quarta-feira, 30 de abril de 2014

CIENTISTAS ENCONTRAM ESTRELA FRIA NA VIZINHANÇA DO SOL



Este diagrama ilustra as localizações dos sistemas estelares mais próximos do Sol. O ano em que a distância de cada sistema foi estimada encontra-se depois do seu nome. Crédito: Penn State
O WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) e o Telescópio Espacial Spitzer descobriram o que parece ser a "anã castanha", uma estrela que, surpreendentemente, é tão gelada como o Pólo Norte da Terra.
As imagens dos telescópios espaciais também determinaram a distância do objeto, 7,2 anos-luz, o que o torna o quarto sistema mais próximo do Sol. O sistema mais próximo, o trio de estrelas de Alpha Centauri, fica a cerca de 4 anos-luz de distância.
"É muito emocionante descobrir um novo vizinho tão perto do nosso Sistema Solar," afirma Kevin Luhman, astrônomo do Centro para Exoplanetas e Mundos Habitáveis da Universidade Estatal da Pennsylvania. "E dada a sua temperatura extrema, deve nos dizer muito sobre as atmosferas de planetas, que muitas vezes têm temperaturas frias semelhantes."
As anãs castanhas começam as suas vidas como estrelas, como bolas de gás colapsado, mas não têm massa suficiente para queimar combustível nuclear e irradiar luz estelar. A anã castanha recém-descoberta tem o nome WISE J085510.83-071442.5. Tem uma fria temperatura que varia entre os -48 e os -13 graus Celsius. A recordista anterior para anã castanha mais fria, também descoberta pelo WISE e pelo Spitzer, tinha mais ou menos a temperatura ambiente da Terra.
O WISE foi capaz de avistar o objeto raro porque examinou o céu inteiro duas vezes no infravermelho, observando algumas áreas até três vezes. Os objetos frios como as anãs castanhas podem ser invisíveis quando vistos em telescópios ópticos, mas o seu brilho térmico - mesmo fraco - destaca-se no infravermelho. Adicionalmente, quando mais perto está o corpo, mais parece se mover em imagens obtidas com meses de diferença. Os aviões são um bom exemplo deste efeito: um avião que voe mais baixo, parece deslocar-se mais rapidamente do que um que voe mais alto.
"Este objeto parecia se mover muito rapidamente nos dados do WISE," afirma Luhman. "E como tal parecia ser especial."
Depois de perceber o movimento veloz de WISE J085510.83-071442.5 em Março de 2013, Luhman passou tempo a analisar imagens adicionais obtidas pelo Spitzer e pelo Telescópio Gemini Sul em Cerro Pachon, Chile. As observações infravermelhas do Spitzer ajudaram a determinar a temperatura gelada da anã castanha. As detecções combinadas do WISE e Spitzer, recolhidas em diferentes posições em torno do Sol, permitiram a medição da sua distância através do efeito de paralaxe. Este é o mesmo princípio que explica porque o seu dedo, quando colocado à sua frente, parece saltar de um lado para o outro quando fecha o olho esquerdo e o olho direito alternadamente.
"É notável que, mesmo depois de muitas décadas de estudo do céu, ainda não temos um inventário completo dos vizinhos mais próximos do Sol," comenta Michael Werner, cientista do projecto Spitzer no JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia. O JPL administra e opera o Spitzer. "Este novo resultado demonstra o poder de explorar o Universo com novas ferramentas, como os olhos infravermelhos do WISE e do Spitzer."
WISE J085510.83-071442.5 tem uma massa estimada entre 3 e 10 vezes a massa de Júpiter. Com uma massa assim tão pequena, pode também ser um gigante gasoso semelhante a Júpiter expulso do seu sistema estelar. Mas os cientistas estimam que é provavelmente uma anã castanha em vez de um planeta porque as anãs castanhas são bastante comuns. Se assim for, é uma das anãs castanhas menos massivas.
Em Março de 2013, a análise das imagens do WISE por Luhman revelou um par de anãs castanhas muito mais amenas a uma distância de 6,5 anos-luz, tornando esse sistema o terceiro mais próximo do Sol. A sua busca por corpos velozes também demonstrou que o Sistema Solar exterior provavelmente não contém um planeta grande ainda por descobrir, por vezes chamado "Planeta X" ou Némesis".

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