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sexta-feira, 6 de junho de 2014
DESCOBERTO NOVO TIPO DE ESTRELA VARIAVEL
Enxame estelar aberto NGC 3766, na constelação do Centauro (Imagem: ESO)
Com o auxílio do telescópio suíço Euler de 1,2 metros, instalado no Observatório de La Silla no Chile, os astrónomos descobriram um novo tipo de estrela variável. A descoberta baseou-se na detecção de pequeníssimas variações no brilho de algumas estrelas de um enxame. As observações revelaram propriedades destas estrelas anteriormente desconhecidas, que desafiam as actuais teorias e levantam questões sobre a origem das variações.
Uma equipa de suíços do Observatório de Genebra acaba de atingir uma precisão extraordinária utilizando um telescópio relativamente pequeno, de 1,2 metros, num programa de observação que se estendeu ao longo de muitos anos, sobre uma nova classe de estrelas variáveis ao medir variações minúsculas do brilho estelar.
Os novos resultados baseiam-se em medições regulares do brilho de mais de três mil estrelas no enxame estelar aberto NGC 3766 durante um período de sete anos. Trinta e seis destas estrelas seguem um padrão inesperado - mostram minúsculas variações regulares do seu brilho ao nível de 0,1 por cento do brilho normal das estrelas. Estas variações têm períodos compreendidos entre as duas e as 20 horas. As estrelas são um pouco mais quentes e mais brilhantes que o Sol, mas tirando isso parecem perfeitamente normais. Esta nova classe de estrelas variáveis ainda não tem nome.
“Chegámos a este nível de sensibilidade graças à alta qualidade das observações combinada com uma análise dos dados extremamente cuidada,” diz Nami Mowlavi, líder da equipa de investigação, “mas também porque levámos a cabo um extenso programa de observação que durou sete anos. Provavelmente não teria sido possível obter tanto tempo de observação num telescópio maior.”
Variáveis pulsantes
Muitas estrelas são conhecidas como variáveis pulsantes, porque o seu brilho aparente varia com o tempo. O modo como o brilho destas estrelas varia depende de maneira complexa das propriedades do seu interior. Este fenómeno permitiu o desenvolvimento de um ramo da astrofísica chamado astro-sismologia, onde os astrónomos “ouvem” estas vibrações estelares, no intuito de compreenderem as propriedades físicas das estrelas e o seu funcionamento interno.
“A existência desta nova classe de estrelas variáveis constitui por si só um desafio aos astrofísicos,” diz Sophie Saesen, outro membro da equipa. “Os modelos teóricos actuais prevêem que o seu brilho não deve variar de maneira periódica, por isso os nossos esforços actuais estão focados em descobrir mais sobre o comportamento deste novo tipo tão estranho de estrelas.”
Embora a causa destas variações permaneça um mistério, existe uma pista importante: algumas das estrelas têm uma rotação muito rápida. Roda a velocidades mais elevadas do que metade da sua velocidade crítica, que é o limite a partir do qual as estrelas se tornam instáveis e lançam matéria para o espaço.
“Nestas condições, a rotação rápida terá um impacto importante nas suas propriedades internas, no entanto ainda não conseguimos modelizar adequadamente as suas variações em brilho,” explica Mowlavi, “Esperamos que a nossa descoberta encoraje especialistas a estudar este assunto, no sentido de percebermos a origem destas misteriosas variações.”
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