra Terra, principalmente por conta da limitação na largura da banda dos dois transmissores, que é de apenas 2 kilobytes por segundo.
O que forma as montanhas da Plutão ainda é um mistério. Segundo especialistas da missão, elas devem ser feitas de algo massivo, como rocha ou gelo de água, que são as duas possibilidades mais prováveis. Talvez as rochas teriam afundado para a parte mais interna de Plutão, formando o manto, e isso pode ter feito com que o gelo sobressaísse na superfície, formando a crosta de Plutão, disseram os cientistas da missão.
E se essas imagens já são belíssimas revelações sobre esse mundo distante, devemos nos lembrar que até setembro de 2015, apenas 5 ou 6% dos dados foram recebidos aqui na Terra. A grande maioria ainda está lá no espaço, esperando para ser transmitida para os controladores da missão...
A New Horizons também descobriu que Plutão, apesar de ser um planeta anão, é o maior corpo conhecido além de Netuno: o "Rei do Cinturão de Kuiper". E ele se mostra mais majestoso do que nunca...
Fonte: Universetoday
Imagens: (capa-NASA) / NASA / JHU / APL / SRI / Marco Di Lorenzo / Ken Kremer

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

FOI CRIADO UM NOVO ROBÔ DE NOME HEDGEHOG: PARA RASTREAR ASTEROIDES,E COMETAS NO FUTURO

Prototipo de robo hedgehog para explorar asteroides e cometas
O novo robô faz manobras incríveis, e é projetado para explorar terrenos acidentados de baixa gravidade Créditos: NASA / JPL / Stanford
Os pesquisadores testaram recentemente dois protótipos de robôs do tipo "Hedgehog" (ouriço em português), e se tudo correr conforme o planejado, essas pequenas máquinas terão como missão a exploração de locais inacessíveis para sondas convencionais, como a Curiosity, por exemplo. Esses pequenos androides lembram muito os filmes Guerra nas Estrelas, e sua capacidade não deixa nada a desejar...
As sondas com rodas comuns, como aquelas que são enviadas para explorar o terreno de Marte, se saem muito bem em suas tarefas, mas em um ambiente de baixa gravidade, como aqueles encontrados em pequenos corpos (asteroides, cometas...) essas máquinas poderiam estar em perigo, uma vez que qualquer salto acidental teria a chance de lançá-las para o espaço, ou até capotá-las (pobre coitadas!). E é pensando nisso que os engenheiros estão trabalhando em androides ainda mais ousados, como o Hedgehog, por exemplo.
Esse cubo com espetos se movimenta através de giros e freios internos, e ele se mantém preso ao solo, protegendo seu corpo delicado do terreno inóspito.
"Hedgehog é um tipo diferente de robô, que se moveria sobre a superfície através de pequenos saltos, e não com rodas", disse Issa Nesnas, líder da equipe Hedgehog no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL).  "Ele tem o formato de um cubo, e não tem um lado certo pra cair... ele funciona de qualquer maneira. Poderíamos até acoplar nele alguns instrumentos de medição, como termômetro, por exemplo", completou.
Dois protótipos desse modelo foram testados a bordo de uma aeronave da NASA, a C-9, que voa em arcos para simular condições de micro-gravidade por alguns segundos. Durante 180 parábolas ao longo de quatro voos, os manipuladores dos robôs experimentaram diversas formas de movimentá-los em vários tipos de terreno.
E os robôs Hedgehog ainda têm manobras guardadas na manga, como a "guinada" (um giro usando suas pontas), e até uma mais radical chamada de "tornado" (em que o robô pode girar de forma agressiva e se lançar para fora da superfície).
Um dos protótipos foi criado pelo JPL, e o outro pela Universidade de Stanford. O protótipo do JPL pesa aproximadamente 5 kg, enquanto que o protótipo de Stanford é menor e mais leve, com espinhos mais curtos. Além disso, eles freiam de forma diferente: o robô feito pelo JPL usa freios a disco, enquanto que o robô da Universidade de Stanford usa cintos de fricção.
As pesquisas com os robôs Hedgehog já estão na 2ª fase de desenvolvimento do Programa de Conceitos Avançados e Inovadores da NASA, e é liderada por Marco Pavone, professor assistente de aeronáutica e astronáutica da Universidade de Stanford.
O mais curioso é que apesar de não possuir uma face, e de não parecer com nada que já vimos antes, esses androides conseguem ser extremamente simpáticos. Quem é que não queria um desses? Ou melhor: quem é que não gostaria de controlar um androide Hedgehog e explorar a superfície de um asteroide desconhecido? Se tudo der certo, poderemos ao menos observá-lo em operação no futuro...
Fonte: Space / NASA
Imagens: (capa-ilustração/NASA/Stanford/JPL - Edição: Richard Cardial) / NASA / JPL / Stanford

