terça-feira, 23 de outubro de 2012

TELESCÓPIO SUBARU OBSERVA CANIBALISMO GALÁCTICO EM AÇÃO



Imagem obtida pelo Telescópio Subaru testemunha canibalismo galáctico. A galáxia elíptica gigante, à esquerda, é COSMOS J100003+020146 e a pequena galáxia anã, que lhe está ligada por uma ténue faixa de estrelas, é COSMOS J095959+020206; uma segunda “cauda” de estrelas sai da galáxia anã para o lado oposto da galáxia elíptica, também resultante do efeito da gravidade da galáxia elíptica na galáxia anã. Crédito: Subaru Telescope/NAOJ/Y. Taniguchi (Univ. Tohoku) et al. 2004. 

O Telescópio Subaru é um telescópio óptico e de infravermelhos, com um espelho de 8,2 m de diâmetro.  Encontra-se no Observatório de Mauna Kea, no Havai, e é operado pelo Observatório
Astronómico Nacional do Japão – NAOJ e pelo Instituto Nacional de Ciências Naturais. testemunhou uma galáxia grande a devorar uma pequena galáxia sua companheira. A evidência do acto consiste numa banda de estrelas que se estende por mais de 500 anos-luz
As atuais teorias de formação de estrelas sugerem que as grandes galáxias, como a nossa Via Láctea
, crescem alimentando-se de pequenas galáxias anãs. Como evidência destas teorias, encontramos, por exemplo, algumas estrelas da nossa Galáxia que parecem ter pertencido, em tempos, a uma pequena galáxia companheira da Via Láctea, a galáxia anã do Sagitário. A galáxia de Andrómeda, nossa vizinha, também apresenta algumas evidências de um passado de canibalismo. Contudo, estes são exemplos de conclusões inferidas a partir de observações pós-digestivas.
A destruição das galáxias anãs por ação de uma galáxia maior é difícil de observar no ato porque as galáxias anãs são, inerentemente, de fraco brilho e a sua luz torna-se cada vez mais difusa à medida que as suas estrelas são arrancadas pela galáxia maior. A única observação prévia de uma galáxia anã no processo de ser desfeita por uma galáxia grande foi obtida pela câmara ACS do Telescópio Espacial Hubble
A descoberta fortuita da galáxia elíptica COSMOS J100003+020146 a desfazer a galáxia anã COSMOS J095959+020206 deu-se quando a equipa liderada por Y. Taniguchi (Universidade de Tohoku, Japão) estava a observar uma área do céu na constelação do Sextante, com o objectivo de estudar as propriedades das galáxias em larga escala no espaço e no tempo.


A galáxia irregular Sextante A faz também parte do Grupo Local. Situa-se a cerca de 10 milhões de anos-luz de distância. As estrelas brilhantes da Via Láctea aparecem amareladas no plano da frente. Na galáxia são visíveis alguns tantalizantes enxames de estrelas azuis.
Crédito: D. Hunter (Lowell Observatory), Z. Levay (STScI)

O par de galáxias descoberto encontra-se a cerca de mil milhões de anos-luz e a distância entre as duas galáxias é, aproximadamente, 330 mil anos-luz.
Duas bandas estreitas de estrelas estendem-se a partir da galáxia anã: uma, na direcção da grande galáxia elíptica e outra, na direcção oposta. São estas bandas que revelam que a gravidade da galáxia elíptica está a desfazer a galáxia anã. As estrelas da galáxia anã que se encontram mais próximas da galáxia elíptica sentem uma força de maré maior do que as estrelas no centro da galáxia anã, e as estrelas no extremo oposto experimentam uma força ainda menor. Como resultado, a galáxia anã vai sendo esticada e parece que é puxada em duas direcções opostas, apesar de apenas uma galáxia estar a exercer a sua influência. Este efeito é comparável ao de como duas áreas em lados opostos da Terra experimentam maré alta ao mesmo tempo, apesar de haver apenas uma Lua a influenciar os oceanos da Terra.
A faixa de estrelas arrancadas à galáxia anã COSMOS J095959+020206 é cinco vezes mais comprida e três vezes menos brilhante, em brilho de superfície, que a banda de estrelas do par de galáxias observado pelo Telescópio Espacial Hubble.
À medida que os astrónomos descobrem mais exemplos de canibalismo galáctico em acção, o nosso conhecimento da história das galáxias torna-se mais claro. Embora nenhum ser humano hoje vivo possa testemunhar o destino final deste par de galáxias agora descoberto, o mais provável é que a galáxia elíptica será capaz de terminar a refeição que começou e consumirá a sua vizinha até ao fim.

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