quarta-feira, 13 de abril de 2016

NASA ANUNCIA EVIDÊNCIAS DE ÁGUA E COMPOSTOS ORGÂNICOS EM MERCÚRIO

 Novas observações feitas pela sonda Messenger fornecem dados convincentes para a antiga hipótese que Mercúrio poderia abrigar gelo de água e outros materiais voláteis em suas crateras polares sombreadas
Três linhas independentes de evidências sustentam esta conclusão: as primeiras medidas de excesso de hidrogênio no pólo norte de Mercúrio feitas com o Neutron Spectrometer da Messenger, as primeiras medidas de albedo dos depósitos polares de Mercúrio em comprimento de onda próximo do infravermelho com o Laser Mercury Altimeter (MLA), e os primeiros modelos detalhados da temperatura de regiões de superfície do norte de Mercúrio que utilizam a topografia real da superfície do planeta medida pelo MLA. Estes resultados são apresentados em três artigos publicados online na revista Science Express.
Dada a sua proximidade com o Sol, Mercúrio parece ser um lugar improvável para encontrar gelo. Mas a inclinação do eixo de rotação de Mercúrio é quase zero (menos de um grau), sendo assim, há bolsões nos pólos do planeta que nunca vêem a luz solar. Os cientistas sugeriram décadas atrás, que poderia haver gelo de água e outros compostos voláteis congelados presos nos pólos de Mercúrio.
A idéia ganhou força em 1.991, quando o telescópio de Arecibo, em Porto Rico, detectou manchas brilhantes nos pólos de Mercúrio, pontos que refletem as ondas de rádio da forma como seria de se esperar se houvesse gelo de água. Muitas dessas manchas correspondiam à localização de grandes crateras de impacto mapeadas pela sonda Mariner 10 em 1.970. Mas como a Mariner viu menos de 50% do planeta, os cientistas não conseguiram um diagrama completo dos pólos para comparar com as imagens.
A chegada da MESSENGER em Mercúrio no ano passado mudou tudo isso. Imagens confirmaram que os pontos brilhantes nos pólos norte e sul de Mercúrio estão dentro das regiões sombreadas da superfície, e os resultados são consistentes com a hipótese de água congelada.         Agora, os novos dados da Messenger indicam que a água congelada é o constituinte principal dos depósitos do pólo norte de Mercúrio, mas o gelo é enterrado sob um material escuro na maior parte dos depósitos, em áreas onde as temperaturas são um pouco quente demais para que o gelo seja estável na superfície.

A sonda Messenger utilizava  espectroscopia de nêutrons para medir as concentrações de hidrogênio nas regiões brilhantes de Mercúrio antes de seu mergulho fatas na sua superfície.
"A camada enterrada contém hidrogênio juntamente com gelo de água quase pura", informa David Lawrence, cientista integrante da Messenger, da Johns Hopkins University and Applied Physics Laboratory.         "Dados da Messenger Laser Altimeter (laser esse que já disparou mais de 10 milhões de pulsos em Mercúrio para fazer mapas detalhados de topografia do planeta), corroboram com os resultados de radar e medições do espectrômetro de nêutrons da região polar de Mercúrio", escreve Gregory Neumann da NASA Goddard Flight Center.
O MLA também registrou manchas escuras com albedo diminuído, de acordo com a teoria de que o gelo nas áreas é coberto por uma camada de isolamento térmico. Neumann sugere que os impactos de cometas ou asteróides poderiam ter fornecido tanto os depósitos escuros quanto os brilhantes, uma descoberta confirmada em um documento liberado por David Paige, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
De acordo com Paige, o material escuro é provavelmente uma mistura de compostos orgânicos complexos entregues pelos impactos de cometas e asteróides. O material orgânico pode ter sido ainda mais escurecido pela exposição à radiação dura na superfície de Mercúrio, mesmo em áreas permanentemente sombreadas. Este material isolante escuro é um novo problema para a história, disse Sean Solomon de Lamont-Doherty Observatory da Universidade de Columbia, investigador principal da missão Messenger. "Por mais de 20 anos, haviam dúvidas se o planeta mais próximo do Sol poderia conter gelo de água abundante em suas regiões polares sombreadas. A sonda Messenger forneceu um veredicto unânime afirmativo".
"Mas as novas observações também levantaram novas questões", acrescenta Salomon. "Os materiais escuros nos depósitos polares consistem principalmente de compostos orgânicos? Que tipo de reações químicas o material já sofreu? Poderia haver regiões, talvez no interior de Mercúrio, que tenha água líquida e compostos orgânicos? Só com a exploração contínua de Mercúrio é que poderemos obter as respostas para essas perguntas.
Fonte: NASA

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