terça-feira, 15 de setembro de 2015

PESQUISADORES IDENTIFICAM AURORA POLAR EM PLANETA FORA DO SISTEMA SOLAR


Brilho luminoso se parece com o das auroras polares, mas é quase um milhão de vezes mais brilhante e tem a cor vermelha (e não verde) como predominante
Brilho luminoso se parece com o das auroras polares, mas é quase um milhão de vezes mais brilhante e tem a cor vermelha (e não verde) como predominante
Aurora foi avistada a 20 anos-luz de distância
Uma equipe internacional de cientistas identificou pela primeira vez um fenômeno semelhante às auroras polares da Terra fora do Sistema Solar. Os cientistas conseguiram detectar uma exposição de luz ao redor de uma anã marrom na constelação de Lira.
Eles dizem que o brilho luminoso se parece com o das auroras polares, mas é quase um milhão de vezes mais brilhante e tem a cor vermelha (e não verde) como predominante.
As descobertas foram divulgadas na publicação científica Nature.
Stuart Littlefair, astrônomo da Universidade de Sheffield, diz que a descoberta é inédita. "Essa é a primeira vez que conseguimos confirmar que estamos vendo auroras em anãs marrons".
Interação de partículas
Auroras brilhantes são alguns dos fenômenos mais deslumbrantes da Terra. Este brilho luminoso também pode aparecer em torno de todos os planetas do nosso Sistema Solar.
Elas ocorrem quando partículas carregadas do Sol interagem com a atmosfera. Mas a anã marrom iluminada, um objeto que é muito pequeno para ter se tornado uma estrela, mas com massa muito grande para ser um planeta, fica bem longe na galáxia.
Chamada LSRJ1835, ela foi vista no observatório de radioastronomia Very Large Array usando os telescópios óticos Hale e Keck.
Os cientistas avistaram o objeto conforme ele rodava rapidamente e observaram como as luzes mudavam. "As mudanças no brilho eram consistentes, o que é algo que você esperaria ver em auroras", explicou Littlefair.
A aurora na anã marrom é majoritariamente vermelha porque as partículas carregadas estão interagindo principalmente com o hidrogênio na sua atmosfera. Na Terra, o brilho esverdeado é causado conforme os elétrons do Sol atingem os átomos de oxigênio.
No entanto, os cientistas ainda estão confusos sobre como aquele show de luzes foi gerado.
BBC/Nasa
As luzes verdes que aparecem na aurora da Terra são causadas pela interação de partículas com o oxigênio da atmosfera
A anã marrom é como uma estrela que 'falhou' e não há outra estrela como o Sol nas proximidades para explodir as partículas carregadas.
"É possível que o material esteja saindo da superfície da anã marrom para produzir seus próprios elétrons", disse Littlefair.
Outra opção é um planeta ou lua ainda não identificados ao redor da anã marrom esteja expelindo material para gerar as luzes.
Algumas auroras de Júpiter são produzidas dessa forma, quando partículas carregadas são emitidas por vulcões em suas luas.
Planeta ou estrela?
A descoberta também está ajudando os cientistas a entender melhor as anãs marrons. Existe algum debate sobre a definição delas como 'estrelas' ou como 'planetas'.
"Se você está trabalhando com anãs marrons, faz diferença se você os considera estrelas pequenas ou planetas grandes", afirma Littlefair.
"Nós já sabemos por observações em anãs marrons que eles têm nuvens na atmosfera. Agora, sabemos que elas também têm auroras, então temos uma razão ainda maior para considerar uma anã marrom como uma versão de maior escala dos planetas do que uma versão de menor escala de estrelas."

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

POR QUÊ É COMUM OBSERVARMOS VÊNUS AO LADO DA LUA?

Lua esconde o planeta Vênus no céu de Porto Alegre
Vênus é o planeta que possui a órbita mais próxima à da Terra. Nem sempre ele está ao lado da Lua, mas esses dois corpos podem ser vistos juntos com alguma frequência por quem costuma observar o céu.
Como Vênus está mais perto do Sol que a gente, o período que ele leva para dar uma volta ao redor da estrela é menor que o nosso: "Um ano de Vênus dura apenas 225 dias, então, seu movimento no céu, quando observado da Terra, repete-se mais rapidamente que o dos outros planetas", explica o astrônomo Othon Winter, do grupo de dinâmica orbital e planetologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Guaratinguetá.
"O Sol, a Lua e os planetas do Sistema Solar sempre aparecem no céu terrestre numa faixa específica chamada eclíptica, onde se encontram as 12 constelações do zodíaco e mais a constelação do Ofiúco (que deveria ser o 13° signo)", detalha o professor de física Dulcidio Braz Jr, autor do blog Física na Veia!. Ou seja: nunca é possível observar um planeta fora dessa faixa, como, por exemplo, perto do Cruzeiro do Sul, uma constelação típica do Hemisfério Sul.
"Vez ou outra esses astros podem estar em conjunção, ou seja, quase alinhados com a Terra. Vistos por nós (especialmente a olho nu, situação em que não temos como estimar as distâncias reais dos mesmos), eles parecem estar próximos no céu", complementa. Um exemplo recente, registrado em junho, foi o "encontro" entre Vênus e Júpiter.
O físico também conta que a órbita interna de Vênus é semelhante à da Terra, o que faz nosso vizinho apresentar fases: "Vênus pode nos mostrar a sua face totalmente iluminada (como uma Lua Cheia) ou em fases de iluminação parcial, como a Lua Crescente ou Minguante". O fenômeno inclusive foi descrito por Galileu Galilei em 1609.
Estrela Dalva
Vale lembrar que Vênus, o segundo planeta do Sistema Solar, está sempre visualmente perto do Sol, assim como Mercúrio, o primeiro e mais próximo da nossa estrela-mãe. Por isso, Vênus e Mercúrio sempre serão vistos assim que o Sol se põe ou antes que ele nasce: "Quando o Sol está acima do horizonte do observador, seu brilho intenso ofusca a nossa visão de Mercúrio e Vênus", justifica o professor.
A característica descrita acima é o que faz Vênus ser conhecido popularmente como Estrela Dalva (do alvorecer). Mas por que "estrela"? Bem, é que todos os planetas do Sistema Solar, a olho nu, têm aparência de um ponto brilhante - por não ter luz própria, eles refletem a luz solar, conforme explicam Braz Jr e Winter.
Só quem observa o céu há bastante tempo e tem familiaridade com os astros sabe distinguir um planeta de uma estrela. "Se observarmos o céu por um período maior, por vários dias seguidos e preferencialmente por meses, notaremos que os pontinhos que são planetas viajam sobre o fundo fixo de estrelas", descreve o autor do Física na Veia!, lembrando que não conseguimos perceber o movimento das estrelas daqui da Terra porque elas estão muito distantes. Quem conhece bem os planetas sabe, por exemplo, que Marte é um pontinho bem alaranjado.
O blogueiro ainda comenta que, dentro da eclíptica, os planetas podem passear sobre as estrelas em movimentos que são verdadeiras laçadas aparentes no céu. Astrônomos antigos já observavam esse fenômeno - o termo "planeta", aliás, significa "astro errante", justamente por causa desse movimento diferente desses astros sobre o fundo fixo de estrelas.
Só ao observar os planetas com uma luneta ou um telescópio é que podemos identificar um pequeno círculo ao invés de um ponto com aspecto de estrela. "A única estrela que vemos como uma esfera é o nosso Sol porque está bem perto de nós (cerca de 150 milhões de quilômetros, o que astronomicamente é logo ali)", relata Dulcidio. Já Alfa Centauro, a estrela mais próxima da Terra depois do Sol, a 4,2 anos-luz daqui, será vista sempre como um ponto luminoso, independente da observação ser a olho nu ou com instrumentos de pequeno, médio ou grande porte.
Outros planetas
A olho nu, podemos ver cinco planetas do Sistema Solar: Mercúrio, Vênus (sempre ao entardecer ou amanhecer), Marte, Júpiter e Saturno (em qualquer horário durante o período sem a luz do Sol, dependendo da data). "Vemos exatamente os planetas mais perto do Sol e, portanto, mais próximos da Terra", diz o físico.
Com telescópios, mesmo de pequeno porte, podemos ver todos os planetas do Sistema Solar. Mas Urano e Netuno, apesar de gigantes gasosos, são de difícil observação porque estão muito mais distantes que os demais planetas.
"Plutão, que nem é mais classificado como planeta, é muito distante e minúsculo. Só pode ser visto com telescópios poderosos e, mesmo assim, será uma minúscula esfera sem graça", completa o professor. Não é à toa que a missão New Horizons, da Nasa (agência espacial norte-americana) gerou tanta expectativa entre os astrônomos.
Quer ver?
Quando Vênus está mais perto da Terra, ocasião em que apresenta fases parecidas com a Lua Crescente ou Minguante, o planeta fica sempre muito brilhante e pode ser visto até mesmo com o céu ainda escurecendo ou clareando, de acordo com Dulcidio. "Basta procurar um pouco acima do horizonte oeste, onde o Sol acabou de se esconder (se for no entardecer), ou pouco acima do horizonte leste, onde o Sol vai nascer em breve (se for ao amanhecer)", ensina.
Para aprender a olhar o céu e reconhecer os astros, distinguindo planetas de estrelas, é possível contar com a ajuda de vários aplicativos para smartphones, tablets e computadores. "Você tem que simular o céu na telinha e, com paciência, comparar o céu simulado com o céu verdadeiro, até ir adquirindo prática e familiaridade com o firmamento", avisa Dulcidio. É preciso ter persistência, como um astrônomo de verdade. Mas ele garante que vale a pena
O professor e blogueiro diz que usa bastante o Stellarium, planetário para desktop, open source e freeware, que roda várias plataformas, incluindo Windows e Mac. "Tem excelente qualidade gráfica e, embora não seja profissional, tem aceitável precisão nas simulações e ajuda bastante a entender o céu e o movimento aparente dos astros. Dá para rodar o software acelerando o tempo para entender em poucos minutos o que acontece no céu em dias e até anos. Também dá para ir para frente e para trás no tempo."
Braz Jr só faz uma advertência para quem vai começar a se aventurar na observação do céu: "Cuidado com o Sol!" Mesmo a olho nu é preciso utilizar um filtro específico. Tentar a proeza com instrumentos ópticos leva é cegueira na certa.

