quinta-feira, 4 de julho de 2013

VOYAGER 1 EXPLORA A FRONTEIRA FINAL DA NOSSA DA NOSSA BOLHA SOLAR


Impressão de artista da sonda Voyager 1. Crédito: NASA/JPL-Caltech
Dados da Voyager 1, agora a mais de 18 bilhões de quilômetros do Sol, sugerem que a sonda está perto de se tornar no primeiro objeto feito pelo Homem a chegar ao espaço interestelar.
Pesquisas usando dados da Voyager 1 e publicadas na revista Science fornecem novos detalhes sobre a última região que a nave terá que atravessar antes de sair da heliosfera, ou a bolha em torno do nosso Sol, e entrar no espaço interestelar. Os três artigos descrevem como a entrada da Voyager 1 numa região denominada autoestrada magnética resultou em observações simultâneas da maior taxa já medida de partículas carregadas oriundas do exterior da heliosfera e do desaparecimento de partículas carregadas do interior da heliosfera.
Os cientistas já viram dois dos três sinais da chegada interestelar que esperavam: o desaparecimento das partículas carregadas à medida que se afastam no campo magnético solar, e raios cósmicos do exterior que se aproximam. Os cientistas ainda não viram o terceiro sinal, uma mudança abrupta na direção do campo magnético, o que indicaria a presença do campo magnético interestelar.
"Esta última e estranha região antes do espaço interestelar está entrando em foco graças à Voyager 1, o explorador mais distante da Humanidade," afirma Ed Stone, cientista do projeto Voyager no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, EUA. "Se olhássemos para os dados dos raios cósmicos e das partículas energéticas separadamente, pensaríamos que a Voyager já tinha chegado ao espaço interestelar, mas a equipe acha que a Voyager 1 ainda não chegou lá porque ainda estamos dentro do domínio do campo magnético do Sol."
Os cientistas não sabem exatamente quão longe a Voyager 1 tem que ir para alcançar o espaço interestelar. Estimam que pode levar vários meses, ou mesmo anos, para lá chegar. A heliosfera estende-se, pelo menos, 13 bilhões de quilômetros além dos planetas no nosso Sistema Solar. É dominada pelo campo magnético do Sol e por um vento ionizado que se expande na direção oposta à do Sol. No exterior da heliosfera, o espaço interestelar contém matéria de outras estrelas e o campo magnético presente na região vizinha da Via Láctea.
A Voyager 1 e a sua gémea, Voyager 2, foram lançadas em 1977. Visitaram Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno antes de embarcar na sua missão interestelar em 1990. Pretendem agora sair da heliosfera. A medição do tamanho da heliosfera faz parte da missão das Voyager.
Os artigos científicos focam-se em observações levadas a cabo entre Maio e Setembro de 2012 pelos instrumentos de raios cósmicos, partículas carregadas de baixa energia e pelo magnetômetro da Voyager 1, com alguns dados adicionais das partículas carregadas obtidos em Abril deste ano.
A Voyager 2 está aproximadamente a 15 bilhões de quilômetros do Sol e ainda dentro da heliosfera. A Voyager 1 estava a cerca de 18 bilhões de quilômetros do Sol a 25 de Agosto quando alcançou a autoestrada magnética, também conhecida como região de depleção, uma ligação com o espaço interestelar. Esta região permite com que as partículas carregadas viagem para dentro e para fora da heliosfera ao longo de uma suave linha do campo magnético, em vez de saltarem em todas as direções como se estivessem presas em estradas locais. Pela primeira vez na região, os cientistas detectaram raios cósmicos de baixa energia originários de estrelas moribundas.
"Vimos um desaparecimento dramático e rápido das partículas de origem solar. Diminuíram de intensidade por mais de 1000 vezes, como se houvesse uma enorme bomba de vácuo na rampa de entrada para a autoestrada magnética," afirma Stamatios Krimigis, investigador principal do instrumento de partículas carregadas de baixa energia, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, no estado americano do Maryland. "Nós nunca tínhamos testemunhado tal diminuição, exceto quando a Voyager 1 saiu da gigante magnetosfera de Júpiter, há cerca de 34 anos atrás."
Outro comportamento das partículas carregadas observado pela Voyager 1 também indica que a sonda está ainda numa região de transição para o meio interestelar. Durante a travessia para esta nova região, as partículas carregadas provenientes da heliosfera que diminuíram mais rapidamente foram aquelas disparadas ao longo das linhas do campo magnético solar. As partículas que se moviam perpendicularmente ao campo magnético não diminuíram tão rapidamente. No entanto, os raios cósmicos que se moviam nas linhas de campo da região da autoestrada magnética eram ligeiramente mais numerosos do que aqueles que se moviam perpendicularmente ao campo. No espaço interestelar, a direção das partículas carregadas em movimento não tem importância.
Ao longo de 24 horas, o campo magnético proveniente do Sol também começou a acumular-se, como um engarrafamento de carros. Mas os cientistas foram capazes de quantificar que o campo magnético quase não mudou de direção - por não mais de 2 graus."
"Um dia fez uma grande diferença na região, com o campo magnético subitamente aumentando e tornando-se extraordinariamente suave" afirma Lenoard Burlaga, autor principal de um dos artigos, do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland. "Mas dado que não houve mudança significativa na direção do campo magnético, estamos ainda observando as linhas do campo magnético que originam no Sol."

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