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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
NINGUÉM NUNCA VIU A PEQUENA NUVEM DE MAGALHÃES COM TANTOS DETALHES
Novo telescópio surpreende com a melhor e mais detalhada imagem da Pequena Nuvem de Magalhães
Utilizando o observatório Australian Square Kilometer Array Pathfinder (ASKAP), os pesquisadores conseguiram registrar a imagem de ondas de rádio mais detalhada da galáxia satélite da Via Láctea chamada Pequena Nuvem de Magalhães.
Esta galáxia anã é cerca de 100 vezes menor do que a Via Láctea, e está a 200 mil anos-luz da Terra. Ela pode ser vista como uma nuvem difusa aqui nos céus do Hemisfério Sul. Agora, o ASKAP mostra a Pequena Nuvem de Magalhães em comprimentos de ondas de rádio - uma visão ardente de aglomerados vermelhos que se assemelham a um pôr-do-sol perturbador em Mordor. Os diferentes tons de vermelho revelam a quantidade de gás de hidrogênio em cada área, medida pela emissão de hidrogênio a 21 centimetros (1420 MHz).
Os átomos de hidrogênio são os blocos de construção que compõem todas as galáxias - onde o gás de hidrogênio se acumula, nascem novas estrelas. Mas uma vez que eles se formam, poderosos ventos estelares destroem átomos de hidrogênio, e isso acontece de forma ainda mais evidente quando as estrelas próximas morrem em explosões de supernova. Por conta disso, o comportamento do hidrogênio pode revelar mais sobre as estruturas de uma galáxia do que suas estrelas ou poeira.
A imagem mostra enormes filamentos gasosos que ultrapassam a borda da galáxia anã, que talvez sejam arremessados quando ela se move em torno do halo da Via Láctea.
A melhor imagem de rádio da Pequena Nuvem de Magalhães - ASKAP
Vermelho escuro indica regiões com pouco gás de hidrogênio, enquanto o laranja e o branco indicam regiões ricas em hidrogênio.
Créditos: ASKAP / ANU / CSIRO
Esta nova imagem faz parte de um estudo inicial do ASKAP, usando apenas 16 das 36 antenas idênticas de 12 metros. O ASKAP está localizado no remoto Observatório de Radio-Astronomia de Murchison, na Austrália Ocidental, um local ideal para observação de rádio. Embora o telescópio ainda não esteja completo, todos os sistemas principais estão em operação. Os gerentes de projetos esperam concluir a construção em 2018.
Mesmo sendo um resultado obtido de forma parcial, utilizando parte do observatório, a imagem é pelo menos três vezes mais nítida do que a melhor imagem anterior de gás hidrogênio da Pequena Nuvem de Magalhães, obtida pelo Australia Telescope Compact Array. A imagem de ASKAP também possui maior sensibilidade, mostrando características que antes não eram vistas, e abrange uma área maior, permitindo que os pesquisadores estudem a interação da galáxia com seus arredores.
Foram necessárias apenas 33 horas de observação durante três noites para capturar esse novo retrato galático. A melhor imagem anterior do nosso vizinho galático, além de ser três vezes menos nítida, precisou de oito noites de observações, durante as quais os astrônomos tiveram que apontar o telescópio para centenas de pontos separados da galáxia para obter a imagem inteira.
"A área mostrada na imagem é cerca de 100 vezes a área preenchida pela Lua Cheia no céu", diz Naomi McClure-Griffiths, da Universidade Nacional Australiana). "Com ASKAP, nós conseguimos isso em um único quadro." Em comparação, o Jansky Very Large Array no Novo México precisaria observar mais de 500 quadros separados para cobrir essa mesma área.
O ASKAP está preparado para realizar pesquisas de ponta, com nove grandes projetos já em andamento. Ele é também um "teste" para a tecnologia que será implementada no Square Kilometer Array (SKA) - um projeto internacional de $ 1,8 bilhão de dólares que visa construir o maior radiotelescópio do mundo, com mais de 2.000 antenas e uma superfície de coleta combinada de mais de um quilômetro quadrado, dividida entre dois locais na Austrália e África do Sul.
Quando finalmente concluído (o que não deve acontecer antes de 2020), os astrônomos esperam que o SKA atinja importantes objetivos científicos. O SKA ajudará os astrônomos a descobrir como as primeiras estrelas e buracos negros se formam, compreender melhor a evolução da galáxia e a buscar moléculas orgânicas no espaço. E se houver algum sinal de rádio extraterrestre artificial, o SKA também será capaz de captá-lo de forma bastante clara.
Imagens: (capa-ASKAP) / ASKAP / ANU / CSIRO / divulgação
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