domingo, 13 de setembro de 2015

BURACOS NEGROS SUPERMASSIVOS PRÓXIMOS DA TERRA SÃO DESCOBERTOS

Usando o Telescópio Espacial Hubble, da NASA, astrônomos descobriram que Markarian 231 (Mrk 231), a galáxia mais próxima da Terra com um quasar, é alimentada por dois buracos negros centrais que giram furiosamente um sobre o outro. A novidade foi publicada no “The Astrophysical Journal. A descoberta sugere que os quasares – os núcleos brilhantes das galáxias ativas – podem frequentemente sediar dois buracos negros supermassivos centrais que giram um ao redor do outro, como resultado da fusão entre duas galáxias. Como um par de patinadores, a dupla de buracos negros gera enormes quantidades de energia, o que faz com que o núcleo da galáxia hospedeira ofusque o brilho da população de bilhões de estrelas da galáxia, o que os cientistas identificam como quasares.
Os cientistas analisaram arquivos de observações do Hubble da radiação ultravioleta emitida do centro de Mrk 231 para descobrir o que eles descrevem como “propriedades extremas e surpreendentes. Se apenas um buraco negro estivesse presente no centro do quasar, todo o disco de acreção feito do gás quente que existe ao redor brilharia em raios ultravioletas. Em vez disso, o brilho ultravioleta do disco de poeira cai abruptamente em direção ao centro. Isso fornece evidências observacionais que o disco tem um grande buraco – como o de uma rosquinha – que rodeia o buraco negro central. A melhor explicação para os dados de observação, com base em modelos dinâmicos, é que o centro do disco é esculpido pela ação de dois buracos negros que orbitam entre si. O segundo e menor buraco negro orbita na borda interna do disco de acreção e tem seu próprio mini-disco com um brilho ultravioleta.
Novos métodos de pesquisa de buracos negros
“Estamos muito animados com esse achado, porque não só mostra a existência de um buraco negro binário perto de Mrk 231, mas também abre uma nova maneira de pesquisar sistematicamente buracos negros binários via a natureza de sua emissão de luz ultravioleta”, disse Youjun Lu, dos Observatórios Astronômicos Nacionais da China, da Academia Chinesa de Ciências. A estrutura do nosso universo, como aquelas galáxias gigantes e aglomerados de galáxias, cresce através da fusão de sistemas menores em outros maiores, e os buracos negros binários são consequências naturais dessas fusões de galáxias”, acrescenta o copesquisador Xinyu Dai, da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos.
Estima-se que o buraco negro central tenha 150 milhões de vezes a massa do nosso sol, e o seu companheiro tenha outras 4 milhões de massas solares. A dupla dinâmica completa uma órbita em torno de si a cada 1,2 anos. O buraco negro de menor massa é o remanescente de uma galáxia menor que se fundiu com Mrk 231. A evidência de uma fusão recente vem da assimetria da galáxia hospedeira, e as longas caudas de maré de jovens estrelas azuis.
O resultado da fusão tem sido fazer da Mrk 231 uma galáxia altamente energética, com uma taxa de formação estelar 100 vezes maior do que a nossa Via Láctea. Os gases que caem no buraco negro o alimentam, provocando fluxos de saída e de turbulência que incitam essa tempestade de nascimento de estrelas. A previsão é de que os buracos negros binários espiralem juntos e colidam dentro de algumas centenas de milhares de anos. Mrk 231 está localizado a 600 milhões de anos-luz de distância da Terra.
Fonte: Phys.org

