Europa, uma gélida lua de Júpiter, pode ter um gigantesco bolsão de água líquida a "apenas" três quilômetros abaixo de sua superfície congelada. A descoberta aumenta as chances de o satélite ter condições de abrigar vida.
A existência de água em grandes quantidades em Europa não é novidade. Os cientistas achavam, no entanto, que não havia contato entre a água "presa" sob o gelo e a superfície da lua.O novo estudo, liderado por Britney Schmidt, da Universidade do Texas, e publicado na "Nature", usou dados da sonda Galileo para mostrar que não é bem assim.
"O estudo diz que a água está bem rasa, além de mostrar a existência de interação entre a superfície e as águas mais profundas", diz Rodney Gomes, astrônomo do Observatório Nacional.
A troca de nutrientes e energia entre a superfície e as águas sob o gelo aumenta as chances de um ambiente favorável à geração de vida.
Os pesquisadores estudaram regiões conhecidas como terrenos caóticos. Como o nome sugere, são formações irregulares, com áreas altas e outras afundadas, e formas parecidas com icebergs. Embora haja centenas delas no satélite, seu processo de formação era obscuro.
A partir do estudo de vulcões subterrâneos em áreas congeladas e da formação de icebergs aqui na Terra, os cientistas chegaram ao modelo do que acontece por lá.
No caso da lua, a água é esquentada não por vulcões, mas pela interação gravitacional entre ela e Júpiter.
A água mais quente forma bolhas de calor que "sobem". Essa água derretida forma lagos, que vão enfraquecendo a camada de gelo acima.
Conforme a camada de gelo vai cedendo, a superfície sofre modificações. Mais água vai se infiltrando e algo parecido com os nossos icebergs aparece no local.
A confirmação do estudo ainda depende da visita de uma nova sonda às luas de Júpiter. Com a Nasa (agência espacial americana) sob sérias restrições orçamentárias, deve demorar um pouco.
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