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quarta-feira, 17 de agosto de 2016
EXPLANETA RECEM-NASCIDO É OBSERVADO EM TORNO DE ESTRELA JOVEM
Ilustração do exoplaneta K2-33b, um dos mais jovens detetados até à data. Completa uma órbita em torno da sua estrela em cerca de cinco dias. Créditos: NASA/JPL-Caltech. Os astrónomos anunciaram a descoberta do mais jovem exoplaneta
, completamente formado, até agora detetado. A descoberta foi feita através do telescópio espacial Kepler, da NASA, e da sua missão K2, e também do Observatório W. M. Keck, em Mauna Kea, Havai.
O planeta agora descoberto, K2-33b, é um pouco maior que Neptuno e completa uma órbita
em torno da sua estrela a cada cinco dias. Tem entre 5 a 10 milhões de anos de idade, tornando-se num dos poucos planetas recém-nascidos encontrados até o momento.
"A Terra tem aproximadamente 4,5 mil milhões de anos," disse Trevor David, do Caltech, em Pasadena, autor de um novo estudo publicado a 20 de junho de 2016 na edição online da revista Nature. "Em comparação, o planeta K2-33b é muito jovem. Podemos pensar nele como uma criança." David trabalha com o astrónomo Lynne Hillenbrand, também do Caltech.
A formação de planetas é um processo complexo que permanece envolto em mistério. Os astrónomos descobriram e confirmaram até agora cerca de 3000 exoplanetas; no entanto, quase todos têm estrelas hospedeiras de meia-idade, com mil milhões de anos ou mais. Tentar compreender os ciclos de vida de sistemas planetários usando os exemplos existentes é como tentar compreender as primeiras fases do crescimento humano, dos bebés aos adolescentes, estudando apenas adultos.
"Este planeta recém-nascido vai ajudar-nos a perceber melhor como se formam os planetas, o que é importante para compreendermos os processos que levaram à formação da Terra," disse o coautor do estudo, Erik Petigura, do Caltech.
Os primeiros sinais de existência do planeta foram medidos pela missão K2. A câmara do telescópio detetou uma diminuição periódica da luz emitida pela estrela hospedeira, sinal de que um planeta em órbita poderia estar a passar regularmente em frente à estrela, bloqueando a luz. Os dados do Observatório Keck validaram esta hipótese e também ajudaram a confirmar que se tratava de um planeta jovem.
Medições no infravermelho
realizadas pelo Telescópio Espacial Spitzer
, da NASA, mostraram que o sistema da estrela está rodeado por um fino disco de detritos planetários, indicando que a fase de formação planetária está a terminar. Os planetas formam-se a partir de discos espessos de gás e poeira, os disco protoplanetários, que rodeiam as estrelas jovens.
"Inicialmente, este material pode esconder planetas em formação, mas depois de alguns milhões de anos a poeira começa a dissipar-se," disse a coautora Anne Marie Cody, do Programa de Pós-Doutoramento da NASA no Ames Research Center, Silicon Valley, Califórnia. "É durante esta janela no tempo que podemos começar a detetar, com o K2, as assinaturas de planetas jovens."
Uma característica surpreendente desta descoberta é o facto de K2-33b se encontrar muito próximo da sua estrela. O planeta está quase 10 vezes mais próximo da estrela que Mercúrio
do Sol
, o que o torna muito quente. Um grande número de exoplanetas mais velhos foram encontrados em órbitas muito próximas das suas estrelas e os astrónomos têm tentado explicar este facto. Uma hipótese é a de os planetas se terem formado longe da estrela e migrado para mais perto, num processo a que se dá o nome de “migração de disco” e que pode durar centenas de milhões de anos. Ora, isto não explica a localização de K2-33b, que é bem mais jovem. Outra hipótese é a de o planeta se ter formado in situ - exatamente onde está. Como se percebe, a descoberta de K2-33b fornece aos teóricos novos elementos para ponderar.
"Após as primeiras descobertas de exoplanetas massivos em órbitas próximas, há cerca de 20 anos, foi imediatamente sugerido que estes podiam não se ter formado no lugar em que foram descobertos; contudo, nos últimos anos, as teorias de formação in situ ganharam terreno, pelo que a Ideia já não parece tão estranha como antes,” disse David. E acrescentou: "A questão que estamos a tentar responder é esta: estes grandes planetas terão levado muito tempo a entrar nestas órbitas quentes, ou poderão ter estado lá desde muito cedo? Pelo menos neste caso, a última hipótese parece provável."
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