sábado, 12 de setembro de 2015

GÊMEO DE JÚPITER DESCOBERTO EM TORNO DE GÊMEA DO SOL


Uma equipe internacional de astrônomos utilizou o telescópio de 3,6 metros do ESO para identificar um planeta como Júpiter a orbitar uma estrela do tipo do Sol, HIP 11915, à mesma distância da estrela que Júpiter do Sol. De acordo com as teorias atuais, a formação de planetas com a massa de Júpiter desempenha um papel importante na arquitetura de sistemas planetários. A existência de um planeta com a mesma massa e numa órbita semelhante à de Júpiter em torno de uma estrela do tipo do Sol abre a possibilidade de que o sistema planetário em torno desta estrela seja semelhante ao nosso próprio Sistema Solar. HIP 11915 tem aproximadamente a mesma idade que o Sol e, adicionalmente, a sua composição semelhante à do Sol sugere que possam existir também planetas rochosos em órbitas mais próximas da estrela.
Até agora, os rastreios de exoplanetas têm sido mais sensíveis a sistemas planetários que são povoados nas suas regiões mais internas por planetas massivos, com massas de, no mínimo, algumas vezes a massa da Terra. Este aspecto contrasta com o Sistema Solar, onde  existem pequenos planetas rochosos nas regiões interiores e gigantes gasosos como Júpiter mais para o exterior.
De acordo com as teorias mais recentes, a arquitetura do Sistema Solar, tão propícia ao desenvolvimento de vida, foi possível graças à presença de Júpiter e da sua influência gravitacional exercida no Sistema Solar durante a fase da sua formação. Este fato leva-nos a crer que encontrarmos um planeta gêmeo de Júpiter é um marco importante na busca de um sistema planetário que seja semelhante ao nosso.
Uma equipe liderada por brasileiros tem observado estrelas do tipo do Sol numa tentativa de encontrar um sistema planetário semelhante ao nosso. A equipe descobriu agora um planeta com uma massa muito semelhante à de Júpiter, em órbita de uma estrela do tipo do Sol, HIP 11915, e quase exatamente na mesma posição que Júpiter ocupa no nosso Sistema Solar. A nova descoberta foi feita com o auxílio do HARPS, um dos instrumentos mais precisos a detectar exoplanetas, montado no telescópio de 3,6 metros do ESO no Observatório de La Silla, no Chile.
Embora já se tenham descoberto muitos planetas semelhantes a Júpiter a uma variedade de distâncias de estrelas do tipo solar, o planeta recentemente descoberto, tanto em termos de massa como de distância à sua estrela hospedeira, e em termos de semelhança entre esta estrela e o nosso Sol, é o análogo mais preciso encontrado até agora do Sol e de Júpiter.
A hospedeira do planeta, a gêmea solar HIP 11915, não é apenas semelhante ao Sol em termos de massa, mas tem também aproximadamente a mesma idade. Fortalecendo ainda mais as similaridades, a composição desta estrela é semelhante à do Sol. A assinatura química do nosso Sol pode estar parcialmente marcada pela presença de planetas rochosos no Sistema Solar, o que aponta por isso para a possibilidade de existência de planetas rochosos em torno de HIP 11915.
De acordo com Jorge Melendez, da Universidade de São Paulo, Brasil, líder da equipe e co-autor do artigo científico que descreve estes resultados, “a procura de uma Terra 2.0 e de um Sistema Solar 2.0 completo, é um dos esforços mais excitantes da astronomia. Estamos muito entusiasmados por fazer parte desta investigação de vanguarda, tornada possível pelas infraestruturas observacionais disponibilizadas pelo ESO.”
Megan Bedell, da Universidade de Chicago e autora principal do artigo científico, conclui: “Após duas décadas de busca de exoplanetas, estamos finalmente vendo planetas gigantes gasosos de período longo semelhantes aos do nosso próprio Sistema Solar, graças à estabilidade de longo termo de instrumentos “caçadores de planetas” como o HARPS. Esta descoberta é, em todos os aspectos, um sinal muito estimulante de que existem outros sistemas solares à espera de serem descobertos.”
São necessárias observações de acompanhamento para confirmar e delimitar a descoberta, mas HIP 11915 é, até agora, uma das mais promissoras candidatas a abrigar um sistema planetário semelhante ao nosso.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

SONDA SPHERE MAPEIA A SUPERFÍCIE DE CERES

SPHERE mapeia a superfície de Ceres
Estas imagens, obtidas com duas semanas de diferença, mostram os dois hemisférios de Ceres e dão-nos as melhores observações feitas até hoje, a partir do solo, do planeta anão. Foram obtidas com o instrumento SPHERE montado no Very Large Telescope do ESO e fazem parte de um trabalho que está a ser levado a cabo desde meados de julho de 2015 e que pretende fazer um mapa polarimétrico da superfície deste objeto.
Orbitando na cintura de asteroides entre Marte e Júpiter, a região conhecida por Cinturão Principal, Ceres foi o primeiro asteroide a ser descoberto em 1801 e trata-se do maior asteroide do Cinturão Principal. O asteroide é o maior reservatório de água existente na vizinhança da Terra e pensa-se que a água se encontra sob a forma de gelo no manto do objeto.
A superfície do planeta anão tem cerca do tamanho da Índia e podemos observar vários pontos brilhantes intrigantes nestas novas imagens. Estes pontos foram também observados de forma cuidada pela sonda Dawn da NASA, que se encontra atualmente em órbita de Ceres. Os astrônomos têm estudado estes pontos, mas a sua verdadeira natureza permanece um mistério. Espera-se, no entanto, que ao comparar os dados obtidos pelo SPHERE com as imagens que a Dawn está enviando para a Terra, os astrônomos possam começar a descodificar este enigma.
Crédito:
ESO, B. Yang and Z. Wahhaj Utilização de imagens e vídeos do ESO
Are you a journalist? Subscribe to the ESO Media Newsletter in your language.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

