domingo, 29 de junho de 2014

CURIOSITY CELEBRA PREIMEIRO ANO MARCIANO COM SUCESSOS NA MISSÃO


Este mapa mostra, em vermelho, o percurso do rover Curiosity desde Bradbury Landing, o seu local de aterrissagem, onde pousou em Agosto de 2012 (estrela azul em cima à direita), até quase ao fim do seu primeiro ano marciano. A linha branca mostra o percurso planejado ainda por completar. Créditos: NASA/JPL
O rover Curiosity da NASA completa hoje um ano marciano - 687 dias terrestres, e já atingiu o objetivo principal da missão, determinar se Marte já teve condições ambientais favoráveis à vida microbiana.
Uma das primeiras grandes descobertas do Curiosity, após ter pousado no Planeta Vermelho em Agosto de 2012, foi um leito antigo no seu local de aterrissagem. Perto dali, numa área conhecida como Yellowknife Bay, a missão atingiu o seu objetivo principal de determinar se a Cratera Gale já tinha sido habitável para formas de vida simples. A resposta, um histórico "sim", veio de duas lajes de argila onde o rover recolheu amostras com a sua broca. A análise destas amostras revelou que o local já foi um lago com os ingredientes elementares essenciais para a vida, e um tipo de fonte de energia usada por alguns micróbios da Terra. Se Marte teve no seu passado organismos vivos, este seria um bom lar para eles.
Outras conclusões importantes durante o primeiro ano marciano incluem:
- A avaliação dos níveis naturais de radiação, tanto durante o voo até Marte como à superfície marciana, fornece uma orientação para o desenho da proteção necessária para missões humanas a Marte.
- Medições de variações pesadas vs. leves de elementos na atmosfera marciana indicam que muita da atmosfera primitiva de Marte desapareceu por processos que favorecem a perda de átomos mais leves, como por exemplo a partir da parte superior da atmosfera. Outras medições determinaram que a atmosfera contém muito pouco metano, se é que algum, um gás que pode ser produzido biologicamente.
- As primeiras determinações da idade de uma rocha em Marte e quanto tempo esteve exposta à radiação prejudicial fornecem perspectivas para descobrir quando a água fluiu à superfície e para avaliar a taxa de degradação de compostos orgânicos em rochas e nos solos.
O Curiosity parou na sua viagem para perfurar e recolher uma amostra num local chamado Windjana. O rover transporta atualmente um pouco desta amostra ali recolhida para análise posterior.
"Windjana tem mais magnetita do que as amostras anteriores já analisadas," afirma David Black, investigador principal do instrumento CheMin (Chemistry and Mineralogy) do Curiosity, do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, no estado americano da Califórnia. "Uma questão-chave é descobrir se esta magnetita é um componente do basalto original ou se é resultado de processos posteriores, como aconteceria em sedimentos basálticos dentro de água. A resposta é importante para a nossa compreensão da habitabilidade e da natureza do ambiente passado de Marte."
Indicações preliminares salientam que a rocha contém uma mistura mais diversificada de minerais argilosos do que a encontrada nas rochas previamente perfuradas durante a missão, os alvos de Yellowknife Bay. Windjana também contém uma quantidade inesperadamente alta do mineral ortoclase. Este é um feldspato rico em potássio, que é um dos minerais mais abundantes na crosta terrestre e que antes nunca tinha sido definitivamente detectado em Marte.
Este achado implica que algumas rochas na orla da Cratera Gale, a partir das quais se pensa que os arenitos em Windjana tenham derivado, possam ter passado por alguns processos geológicos complexos, como por exemplo episódios múltiplos de fusão.
"É muito cedo para conclusões, mas esperamos que os resultados nos ajudem a ligarmos o que aprendemos em Yellowknife Bay com o que vamos aprender no Monte Sharp," afirma John Grotzinger, cientista do projeto Curiosity do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. "Windjana está ainda dentro da área onde um rio corria. Nós vemos sinais de uma história complexa de interação entre água e rocha."
O Curiosity deixou Windjana em meados de Maio e está agora dirigindo-se para Oeste. Percorreu cerca de quilômetro e meio em 23 dias de condução e o odômetro regista agora 7,9 quilômetros.
Desde que os danos nas rodas provocaram uma desaceleração na condução no final de 2013, que a equipe da missão ajustou os percursos e os métodos de condução para reduzir a taxa de danificação.
Por exemplo, a equipe da missão retificou a rota planejada para destinos futuros na encosta inferior de uma área chamada Monte Sharp, onde os cientistas esperam que as camadas geológicas tragam respostas sobre ambientes antigos. Antes do Curiosity aterrissar, os cientistas antecipavam que o rover precisaria de alcançar o Monte Sharp para atingir o objetivo de determinar se este ambiente antigo era favorável para a vida. Eles descobriram a resposta muito mais perto do local de aterragem. No Monte Sharp, a equipe da missão procurará evidências não só de habitabilidade, mas também de como os ambientes evoluíram e que condições favoreceram a preservação de pistas sobre se lá existiu vida.
A porta de entrada para a montanha é uma lacuna numa faixa de dunas no flanco norte da montanha que está aproximadamente 3,9 km em frente da posição atual do rover. O novo percurso levará o Curiosity por areais bem como por solo rochoso. O mapeamento do terreno, com a ajuda da sonda MRO da NASA, permite o planeamento de rotas mais seguras, embora mais longas.
A equipe espera que terá de se adaptar continuamente às ameaças que o terreno representa para as rodas do rover, mas não prevê que sejam um fator determinante na duração da vida operacional do Curiosity.
"Estamos fazendo algumas viagens longas usando o que aprendemos," afirma Jim Erickson, gestor do projeto Curiosity no JPL (Jet Propulsion Laboratory) da NASA. "Quando estamos explorando outro planeta, há que esperar surpresas. As rochas afiadas foram uma má surpresa. Yellowknife Bay foi uma boa surpresa."

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