segunda-feira, 15 de agosto de 2016

OBSERVADO UM GIGANTESCO VAZIO ESTELAR NO INTERIOR DA VIA LÁCTEA


Ilustração da distribuição inferida de estrelas jovens, aqui representadas por Cefeidas (pontos azuis), no plano de fundo de um desenho da Via Láctea. À exceção de um pequeno grupo no centro da galáxia, os 8000 anos-luz centrais parecem ter muito poucas Cefeidas e, consequentemente, poucas estrelas jovens. Crédito: The University of Tokyo. Segundo uma equipa internacional, liderada pelo Professor Noriyuki Matsunaga, da Universidade de Tóquio, será necessário revermos o nosso conhecimento sobre a Via Láctea
Astrônomos japoneses, sul-africanos e italianos descobriram que há uma enorme região em torno do centro da nossa galáxia desprovida de estrelas jovens.
 A equipa publicou o seu estudo num artigo, na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
A Via Láctea é uma galáxia espiral que contém muitos milhares de milhões de estrelas, com o nosso Sol a cerca de 26000 anos-luz.
 do seu centro. A medição da distribuição destas estrelas é crucial para compreendermos como se formaram e evoluíram as galáxias. As Cefeidas, estrelas variáveis que pulsam, são ideais para este efeito. Com idades compreendidas entre os 10 e os 300 milhões de anos, são muito mais jovens que o Sol (4,6 mil milhões de anos) e pulsam em brilho
 num ciclo regular. A duração deste ciclo está relacionada com a luminosidade
 da Cefeida. Por isso, através de monitorização, os astrônomos podem determinar o brilho efetivo da estrela, compará-lo com o que vemos da Terra e estabelecer a que distância se encontra.
Mesmo assim, encontrar Cefeidas no interior da Via Láctea é difícil, já que a Galáxia está cheia de poeira interestelar
 que bloqueia a luz e esconde muitas das estrelas. A equipa de Matsunaga compensou este efeito com a análise de observações no infravermelho próximo
 feitas com um telescópio do Japão e da Africa do Sul localizado em Sutherland, África do Sul. Para sua surpresa, quase não encontraram Cefeidas numa enorme região que se estende por milhares de anos-luz a partir do núcleo da Galáxia.
"Já tínhamos descoberto, há algum tempo, que há Cefeidas no centro da Via Láctea (numa região com um raio de aproximadamente 150 anos-luz). Agora, descobrimos que, fora dessa região, há um enorme vazio de Cefeidas, estendendo-se até 8000 anos-luz do centro" explicou Noriyuki Matsunaga.
Isto sugere que uma grande parte da nossa galáxia, o Disco Interno Extremo, não tem estrelas jovens. Michael Festa, coautor do estudo, observou: "As nossas conclusões contrariam outro trabalho recente, mas estão de acordo com o trabalho de radioastrônomos que não observam novas estrelas a nascer neste deserto."
Giuseppe Bono, outro dos autores, apontou ainda: "os resultados atuais indicam que, nesta grande região, não houve formação de estrelas significativa ao longo de centenas de milhões de anos. O movimento e a composição química das novas Cefeidas estão a ajudar-nos a entender melhor a formação e evolução da Via Láctea."
As Cefeidas têm sido mais usada para medir as distâncias de objetos no Universo longínquo, e este novo trabalho é um exemplo de como a mesma técnica pode revelar a estrutura da nossa própria galáxia.

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