SONDA QUE VISITOU PLUTÃO GANHA NOVO DESTINO NOS CONFINS DO SISTEMA SOLAR

sonda new horizons ganha novo destino
Depois de conhecer Plutão, New Horizons desvendará os segredos do Cinturão de Kuiper...
Após visitar Plutão, em julho de 2015, a sonda New Horizons já ganhou um novo destino. A NASA escolheu um potencial objeto localizado no Cinturão de Kuiper (KBO), que é uma região repleta de corpos menores que se estende desde a órbita de Netuno (30 UA do Sol) até cerca de 50 UA do Sol (1 Unidade Astronômica é igual a distância média entre a Terra e o Sol). E o objeto escolhido para ser visitado pela sonda é conhecido como 2014 MU69,  que encontra-se a quase 1.6 bilhão de km além de Plutão.
Este Objeto do Cinturão de Kuiper (KBO) foi um dos dois potenciais destinos recomendados pela equipe da missão New Horizons. Embora a NASA já tenha selecionado o objeto 2014 MU69 (apelidado de PT1 ou Alvo Potencial 1), haverá um processo natural de revisão para que esse próximo passo da missão se torne oficial.
"Mesmo com a nave espacial New Horizons se distanciando de Plutão, e enviando dados de seu encontro, já estamos olhando para o próximo destino desse grande explorador", disse John Grunsfeld, astronauta e chefe da Missão de Direcionamento de Missões Espaciais da NASA.
Sonda New Horizons vai conhecer objeto do Cinturão de Kuiper
Impressão artística da sonda New Horizons encontrando-se com um planetóide do Cinturão de Kuiper. Créditos: NASA / JHUAPL / SwRI / Alex Parker
Assim como em outras missões espaciais, a New Horizons pode fazer grandes descobertas e pesquisas importantes mesmo após o término de sua missão principal. Essa proposta será avaliada por uma equipe independente de especialistas.
Se tudo correr como previsto, a nave espacial new Horizons deverá começar suas manobras em direção ao seu novo alvo ainda em 2015. Ela deverá realizar uma série de quatro manobras no final de outubro e início de novembro para definir seu curso rumo a 2014 MU69. Qualquer atraso pode resultar em perda de combustível e até mesmo arriscar a missão.
"2014 MU69 é uma ótima escolha, porque é exatamente o tipo de objeto antigo do Cinturão de Kuiper que desejamos conhecer", disse Alan Stern, investigador principal da missão. "A New Horizons foi originalmente projetada para ir além do sistema de Plutão, e explorar objetos do Cinturão de Kuiper. A nave espacial transporta combustível hidrazina extra para um sobrevoo como esse; seu sistema de comunicação é projetado para trabalhar muito além de Plutão; o sistema de energia é projetado para operar por mais anos; e os seus instrumentos científicos foram projetados para operar em níveis de luz muito inferior ao que vai experimentar durante o sobrevoo em 2014 MU69. "
trajetória da sonda New Horizons antes e depois de Plutão
Ilustração mostra a trajetória da sonda New Horizons desde que saiu da Terra até chegar em Plutão, e seu caminho até chegar no objeto do Cinturão de Kuiper chamado 2014 MU69.
Créditos: NASA / JHUAPL / SwRI / Alex Parker
Mas encontrar um alvo adequado além de Plutão não foi uma tarefa fácil. As pesquisas começaram em 2011 com alguns dos maiores telescópios terrestres, e várias dezenas de KBOs foram detectados, mas nenhum estava ao alcance da New Horizons. Porém o Telescópio espacial Hubble conseguiu salvar essa missão-extra, e encontrou dois objetos que poderiam ser alcançados com o combustível restante.
Os cientistas estimam que o objeto 2014 MU69 tem aproximadamente 45 quilômetros, sendo 10 vezes maior e 1.000 vezes mais massivo do que os cometas típicos. Acredita-se que objetos como esse fazem parte dos blocos de construção de planetas e asteroides. Por conta de sua grande distância do Sol, conhecer esse corpo do Cinturão De Kuiper será como voltar no tempo, a cerca de 4,6 bilhões de anos atrás.
A nave espacial New Horizons está em bom funcionamento, e continua enviando dados sobre seu encontro épico com o planeta anão Plutão, que ocorreu em julho de 2015, e o voo rasante que a sonda deverá fazer no objeto 2014 MU69 poderá revolucionar a nossa compreensão do distante e misterioso Cinturão de Kuiper.
Fonte: NASA
Imagens: (capa-ilustração/NASA) / NASA / JHUAPL / SwRI / Alex Parker

domingo, 6 de setembro de 2015

VLT DO ESO CRIA MAPA METEOROLÓGICO DE UMA ESTRELA ANÃ MARROM

O Very Large Telescope do ESO foi utilizado para criar o primeiro mapa meteorológico da superfície da anã marrom mais próxima da Terra. Uma equipe internacional fez um mapa das regiões claras e escuras da WISE J104915.57-531906.1B, também conhecida pelo nome informal Luhman 16B e uma das duas anãs marrons recentemente descobertas que formam um par a apenas seis anos-luz de distância. Os novos resultados serão publicados  na revista Nature.

As anãs marrons preenchem a lacuna entre os planetas gigantes gasosos e as estrelas frias de pouco brilho. Não possuem massa suficiente para dar início à fusão nuclear nos seus centros e apenas conseguem brilhar fracamente nos comprimentos de onda do infravermelho. A primeira anã marrom confirmada foi descoberta há apenas cerca de vinte anos e só se conhecem algumas centenas destes objetos tão elusivos.

