Páginas
▼
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
PRIMEIRO SISTEMA BINÁRIO DE EXOPLANETAS PODE TER SIDO ENCONTRADO
Nunca houve qualquer evidência de um sistema binário de planetas além do nosso Sistema Solar, pelo menos até agora...
Os astrônomos podem ter encontrado o primeiro sistema binário de planetas já observados fora do nosso Sistema Solar.
Os dois objetos estão na linha de divisão entre as categorias "gigantes de gás" e "estrelas fracassadas", conhecidas como anãs marrons em termo de massa, disseram os pesquisadores. Os corpos são semelhantes não apenas em relação a suas massas, mas também ao tamanho e idade.
"Eles provavelmente são irmãos", disse Daniella Gagliuffi, estudante da Universidade da Califórnia, responsável pela descoberta dos objetos em meio a uma nuvem de estrelas a cerca de 65 anos-luz da Terra. A pesquisa foi apresentada na reunião de verão da Sociedade Astronômica Americana, em San Diego, Califórnia.
Os dois planetas encontram-se dentro de um aglomerado de estrelas, que normalmente, deveria expulsá-los para bem longe. No entanto, observações sugerem que os dois objetos estejam tão próximos que as interações de outras estrelas, ao invés de afastá-los, os junta ainda mais.
Planetas ou estrelas fracassadas?
As galáxias estão cheias de estrelas, mas também estão repletas de objetos que são fracos demais para serem chamados de estrelas. Eles não tiveram massa suficiente para iniciar a queima de hidrogênio e não brilham como estrelas. Esses objetos podem ser classificados como planetas ou como estrelas fracassadas, mas existe uma linha divisória bastante confusa entre essas duas categorias.
Esse é justamente o caso dos dois objetos identificados por Daniella durante sua busca por estrelas fracassadas conhecidas como anãs marrons, aqueles corpos que não conseguem fundir hidrogênio em hélio, e por isso não brilham como estrelas. Porém, esses estranhos objetos parecem ser capazes de fundir o deutério (uma forma de hidrogênio pesado), e isso parece acontecer quando um objeto tem cerca de 13 vezes a massa de Júpiter.
Comparação entre Júpiter, nosso Sol, anãs marrons e anãs vermelhas
Créditos: Wikimedia Commons
Os dois corpos encontrados por Daniella têm entre 14 e 15 vezes a massa de Júpiter, mas a linha divisória que separa panetas de estrelas fracassadas tem uma grande chance de erros, portanto os dois corpos podem de fato ser planetas. "Sua massa está no limite da queima de deutério", disse Daniella.
Portanto, os gêmeos podem ser um par de planetas que dançam em torno de um ponto central de massa, e se isso for confirmado, eles entrarão para a história por serem o primeiro sistema binário de exoplanetas. Mas claro, há uma grande chance desse sistema se tratar de um par de anãs marrons, ou até mesmo uma anã marrom que hospeda um enorme planeta gigante de gás.
Para aumentar a dúvida e deixar tudo mais complicado, tanto as anãs marrons quanto os gigantes gasosos jovens produzem luz tão fraca que é difícil estudar suas composições a fim de diferenciá-los.
Além do mais, jovens planetas gigantes de gás produzem calor em seu interior, que lentamente vai sendo arrefecido ao longo de suas vidas.
Os estudos de Daniella Gagliuffi mostram que o par tem entre 200 milhões e 300 milhões de anos, ou seja, são jovens o suficiente, confundindo a questão.
Um achado raro
Pares de anãs marrons são abundantes em toda a Via Láctea, mas jovens binários não são tão comuns, disse Daniella. Se os irmãos forem de fato estrelas fracassadas, eles poderiam ajudar a fornecer dados importantes sobre a história da formação de seu grupo.
Planetas binários também são raros. Para muitos cientistas, o nosso Sistema Solar abriga um sistema binário de planetas. O planeta anão Plutão e sua maior lua, Caronte, orbitam um ponto de massa fora dos limites de cada um dos corpos, o que faz de Plutão e Caronte um sistema binário. Fora do nosso sistema solar, não há evidências concretas (até o momento) sobre a existência de um sistema binário de planetas. Mas isso pode mudar com essa nova descoberta.
Plutão e Caronte, seu maior satélite natural. Créditos: NASA / JHUAPL / SWRI
Os "planetas gêmeos" encontrados estão próximos de um local que Daniella chama de "zoológico de estrelas diferentes", a apenas cerca de 1,49 trilhões de quilômetros de distância. Embora pareça muito longe, é apenas 10 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Daniella e seus colegas acreditam que não seja coincidência essa proximidade do par binário com esse grupo de estrelas.
"Tendo em conta que eles estão tão próximos, é muito provável que eles tenham alguma relação", disse Daniella.
É possível que o par esteja gravitacionalmente ligado a um terceiro corpo, que seria uma estrela mais distante. Mas a possível estrela não foi identificada. Isso significa que há uma chance do sistema binário ter a companhia de uma estrela que orbita junto com eles, mas claro, até o momento as evidências indicam apenas um par de planetas gigantes a deriva, perdidos no espaço...
Imagens: (capa-ilustração/Galeria do Meteorito) / Wikimedia Commons / NASA / JHUAPL / SWRI
Nenhum comentário:
Postar um comentário