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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

OBSERVAÇÕES INDICAM QUE PRÓXIMA B PODE SER UM MUNDO COM ÁGUA E MAIS HABITÁVEL DO QUE IMAGINÁVAMOS

Proxima b orbitando sua estrela anã vermelha O Exoplaneta mais próximo do nosso Sistema Solar pode ser coberto por um oceano de água líquida com mais de 200 km de profundidade!
A descoberta de um planeta nas proximidades da estrela Proxima Centauri certamente se tornou uma notícia emocionante, pois além de ser o exoplaneta mais próximo do Sistema Solar, tudo indicava que ele era um planeta parecido com a Terra, localizado na zona-habitável de sua estrela (onde a água pode existir em estado líquido na superfície). Mas algumas coisas ainda não estavam claras, até agora...
Um novo estudo feito por cientistas da Universidade de Marselha e do Instituto Carl Sagan, indica que a massa do exoplaneta pode consistir em até 50% de água, o que o tornaria um "planeta oceânico".
De acordo com os resultados da equipe Pale Red Dot, Proxima Centauri b orbita sua estrela a uma distância estimada de 7 milhões de km (apenas 5% da distância entre a Terra e o Sol). Seu período orbital seria de 11 dias, e o exoplaneta tem rotação sincronizada (como a nossa Lua) ou ressonância orbital 3:2, ou seja, completa 3 rotações a cada 2 órbitas ao redor da estrela.
Devido a isso, a água líquida pode se limitar ao lado voltado para sua estrela (se o planeta tiver rotação sincronizada), ou na zona tropical (no caso de uma ressonância orbital 3:2). Além disso, a radiação que Próxima b recebe de sua estrela anã vermelha é bem maior do que aquela que estamos acostumados aqui na Terra.
No entanto, de acordo com um estudo conduzido por Bastien Brugger do Laboratório de Astrofísica da Universidade de Marselha, Proxima b pode ser mais úmido do que se pensava anteriormente. A equipe de pesquisa usou modelos de estrutura interna para calcular o raio e a massa de Próxima b.
mundo de água
Ilustração artística mostra como os astrônomos acreditavam ser a superfície do exoplaneta Próxima b.Estudos recentes mostram que ele pode ser mais úmido do que se pensava.
Créditos: ESO      
Seus modelos foram baseados na suposição de que Próxima b seja um planeta terrestre (composto de material rochoso e minerais) e que não tem uma atmosfera maciça. Com base nestes pressupostos, e nas estimativas de massa produzidas pela pesquisa da Pale Red Dot (~ 1,3 massas terrestres), concluiu-se que Próxima b tem um raio que fica entre 0,94 e 1,4 vezes o raio da Terra, e uma massa que é aproximadamente 1,1 e 1,46 vezes a da Terra.
Essa gama de tamanhos permite algumas composições planetárias muito diferentes. Por um lado, Próxima b pode ser um planeta menor e mais massivo do que a Terra, parecido com Mercúrio. Por outro lado, na outra extremidade de possibilidades, Próxima b pode ser um pouco maior e mais massivo do que a Terra, provavelmente composto por 50% de água.
"Se o raio é 0,94 o raio da Terra, então Próxima b é totalmente rochoso com um núcleo metálico enorme (como nosso vizinho Mercúrio)", disse Bastien. "Pelo contrário, Próxima b pode chegar a um raio de 1,40 se abrigar uma enorme quantidade de água (50% da massa total do planeta), e neste caso, seria um 'planeta água', com um oceano líquido de 200 km de profundidade! Abaixo disso, a pressão seria tão alta que a água se transformaria em gelo, formando uma camada de mais ou menos 3.000 km de espessura, em que haveria um núcleo composto de rochas. "
Em outras palavras, Próxima b pode ser um planeta com um oceano líquido no lado virado para sua estrela, e coberto por gelo na parte escura (caso tenha rotação sincronizada), ou então, se tem ressonância orbital de 3:2, teria dois oceanos líquidos em ambos hemisférios oriental e ocidental, mantendo algumas regiões congeladas. No entanto, se as estimativas inferiores forem as verdadeiras, então Próxima b seria apenas um planeta rochoso, denso, onde a água líquida é rara de um lado e congelada do outro.
Estudos recentes sugerem que a primeira opção (oceano líquido de um lado e gelo do outro) seria a mais provável, no caso de planetas que orbitam dentro das zonas habitáveis ​​de anãs vermelhas, por conta da rotação sincronizada ser a mais viável.
Talvez o ponto mais interessante dessas novas pesquisas é que elas suportam ainda mais a possibilidade de Próxima b ser um mundo habitável. "Planetas cobertos por grandes oceanos não precisam de uma atmosfera de oxigênio ou nitrogênio para abrigar vida, uma vez que ela pode se desenvolver nas profundezas dos oceanos", disse Bastien.
Mas claro, estes cenários são baseados no pressuposto de que a massa de Próxima b seja algo em torno de 1,3 massas terrestres. Até que o planeta possa ser observado durante um trânsito em Próxima Centauri (passando na frente de sua estrela-mãe de acordo com nosso ponto de vista), os astrônomos não têm certeza absoluta de seu tamanho e massa.
Ainda estamos num longo caminho para desvendar de vez os segredos de tamanho, composição e características de superfície de Próxima b, necessários para compreender se há de fato a chance do exoplaneta abrigar vida. Se houver mesmo a chance de Proxima b ser habitável, já imaginou quais tipos de vida poderiam existir por lá?!!
Imagens: (capa-ilustração/David A Aguilar) / ESO / M. Kornmesser / David A. Aguilar / CfA

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