As anãs marrons que se encontram mais próximas do Sistema Solar formam um par chamado Luhman 16AB  e situam-se a apenas seis anos-luz de distância, na constelação  da Vela. Este par é o terceiro sistema mais próximo da Terra, depois de Alfa Centauri e da Estrela de Barnard, mas só foi descoberto no início de 2013. Foi descoberto que a componente menos brilhante, Luhman 16B, variava ligeiramente em brilho a cada poucas horas, à medida que girava - um indício de que poderia ter regiões bem demarcadas em sua superície.
Os astrônomos usaram agora o poder do Very Large Telescope do ESO (VLT) para, não apenas fotografar estas anãs marrons, mas também mapear regiões claras e escuras na superfície de Luhman 16B.
Ian Crossfield (Instituto Max Planck de Astronomia, Heidelberg, Alemanha), autor principal do novo artigo científico que descreve este trabalho, sumariza os resultados: “Observações anteriores sugeriam que as anãs marrons poderiam ter superfícies manchadas, mas agora podemos de fato mapeá-las. Dentro de pouco tempo, poderemos ver padrões de nuvens formando-se, evoluindo e dissipando-se nesta anã marrom - eventualmente os exometeorologistas poderão prever se um visitante de Luhman 16B poderá contar com céus limpos ou nublados”.
Para mapear a superfície da anã marrom os astrônomos usaram uma técnica inteligente. Observaram as anãs marrons com o instrumento CRIRES montado no VLT, o que lhes permitiu não somente ver o brilho variável à medida que Luhman 16B gira, mas também observar se as regiões claras e escuras estavam se movendo em direção ao observador ou afastando-se dele. Combinando toda esta informação conseguiram recriar um mapa das regiões claras e escuras situadas na superfície.
As atmosferas das anãs marrons são muito semelhantes às dos exoplanetas gigantes gasosos quentes, por isso ao estudar comparativamente anãs marrons fáceis de observar , os astrônomos podem também aprender mais sobre as atmosferas dos planetas gasosos jovens - muitos dos quais serão descobertos num futuro próximo pelo novo instrumento SPHERE, que será instalado no VLT ainda este ano.
Crossfield termina com uma nota pessoal: “A nossa anã marrom ajuda-nos a aproximarmo-nos do nosso objetivo de compreender padrões de clima em outros sistemas solares. Desde tenra idade que fui educado para apreciar a beleza e utilidade dos mapas. É muito excitante começarmos a mapear objetos localizado além do nosso Sistema Solar!

sábado, 5 de setembro de 2015

O DISTANTE ÉRIS É GÊMEO DE PLUTÃO

Artist’s impression of the dwarf planet Eris
Calculado com precisão o tamanho do planeta anão no momento em que ocultou uma estrela de fraca luminosidade
Astrônomos mediram pela primeira vez de modo preciso o diâmetro de Éris, o longínquo planeta anão, no momento em que este passou em frente de uma estrela de luminosidade baixa. Este fenômeno foi observado no final de 2010 por telescópios no Chile, incluindo o telescópio belga TRAPPIST que se encontra instalado no Observatório de La Silla do ESO. As observações mostram que Éris é um gêmeo quase perfeito de Plutão em termos de tamanho. Éris parece ter uma superfície muito refletora, sugerindo que se encontra uniformemente coberto por uma fina camada de gelo, provavelmente uma atmosfera gelada. Os resultados foram publicados na revista Nature.


Em Novembro de 2010 o distante planeta anão Éris passou em frente de uma estrela de fundo de luminosidade baixa, num acontecimento a que chamamos ocultação. Estes eventos são muito raros e difíceis de observar, uma vez que o planeta anão se encontra muito longe e é muito pequeno. O próximo acontecimento do gênero envolvendo Éris terá lugar apenas em 2013. As ocultações oferecem-nos a maneira mais precisa, e muitas vezes a única maneira, de medir o tamanho e estimar a forma de corpos muito distantes do Sistema Solar.
A estrela candidata a ocultação foi identificada ao serem estudadas imagens obtidas com o telescópio MPG/ESO de 2.2 metros instalado no Observatório de La Silla do ESO. As observações foram planejadas cuidadosamente e levadas a cabo por uma equipe internacional de astrônomos de várias universidades (principalmente de França, Bélgica, Espanha e Brasil), que utilizaram, entre outros, o telescópio TRAPPIST (sigla do inglês TRAnsiting Planets and PlanetesImals Small Telescope, eso1023), também instalado em La Silla.
“Observar ocultações de pequenos corpos do Sistema Solar situados para além de Netuno requer grande precisão e planejamento. Esta é a melhor maneira de medir o tamanho de Éris, além de ir até lá, é claro!” explica Bruno Sicardy, o autor principal do trabalho.
As observações da ocultação foram feitas em 26 locais diferentes espalhados por toda a Terra e que se encontravam na trajetória prevista da sombra do planeta anão - incluindo alguns telescópios de observatórios amadores. No entanto, só foi possível observar o evento diretamente em dois lugares apenas, ambos situados no Chile: um no Observatório de La Silla do ESO com o telescópio TRAPPIST e o outro em São Pedro de Atacama, onde se utilizaram dois telescópios. Os três telescópios registaram uma diminuição do brilho da estrela distante correspondente à altura em que Éris bloqueou a sua radiação.
As observações combinadas dos dois locais chilenos indicam que Éris tem uma forma praticamente esférica. Estas medições são bastante precisas no que dizem respeito à forma e ao tamanho do objeto, mas apenas se não tiverem sido distorcidas pela presença de montanhas altas, o que dificilmente existirá num corpo gelado tão grande.
Éris foi identificado como sendo um objeto grande situado no Sistema Solar exterior em 2005. A sua descoberta foi um dos motivos que levou à criação de uma nova classe de objetos chamados planetas anões e à reclassificação de Plutão de planeta para planeta anão em 2006. Éris encontra-se atualmente três vezes mais longe do Sol do que Plutão.
Embora observações anteriores utilizando métodos diferentes sugerissem que Éris era provavelmente 25% maior do que Plutão, com uma estimativa para o diâmetro de 3000 quilômetros, este novo estudo prova que os dois objetos têm essencialmente o mesmo tamanho. O novo diâmetro calculado para Éris é de 2326 quilômetros com uma precisão de 12 quilômetros, o que torna o seu tamanho melhor conhecido que o de Plutão, que tem um diâmetro estimado entre 2300 e 2400 quilômetros. O diâmetro de Plutão é mais difícil de medir devido à presença de uma atmosfera que torna impossível detectar diretamente a sua borda utilizando ocultações. O movimento do satélite de Éris, Disnomia, foi utilizado para estimar a massa de Éris. Descobriu-se que Éris é 27% mais pesado do que Plutão. Combinando este resultado com o diâmetro estimou-se que a densidade de Éris é de 2,52 gramas por cm3
“Esta densidade significa que Éris é provavelmente um grande corpo rochoso coberto por um manto relativamente fino de gelo,” comenta Emmanuel Jehin, que participou neste trabalho .
Descobriu-se que a superfície de Éris é muito refletora, refletindo 96% da luz que lhe chega (albedo visível de 0,96 . Esta valor corresponde a uma superfície ainda mais brilhante do que neve fresca na Terra, o que torna Éris dum dos objetos do Sistema Solar mais refletores, em simultâneo com a lua gelada de Saturno, Enceladus. A superfície brilhante de Éris é muito provavelmente composta por uma mistura de gelo rico em nitrogênio e metano gelado - como nos indica o espectro do planeta - que cobre todo o planeta com uma camada de gelo fina muito refletora com menos de um milímetro de espessura.
“Esta camada de gelo pode ter resultado da condensação em gelo da atmosfera de nitrogênio ou metano do planeta anão, que atinge a superfície à medida que o planeta se afasta do Sol ao longo da sua órbita alongada e entra cada vez mais num ambiente frio,” acrescenta Jehin. O gelo pode posteriormente voltar a transformar-se em gás à medida que Éris se aproxima do ponto mais próximo do Sol, a uma distância de cerca de 5,7 bilhões de quilômetros.
Com os novos resultados a equipe pôde também estimar a temperatura à superfície do planeta anão, obtendo um resultado de no máximo -238º Celsius para a superfície iluminada pelo Sol e menos ainda para o lado noturno de Éris.
“É extraordinário o quanto podemos aprender sobre um objeto distante pequeno como Éris quando o observamos a passar em frente de uma estrela tênue, utilizando telescópios relativamente pequenos. Cinco anos depois da criação da nova classe dos planetas anões estamos finalmente a conhecer bem um dos seus membros fundadores,” conclui Bruno Sicardy.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

TEORIA PLANETÁRIA VIRADA DO AVESSO



 A descoberta de nove novos exoplanetas em trânsitofoi anunciada no Encontro Nacional de Astronomia do Reino Unido (RAS National Astronomy Meeting, NAM2010).
 Quando estes novos resultados foram combinados com observações anteriores de exoplanetas em trânsito, os astrónomos surpreenderam-se com o facto de seis deles, numa amostragem de 27, orbitarem na direção oposta à da rotação da estrela hospedeira - precisamente o contrário do que se passa no nosso Sistema Solar. Estas novas descobertas põem em causa, de maneira séria e inesperada, as actuais teorias de formação planetária. As novas observações sugerem igualmente que sistemas com exoplanetas do tipo Júpiter quente não deverão, muito provavelmente, conter planetas do tipo da Terra.
“Esta é uma verdadeira bomba que estamos a lançar sobre o campo dos exoplanetas,” diz Amaury Triaud, estudante de doutoramento no Observatório de Genebra que, juntamente com Andrew Cameron e Didier Queloz, lidera a maior parte da campanha observacional.
Pensa-se que os planetas se formam no disco de gás e poeira que circunda a estrela jovem. Este disco protoplanetário roda na mesma direcção da própria estrela, e até agora esperava-se que os planetas formados a partir desse disco orbitariam, mais ou menos, no mesmo plano e que se moveriam ao longo das suas órbitas na mesma direcção que a rotação da estrela. É o caso dos planetas do Sistema Solar.
Depois da deteção inicial dos nove novos exoplanetas  com o instrumento WASP (do inglês, Wide Angle Search for Planets), a equipa de astrónomos utilizou diversos outros aparelhos para confirmar as descobertas e caracterizar os exoplanetas em trânsito encontrados tanto neste novo rastreio como nos mais antigos: o espectrógrafo HARPS, montado no telescópio de 3.6 metros do ESO, no observatório de La Silla, Chile, dados do telescópio suíço Euler, também em operação em La Silla, e ainda dados de outros telescópios .
Surpreendentemente, quando a equipa combinou os novos dados com observações mais antigas, descobriu que mais de metade de todos os exoplanetas do tipo Júpiter quente  estudados têm órbitas desalinhadas com o eixo de rotação das suas estrelas hospedeiras. A equipa descobriu inclusivamente que seis exoplanetas desta extensa amostragem (dos quais dois são novas descobertas) têm movimentos retrógrados: orbitam a sua estrela na direcção “errada”.
“Estes novos resultados desafiam claramente o conhecimento convencional de que os planetas devem sempre orbitar na mesma direcção da rotação das suas estrelas,” diz Andrew Cameron da Universidade de St Andrews, que apresentou estes novos resultados no Encontro Nacional de Astronomia do Reino Unido, que tem lugar esta semana em Glasgow.
A origem dos exoplanetas do tipo Júpiter quente tem sido um enigma, desde a descoberta do primeiro há 15 anos atrás. São planetas com massa similares ou maiores que a de Júpiter, mas que orbitam muito próximo da sua estrela. Pensa-se que os núcleos dos planetas gigantes se formam de uma mistura de partículas de rocha e gelo, material que se encontra apenas nas regiões mais frias e afastadas do sistema planetário. Desde modo, estes exoplanetas devem formar-se longe da sua estrela e subsequentemente migrar para órbitas mais interiores, muito mais próximas da estrela hospedeira. Muitos astrónomos pensam que este fenómeno se deve a interacções gravitacionais com o disco de poeira a partir do qual se formam. Este cenário desenrola-se ao longo de alguns milhões de anos e resulta numa órbita alinhada com o eixo de rotação da estrela hospedeira. Este cenário permite igualmente a formação subsequente de planetas rochosos do tipo da Terra. Infelizmente esta teoria não explica as novas observações.
Para explicar os novos exoplanetas retrógrados agora descobertos uma teoria de migração alternativa sugere que a proximidade deste tipo de exoplanetas às suas estrelas não se deve a interacções com o disco de poeira, mas sim a um processo de evolução mais lento que envolve uma “luta” gravitacional com companheiros planetários ou estelares mais distantes, durante centenas de milhões de anos. Depois destas perturbações gravitacionais levarem um exoplaneta gigante a uma órbita inclinada e alongada, este sofrerá fricções de maré, perdendo energia de cada vez que a sua órbita o aproxima da estrela. Deste modo, ficará eventualmente “estacionado” numa órbita quase circular mas inclinada de maneira aleatória, próximo da estrela hospedeira. “Um efeito secundário dramático deste processo seria o de que qualquer pequeno planeta do tipo da Terra seria varrido destes sistemas,” diz Didier Queloz do Observatório de Genebra.
Dois dos novos exoplanetas retrógrados descobertos mostraram já ter companheiros de grande massa, mais distantes, que poderiam ser as potenciais causas deste efeito. Estes novos resultados irão despoletar uma busca intensa de corpos adicionais noutros sistemas planetários.
Este trabalho foi apresentado no Encontro Nacional de Astronomia do Reino Unido (NAM2010, do inglês United Kingdom National Astronomy Meeting) que está a ter lugar esta semana em Glasgow, na Escócia. Nove publicações científicas submetidas em revistas internacionais da especialidade sairão nesta ocasião, quatro das quais utilizam dados obtidos com as infraestruturas do ESO. Na mesma ocasião, o consórcio WASP obteve um prémio da Royal Astronomical Society

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

UM CANDIDATO A PROTOPLANETA ENCONTRADO DENTRO DE SEU ÚTERO ESTELAR


Astrônomos utilizaram o Very Large Telescope do ESO e obtiveram o que é, muito provavelmente, a primeira observação direta de um planeta em formação, ainda envolto por um espesso disco de gás e poeira. Se for confirmada, esta descoberta ajudará a compreender melhor como se formam os planetas, uma vez que será possível testar as teorias atuais em um alvo observável.
Uma equipe internacional liderada por Sascha Quanz (ETH Zürich, Suíça) estudou o disco de gás e poeira em torno da estrela jovem HD100546, uma estrela relativamente próxima situada a 335 anos-luz de distância da Terra. A equipe surpreendeu-se ao descobrir o que parece ser um planeta em formação, ainda envolto no disco de material que rodeia a estrela. O candidato a planeta será um gigante gasoso semelhante a Júpiter.
“Até agora, a formação de planetas tem sido um tópico desenvolvido essencialmente por simulações de computador”, diz Sascha Quanz. “Se a nossa descoberta for confirmada como realmente um planeta em formação, então pela primeira vez os cientistas poderão estudar de forma empírica o processo de formação planetária e a interação entre um planeta em formação e o seu meio circundante, desde a fase primordial.”
Imagens VLT e Hubble do sistema protoplanetário da HD100546
Esta imagem composta mostra duas imagens obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA (à esquerda) e pelo sistema NACO montado no Very Large Telescope do ESO (à direita) do gás e poeira que rodeiam a estrela jovem HD100546. A imagem Hubble no visível mostra o disco exterior de gás e poeira que se encontra em torno da estrela. A nova imagem infravermelha do VLT de uma pequena parte do disco mostra um candidato a protoplaneta. Ambas as imagens foram obtidas com um coronógrafo especial que suprime a intensa radiação emitida pela estrela brilhante. A posição da estrela está marcada com uma cruz vermelha nas duas imagens.
Crédito: ESO/NASA/ESA/Ardila et al.
A estrela HD100546 tem sido muito estudada e foi já sugerida a existência de um planeta gigante situado cerca de sete vezes mais longe da estrela do que a Terra se encontra do Sol. O candidato a planeta agora descoberto situa-se na região exterior do sistema, cerca de dez vezes mais longe.
O possível protoplaneta foi detectado como uma tênue mancha situada no disco circunstelar, revelada graças ao instrumento de óptica adaptativa NACO, montado no VLT do ESO, e à técnica inovadora de análise de dados. As observações foram obtidas com o coronógrafo do NACO, que opera nos comprimentos de onda do infravermelho, suprimindo a intensa radiação emitida pela estrela na região onde se encontra o candidato a protoplaneta.
De acordo com as atuais teorias, os planetas gigantes crescem ao capturar parte do gás e poeira que restam após a formação da estrela. Os astrônomos descobriram várias características na nova imagem do disco em torno de HD100546, que apoiam esta hipótese de formação de protoplaneta. Estruturas existentes no disco circunstelar poeirento, que poderiam ser causadas por interações entre o planeta e o disco, apareceram próximo do protoplaneta detectado. Existem também indícios de que as regiões em volta do protoplaneta estejam a ser aquecidas pelo processo de formação.
Adam Amara, outro membro da equipe, está entusiasmado com a descoberta. “A investigação sobre exoplanetas é uma das novas fronteiras da astronomia mais excitantes e a obtenção de imagens diretas de planetas é algo ainda muito recente, que só agora começa a ser explorado, se beneficiando das recentes inovações nos instrumentos e nos métodos de análise de dados. Neste trabalho utilizamos técnicas de análise de dados desenvolvidas especificamente para a investigação cosmológica, o que mostra que a partilha de ideias entre diferentes campos pode levar a progressos extraordinários.”
Embora a explicação mais provável para as observações obtidas seja a existência de um protoplaneta, os resultados deste estudo requerem observações suplementares para se confirmar a existência do planeta e invalidar outros cenários menos prováveis mas também plausíveis. Entre outras explicações possíveis, o sinal detectado pode estar a ser emitido por uma fonte de fundo. É igualmente possível que o objeto detectado não seja um protoplaneta, mas sim um planeta completamente formado, que tenha sido ejetado da sua órbita original, próxima da estrela. Quando se confirmar que o novo objeto em torno de HD100546 é, de fato, um planeta em formação, envolvido ainda pelo disco de gás e poeira progenitor, teremos então um laboratório único para estudar o processo de formação de um novo sistema planetário.